O mínimo que pode acontecer quando
enroscamos nosso anzol durante uma pescaria é perder parte de nosso material de
pesca. Embora seja desagradável, ainda assim essa opção é melhor do que outras,
que veremos a seguir. Confira.
|
Galhadas
Vamos começar dizendo que o enrosco faz parte da vida do
pescador amador, já que são várias as espécies que tem seu habitat junto a
galhadas, pedras e outros obstáculos naturais. Alguns desses enroscos são
simples de se resolver, diríamos até mesmo triviais, porém outros trazem
perigos iminentes e complicadores que, se não observados, causam sérios
aborrecimentos, além de possíveis ferimentos que, de tão graves, se tornam
irreversíveis. Primeiramente falaremos dos enroscos mais simples, como de
pescarias de costão. Dá-se o lance e, na hora de recolher, constata-se que o
anzol (ou a chumbada) ficou enroscado na pedra. Normalmente dão-se alguns
puxões com a vara (o que não é muito recomendável) e, após verificar que não
sai mesmo, resta como única opção arrebentar a linha, a fim de prosseguir com a
pescaria. Isso deve ser feito com cuidado, pois alguns pescadores teimam em vir
andando para trás, com a vara apontada para o local do enrosco. O perigo, nesse
caso, está em se quebrar o equipamento (molinete ou carretilha), pois o esforço
no eixo dos mesmos é tremendo, além da vara de pesca e seus passadores, que
podem ser danificados.
|
|
Corredeiras
|
Nesse tipo de enrosco, o melhor mesmo é liberar a linha e,
com um pano enrolado na mão, forçar até que ela se rompa ou o anzol ou chumbo
se libere da pedra. Sem perigo algum, vamos perder apenas anzóis e chumbo. No
enrosco em represas, quando se pesca da margem, o procedimento é o mesmo. Tenha
a preocupação de poupar seu equipamento, não o submetendo a esforços
desnecessários.
ISCAS ARTIFICIAIS
Aqui
está um exemplo clássico de um enrosco perigoso. Vamos partir da máxima que
diz: “Só enrosca uma isca artificial quem arremessa com precisão”. Explico:
para se fazer um bom arremesso, o pescador amador tem que “meter” sua isca
artificial naquele buraco bem no meio de uma galhada, pois com certeza o peixe
estará ali. Ora, quem arremessa com precisão vai jogar a isca neste local,
porém há chance de se desviar alguns centímetros e enroscar na galhada. Quem
tiver medo desse arremesso não vai tentar botar a isca ali, ficando, às vezes a
um ou dois metros desse local.
|
Posição
certa do barco
Por certo não vai
enroscar, mas também sua chance de pegar o peixe vai ser bem menor. Pois bem,
demos o lance e o enrosco se concretizou. Com prática, na maioria das vezes
consegue-se, à distância, desenroscar a isca. Outras vezes, a garatéia fica
presa, sendo impossível tira-la. Alguns pescadores começam então a dar puxões
violentos, tentando - em vão - livrar a isca. Quando não conseguem, para não
prejudicar o equipamento, pegam a linha e começam a puxar tentando solta-la. O
risco está exatamente aí, já que, se a isca artificial soltar-se abruptamente,
virá diretamente na direção do pescador a uma velocidade incrível. Imagine
agora uma isca vindo em sua direção com duas ou mais garatéias soltas e com as
pontas dos anzóis livres. São vários os casos de pescadores que tiveram
garatéias no rosto, no corpo, mas mãos ou na cabeça em situações desse tipo, e
esteja certo: dá muito trabalho para retira-las, além é lógico, da dor.
Procure imaginar agora se os olhos forem os órgãos atingidos. O efeito será
então irreparável. No caso de enrosco com iscas artificiais, o mais correto e
seguro é ir até a galhada e, com as mãos, tentar retira-la, somente tendo o
cuidado de verificar antes se não há espinhos na galhada.
|
|
Pedras do
costão
O detalhe interessante nos enroscos de iscas artificiais é
que normalmente, por estarmos pescando em duplas, parece, à primeira vista, que
estamos incomodando nosso companheiro de pesca ou vice-versa, com contínuos
enroscos, dando trabalho a um ou ao outro por termos que parar de pescar para
desenroscar a isca. Mas isso não é problema: lembre-se de que companheiro de
pesca é como um irmão, portanto... ele compreenderá.
