quarta-feira, 20 de maio de 2020

EQUIPAMENTO - CONSERVAÇÃO DOS ANZÓIS









Muitas vezes uma pequena economia pode trazer grandes prejuízos e sérios aborrecimentos. Vale a pena economizar na hora de comprar anzóis, estes utensílios tão essenciais em nossa pescaria? Vamos conferir.  


Tabela comparativa de corrosão em diferentes acabamentos de anzóis 
Uma regra onde ninguém pode afirmar que há exceções é a que diz que para fisgar um peixe é necessário usar-se um anzol. Esses anzóis podem ser de vários tipos, formatos e tamanhos. Podem ainda ser simples ou garatéias, sendo estas últimas usadas principalmente em iscas artificiais. Feitos com aços especiais de uma pureza quase absoluta, recebem, de acordo com sua finalidade, tratamentos diferenciados para que ofereçam maior segurança na hora da pescaria. Sendo assim, temos anzóis na cor azul escura, que são temperados, os na cor bronze, um pouco mais “moles” e, finalmente, os cromados ou na cor de aço normal, os mais fortes. Existem ainda muitos outros tipos de cores de anzóis, obtidas por intermédio de vernizes. 

Anzol 7/0 
Pelo tratamento recebido, podem ser endurecidos, os chamados “vezes fortes”, que vão desde uma até cinco vezes forte. Como nosso leitor pode verificar, existem anzóis específicos para cada tipo de pesca roa. Para resumir, se isso é possível, podemos dizer que um anzol nada mais é do que “um pedaço de aço trabalhado”. E como todo pedaço de aço, tem na ferrugem o seu principal inimigo. Imagine, então, um pedaço de aço usado sempre na água ou, por outra, usado também durante muitas ocasiões em água salgada. É portanto inevitável que nossos anzóis sofram, assim que são usados pela primeira vez, um processo de corrosão. A pergunta mais importante é: existe, ou melhor, vale a pena usar-se algum método para sua conservação após o uso?

Anzol chapinha  
São muitos os pescadores amadores que, após o uso dos anzóis, os colocam em um recipiente de plástico, envolvendo-os com os mais diversos tipos de óleo. Existem ainda aqueles que os secam ao sol e guardam em uma caixinha junto com... talco! No primeiro caso, podemos afirmar que o processo de ferrugem pode ser facilmente constatado, pois após alguns dias, vamos verificar que o óleo colocado junto aos anzóis já começa a apresentar uma coloração amarronzada, demonstrando que a ferrugem está presente e ativa. (Veja quadro de testes de corrosão nos mais diferentes acabamentos externos de anzóis). 

Garatéias 
O formato de um anzol tem suas características técnicas (veja quadro), mas o item mais importante sem dúvida é a ponta, já que ela realmente é a responsável pela fisgada. E existem diversos fabricantes de anzóis em todo o mundo que, vez por outra, lançam novidades que recebem nomes diversos, tais como: “ponta com tratamento a laser”, “ponta arredondada”, etc. Pois bem. Podemos afirmar que, quanto melhor a ponta de um anzol, seja de que marca for, mais rapidamente ela se desgasta. Esse desgaste pode ser tanto na colocação de iscas como – e principalmente – na fisgada dos peixes. Mas como diriam alguns pescadores, “é só amolar a ponta que o anzol volta a ficar muito bom”. 

Isca artificial 
Digamos que, em princípio, isso é uma meia verdade, já que o certo mesmo é faze-lo antes de usar o anzol pela primeira vez. Aliás, esse negócio de amolar anzol é uma crença para fisgar os chamados peixes de boca dura, como o dourado. A dica para os casos em que se quer melhorar a ponta de um anzol vem da resposta à seguinte pergunta: será que, ao amolar uma ponta, não estaremos tirando do anzol parte do tratamento especial dado pelo fabricante para sua resistência? Ao que tudo indica, a resposta é óbvia. A principal pergunta nos casos de conservação é a seguinte: vale a pena arriscar o sucesso de uma pescaria com uma economia boba como essa? Vamos demonstrar que não. 

Anzol para minhoca artificial 
Tomemos como exemplo o anzol 92247, fabricado pela Mustad, de tamanho 7/0, o mais vendido.  Uma caixa desses anzóis contendo cem peças custa em média R$45,00 (NR. Na época), ou seja, R$0,45 por peça. Vale a pena economizar essa quantia e pôr em risco a perda de um excelente peixe com um anzol velho? A resposta é sua.  Mais uma vez afirmamos: após usar um anzol, por mais que ele lhe pareça em perfeito estado, descarte-o. Ou seja, jogue-o no lixo e por lixo entenda-se o cesto de sua casa. Nunca o jogue no meio ambiente, pois será um elemento estranho de metal em nossas águas.  E se você pescador fizer isso com os anzóis usados em água doce, quando for pescar em água salgada, jogue-os fora duas vezes mais rápido. Boa pescaria.  

Anzóis encastoados  
Nota da Redação: Cito um exemplo que assisti no Pantanal, mais precisamente na região de Porto Morrinho, quando havia ainda a balsa para atravessar o rio Paraguai, para chegar a Corumbá. Apareceu um piloteiro dizendo que tinha ido a Cuiabá e lá encontrado um pescador das antigas e que fabricava os seus próprios anzóis. Sua “matéria prima” eram molas antigas de colchões usados. Ele esquentava essas molas e dava aos pedaços pequenos a forma de anzóis do tipo acima citado, o 92247 e o 92676 para o pacu, com haste curta. Todo o segredo do “sucesso” desse anzol, estava na têmpera que ele sofria. Após ficar bem quente, era mergulhado em banha de capivara, chegando então na dureza desejada. E, pior, vi muitos pescadores “turistas” comprando esses anzóis com preço mais caro que um importado.  Eu cheguei a publicar a foto desse tal anzol em uma edição da Revista Aruanã.

Revista Aruanã Ed 58 Publicada em 08/1997

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