quarta-feira, 30 de julho de 2014

ESPECIAL - CHUPARAM O CARANGUEJO!!!






Só ficou a casca  





                                                                         




Na pesca de pacu usando o caranguejo como isca é muito comum o anzol sair só com a casca do mesmo. Quem, neste caso, será o “ladrão de isca”? Confira






Caranguejo vivo e inteiro.

Nós da Aruanã preferimos pescar pacus na batida, usando como isca o tucum ou a massa. Porém neste tipo de pescaria o nível de água tem que estar alto, o que, convenhamos, se dá em período muito pequeno. Esse período (o melhor) é quando a água do rio está nos campos, saindo para o rio principal por meio de pequenos corixos. O pacu tem sua presença garantida nas bocas desses corixos, principalmente nas primeiras horas da manhã ou no entardecer. A explicação é bem simples: com a água nos campos, o pacu se alimenta de coquinhos, tais como o tucum e carandás. Quando o rio volta para o leito, esse peixe não tem mais acesso aos campos, onde o alimento é farto; sua alimentação passa então a ser o que ele normalmente encontra somente nos leitos dos rios.  O caranguejo está sempre no leito dos rios, e nessa época é a melhor isca para o pacu, sem dúvida.

A maneira certa de iscar

A maneira mais comum de se pescar então é com a chamada linha longa. Pode-se usar molinete ou carretilha.
A bitola dessa linha poderá ser por volta de 0.50 milímetros, um pouco mais um pouco menos, levando-se em conta que precisaremos dar boas fisgadas para ferrar o pacu, estando então explicado a bitola da linha.
Os melhores locais serão sempre no leito do rio, preferencialmente em locais retos e que tenham camalotes (aguapés) nas margens. Devemos apoitar o barco junto aos camalotes, podendo mesmo amarrar o barco em suas folhas.
Devemos então dar os lances, em frente e para o meio do rio, e vir “tenteando” a isca, até que ela encoste nos camalotes logo abaixo do barco. Esses lances podem variar entre 20 a 30 metros, e o ato de “tentear” a isca é para se ter a certeza que ela veio para junto dos camalotes e não pegou nenhum enrosco no caminho do meio do rio até a margem. 

Pantanal cheio

Até darmos os lances, algumas regras têm que ser seguidas. Assim sendo temos:
Isque o caranguejo sempre pela parte de trás, ou seja, entre as duas ultimas pernas do mesmo. Devemos passar o  anzol por um lado e fazê-lo com que transpasse todo o corpo da caranguejo, fazendo com que a ponta do anzol saia pelo meio das patas do outro lado do corpo.
O anzol melhor para esse tipo de pesca é o Mustad referência 92247, e seu tamanho 7/0.
Use um encastoado de aço de mais ou menos 20 centímetros para o anzol, com um girador médio (tamanho 2 ou 3) na ponta do encastoado, pois é melhor para amarrar a linha.

Começaram a roubar a isca

Use uma chumbada, tipo oliva e solta na linha, com peso variando de acordo com a correnteza do local (comece a partir de 30 gramas). Pronto, estamos com o material correto para a pesca do pacu.
A fisgada do pacu se traduz por dois ou três trancos na linha e uma corrida pequena. Nesse exato momento devemos fisgar e então brigar à vontade com o peixe. Algumas vezes, porém, verificamos que o peixe dá vários trancos na linha mas não “firma”, ou seja, não corre.
Ao retirarmos a isca da água, vamos verificar que o caranguejo está sem as patas e seu corpo só tem a casca, estando oco por dentro – de onde tiramos o título desta matéria.

      Ficou só a casca

Se isto acontecer na sua pescaria, saiba que o peixe que deu os trancos na linha não era o pacu, mas sim o piavuçu, que a exemplo dos da sua espécie, é um refinado “ladrão de isca”.  Mas há um jeito desses piavuçus se ferrarem, literalmente, em nosso anzol. A primeira providência é diminuir o tamanho do anzol, passando então do 92247 - 7/0, para um 92246 - 4/0 ou 5/0. Devemos a seguir partir o caranguejo ao meio, ou se for dos grandes, em quatro pedaços. Fisgamos então um desses pedaços no anzol menor e fazemos exatamente o mesmo lance para que a isca pare naquele local. Quando o piavuçu começar a dar os trancos, pegue a vara na mão e suspenda um pouco a isca. Quando sentir firmeza, fisgue.  A briga com o piavuçu é também bastante esportiva e esse peixe costuma dar um bom trabalho, dependendo do seu tamanho. 

O ladrão de isca. Se ferrou. Literalmente

As vezes o pacu também pega na metade do caranguejo, e aí é só ter calma e brigar bem, pois o tamanho menor do anzol, se forçado, deixará o peixe ir embora. Boa pescaria.

