Em nossa ictio-fauna existem espécies
que se descobertas, são verdadeiras jóias raras. Tal é sua característica e
modo de vida. Na maioria das vezes, um peixe, por ser bastante comum, não
recebe a importância que realmente tem. É o caso do amboré. Vamos conhece-lo.
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Balaio de
O amborê está classificado cientificamente na família dos Gobiidae, e seu nome é Gobioides broussonnetii. Sua coloração principal
é de tons amarronzados com pequenas manchas claras branco azuladas. Sua
principal característica é que ele possui na parte inferior do corpo,
nadadeiras ventrais, transformadas em discos adesivos. Suas escamas são quase
subcutâneas. Sua presença está registrada em todo o litoral brasileiro e até o
México. Seu habitat preferido são as tocas de pedra e grotas, podendo ser tanto
em água salgada, como doce e salobra. Pesca-se o amborê usando-se um anzol
pequeno, com uma pequena vara ou linha de mão, um pequeno chumbo e como isca,
pedaços de camarão descascados.
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O pequeno amborê
A melhor maneira de pesca-lo é em se estando em locais de
pedra, descer a linha por entre as grotas e ficar observando, já que se
consegue ver quando o peixe abocanha a isca. Um ou dois metros de “linhada”
serão mais do que suficientes para essa “pescaria”. O tamanho que o amborê
atinge é aproximadamente 15 centímetros. Mas porque dizemos que o amborê é um
peixe muito especial e porque é que algum pescador vai perder tempo para fisgar
esses pequenos peixes, que não servem nem para comer? É exatamente nesse ponto
que queríamos chegar, e agora sim, o pescador amador vai entender. Preparem-se
então, pois o pequeno amborê é uma das melhores iscas para robalos, pescadas,
meros, badejos, garoupas, caranhas, e mais uma enorme quantidade de peixes
esportivos.
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Amborês fisgados com baratinha do mar
Não há uma só espécie das espécies citadas que não tenham no amborê,
a melhor de todas as iscas. Em algumas regiões, na pescaria de robalos e
pescadas, ele chega a ser melhor que o próprio camarão vivo. Sua serventia como
isca pode ser comparada à do lambari nas águas doces. E inúmeras vantagens o amborê
tem como isca. Por exemplo, ele não morrerá de maneira alguma, mesmo que fique
quase sem água. Em um pequeno recipiente, poderemos colocar vários desses
peixinhos, que eles aguentarão horas e...dias. Sua fixação no anzol é muito
fácil de ser feita, sendo no entanto melhor isca-lo pela boca ou dorso. Quando
iscado, poderá o pescador dar longos lances com seu equipamento, que o amborê
não cairá do anzol, permanecendo vivo enquanto nele estiver.
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A ventosa
Aqui está portanto, uma dica muito importante e sem
exageros podemos afirmar que o amborê é uma das melhores iscas para se pescar
as espécies citadas nesta matéria. Mas as nuances do amborê não acabam aqui,
pois além de ser uma ótima isca, tem algumas curiosidades interessantes. Ele
tem também a incrível capacidade de vir para a terra (nos manguezais) para com
muita facilidade de locomoção, caçar pequenos insetos e crustáceos. Uma outra
particularidade interessante do amborê é que se ele ficar, por qualquer motivo,
preso a alguma lagoa ou pequena quantidade de água, se esta começar a secar,
simplesmente ele vai para as margens e consegue percorrer grandes distâncias
por terra, até achar achar uma lagoa para sua moradia.
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Pescando amborés
Nesse percurso, o amborê tem um jeito todo especial de
“andar”, que consiste em movimentos iguais ao de uma cobra, só que bem mais
rápido, parando vez por outra para descansar. Um outro fato interessante que
pudemos observar nessas caminhadas, é que sua pele fica seca, parecendo uma
folha e talvez isso lhe sirva de disfarce para algum predador que o queira
fazer de alimento. Quando se vê um amboré nessas condições, é só tentar chegar
perto, que ele fica completamente imóvel, recomeçando a caminhada só quando
sente que há novamente segurança. Se não se ver um amborê “andando”, quando ele
pára, fica quase impossível de se identificar o peixinho, pois sua coloração é
igual ao local onde está. No Brasil, dependendo da região onde ele está, pode
ser conhecido por vários nomes, e entre esses destacamos: amaré, aimoré,
amaré-guaçu, chimoré, moréia-do mangue, amoré, amaborê, amoréia, babosa,
cundunda, emboré, amiuíra, maria-da- toca, muçurango e tajacida.
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Revista Aruanã Ed:26 Publicada em 02/1991
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