Muitas vezes uma
pequena economia pode trazer grandes prejuízos e sérios aborrecimentos. Vale a
pena economizar na hora de comprar anzóis, estes utensílios tão essenciais em
nossa pescaria? Vamos conferir.
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Tabela
comparativa de corrosão em diferentes acabamentos de anzóis
Uma regra onde ninguém pode afirmar que há exceções é a que
diz que para fisgar um peixe é necessário usar-se um anzol. Esses anzóis podem
ser de vários tipos, formatos e tamanhos. Podem ainda ser simples ou garatéias,
sendo estas últimas usadas principalmente em iscas artificiais. Feitos com aços
especiais de uma pureza quase absoluta, recebem, de acordo com sua finalidade,
tratamentos diferenciados para que ofereçam maior segurança na hora da
pescaria. Sendo assim, temos anzóis na cor azul escura, que são temperados, os
na cor bronze, um pouco mais “moles” e, finalmente, os cromados ou na cor de
aço normal, os mais fortes. Existem ainda muitos outros tipos de cores de
anzóis, obtidas por intermédio de vernizes.
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Anzol 7/0
Pelo tratamento recebido, podem ser endurecidos, os chamados
“vezes fortes”, que vão desde uma até cinco vezes forte. Como nosso leitor pode
verificar, existem anzóis específicos para cada tipo de pesca roa. Para
resumir, se isso é possível, podemos dizer que um anzol nada mais é do que “um
pedaço de aço trabalhado”. E como todo pedaço de aço, tem na ferrugem o seu
principal inimigo. Imagine, então, um pedaço de aço usado sempre na água ou,
por outra, usado também durante muitas ocasiões em água salgada. É portanto
inevitável que nossos anzóis sofram, assim que são usados pela primeira vez, um
processo de corrosão. A pergunta mais importante é: existe, ou melhor, vale a
pena usar-se algum método para sua conservação após o uso?
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Anzol
chapinha
São muitos os pescadores
amadores que, após o uso dos anzóis, os colocam em um recipiente de plástico,
envolvendo-os com os mais diversos tipos de óleo. Existem ainda aqueles que os
secam ao sol e guardam em uma caixinha junto com... talco! No primeiro caso, podemos
afirmar que o processo de ferrugem pode ser facilmente constatado, pois após
alguns dias, vamos verificar que o óleo colocado junto aos anzóis já começa a
apresentar uma coloração amarronzada, demonstrando que a ferrugem está presente
e ativa. (Veja quadro de testes de corrosão nos mais diferentes acabamentos externos
de anzóis).
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Garatéias
O formato de um anzol tem suas características técnicas (veja
quadro), mas o item mais importante sem dúvida é a ponta, já que ela realmente
é a responsável pela fisgada. E existem diversos fabricantes de anzóis em todo
o mundo que, vez por outra, lançam novidades que recebem nomes diversos, tais
como: “ponta com tratamento a laser”, “ponta arredondada”, etc. Pois bem.
Podemos afirmar que, quanto melhor a ponta de um anzol, seja de que marca
for, mais rapidamente ela se desgasta. Esse desgaste pode ser tanto na
colocação de iscas como – e principalmente – na fisgada dos peixes. Mas como
diriam alguns pescadores, “é só amolar a ponta que o anzol volta a ficar muito
bom”.
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Isca
artificial
Digamos que, em princípio, isso é uma meia verdade, já que o
certo mesmo é faze-lo antes de usar o anzol pela primeira vez. Aliás, esse
negócio de amolar anzol é uma crença para fisgar os chamados peixes de boca
dura, como o dourado. A dica para os casos em que se quer melhorar a ponta de
um anzol vem da resposta à seguinte pergunta: será que, ao amolar uma ponta,
não estaremos tirando do anzol parte do tratamento especial dado pelo
fabricante para sua resistência? Ao que tudo indica, a resposta é óbvia. A
principal pergunta nos casos de conservação é a seguinte: vale a pena arriscar
o sucesso de uma pescaria com uma economia boba como essa? Vamos demonstrar que
não.
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Anzol para
minhoca artificial
Tomemos como exemplo o anzol 92247, fabricado pela Mustad, de
tamanho 7/0, o mais vendido. Uma caixa desses
anzóis contendo cem peças custa em média R$45,00 (NR. Na
época), ou seja, R$0,45 por peça. Vale a pena economizar essa quantia e
pôr em risco a perda de um excelente peixe com um anzol velho? A resposta é
sua. Mais uma vez afirmamos: após usar
um anzol, por mais que ele lhe pareça em perfeito estado, descarte-o. Ou seja,
jogue-o no lixo e por lixo entenda-se o cesto de sua casa. Nunca o jogue no
meio ambiente, pois será um elemento estranho de metal em nossas águas. E se você pescador fizer isso com os anzóis
usados em água doce, quando for pescar em água salgada, jogue-os fora duas
vezes mais rápido. Boa pescaria.
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Anzóis
encastoados
Nota da Redação: Cito um exemplo que assisti no
Pantanal, mais precisamente na região de Porto Morrinho, quando havia ainda a
balsa para atravessar o rio Paraguai, para chegar a Corumbá. Apareceu um
piloteiro dizendo que tinha ido a Cuiabá e lá encontrado um pescador das
antigas e que fabricava os seus próprios anzóis. Sua “matéria prima” eram molas
antigas de colchões usados. Ele esquentava essas molas e dava aos pedaços
pequenos a forma de anzóis do tipo acima citado, o 92247 e o 92676 para o pacu,
com haste curta. Todo o segredo do “sucesso” desse anzol, estava na têmpera que
ele sofria. Após ficar bem quente, era mergulhado em banha de capivara,
chegando então na dureza desejada. E, pior, vi muitos pescadores “turistas”
comprando esses anzóis com preço mais caro que um importado. Eu cheguei a publicar a foto desse tal anzol
em uma edição da Revista Aruanã.
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Revista
Aruanã Ed 58 Publicada em 08/1997
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