PESCA DE RODADA
Essa é uma outra modalidade de pesca onde os enroscos são
muito comuns. O perigo maior, aqui, refere-se à bitola da linha e a posição de
se pescar no barco. O pescador amador, já há algum tempo, tem muita informação
no que se refere à esportividade nas pescarias. Assim sendo, são muitos os que
hoje já utilizam bitolas de linhas mais fracas, pois aprenderam que é mais
emocionante pescar com uma linha mais fina a fim de testar a própria capacidade
e perícia em tirar um peixe grande com uma linha que, na maioria das vezes, tem
sua resistência menor do que o peso do peixe.
|
|
Pintado
Porém (e aí está o perigo), alguns pescadores teimam ainda em
usar linhas de bitolas enormes, tais como 1.20 ou 1.40mm na pesca de jaús,
pintados, piraíbas, etc. (NR: Atualmente existe o
multifilamento, equipare-o então a uma linha que, apesar de fina, tem grande
resistência à quebra). Pense: rodando com o barco, se o anzol enroscar,
uma linha dessas tem a capacidade de segura-lo como se fosse uma poita. Agora
imagine que essa linha estará em uma carretilha/molinete ou então em uma
linhada de mão. O esforço, em qualquer caso, será enorme, e o prejuízo menor
será a quebra da vara ou então do equipamento de tração, pois dependendo de sua
posição na mão do pescador, a linha poderá arrancar a pele ou, às vezes, até
dedos. Caso insista, mesmo sabendo ser errado pescar com uma linha dessa
bitola, lembre-se sempre de que se o enrosco acontecer, é recomendada a liberação
da linha, bastando para isso soltar a haste do molinete ou o botão da
carretilha. Não tenha pressa, pois com a linha livre, teremos então o tempo
para ligar o motor e voltar ao ponto do enrosco, tentando tirar a isca ou, se
preciso for, cortar a linha, que dificilmente conseguiremos quebra-la.
|
|
Anchova
Vamos agora à posição do barco. Nunca, nunca mesmo, pesque de
rodada com a linha na frente do barco, ou seja, na mesma posição da correnteza.
De rodada, só se pesca com a linha vindo após o barco. Nesse ponto, um
esclarecimento: a posição correta do barco para se pescar de rodada é de lado,
ou seja, com a popa apontada para uma margem e a proa apontada para a margem
oposta do rio. Assim sendo, estaremos navegando ao sabor da correnteza e,
portanto, nossa linha deverá vir naturalmente após o barco. A posição correta é
sentar-se de lado, com o banco no meio das pernas. Se o anzol enroscar, é só
abrir o equipamento e liberar a linha, ou, no caso de linhada de mão, solta-la.
Imagine agora de pescarmos com a linha na frente do barco. Em caso de enrosco,
você pode virar a vara e passar a linha pela popa ou proa e, aí fica a
pergunta: e se você estiver pescando no meio do barco? A resposta: ou você
degola o piloteiro, o companheiro ou então vai jogar um dos dois na água, a não
ser que eles sejam campeões de salto e, quando a linha vier, rapidamente pulem
deixando-a passar!
|
|
Galhadas de
margem
Brincadeiras à parte, pescando na frente do barco, você pode
quebrar a vara, ou até virar o barco, dependendo da bitola da linha. Isto sem
falar em outros acidentes desagradáveis, que você mesmo pode imaginar como
seriam. Há ainda outros tipos de enroscos comuns como os que ocorrem na
modalidade de corrico e neste caso, basta apenas que a fricção do equipamento
esteja regulada. Dificilmente perderemos a isca artificial, pois basta voltar
e, com clama, desenroscar a isca, que normalmente é de meia água. No caso de
iscas artificiais de profundidade, apenas o ato de voltar e puxar a isca ao
contrário basta para que ela desenrosque. Se isso não acontecer, pondere que é
melhor quebrar a linha e perder a isca do que se arriscar a mergulhar para
tentar livra-la. Já soubemos de casos de pessoas afogadas nessa operação. Pois
é. Estes são os inevitáveis enroscos da pescaria, dos quais nenhum de nós está
livre, mas que com os devidos cuidados, poderemos tornar menos perigosos.
Afinal de contas, perder material de pesca faz parte do jogo, pois enquanto
você ficar chateado, lojistas e fabricantes terão um bom motivo para dar
continuidade à suas respectivas produções e vendas. Boa pescaria!
|
|
Revista
Aruanã Ed:52 publicada em 08/1996
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário