sábado, 4 de julho de 2020

EQUIPAMENTO - AS VARAS DE PESCA MACIÇAS







Foto Kenji Honda

Com a moderna tecnologia e com materiais novos, as varas de pesca foram ficando cada vez mais sofisticadas. Isso ocorreu Há apenas alguns anos atrás. Antes, tudo era diferente. Confira.


Uso com equipamento pesado
Ao se falar de varas de pesca nos dias atuais, vamos encontrar nomes como conolon, borom, grafite, titânio, ou então siglas como IM6 ou IM7, além das tradicionais medidas em libras, que o pescador brasileiro menos informado pensa ser a resistência da vara, mas nada mais é do que a indicação da capacidade em libras das linhas a serem usadas, dependendo do modelo da vara. E tem coisa pior, já que as medidas dessas varas vêm marcadas em pés, medida essa totalmente estranha aos nossos usos e costumes. Aliás, bem recentemente, essa confusão em libras, polegadas e pés, atrapalhou até o satélite da toda e poderosa NASA, a Agência Espacial Americana, pois além dessas medidas seus técnicos usaram também o sistema em metros, e a confusão se estabeleceu, levando o satélite para o “espaço” literalmente. Há cerca de 20 ou 30 anos atrás, as nossas varas de pesca eram feitas da famosa “fibra de vidro”, que tinham como diferença de hoje, apenas o peso, já que punhos, passadores, cabos e ponteiras, até hoje, seguem os mesmos modelos. Na onda dessas varas modernas, foram muitos os pescadores que embarcaram, tendo sempre como preocupação o peso das mesmas.  

A linha de fabricação das varas Yamato - Todas maciças
Nós até que concordamos, em parte, no uso dessas varas mais leves, e abrimos essa exceção para aqueles pescadores que gostam de pescar com iscas artificiais e, portanto, dão centenas de arremessos durante uma pescaria, sempre com a vara de pesca nas mãos. Realmente nesse caso, o peso da vara influi e muito, não na pescaria, mas sim no cansaço do pescador. Mas existem casos em que as varas maciças ainda são insubstituíveis em diversos tipos de pescaria. Querem exemplos? Pois bem, vamos a eles. As chamadas pescarias barra pesadas são um bom exemplo disso. Além do que, lógico, as varas maciças quebram muito menos do que as atuais varas modernas. Digamos que o pescador esteja em um rio qualquer, fazendo uma pescaria barra pesada, tipo jaú, pintado, filhote, piraíba ou pirarara, e usando uma linha bitola 0.90 milímetros. Para os “professores” que vão estranhar essa bitola de linha, podemos afirmar que em alguns locais onde haja muito enrosco essa bitola será necessária. Na hora em que se fisgar um grande exemplar dos peixes citados e não se possa dar linha (enrosco), fica a pergunta: qual será das duas varas que irá agüentar esse “tranco”? 

Pirarara
A resposta é simples e objetiva: a vara maciça.  Temos ainda outros exemplos, e estes se referem às pescarias na chamada zona da água azul. Nesses locais, onde dificilmente teremos enroscos, a vara maciça ainda tem a sua real utilidade, principalmente quando o peixe estiver prestes a ser embarcado, pois por várias vezes vimos varas ocas quebrarem na luta final com o peixe. Neste caso do peixe, podemos estar nos referindo aos grandes marlins, atuns (alguns com mais de 100 quilos), cações e tubarões e outros. Existem ainda pescadores de água azul que fazem questão de montarem suas próprias varas maciças, usando então aqueles cabos especiais, passadores e ponteiras com roldanas. Como se vê, a velha e boa vara maciça ainda é muito usada nos dias de hoje. E temos ainda alguns detalhes a mais para falar de varas maciças. Quanto a resistência das mesmas, acho que não precisamos mais nos preocupar com isso, já que, nessa regra, não existe exceções. Mas temos outros pontos a esclarecer. Se por um acaso qualquer pisarmos na nossa vara de pesca, e se a mesma não for maciça... adeus, ou então vamos leva-la para o conserto e a antiga “ação” da vara original já era, pois com a emenda nunca mais será a mesma. 



Vara maciça no corrico
Outra pergunta: quantas vezes, em viagem de carro ou avião, na bagagem ou em uma batida de porta de carro, a ponteira de nossas varas ocas quebraram? Pois é pescador, vamos começar a dar valor às “velhas varas maciças”. Um outro exemplo são as varas de duas sessões, ou seja, em duas partes. Se a vara for oca, é inevitável que o primeiro lugar onde ela pode quebrar será sempre na emenda, e aí lá vai ela para o conserto, ficando com os mesmos problemas citados anteriormente. Na vara maciça, a emenda será o último lugar a sofrer qualquer dano, já que terá encaixe de metal, fortalecendo-a ainda mais. Para encerrar, não vamos nem falar nas batidas das varas ocas contra pedras, bordas de barcos, ou ainda e pior, batida de vara contra vara, que costuma acontecer quando dois pescadores estão pescando muito perto, em um barco por exemplo. Finalmente, e agora o pescador irá gostar: o preço. No mercado de hoje, as varas ocas são todas importadas, e seus preços são calculados em dólar. As varas maciças são fabricadas no Brasil e, dependendo do modelo, chegam a custar de 80 a 90% mais barato do que as importadas. Boa pescaria.

 Revista Aruanã Ed:72 Publicada em 02/2000


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