quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

ROTEIRO II PRAIA CEVADA










Uma boa dica para a pesca de praia é cevar o local onde estivermos pescando. Melhor que isso é achar uma praia onde a ceva é permanente. Nossa equipe achou essa praia para você. Confira.





Barcos ancorados: praia cevada 

Fazer uma ceva na praia já foi assunto em edição passada da Aruanã. Dá ótimos resultados, já que utilizando esse recurso conseguiremos trazer o peixe para onde estivermos pescando, tornando mais fácil a localização de nossa isca pelo mesmo. A confecção dessa ceva é simples e o material usado constitui-se de restos de peixes, camarão, etc. O melhor procedimento é colocarmos boa quantidade desse material em um saco de ráfia, junto com uma pedra, para que a ceva fique no fundo. Determinamos o canal onde vamos pescar e colocamos o saco bem no meio deste. Devemos amarrar a boca deste saco com uma linha de nylon forte, medindo de 2 a 3 metros de comprimento e, na ponta desta linha, amarrar também um pedaço de isopor ou outra boia qualquer, a título de sinalização, para sabermos sua localização exata. Normalmente em nosso litoral (todo o Brasil) a força da maré é para a direita, ou seja, do Ceará para o Rio Grande do Sul. Pescaremos, então, à direita da ceva e a mais ou menos 10 metros da boia, para obtermos os melhores resultados. 

Em qualquer parte da praia a pescaria será bem sucedida 

Muito bem. Em nossas andanças pelo litoral, fazendo nossas reportagens e encontrando o que encontramos, tudo foi rápido e uma questão de raciocínio lógico. Estamos nos referindo à praia do Perequê, no litoral paulista, mais precisamente no Guarujá, estando localizada na estrada que liga esta cidade à balsa de Bertioga. Antes de entrar no assunto propriamente dito, podemos dizer que “o” Perequê (assim todos o conhecem), é uma praia que tem tudo para ser um ótimo pesqueiro. Vejamos. Sempre afirmamos que o pescador deve procurar pescar em praias que tenham estruturas próprias, tais como: foz de rios e canais, costões, pedras, etc. O Perequê tem tudo isso e o que é melhor: uma ceva constante e natural. Às vezes, uma simples observação dá ao pescador amador algumas dicas sensacionais, se ele, lógico, raciocinar. Um exemplo: o nome “perequê”, em tupi-guarani, significa “pirá-iquê”, ou seja, o estuário onde os peixes se reúnem para a desova (?). Só isso já é uma boa dica, não é mesmo? Pois bem, talvez por isso alguns pescadores profissionais, há muitos anos fixaram residência nessa pequena praia, que tem no máximo três quilômetros de extensão. 

Galhudo 

Em princípio, essa ocupação aconteceu perto da foz do rio, logo no início da praia. Devo confessar que há muitos anos atrás, pegamos alguns robalos na margem desse rio, porém, nunca fizemos uma pescaria mais séria neste local, talvez por ser, o rio, pequeno demais. Mas esses pescadores, em sua maioria praticam a pesca de arrasto de camarões e comercializam o produto dessas pescarias, na própria praia, em pequenas barracas junto às margens da estrada. Seus barcos ficam ancorados no mar em frente e de lá vão eles para suas pescarias. Na volta, ancoram novamente os barcos e fazem, então, a limpeza do arrastão. Como se sabe, no arrastão, juntos com os camarões (infelizmente) vêm vários outros organismos, e entre eles, destacamos pequenos siris, caranguejos, peixinhos e minúsculos camarões. O pescador profissional escolhe então os camarões maiores, em sua maioria da espécie “sete barbas” e o resto joga de seu barco em plena praia, Pronto, a ceva está feita e o nosso leitor já sabe onde vamos chegar. 


Nelson de Melo e sua corvina
São dezenas de barcos que fazem esse tipo de pescaria, normalmente duas vezes por dia, sendo uma à noite e a outra pela manhã. A pescaria da noite tem seu retorno pela madrugada, e a pescaria do dia tem seu retorno à tarde. Isso significa que o ato de ceva é feito duas vezes por dia há 30 ou 40 anos, talvez mais. Nosso leitor habitual deve-se lembrar de que, em matérias anteriores, demos muitas dicas onde sempre destacamos as aves aquáticas. Esse tipo de ave dá ao pescador a indicação de onde deve pescar, já que normalmente elas estão em lugares onde se localizam cardumes de pequenos peixes, que são a base de sua alimentação. Pois bem, é só um barco de pescador de arrastão chegar que várias espécies de aves vêm para junto dele, comer o que o pescador joga fora. Ora, se a ave já está acostumada a essa rotina, os peixes não estariam também? É uma questão de lógica não é mesmo? Fizemos, então, esta matéria, que é uma pescaria na modalidade praia. Os melhores locais para a pesca nessa praia, como não poderia deixar de ser, ficam em frente aos barcos ancorados. 



Betara
 Assim sendo, desde a foz do rio até uma distância de aproximadamente 300 metros, teremos barcos ancorados. Pode-se pescar em qualquer local neste espaço, que o sucesso é garantido. Em nossa matéria fisgamos várias espécies diferentes de peixes e entre eles destacamos: carapebas, roncadores, cocorocas, vermelhos, “marias luízas”, pampos, galhudos, betaras e uma corvina de 1,5 kg. Uma outra espécie muito frequente nessa praia é o robalo. Infelizmente não fisgamos nenhum, já que – essa é uma boa dica – esses peixes fisgam melhor à noite e, nessa noite, a maré não estava boa. Como se sabe, as melhores marés na praia são as grandes, encontradas nas luas cheia ou nova. Portanto, se quiser uma boa indicação, inclusive para a pesca de robalos, procure uma maré acima de 1,2 metros, com início da enchente por volta das 6 horas da tarde. Com esta maré, pode-se pescar até à meia-noite. E as iscas? Normalmente, nós afirmamos que as melhores iscas para a pesca de praia são as encontradas na própria praia, tais como corruptos, minhocas, etc. 

Praia do Perequê em Guarujá (SP) 

Neste caso específico, mudamos essa afirmação e aconselhamos ao pescador que use o velho e tradicional camarão morto. Raciocinando mais uma vez, e o leitor já sabe a resposta, isso ocorre porque nessa praia o camarão morto é a ceva natural. Como infra-estrutura, podemos citar que no Perequê acha-se camarão morto à venda em várias bancas de pescadores profissionais e o preço do quilo varia em torno de R$5,00. Uma boa dica: procure comprar o camarão logo pela manha, ou então após as 15 horas, pois estarão mais frescos e melhores para fisgar no anzol. No caso do camarão “sete barbas” não estar muito legal, compre então o “camarão branco”, que é maior e mais caro, custando cerca de R$15,00 o quilo. (NR: preço na ocasião). Uma outra particularidade do Perequê são os inúmeros bares e restaurantes que se estendem ao longo da praia, onde há farta alimentação e outras comodidades. Finalizando, informamos que o Perequê fica a 115 quilômetros da cidade de São Paulo, e o melhor trajeto para se chegar até lá é ir até o Guarujá e, de lá, pegar a estrada velha para Bertioga, pois assim, inevitavelmente passaremos por dentro dele. A propósito: a praia do Perequê é também uma excelente opção de pesca no inverno, pois não é preciso entrar na água para o arremesso. Boa pescaria.

Revista Aruanã Ed:51 Publicada em 06/1996

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