Para um pescador amador, a
esportividade de um peixe é traduzida na luta que este peixe proporciona. O que
dizer então de um peixe que fisga muito bem em iscas artificiais de superfície
e, quando ferrado, além de brigar muito, dá saltos espetaculares tentando
livrar-se do anzol? Apresentamos então o apapá. Conheça-o.
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Cores do
apapá
O nome científico do apapá é Pellona castelneana, e pertence à família dos Clupeidae. Até aí, nada demais, a não ser que essa mesma família
pertence também a sardinha, além da savelha e outros mais. Os cientistas
inclusive afirmam que o apapá é um peixe originalmente de água salgada que
teria se aclimatado em água doce, mas essa tese não tem confirmação oficial.
Inclusive em alguns trabalhos chamam-no de “sardinha de água doce”. Outros
trabalhos científicos informam que a carne do apapá não é apreciada, pois é de
sabor adocicado e tem muitas espinhas. Desta afirmação nós discordamos
totalmente, já que em recente pescaria, e tendo essa afirmação em contrário, fizemos
questão de provar a carne do apapá, o que nos dá condições de afirmar que a
mesma é de excelente sabor, sendo este muito parecido com o da carne de
anchova.
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Apapá
fisgado com isca de superfície
Além disso, o numero de espinhas encontrado é igual ao de
qualquer outro peixe de seu porte e padrão. Mas é sobre a pescaria do apapá que
queremos falar. Há muito nos intrigava uma reportagem de José Veríssimo, onde
ele textualmente diz: na pesca do apapá, o índio usa anzóis cobertos com plumas
encarnadas, portanto do tipo das “moscas” dos pescadores europeus. A tal método
chamam de “pindá-sirica”. Com base nessa informação, de imediato pensamos em
pescar o apapá com iscas artificiais. Sem conhecer o peixe pessoalmente,
restou-nos usar várias iscas para chegar à conclusão de qual seria a melhor
para este tipo de pesca. Descobrimos então que as melhores iscas para a pesca
do apapá são as iscas de superfície, sem barbelas e que façam evoluções sobre a
superfície da água.
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Bonito e bom
de briga
Os melhores pesqueiros para o apapá são os remansos de rios,
mais precisamente na entrada de baías ou então nas próprias margens do rio onde
haja remansos. Uma outra dica muito boa é que quando esses peixes estão
caçando, é muito fácil detectar sua presença, pois os pequenos peixes, objetos
da caça, fogem desesperadamente, aos bandos e sobre as águas, dos ataques
fulminantes do apapá. Estando em um local desses, é só jogar sua isca de
superfície e, trabalhando-a com perfeição, esperar o ataque do apapá. A melhor
maneira de pesca-los é embarcado e com o auxilio de remos ou motor elétrico.
Colocamos o barco a uma distância que pode variar entre 10 e 20 metros para os
arremessos, que devem ser precisos, para que a isca artificial fique bem
próxima aos obstáculos, aguapés ou margens.
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Entradas de
baías: pesqueiros de apapás (rio Guaporé)
O ataque do apapá à isca é calmo e nem sempre muito preciso.
É costume seu vir por baixo da isca e ficar fazendo evoluções, o que demonstra
sua presença, pois a água em redor da isca de superfície fica revolta. O
segredo nessa hora é não parar de trabalhar a isca, pois ele está nas
imediações e com certeza voltará a atacar, podendo tal ato acontecer, às vezes,
até bem perto do barco. Em se fisgando o apapá, será necessário se dar uma ou
duas “confirmadas”, traduzidas em forte puxão na vara de pesca, para que os
anzóis da isca possam fisgar direito. Fisgando um apapá, desfrute então de uma
boa briga, alternada com saltos espetaculares do peixe para fora da água e
importante: esses saltos são sempre para os lados, diferente dos peixes que
saltam para cima, como é o caso dos tucunarés, dourados, etc.
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O ataque à
isca artificial
Na briga com o apapá é muito comum perder-se o peixe nesses saltos,
daí a dica para as duas “confirmadas”. Um bom material para a pesca desse peixe
pode ser classificado na categoria leve, bastando que a vara de pesca seja de
ponta firme, do tipo grafite. Uma boa linha e que garante o peixe é a de bitola
0.35mm. Não é necessário usar-se lideres de linhas mais fortes ou de aço,
bastando apenas que a isca esteja equipada com um snap (alfinete). Para
terminar, algumas curiosidades sobre o apapá. Na região do Guaporé, chamam-no
erroneamente de “peixe-novo” ou “peixe-banana”. Sua presença é garantida em
praticamente todos os rios da Bacia Amazônica, com destaque especial para o rio
Guaporé e rio Araguaia. Conforme a região do Brasil, ele também é conhecido
pelos seguintes nomes: arenga, arenque, bode, sardinha branca, sardinhão e
cagona. Este ultimo, muito usado, deve-se ao fato de que, quando fisgado e
retirado da água, o apapá expele fezes pelo ânus.
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Iscas de superfície
para o apapá: 1- Mirrolure; 2 – Jumping Mullet; 3 – Crazy Shad; 4 -Baby Zara; 5 – Bill Norman.
NOTA DA REDAÇÃO: Aqui nesta postagem, cabe bem o ditado “vivendo
e aprendendo”. Digo isto porque, as dicas aqui citadas, sem duvida, foram as
mais exatas e melhores para a pesca do apapá no rio Guaporé. Quando fizemos uma
matéria para a Aruanã, no rio Machado, onde as águas, devido a muitas
corredeiras e tombos, eram muito rápidas, a isca que melhor se adaptou para
essas condições, foram as de barbelas meia água, e conforme a posição do
pescador em referência a linha da água, nem era preciso trabalha-la, pois a
correnteza fazia isso para nós. Vez por outra, para não ficar sem ação, recolhíamos
ou dávamos um pouco de linha. E a propósito, foram os maiores apapás que vimos,
já que beiravam 6 quilos.
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Revista
Aruanã Ed:21 Publicada em 04/1991
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