Para o pescador amador que pratica a pesca
de praia, é muito importante saber onde está pisando, pois sem dúvida moram na
areia algumas das melhore iscas para essa modalidade.
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O descanso da vara de pesca
Eles estão em praticamente todas as praias do litoral
brasileiro, com bem poucas exceções. Já que em algumas delas, as próprias características
da areia não permitem a presença desse tipo de organismo. Estamos nos referindo
aos organismos vivos que estão sobre nossos pés, enterrados na areia da praia.
São vários, dentre os quais destacamos os corruptos, sarnambis, minhocas de
praia, conchas, caramujos e até pequenos siris. Esses organismos são
considerados como as melhores iscas para a pesca na modalidade de praia porque
eles estão bem ali, na própria areia, o que faz com que sejam a opção mais
natural possível em termos de iscas, ou seja: é exatamente esse tipo de
alimento que o peixe daquele local está habituado a encontrar e comer. Vamos
destacar individualmente cada um dos organismos citados, bem como a maneira
mais eficiente de retira-los de seus esconderijos e isca-los. O corrupto é um
crustáceo muito parecido com um pequeno lagostim, que costuma ficar a mais ou
menos 10 cm de profundidade ou um pouco mais. Sua presença na praia é denunciada
por pequenos buracos redondos na areia, com diâmetro de 1 e 2mm.
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Amarrando a isca
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Em algumas ocasiões, esses buracos aparecem rodeados por
pequenos pedaços de um material mais claro do que a areia, que são as fezes dos
bichos. Encontrando esses detalhes, o pescador terá a certeza de que o corrupto
estará lá. No entanto, em outros buracos não haverá fezes, e ele estará lá do
mesmo jeito. A maneira mais eficaz de tira-los da areia é utilizar uma bomba de
sucção, feita com canos de PVC especialmente encontrada em lojas de material de
pesca. A maneira correta de utilizar a bomba é fazer a sucção ao mesmo tempo em
que se enterra o cano na areia. Às vezes será necessário repetir até três vezes
essa operação para que o bicho venha para dentro da bomba. O detalhe é que após
a primeira “bombada”, deve-se sempre esvaziar o conteúdo do cano (areia).
Normalmente, o corrupto aparecerá no meio da areia despejada. Tenha então à mão
um pequeno balde com água do mar e areia para ir juntando as iscas, que
permanecerão vivas por um bom tempo. Lembre-se de que é muito importante ir
trocando a água do balde para garantir essa sobrevivência. Na hora de iscar,
cuidado com as garras do corrupto, que, embora pequenas, podem causar
ferimentos muito doloridos.
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A bomba do corrupto
Use uma pequena tesoura para extrair essas garras, o que só
deve ser feito na hora de iscar. É uma isca muito mole e dificilmente pára
sozinha no anzol. Para maior segurança, após te-lo iscado, amarre o corrupto
com um fio de elástico fino que também é encontrado em lojas de matérias de
pesca. Outra dica muito importante: pegue somente a quantidade de iscas
suficientes para sua pescaria, enterrando de volta na areia aqueles que
sobrarem vivas no fim do dia. Só assim o pescador irá garantir a presença
permanente dos corruptos nas praias e sua posterior desova. Dica final: o
melhor horário para capturar o corrupto, bem como quase todas as outras dicas
descritas nessa matéria será durante a maré baixa, ou seja, no fim da vazante.
Falemos agora do sarnambi. Em algumas praias, como por exemplo, as do Rio
Grande do Sul, eles são visíveis após o movimento das ondas que lavam a areia.
Em praias do sudeste e nordeste essa presença é mais difícil de ser detectada.
No entanto, na maré baixa e exatamente entre a areia seca e a molhada, ou seja,
onde a areia fica de cor clara (seca) para mais escura (molhada), o sarnambi
denuncia sua presença com dois pequenos orifícios paralelos, de diâmetro bem
menor que os furos feito pelo corrupto.
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Minhoca de praia
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Pode ser usada também a bomba de sucção ou até mesmo uma
pequena pá, além das próprias mãos, para encontra-lo. Tem a aparência de um
marisco branco (assim é chamado em várias regiões do Brasil) e sua casca é
mole. Para isca-lo deve-se quebrar a casca e retira-lo inteiro. Seu corpo é uma
espécie de massa, com dois pequenos “chifres” um pouco mais duros que a amassa.