NOTA DA REDAÇÃO: É comum ouvirmos de diversas pessoas que compram ou pescam o pacu em pesqueiros  tipo pesque pague, que não é um peixe bom para se comer. À essas pessoas temos falado que, os pacus citados acima, são alimentados com ração para peixes e outros tipos de alimentos e será inevitável que o seu gosto nunca será igual a um pacu pego no pantanal.
Se tiver oportunidade de comer um pacu “pantaneiro”, cortado ao meio, assado na brasa e temperado somente com sal e limão, essa opinião com certeza mudará.
Em nossas Aventuras no Pantanal, uma determinação que era lei, era colocar para assar 3 pacus, na fogueira do acampamento e, para o almoço.
Comíamos dois e o terceiro, deixávamos ficar no mesmo lugar na fogueira, sem a alimentar, até apagar.  A tarde, ao voltarmos da pescaria, esse pacu era então saboreado frio,  tirando-se lascas de seu lombo. Ele fica com gosto defumado e, é sensacional.

sábado, 26 de julho de 2014

PEIXES DO BRASIL - MARLIM BRANCO










Considerado um peixe de bico de grande esportividade, o marlim branco está presente em praticamente todo o Brasil.








O marlim branco, pertence à família Istiophoridae e seu nome científico é Makaira albida. Considerado como um peixe de bico, que alguns erroneamente ainda chamam de peixe-espada, tem como principal característica a sua coloração de dorso cinza-claro e ventre e barriga brancos, que é aliás a cor predominante, que lhe originou o nome vulgar. Costuma estar na chamada água azul, estando portanto a sua melhor época de pesca entre os meses de novembro até meados de abril, podendo se estender um pouco mais, dependendo de quanto esta corrente fique perto da costa.
Na pesca amadora é pescado no sistema de corrico, sendo suas iscas preferidas, no caso de naturais, o farnangaio, o peixe-voador e até “ventrechas” (filés) de outros peixes. No caso de iscas artificiais, sua preferência se dá pelas tradicionais lulas ou havaianas. Em ambos os casos, pesca-se na superfície.
Mas existem outras particularidades sobre o marlim branco. Podemos citar, por exemplo, a sua característica também de sair da água azul e se aproximar bastante do litoral, entrando mesmo em alguns canais mais largos e profundos. Essa aproximação talvez seja em virtude de cardumes de lulas, quando estas estão perto do litoral,  que aliás são um de seus alimentos naturais prediletos.
São muitos os registros de pescadores profissionais, que costumam fisgar, principalmente em espinhéis e usando lulas como iscas, centenas de marlins brancos. Na hora da comercialização, após serem limpos e eviscerados, também recebem (dependendo da região) o nome vulgar de meca.
Cientificamente, há registros de exemplares de setenta e seis quilos (segundo H. Nomura) como recorde de peso. Já em campeonatos de pesca amadora, houve registros de peixes maiores. O equipamento para sua pesca pode ser considerado como médio, traduzido em linhas de bitolas entre 0.50 a 0.80 milímetros. Deve-se usar um líder de cinco a dez metros com linha mais resistente, já que o marlim branco, ao ser fisgado, dá vários saltos espetaculares, enrolando-se às vezes nos primeiros metros da linha, daí a razão de utilizar-se uma linha mais resistente.
Uma boa vara com roldanas e carretilhas médias (por exemplo, 30 libras) serão mais do que suficientes para sua pesca, levando-se sempre em conta que, quanto menor for o material, maior será a esportividade. Para o caso de iscas naturais, um bom anzol será o de tamanho variando entre 7/0 a 12/0. Na hora de embarque do peixe, devemos tomar todas as precauções possíveis, já que no bico desse peixe, está o perigo maior. Há registros de sérios ferimentos em pescadores causados por esse bico.
A melhor maneira de se lidar com ele, portanto, é cansá-lo o máximo possível e só embarcá-lo usando luvas; caso se vá aproveitar a sua carne, utilize um bicheiro forte, resistente e com um bom comprimento de cabo.  Em pescarias de água azul, há registros de peixes que, trazidos muito rapidamente para perto do barco, saltaram e caíram dentro da embarcação, causando sérios problemas à tripulação, já que fica muito mais difícil lidar com um peixe de bom tamanho que ainda não esteja devidamente trabalhado e cansado.

NOTA DA REDAÇÃO: A pesca na chamada água azul é uma modalidade das mais espetaculares, tendo em vista o cenário à nossa volta. Grandes vagalhões (não confundir com ondas) com água de uma cor azul cobalto, fazem o barco continuamente subir e descer na água, o que dará as iscas artificiais citadas, um trabalho que consiste em vários saltos, fazendo um barulho característico como se fosse um peixe-voador e esse barulho é que irá atrair o marlim branco. Não é fácil fisgar um peixe dessa espécie, pois antes dele, muitos dourados-do-mar, atuns, albacoras,  cavalas, sailfish ou mesmo marlins azuis entrarão em nossas iscas. Tudo é pesca e simplesmente  é espetacular fisgar qualquer um desses  peixes da água azul.

COLEÇÃO ARUANà   -     PEIXES DO BRASIL

quarta-feira, 23 de julho de 2014

ESPECIAL: PIRAPUTANGAS OU MATRINCHÃS ?



                Corredeiras de Piraputangas









Muitas vezes, a Piraputanga é confundida com a Matrinchã. Isso não tem nada a ver, já que a primeira é do Pantanal e a segunda é da Bacia Amazônica. Mas, apesar da confusão, ambas proporcionam uma pesca bastante esportiva.

Piraputanga

São muitos os pescadores que confundem a Piraputanga com a Matrinchã; isso acontece porque, dependendo do lugar do Brasil, a Piraputanga costuma ser chamada de Matrinchã. O engraçado é que o inverso não acontece.
Para esclarecer, vamos identificar as duas espécies, apesar de que nem cientificamente isso está claro. A Piraputanga, segundo alguns autores, recebe o nome de Brycon orbignyanus, enquanto a Matrinchã recebe o nome de Bryconamericus megalepis, sendo ambos da família Characidae. Nos livros em que procuramos essa identificação há dúvidas, porém na pesca amadora essas dúvidas são facilmente solucionadas, já que em nossas pescarias, nunca fisgaremos nenhuma Piraputanga na Bacia Amazônica, bem como não fisgaremos nenhuma Matrinchã no Pantanal, ou se preferirem na Bacia do Prata.                                                                                                                                    

Corredeiras de Matrinchã

Se levarmos em consideração ainda o tipo de peixe e seu colorido, aí sim não há dúvida alguma.
A Piraputanga tem o dorso escuro, sendo os flancos amarelados e o rabo avermelhado, possuindo ainda uma mancha preta no meio. Parece, guardada as proporções, um pequeno dourado. Já a Matrinchã tem o dorso um pouco mais claro e seus flancos são totalmente prateados, sendo o rabo levemente avermelhado e também apresentando uma mancha preta no meio.

Nos hábitos, essas duas espécies também tem muitas semelhanças, pois gostam de águas rápidas, onde atacam pequenos peixes. Às vezes preferem águas mais tranquilas, onde seu alimento passa a ser então, além de peixes, pequenos frutos como figos e coquinhos.Chegam inclusive a fisgar muito bem em cevas de milho feitas para outros peixes.

Piraputanga atacada por piranhas

No que se refere à pesca amadora, trata-se de uma modalidade bastante esportiva, pois ambos os peixes, quando fisgados, dão belos saltos e brigam até o fim. A Piraputanga tem ainda uma característica para tentar se livrar do anzol: quando salta costuma tremer seu corpo inteiro, e na maioria das vezes consegue livrar-se do anzol, principalmente se forem garatéias em iscas artificiais. A Matrinchã também faz isso, só que em escala bem menor.
Matrinchãs a esquerda Piraputangas a direita

Para se pescar tanto uma como outra, as melhores iscas serão os spinner e as pequenas colheres. Agora, aqui vai a melhor de todas as dicas: nos spínners troque as garatéias dessas iscas por um só anzol, dando preferência àqueles que tenham a haste curta, como o Mustad referência 92676 e tamanho 5/0 ou 6/0. Com um só anzol, dificilmente qualquer uma das duas escapam quando saltam.

Podemos usar um equipamento leve, composto por carretilha ou molinete pequenos e linha 0.25 ou 0.30 milímetros; também é necessário o uso de um empate de aço flexível para o spínner ou colher.

Matrinchã na colher

O melhor de tudo é que às vezes, e isso só acontece no Pantanal, ao tentarmos as Piraputangas com as iscas descritas acabamos fisgando um belo e imponente dourado. É uma boa surpresa, e dependendo da habilidade do pescador, ele irá conseguir tirar o bicho da água. Já com as Matrinchãs, as surpresas na Bacia Amazônica ficam por conta das bicudas que costumam estar no mesmo lugar e fisgar a mesma isca que as Matrinchãs.
Para terminar, fica aqui somente uma recomendação para a pescaria: se quiser fisgar Piraputangas vá ao Pantanal, e se quiser fisgar Matrinchãs, vá à Bacia Amazônica. Pelo menos por enquanto.

NOTA DA REDAÇÃO: A ultima frase desta matéria "pelo menos por enquanto", até hoje é bem atual. Isto porque, alguns entendidos, que não passam de idiotas estão, por conta própria, introduzindo espécies de peixes de uma das  Bacias citadas em represas, principalmente no  sudeste do Brasil. O mais recente episódio, aconteceu nas represas do rio Juquiá em São Paulo. Em sete represas nesse rio, onde habitava o black bass, peixe de origem canadense/americana e bastante esportivo foi praticamente extinto, pois o tal ou tais idiotas, introduziram o tucunaré, que é um peixe mais rustico e agressivo. Nos dias de hoje (2014) dificilmente, nessas represas, iremos conseguir fisgar algum bass. O tucunaré dominou essas águas. Quanto a Matrinchã, elas estão presentes em muitos pesqueiros tipo "pesque e pague" e, como não há segurança nenhuma em vários desses pesqueiros, no que se refere a suas barragens, lagos ou represas, não será nenhuma surpresa, na época das fortes chuvas, que elas possam arrebentar e as Matrinchãs irem parar em algum curso de água, onde poderão causar algum impacto ambiental. 


terça-feira, 22 de julho de 2014

ANIMAIS DO BRASIL - ANTA












A Anta ou tapir, como também é largamente conhecida essa espécie, é um mamífero ungulado. 







Pertencente à família dos Tapirídeos e cujo nome científico é Tapirus americanos.  É uma das maiores espécies brasileiras, pois mede cerca de 2 metros de comprimento e 1 metro de altura. Seu pelo é uniforme, de cor parda, mas somente quando já adulto, pois os filhotes da anta são malhados, apresentando quatro ou cinco linhas longitudinais e paralelas, um pouco tremidas, além de vários traços intermediários e manchinhas irregulares nas pernas e na cabeça.
Somente depois do sexto mês, quando o animal já tem mais de um metro de comprimento, o colorido se torna uniforme. Aliás essa característica lhe é muito útil quando procura se esconder na mata de possíveis predadores, a exemplo dos veados, com pelagem semelhante.
A anta possui ainda uma série de outras características interessantes, o que a torna uma espécie singular. Ela apresenta quatro dedos nas mãos e três nos pés, possui um focinho que termina em uma espécie de tromba móvel, sua cauda é curta e as orelhas são móveis como as de um cavalo.
Esse animal habita as matas cerradas, nas proximidades dos rios, nada e mergulha perfeitamente e é sempre em direção à água que foge, quando acossada. Possui uma força extraordinária, podendo, na corrida, atravessar a mata fechada sem qualquer dificuldade, abrindo caminho com seu corpo. A anta pasta e come frutas do mato, mas também invade roças. Devido a esse hábito e também por sua carne muito apetitosa, é amplamente caçada e aos poucos vai sendo exterminada.

Anta gameleira, anta xuré, batupeva e batuvira são nomes que os caçadores atribuem ao que supõe ser variedades dessa espécie, porém nossa espécie é uma só, da Argentina à Venezuela. Mais para o norte, até o México, há duas espécies diferentes e na Índia  e sul da China também existe uma espécie bastante semelhante à nossa, mas cujo colorido é bem diverso, por possuir algo parecido com uma manta branca nas costas. A palavra anta parece ser de origem árabe, designando um cervídeo sem galhada. Tapir é seu nome em tupi e mborebi em guarani; mborepirape é a vereda aberta pela anta na mata e assim também denominam os índios a Via Láctea.

COLEÇÃO ARUANÃ     -     ANIMAIS DO BRASIL

terça-feira, 15 de julho de 2014

ROTEIRO AVENTURA NO PANTANAL: CÁCERES CORUMBÁ



Com esta aventura, nossa equipe completou aproximadamente 6.000 km em rios do pantanal. Neste roteiro, percorremos 680 km, cheios de aventuras, pesca e lazer. Venha conosco e boa diversão.


Viajando com a tralha de pesca

Eu e o Toninho Aguilar, nosso cinegrafista, saímos no dia 5 de março, exatamente às 8 horas da manhã. Nosso destino: Cáceres, a 2.065 km de São Paulo. Em nossa tralha, na F-1000, dois motores Mercury 25 HP novos e revisados, gerador, barracas, tralha de cozinha, geladeiras de isopor, tralha de pesca, câmeras de vídeo e foto faziam com que nossa carga chegasse quase ao teto. Em Paulínia, fomos até a fábrica da  Levefort,  pegar a carreta já carregada com dois barcos Marfin 500, embarcações que costumamos usar em nossas aventuras, devido a sua qualidade e capacidade de carga. 

Nossa equipe (da esquerda para a direita Antonio, Silvio, Lourival, Marcelo e Aguilar

Novamente na estrada, fomos de uma só tirada até Campo Grande onde, logo após essa cidade, paramos em um posto da estrada para o pernoite. No dia seguinte, “pé na estrada de novo”, chegamos em Cáceres às 4 horas da tarde.  Nessa cidade de Mato Grosso, estavam nos esperando o Silvio e o Pedro, leitores e amigos nossos, que aliás têm um estabelecimento voltado ao pescador amador, a Tuiuiú Náutica, onde alugam barcos, têm rampa para descida de embarcações e prestam também serviços de garagem náutica, além de venderem iscas e fornecerem piloteiros. O telefone deles é (065)223-4885 (NR: verificar possíveis mudanças). Devido ao adiantado da hora, resolvemos pernoitar na cidade, já que, no dia seguinte, teríamos que fazer compras de supermercado, gelo, gasolina, etc.

