quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

SUCESSO NA PESCARIA? ARREMESSO DE PRECISÃO!


















Na pesca com iscas artificiais, o arremesso de precisão é um item muito importante, já que as espécies predadoras sempre estarão em meio a estruturas como galhadas, por exemplo. Nesses locais de difícil acesso, só um arremesso perfeito pode chegar.















Robalo na Isca Artificial
Quando se fala em pescarias na modalidade de iscas artificiais, principalmente de espécies como robalo, tucunaré, black bass e matrinchã, entre outras, é importante destacar que o arremesso de precisão absoluta desempenha papel fundamental no resultado dessas pescarias. Por incrível que possa parecer, para atingir uma galhada, por exemplo, se o pescador amador não der um arremesso com absoluta precisão, lá “no meio da galhada”, suas chances de fisgar um bom peixe diminuem cerca de 80%.
Há pouco tempo, nós, que sempre pescamos com iscas artificiais, tínhamos no corrico nossa principal opção de pesca. Ninguém pescava de arremesso, pois em se tratando de Brasil, nenhum pescador sabia praticar essa modalidade, coisa que apenas por volta de 1972 começou a ser mais comum.
No entanto, quando pescávamos de corrico, tínhamos mais ação de peixes no que se refere a quantidade, porém perdíamos na qualidade, já que as espécies pescadas eram menores. Os grandes peixes estavam lá, no meio das estruturas, justamente onde nossas iscas artificiais, na modalidade de corrico, não conseguiam chegar.
Galhadas em rios de litoral
Comecei a pescar de lances graças a um amigo brasileiro, residente nos Estados Unidos havia muitos anos, que veio até São Paulo e queria fazer aqui uma pescaria de black bass. A Cachoeira do França foi nosso objetivo, e lá chegando comecei a corricar, quando fui alertado por ele para parar nosso barco nos locais que achava melhor. Foi uma experiência que mudou completamente minha vida em se tratando de pesca com iscas artificiais. Abismado, assistia meu amigo dando lances e, principalmente, trabalhando uma isca de superfície. Deduzi então, após um breve raciocínio, o quanto isso iria valer nas outras modalidades, como as pescarias de robalos e tucunarés, por exemplo.

Quando esse amigo foi embora, na primeira maré boa, lá estava eu no velho rio Itaguaré, experimentando a nova técnica sozinho, já que na época muito pouca gente pescava daquela maneira. Era comum em um dia de pescaria, corricando, fisgar por volta de 80 a 100 robalos, sendo a maioria de “tric-trics” (pequenos) e vez por outra um maior, de 2 ou 3 kg. Foi emocionante dar o lance, trabalhar a isca na superfície no meio das pedras e ver o ataque de um bom robalo, onde corricando normalmente minha isca não chegava. Julguei então que havia “descoberto a América”, sem dúvida. Agora, o maior problema era acertar com precisão os locais no meio das galhadas. 


Pesqueiro de pedras
Os enroscos eram comuns, tanto nas galhadas como nas árvores vizinhas. Ora, ninguém pescava de lances naquele tempo, por certo ninguém sabia ainda como arremessar com precisão. Diante desse fato, lembrei-me de quando comprei meu primeiro molinete. Ficava horas, na rua em frente a minha casa, dando arremessos para atingir o melhor desempenho, e olhe que na época o arremesso já era importante, pois praticava pesca de praia. O mais engraçado de tudo isso era ver a cara dos vizinhos, observando aquela estranha “performance”.

Novamente comecei a treinar, só que agora com um equipamento menor e uma isca sem garatéias, e o local escolhido foi um campo de futebol. Foram muitas seções de treinos, muito suor e milhares de arremessos que fizeram melhorar muito em termos de pontaria. Nas pescarias, o resultado era imediato, e cada vez mais conseguia colocar a isca nos lugares mais incríveis, o que, convenhamos, é extremamente gratificante. Pois bem, a primeira parte da “fórmula mágica” de um bom arremesso é essa: muito treino e muitos, muitos, muitos arremessos. É evidente também que, com a prática constante, vamos adquirindo gradualmente uma melhor forma física e aperfeiçoando a maneira de arremessar. Agora, iremos descrever como isso pode acontecer.