Comece a iscar enfiando um desse chifres na ponta do anzol, sendo que então a
massa deverá então ser trançada no anzol, terminando com o outro chifre o ato
de iscar. Dependendo do tamanho do sarnambi e do tamanho do anzol, pode-se
também amarra-lo com elástico. Normalmente essa amarração não será necessária,
já que o sarnambi costuma fica bem firme no anzol. Minhoca de praia: aqui está
uma isca que vai dar um pouco mais de trabalho para ser conseguida. Na maré
baixa, bem junto da areia banhada por uma pequena quantidade de água das ondas,
é onde a minhoca costuma estar. Só olhos muito experientes conseguem ver seus
indícios. No entanto, a criatividade do pescador inventou uma maneira de
faze-la se mostrar.
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Sarnambi
Para que isso aconteça, é só pegar um resto de peixe –
qualquer um -, de preferência com cabeça e ir passando, com os pés, o peixe na água.
Pare e olhe com atenção, pois a minhoca costuma sair da areia para vir comer o
peixe. Tenha à mão um pedaço de linha de nylon fina, por exemplo, 0,20mm
fazendo no meio uma laçada. Quando a minhoca for comer o peixe, envolva-a com
essa laçada e aperte com cuidado, enforcando-a. Começa a parte mais paciente
dessa operação, já que a minhoca irá tentar voltar ao buraco. Não vai
conseguir, porque está amarrada, e ao pescador restará então ir puxando
lentamente a minhoca para fora. É uma espécie de braço de ferro onde a força é
o menos importante, já que se o pescador não tiver paciência e puxar com força,
a minhoca arrebenta e teremos então só um pequeno pedaço da isca. Somente com
uma pequena tração e muita paciência conseguiremos tira-la inteira do buraco.
Algumas minhocas têm mais de 50cm de comprimento, o que dará para fazer várias
iscas. A maneira correta de isca-la é ir enfiando seu corpo no anzol e
trançando-a para fazer um pequeno “bolo”. Já a tatuíra costuma aparecer na
vazante das marés e mesmo na enchente.
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Tatuíra
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Com o movimento das ondas na areia a tatuíra costuma mudar de
lugar. Esse é um movimento rápido, que requer agilidade da parte do pescador
amador, já que o bicho muda de lugar e se enterra novamente na areia. É só ver
para onde ele correu e tira-lo com a mão. Apesar da aparência, ele é
inofensivo, não mordendo nem causando qualquer outro incidente. Iscaremos a
tatuíra inteira no anzol, pelo meio do corpo. Quanto às conchas, ela costuma
aparecer ao longo da praia, sendo muito fáceis de avistar. Seu conteúdo é o que
serve para iscar. Abre-se a casca que é dura com cuidado e raspa-se toda a
massa do interior da concha. Deve ser trançada no anzol, e é conveniente amarra-la
com fio elástico. Caramujos: mostram-se como as conchas, ao longo da areia da
praia. A diferença é que para iscar o caramujo, será necessário quebrar sua
casca. O método de iscar é o mesmo utilizado para a concha, e dependendo do
tamanho do caramujo poderá ainda ser dividido ao meio, o que nos dará duas iscas.
Pequenos siris: sua ação parece igual à da tatuíra. Com o movimento das ondas,
eles também saem de um local para o outro e também enterram-se na areia.
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Regulando a fricção
A diferença é que o siri tem garras, portanto deve ser
manipulado com cuidado. O jeito certo de pega-lo é, após desenterra-lo, ir
fazendo com que mude de lugar com pequenos toques até que se canse. Feito isso,
procure pega-lo pelas garras, que devem ser imediatamente separadas do corpo.
Isca-se inteiro. Como dica final, diremos que é conveniente que o pescador se
lembre de que tudo o que restar das iscas, como por exemplo, garras de
corruptos e garras de siris, devem ser jogados no pesqueiro onde ele estiver,
de preferência onde seu anzol estiver iscado, já que esse material é uma
excelente ceva. Agora, se você não quiser ter esse trabalho todo para capturar
os habitantes da areia, use camarão morto, filé de sardinha, filé de parati,
manjubas, etc. Com certeza, esse tipo de isca é muito mais fácil de conseguir,
pois é só passar na peixaria e comprar. No entanto, podemos apostar que o resultado
de sua pescaria será muito menos produtivo em termos de peixes fisgados quando
você utilizar os habitantes da areia. Duvida? Faça o teste.
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Revista Aruanã Ed:43 Publicada em 02/1995
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