No sábado dia 7, junto com o cozinheiro Marcelo e o piloteiro Lourival, fomos às compras e exatamente ao meio dia colocamos os barcos na água, para começar a aventura. Na ultima hora, o Silvio manifestou o desejo de ir conosco: agora então a equipe era composta de cinco membros.

O equipamento para a aventura

Saímos de Cáceres direto para o Pantanal Rio’s, hotel de outro amigo e anunciante da Aruanã, o Roberto Braga, distante da cidade 48 km. Pernoitamos na comodidade de um bom hotel e no domingo, 8 de março, às 6 horas da manhã, começamos a descer o rio Paraguai.
Nossa carga era de aproximadamente 700 quilos em cada Marfin. Passamos a foz do rio Jaurú, e em localidades conhecidas pelos nomes de Morrinho, Morro Pelado, Descalvado, Jatobá, Castelo de Areia (onde há um posto da Polícia Florestal desativado). Nosso próximo ponto de referência era a reserva Taimã, do Ibama, em cujo sede há infra-estrutura como rádio, aeroporto etc. Às 3 horas da tarde havíamos percorrido 228 km de rio e resolvemos acampar. As notícias que corriam no rio nos davam conta que havia uma “decoada”, felizmente, não se confirmaram em nosso trajeto. 

Corixo da entrada da Baía Uberaba
Montamos o primeiro acampamento, e constatamos logo de cara que não havia peixe. O que tinha, e para ninguém botar defeito, eram os pernilongos, tantos que chegavam a entrar dentro da boca. É nessa hora que eu lembro de alguns amigos que, sabendo que vamos fazer reportagens no Pantanal, vêem com a velha frase: Ê vida boa, heim meu!” Pois é, gostaria que todos eles estivessem aqui, já que iríamos dividir os mosquitos com eles.
No dia seguinte, 9 de março, logo cedo desmontamos tudo e fomos para o nosso destino pré-determinado, a Boca da Baía Uberaba.
Essa baía fica retirada do rio Paraguai, cerca de 5 ou 6 km, e sua ligação com o rio se faz por intermédio de um corixo largo à direita de quem desce; a distância de Cáceres até ela é de 350km.

Montamos o acampamento e os pernilongos eram os mesmos, em tipo e número. Com tudo pronto, o Marcelo assumiu a cozinha e nós, com um Marfin já pronto para a pescaria, fomos até o corixo da Uberaba, “ver se havia peixe”. 

Dublê de pacus

Em uma rodada, só no corixo, fisgamos cerca de 20 pacus e isso agora explica o porque do cinegrafista Toninho Aguilar em nossa equipe. Como sabíamos que o pacu era o peixe que mais estava batendo, resolvemos fazer o primeiro vídeo da série Pescando com a Aruanã no Pantanal, e o peixe escolhido foi o pacu. Pronto, peixe certo, e em boa quantidade, nos dava a certeza de passar ali na Uberaba alguns dias.

Nosso acampamento

Voltamos na hora do almoço para o acampamento, e a primeira surpresa engraçada da viagem (aliás em todas elas acontecem fatos engraçados): um jacaré de dois metros estava bem no meio do acampamento, fazendo nosso cozinheiro ficar em um cantinho, guardando distância segura. Aliás o Marcelo tinha até jogado pedaços de linguiça para o bicho. Fotografamos e filmamos o jacaré, e ele nem aí. Resolvemos descer do barco e espantar o bicho, que pulou na água, dando antes um urro seguido de uma respirada com barulho. Tomamos posse do acampamento e, não demorou muito, lá estava o jacaré subindo em uma prainha, que viria ser o nosso local de banho. 

O "dono" do acampamento

Jogamos uns paus nele, que desceu para a água. Mais alguns minutos e lá vinha ele de novo. Em acampamentos anteriores, já tínhamos visto jacarés “folgados”, mas esse era demais! Os jacarés anteriores tinham recebido apelidos como Bebeto e Romário; esse folgado e teimoso como um jumento, foi batizado de Zagalo. Deu trabalho para fazer o Zagalo deixar seu posto, para que nós tomássemos posse do acampamento. Foi muito pedaço de pau atirado nele, para que ele visse que o lugar era nosso. Finalmente, o Zagalo desistiu e atravessou o rio. 
Chegou a noite e os mosquitos estavam ainda mais insuportáveis. Era um tal de jantar vestido de camisa de manga comprida e calça grossa. A hora do banho, que acontecia em 30 segundos, era um banquete para os mosquitos.  O jeito então era ir para a barraca às 8 horas da noite e ficar livre da “doação de sangue involuntária”.  Naquela noite ouvimos um barco grande atracando perto de nós rio abaixo, e pela manhã reconhecemos o Cabexy, do nosso amigo e companheiro Orozimbo, que tanto nos acompanhou em outras aventuras. Com o Cabexy por perto, tínhamos agora comunicação por rádio com Corumbá, o que nos dava uma certa dose de tranquilidade.