Posição correta no arremesso                                                       

Arremesso nas galhadas
A primeira coisa que devemos ter como objetivo ao treinar é o aperfeiçoamento da direção do arremesso. Não se preocupe em acertar o alvo, e sim em fazer com que a isca vá na direção certa. Arremesse sempre na direção do alvo, buscando ser o mais preciso possível nesse direcionamento, o que também irá favorecer sua familiarização com o equipamento. Quando isso ficar fácil, pois se já “temos” a direção certa, ou seja, se o pescador já é capaz de fazer com que a isca vá sempre no rumo desejado, vamos passar a procurar acertar o alvo com precisão. E aí é só uma questão de dar o arremesso, ao qual deve ser imprimida força suficiente para que a isca passe (isso mesmo, passe) do ponto determinado como alvo. Acompanhe com os olhos a trajetória da isca, e quando ela estiver passando pelo alvo, breque o carretel do molinete ou da carretilha com o dedo. Será inevitável que a isca caia exatamente no lugar certo. É uma questão de treino, muito treino. Portanto não desanime se os primeiros lances não saírem perfeitos. No que se refere à postura adequada para o arremesso, busque posicionar-se para executá-lo da maneira que seja mais fácil e confortável para você. 
Tucunaré Azul
Apenas como sugestão, posso indicar uma maneira que a meu ver parece ser uma das mais fáceis para iniciantes: procure arremessar movimentando apenas a mão, o punho e o antebraço, evitando esticar o braço todo, tensionar o ombro ou saltar, deslocando os pés. Para pegar essa prática, “cole” o cotovelo do braço que arremessa junto à lateral do corpo e execute o lance. Essa postura nos obriga a utilizar somente a articulação do pulso (“munheca”) e o antebraço. Com o tempo e o treino, podemos deixar o cotovelo mais aberto, porém é importante não movimentá-lo no ato do arremesso.

Uma boa sugestão de treino é utilizar como alvo um balde comum, colocando-o a 20 metros de distância de você. Arremesse e tente acertar a isca dentro dele. Treine bastante, e quando sua média de acertos atingir 20%%, com certeza você estará pronto a realizar qualquer pescaria nas modalidades onde a precisão de arremesso é fator determinante de bons resultados.


Matrinchã
Então, você sentirá uma grande satisfação ao perceber que adquiriu técnica suficiente para arremessar sua isca onde você quer, inclusive em lugares cujo acesso antes lhe parecia completamente impossível. Aí, é só trabalhar a isca apropriadamente para que bons peixes, sejam eles quais forem, se façam presentes.
Saber como fazer uma isca trabalhar corretamente também é um fator muito importante na modalidade de pesca com iscas artificiais, mas essa já é uma outra história.  No entanto, se você deseja se aprofundar nesse tema, podemos recomendar dois vídeos da série “Pescando com a Aruanã” que trazem o assunto em detalhes. São eles: “Iscas Artificiais” e o recém-lançado “Tucunaré”. Cada vídeos custa R$32,00 e você pode solicita-lo à Aruanã Pesca através do catálogo anexo a esta edição ou diretamente pelo telefone (011) 522-1323 ou fax (011)522-6419.


