Considerado excelente pesqueiro, a
Barra do Uma fica em Peruíbe, no litoral sul do estado de São Paulo. A Aruanã
esteve lá para conferir este roteiro, que sem dúvida merece ser aproveitado
pelo pescador amador, principalmente nesta época do ano.
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Mata na Foz
do rio
Partindo da cidade de São Paulo, o pescador conta com duas
opções para chegar a Peruíbe: a primeira delas seria utilizar o Sistema
Anchieta/imigrantes, seguindo depois pela rodovia Manoel da Nóbrega. A segunda
opção é ir pela BR- 116, entrando no trevo indicado pelas placas da estrada.
Este trevo fica entre as cidades de Miracatu e Juquiá. Chegando em Peruíbe, deve o pescador se
encaminhar para o “morro”, onde está a “caixa d’água da Sabesp”, que fica no
extremo sul da cidade. Caso opte pela pesca de praia, deve procurar o porto dos
pescadores (fica no caminho para o morro), onde os profissionais mantêm
barracas de venda de pescado. Lá poderemos adquirir iscas, tais como sardinhas,
camarões, paratis, manjubas, etc.
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Robalo
flecha
No morro há uma estrada que, apesar de asfaltada em toda sua
extensão, é bastante estreita e consideravelmente perigosa, o que recomenda que
o percurso seja feito lenta e atentamente. No começo, é só subida, e depois só
descida, por pista única, sendo que em alguns trechos há estreitamentos
acentuados. No final dessa estrada, o pescador estará em uma encruzilhada, e
aqui a continuação do trajeto será feita por uma estrada de terra. Nessa
encruzilhada, à esquerda, atingiremos o rio Guaraú, e à direita, nosso destino:
Barra do Una. A partir do fim do asfalto até a praia são aproximadamente 30 km.
Devemos ainda citar que passaremos por vários rios pequenos de água limpa que
cruzam a estrada. No maior parte deles há uma ponte, e nessa beirada de ponte e
em outros locais da estrada, vamos avistar várias placas indicando “venda de
camarão vivo”, outra excelente isca.
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Pesca de praia
No que se refere a esses pequenos rios, devemos alertar ao
pescador amador que quando há fortes chuvas na região, eles costumam ter
alterada a altura de suas águas, o que faz com que seja conveniente esperar um
pouco até que a situação se normalize. Mas isso não emotivo para desespero, já
que a vazão das águas costuma ser mais ou menos rápida. Um outra dica útil é
manter-se sempre à esquerda da estrada, já que existe uma bifurcação em certo
ponto onde a via à direita leva a uma cachoeira. Exatamente no km 18, vamos
encontrar o “Porto do Jacinto”, que segundo nossa opinião é o local mais
favorável para quem vai praticar a modalidade de pesca de canal. O próprio
Jacinto, dono do porto, mora no local e sua principal atividade é a garagem
náutica, ou seja: ele guarda barcos de pescadores.
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Betaras
Mas também possui algumas embarcações para alugar. Se o
pescador optou pela modalidade de praia, deve continuar em frente, até que irá
atingir um pequeno lugarejo, com diversas casas: Barra do Una. No lugarejo
também existem alguns portos que alugam barcos, mas como a oferta é pequena,
convém certificar-se com antecedência se há barcos à disposição. Como não há
telefones para contatos, o jeito é ir até lá para conhecer o local e fazer reservas
para datas futuras, ou então levar seu próprio barco e motor. Mas esse tipo de
“problema” com barcos acontece só para quem decidiu pescar no canal. Na praia,
não teremos nenhum problema, e a única recomendação é deixar o carro
estacionado próximo as casas do lugarejo para que alguém possa olha-lo, como
medida de segurança.
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Parati barbudo
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Se o pescador quiser se arriscar a ir até a faixa de areia,
convém tomar certos cuidados, já que em alguns trechos a areia é fofa demais e
o veículo poderá encalhar.
PESCA
DE PRAIA
Os melhores locais ficam na margem esquerda do rio, sendo que
a margem direita a pesca é proibida. Falaremos sobre isso mais adiante. Na
areia, principalmente na maré baixa, o pescador poderá capturar alguns
corruptos para usar como iscas, já que a presença deles na praia é abundante.
Podemos usar duas varas: a barra pesada e a barra leve. Na primeira devemos
usar iscas de pequenos peixes, fisgados com a barra leve. Ambas as varas devem
ter entre 3 a 4 metros de comprimento, e para a barra pesada será necessário
usarmos um anzol (por exemplo 7/0) encastoado com aço, já que é bastante comum
fisgar bons cações e raias nesse local.