Pantanal cheio com muita comida: Pacus grandes e gordos

Nessa terça-feira, começamos a fazer o vídeo e fisgamos cerca de 20 pacus. Tínhamos como material vara de bambu, vara telescópica, vara de carretilha leve e mais duas varas, uma de carretilha e outra de molinete, para a pesca com caranguejo. Tudo isso  mostramos nesse vídeo que ficou sensacional. A novidade é fisgar pacu com vara leve, carretilha pequena e linha bitola 0.35mm no sistema de batida. É uma briga para ninguém botar defeito.Quarta-feira, dia 11 a Cabexy nos deixou por volta do meio dia. À tarde voltamos à Uberaba, e nessa saída fisgamos um pintado, piraputangas e piranhas. Na hora do almoço, a diversão ficava por conta de uma vara telescópica bem leve e linha 0.25mm, usando massa de farinha como isca, na frente do acampamento, já devidamente cevada com as sobras da cozinha.
Piaus-três-pintas, sauás, sardinhas, lambaris, pacu peva, piraputangas e algumas piranhas (que, a bem da verdade, cortavam nosso anzol) faziam a diversão da equipe. Chegava até a cansar o braço a ação desses pequenos peixes maravilhosos.Na parte da tarde continuamos a fazer o vídeo mostrando todas as opções de pesca para o pacu, apesar de que, em nossa opinião, a pesca com batida usando o tucum como isca é a mais atraente. Mas como era um vídeo da série Pescando com a Aruanã, mostramos tudo o que se refere à pesca desse esportivo peixe: isca de massa, caranguejo, vara de bambu e outras modalidades que estão agora, eternizadas nesse vídeo. Mais ou menos às 5 horas da tarde, começaram umas trovoadas ao longe e vimos a chuva caindo. Apear de assustador é um espetáculo muito bonito.  Essa chuva rodeou nosso acampamento, e lá pelas dez horas da noite começou a pingar nas barracas. Esse fato foi uma alegria só, já que a temperatura estava por volta de 30 graus (à noite) e passou a ficar abaixo dos 20 graus. Foi a melhor noite de toda a viagem para se dormir! Quinta-feira, dia 12, como tínhamos previsto,  era o ultimo dia da Uberaba. Com o vídeo praticamente pronto, fomos mais uma vez em busca do pacu.




Pescadores profissionais em ação

Pois bem, acredite se quiser: talvez devido a trovoada, entrou um cardume de pacus nessa baía como há muito tempo não víamos. Não dá para calcular, mas com certeza, fisgamos mais de cem peixes dessa espécie. Fizemos vários dublês, fisgando dois peixes ao mesmo tempo. Foi de cansar o braço!
À noite, deixamos tudo no jeito, já que no dia seguinte, bem cedo, sairíamos para o ultimo percurso da viagem. Ao acordar na sexta-feira dia 13, as “bruxas” apareceram logo cedo, traduzidas na figura de um barco de pescadores profissionais com mais de 10 elementos. Nós vimos em seu barco caixas de gelo para uma tonelada. Imaginem, portanto, o que esses profissionais fizeram no cardume de pacus...
Essa é a diferença entre a pesca amadora e a pesca profissional. Nós fisgamos mais de 150 pacus e matamos apenas três para consumo, respeitando o tamanho mínimo de 40 centímetros. Será que esses profissionais teriam a mesma consciência ecológica que nós, ainda mais sabendo que na volta a Cáceres não há qualquer tipo de fiscalização? Pois é, essa é a pesca profissional e comercial que está dizimando os peixes do Pantanal. É contra esse tipo de pescador que precisamos lutar, a fim de extinguir esta prática. 
Inscrições rupestres nas pedras da Gaíva

Saída da Gaíva, sinalizando a continuação do rio Paraguai

Fizemos as contas, sempre observando as placas da Marinha, que mostravam a quilometragem do rio, e resolvemos ir direto para Corumbá, onde chegamos às 6:45 h da tarde, percorrendo nesse ultimo trecho 330 km, com total segurança. Pelas nossas contas, levamos 450 litros de combustível. Ao chegar a Corumbá, verificamos que gastamos exatamente 447 litros nos dois barcos, nas viagens e nas pescarias. Isso já dá uma dica que é bom levar mais um pouco de combustível. No porto, o Renato e o Orozimbo estavam nos esperando: junto com nossa equipe, ajudaram a carregar a F-1000 e a carreta com os Marfins, ficando tudo pronto para retornar a São Paulo. Foi uma bela viagem, e mais uma vez cumprimos nossa missão de mostrar ao pescador amador que gosta de aventura, mais um novo roteiro.







NOTA DA REDAÇÃO: Queremos agradecer à Mercury do Brasil pela cessão dos dois motores 25 HP, que se mostraram excelentes no uso, de uma potência incrível e altamente econômicos, sendo aprovados nesse duro teste e sem restrições.  A Levefort, agradecemos pelos dois Marfins cedidos. Esses barcos já nos serviram em diversas oportunidades nas viagens de aventuras. Falar da qualidade dos produtos da Levefort é completamente desnecessário, pois trata-se da melhor e maior fábrica de barcos de alumínio do Brasil.
Agradecemos também ao Roberto Braga do Pantanal Rio’s Hotel, ao Silvio e Pedro da Tuiuiú Náutica, ao apoio do pessoal do Jatobazinho, ao cozinheiro Marcelo e ao piloteiro Lourival. Não podemos deixar de agradecer também ao Orozimbo da Pantanal Tours e ao seu filho Renato pela chegada em Corumbá, e ao nosso companheiro e cinegrafista Toninho Aguilar. Com certeza, sem ajuda desses amigos e dos equipamentos, essa aventura na seria espetacular como foi.
INFORMAÇÃO: As placas citadas nesta matéria existem em todo o trajeto do rio Paraguai, e servem para guiar as embarcações que trafegam nesse rio. Abaixo da sinalização da Marinha existe uma pequena placa com a quilometragem do rio. Para se ter uma idéia da precisão dessa quilometragem, pudemos observar em Cáceres que essa placa mostrava que estávamos no Km2.201. Na chegada em Corumbá, outra placa mostrava Km 1.521, portanto, os 680 Km de nossa aventura. Segundo informações, essa quilometragem é marcada desde a foz do rio Paraná, no Oceano Atlântico.


NOTA DO EDITOR EM JULHO 2014: Muitas dessas aventuras foram feitas em diversos rios do Pantanal. No total percorremos perto de 6.500 kms, sempre acampando, pescando, fotografando ou filmando. Por diversas vezes, recebemos na redação da Revista Aruanã, telefonemas de leitores nossos, que estavam dispostos a fazerem os mesmo trajetos. Nosso serviço SOS Pescador existia (e existe hoje), exatamente por isso: informar com precisão as melhores e mais corretas dicas para o leitor. Muitos deles, após fazerem a mesma aventura, nos ligavam e mandavam fotos com os mesmos detalhes da matéria original. Isso era muito gratificante. Portanto, se você hoje, quiser fazer também essa aventura, podemos afirmar de que, a distância continua a mesma, o rio igual, os locais de acampamento podem ter mudado um pouco, mas outros apareceram, os locais citados serão os mesmos,  mas infelizmente e com certeza, haverá muito menos peixe, mais pesca predatória e a falta de fiscalização deve continuar a não existir de fato, já que de direito existe sim.  Boa pescaria.


Caso o leitor de agora queira ver esse vídeo de pacu, em DVD, poderá fazer uma visita em nossa loja virtual. Anote o endereço 
 www.revistaaruana.com.br

quinta-feira, 10 de julho de 2014

DICA - DIÂMETRO OU LIBRAS?









Falar sobre linhas de monofilamento, na maioria das vezes, gera muita polêmica por se confundir diâmetro com peso. A seguir, vamos discutir este assunto e tentar esclarecê-lo.







Para se escolher uma linha de monofilamento certa podemos citar uma regra onde existem várias exceções.  Comecemos pelo equipamento, já que vamos escolher a bitola de linha de acordo com o tamanho da carretilha ou do molinete. Um exemplo? Em hipótese alguma podemos colocar uma linha de bitola grossa em um equipamento pequeno, já que o que ganhamos na resistência, perdemos no comprimento e, às vezes, mais linha no equipamento é um fator mais importante do que a resistência da mesma. Além do mais, fica completamente errado usar-se em um equipamento leve uma linha pesada. E no caso de um equipamento grande, considerado de médio a pesado? A resposta se divide em duas partes. Em primeiro lugar, se usarmos um equipamento grande com uma linha pesada, a pescaria que praticarmos tem que ser obrigatoriamente pesada, tipo jaú, marlin, garoupa, etc. 