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Praia Barra
do Una
Os canais de praia são facilmente identificados, já que são
bem visíveis, e as melhores marés serão as de luas “grandes” (cheia ou nova),
sendo que pescaremos sempre na enchente, ou seja, na subida da maré. Os peixes
mais comuns nessa pescaria serão os pampos, betaras, paratis-barbudos, corvinas
cações, raias, pescadas, robalos, etc. Uma boa alternativa é a pesca noturna de
praia. Querendo praticar essa modalidade, proceda da seguinte forma: procure
uma maré que comece a subir por volta das 18h (observe o horário de verão) e
posicione-se no melhor local, ou seja: ao longo dos primeiros 200 metros a
partir da margem do rio. As iscas mais produtivas serão o corrupto, o camarão
morto descascado e os filés de sardinha, além das outras iscas encontradas na
própria praia: sarnambi, minhoca de praia, tatuíra, etc.
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“A reserva”
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Normalmente os peixes – em sua maioria robalos – estarão no
segundo canal, e iremos atingi-los com facilidades efetuando os lances a partir
da areia. Uma dica útil é preparar as iscas durante o dia e em boa quantidade.
Se for utilizar um lampião, procure evitar que a luz ilumine a água. Nesse tipo
de pescaria, o material a ser utilizado poderá ser o de categoria leve.
PESCA DE CANAL
Antonio Lopes da Silva, editor da Aruanã, tem um carinho todo
especial pela Barra do Uma, pois nesse local já fez memoráveis pescarias de
grandes robalos, acrescentando também que foi o rio onde mais perdeu iscas artificiais
em brigas com os “robalões”.
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O melhor
pesqueiro: galhadas na foz
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Aliás, nos dias em que foi feita esta matéria, a equipe da Aruanã
e outros pescadores que a acompanhavam (leitores da revista), tiveram durante
quarenta minutos um verdadeiro festival de pevas, com vários peixes entre 1 e 2
quilos. É nosso costume nesse rio sempre usar pelo menos duas varas, sendo uma
delas leve e outra média e pesada. A leve iremos usar em praticamente toda a
extensão do rio, e a pesada principalmente nas galhadas do começo do rio, mais
ou menos uns 100 metros de comprimento, na margem esquerda de quem olha do mar
para o rio. Esse pesqueiro é simplesmente sensacional, e quando os robalos lá
estão, é um festival de peixes de bom tamanho. Já conseguimos fisgar robalos
flecha enormes, sendo o que mais exige habilidade é o ato de tira-los das
galhadas, tarefa bem difícil.
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Robalos peva
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Para que o leitor faça uma idéia, chegamos a perder certa vez
seis iscas artificiais na boca de grandes robalos em um só dia. O melhor
horário para a pesca é no fim da vazante da maré. Veja no mapa ilustrativo
desta matéria os melhores locais de pesca no rio Uma. O material mais apropriado,
quando falamos em termos de equipamento médio, refere-se a varas com resistência
entre 8 e 30 libras e linha de bitola entre 0.35 e 0.45mm, com um líder entre 3
a 4 metros de comprimento usando uma linha de até 0.60mm. As iscas artificiais
serão maiores. Fica a critério do pescador a escolha entre molinete ou
carretilha. Os modelos de iscas artificiais mais usados por nós são: Red Fin
(800 e 900), Rapalas em geral, zaras, sticks, Bomber (14,15,16), iscas de superfície
como as de hélices, Jumping Mullet, Jumping Minnow e ainda as fabricadas pela
Mirro Lure, sejam as simples (7MR) ou os poppers.
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Mapa da
região
Se o pescador preferir utilizar iscas naturais, sem dúvida
deverá optar pelo camarão ou pitu, preferencialmente vivos. Podemos pescar de
fundo (de rodada ou apoitados) e com bóias, ode a isca ficará quase na
superfície, bastando para isso deixar uma distância de 1 a 2 metros entre ela e
a bóia. No caso de fundo, vamos usar um chumbo de formato oliva, com peso máximo
de 20g, que servira exclusivamente para cumprir a função de manter a isca viva
no fundo. No canal o melhor horário para pescar será sempre na vazante, sendo
que as marés mais propícias serão as de altura equivalente a 1,3m no máximo.
Mais uma vez recomendamos o rio Una tanto para a pesca na praia como no canal,
e deve o pescador lembrar-se de que o robalo agora tem tamanhos mínimos de
captura estabelecidos. Esses limites devem ser respeitados. Finalmente,
agradecemos ao Nelson de Mello pela assessoria fornecida à equipe Aruanã na
modalidade de pesca de praia. Já que trata-se de um verdadeiro especialista no
assunto. A Aruanã testou e aprovou o roteiro Barra do Una.
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Revista
Aruanã Ed:43 Publicada em 02/1995
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