Água azul - Sailfish                                                                                                                                  

                                                                                                                              

Linha fina em equipamento pesado só é usada em dois casos: pesca de praia ou de costão. A justificativa para isso é bem simples, já que nessas duas modalidades vamos necessitar sempre de uma boa quantidade de linha, tendo em vista os longos arremessos, e também porque uma linha mais fina sofre menos pressão de ondas e correnteza, fato muito comum em praias e costões.
Um outro exemplo bem ilustrativo pode ser tirado de uma conversa entre dois pescadores, um de robalo e outro de marlin. Na hora em que o pescador de robalos disser que usa uma linha 0,40 milímetros, o pescador de marlin vai tirar um “sarro” do robaleiro, perguntando se ele vai guinchar o peixe, já que ele briga com um peixe muito maior e usa uma linha praticamente igual.



Linha 0,23 milímetros                                                                                                               



Aí surge uma polêmica: quem tem razão? Vamos explicar. O pescador de marlin pode usar uma carretilha grande com uma linha mais fina, já que ele, na briga com qualquer peixe oceânico, tem praticamente “o Oceano Atlântico inteiro” para brigar com o peixe.
Enquanto isso, o pescador de robalo tem apenas alguns metros para brigar com um peixe muito menor, pois essa espécie, assim que fisgada, inevitavelmente procura uma galhada para se livrar do anzol. Se o pescador não usar uma linha forte, dificilmente segura o peixe nessa busca da galhada.
Esses são apenas alguns exemplos que podemos citar, e é evidente que o leitor poderá enumerar vários outros. Somos de opinião que esse problema deve ser resolvido tendo em vista o balanceamento do material que estivermos usando. Ora, se estamos com uma vara leve e equipamento leve, a linha obrigatoriamente deverá ser fina. Ou leve, se preferirem.

Linha 0,40 milímetros                                                                                                                               


Assim devemos proceder no caso dos equipamentos médio e pesado, com exceção do já citado exemplo de praia e costão. No entanto, uma prática que está se tornando bastante comum é o pescador procurar espécies maiores em peso do que a resistência do seu equipamento. Só que isso tem um outro nome: esportividadePara esse tipo de pescador o mais importante não é trazer o peixe, mas sim brigar com ele o maior tempo possível. Em matérias já publicadas aqui na Aruanã, tratamos desse assunto em uma matéria onde afirmamos pescar dourados com uma linha 0,30 ou 0,35 milímetros, sob o título “Esportividade no Limite”. 

Jatuarana Linha 0,30 milímetros                                                                                                                


E mais uma vez provamos essa teoria em outra edição de uma pescaria feita em Cáceres, onde fisgamos dourados de aproximadamente 7 quilos com uma linha 0,35 milímetros, não perdendo um peixe sequer. É verdade que dá muito trabalho, pois há a necessidade de se soltar o barco na correnteza e não se pode fisgar com força, mas no fim da briga tudo compensa, já que o peixe nos deu toda a esportividade que estávamos procurando. Além do mais, se vamos mesmo soltar o peixe após essa briga, valeu o esforço. 

Matrinxã Linha 0,35 milímetros                                                                                                                 



O Certo, portanto, é balancear o equipamento com a linha e jamais confundir bitola com peso. Diâmetro é uma coisa e libras (peso) é outra. Boa pescaria.


Na praia linha 0,20 milímetros                                                                                                                 

NOTA DA REDAÇÃO: Mais ou menos há um ou dois anos, após publicarmos esta matéria na Revista Aruanã, fomos convidados para fazer uma visita à fábrica da Berkley no estado de Iowa (EUA). Nessa visita tomamos conhecimento e vimos em fabricação, uma nova linha que estava sendo lançada por essa marca. O nome dessa linha de pesca seria Fireline. Segundo seus técnicos, era uma espécie de multifilamento, onde o mesmo recebia uma resina na cor preta (smoke segundo eles). O diâmetro que estava em máquina era 0,39 milímetros. Perguntamos então qual era a resistência dessa nova linha em quilos. Resposta 27,700 kgs. Ora, uma linha de monofilamento 0,39 milímetros na época tinha como resistência aproximadamente de 8 a 9 quilos.
Ganhamos alguns carretéis desse diâmetro e de outros maiores e menores.  Chegando ao Brasil, como fazíamos diversos testes com dinamômetros “oficiais”, colocamos a Fireline em teste. Comprovamos as afirmações dos técnicos americanos. E mais, sua elasticidade era zero.
Ainda na Berkley, pudemos comprovar que era uma linha em princípio, para a pesca de black bass com minhocas artificiais, pois era um grande problema (nos mesmos éramos testemunhas) já que perdia-se várias fisgadas, pela elasticidade do monofilamento.  Na minha opinião, tudo mudou depois da Fireline, tanto nos bass, como na pescaria de peixes de todas as espécie. Nosso vídeo O PIRARUCU, foi feito usando a Fireline 0,39 milímetros. Peso aproximado do peixe: por volta de 50 quilos.
Estamos em julho de 2014. Hoje o multifilamento é uma realidade em nosso país e várias marcas dessa linha, estão a disposição dos pescadores em lojas de materiais de pesca.