Arremesso com precisão





NOTA DA REDAÇÃO: É incrível o que eu me divirto ao rescrever as matérias aqui para o blog. Explico. As fotos eu digitalizo e até melhoro, com os recursos hoje existentes, a sua aparência. Mas, o texto não, pois tenho que escrever tudo de novo, já que o formato da revista é diferente do formato do blog. Chego até a sorrir, pois relembro de “coisas e fatos” ocorridos a mais de 40 anos atrás. Permita ao meu leitor relembrar somente um. Na Aruanã, tanto na editora como na loja, todos os funcionários sabiam arremessar e bem, iscas artificiais. Mas na loja, que abria aos sábados, os funcionários, “sem eu saber” ficavam treinando no corredor que existia em suas instalações, no horário em que eu ia almoçar ou estava viajando para novas matérias. Treinavam todos os dias e no sábado, quando eu estava presente, “vinha àquela proposta, em termos de desafio”, para competir com eles (todos) em arremessos de precisão e valia um frango assado, acompanhado de pãezinhos frescos e refrigerantes. Comi alguns frangos de “graça”. Quando eu percebi, que eles estavam arremessando e acertando em pequenos copos plásticos de café, sugeri que mudássemos o equipamento de carretilhas para molinetes. A princípio não quiseram aceitar, mas diante da argumentação de que “um bom pescador pesca com qualquer material” aceitaram o desafio. Resultado? Os telhados das casas vizinhas que o digam. Era isca artificial para todos os lados, menos no alvo. Bons tempos.

E uma correção no que se refere aos vídeos e endereços. Eram fitas em VHS. Hoje, eles estão em DVDs (com a mesma qualidade e remasterizados) e com preço bem menor devido aos custos de produção. Podem ser consultados diretamente comigo no Facebook. Grande abraço a todos.





segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - LOBO GUARÁ








Chrysocyon brachyurus

















O lobo guará é o maior representante entre os canídeos sul-americanos. Atinge 1,07m de comprimento sem a cauda e esta mede 0,45m. Sua altura no garrote alcança 0,87m. É desproporcionadamente alto, devido ao grande comprimento das pernas, que são muito finas. Sua cor é vermelho fogo, mais escura no dorso; o focinho e os pés são pretos, na garganta há uma mancha branca e a cauda é amarelada. Na nunca os pelos são longos, formando uma crina. É de hábitos solitários e só se junta à fêmea na época do acasalamento. O guará vive nos campos sujos, onde cresce o “indaiá”, o “barbatimão” e nos cerrados. Caça à noite e se alimenta de pequenos roedores como a paca e a cotia, aves, répteis e certos vegetais, como a “fruta do lobo” (Solanum lycocarpum), figos e cana-de-açúcar. Come também mamão, goiaba e banana. Excessivamente arisco e tímido, foge do homem e dos animais que o atacam, não oferecendo combate senão quando acuado; nessa ocasião rosna como cachorro e mostra os dentes. Como o cão comum, o guará, depois de adulto, levanta a perna para urinar.


Consultoria: Fundação Parque Zoológico do Estado de São Paulo



NR: ESPÉCIE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

DICIONÁRIO ARUANÃ - PEIXES DO BRASIL - PIRACANJUBA




















Apesar dos problemas de poluição, pesca predatória e as barragens hidroelétricas, a valente piracanjuba ainda está em nossos rios. Pescá-la é emoção para nunca mais esquecer.














Ágil, rápida e voraz; assim se pode descrever a piracanjuba, habitante natural de rios como o Paranapanema, Mogi-Guaçu, Pardo, Rio Grande e Paraná. Sua coloração é cinza esverdeada no dorso, e no focinho vermelho amarelado. Nos rios, prefere as águas mais rápidas das corredeiras, pois é nestes locais que os pequenos peixinhos, como o lambari e o piquira, não conseguem escapar de suas fulminantes investidas. Para se falar em suas iscas preferidas, vamos ter que invariavelmente citá-las por região, já que, dependendo do rio, essas iscas costumam variar.
Assim sendo podemos dizer que no rio Mogi-Guaçu, as rãs são excelentes, no rio Pardo prefere os pequenos peixinhos e bolas de massa, e no rio Grande as pequenas frutas, como o coquinho e figo silvestres. No Paraná e Paranapanema a isca que melhor resultado dá são os pequenos pedaços de mandioca e as bolinhas de massa feitas com a mesma farinha.
No entanto, uma isca que dá bons resultados, seja qual for o rio em que se estiver pescando, é a artificial, seja em forma de plugs que imitam peixes ou pequenas colheres cromeadas. Mas nas iscas artificiais há ainda uma que pode ser considerada a melhor de todas. Estamos no referindo às colheres giratórias ou spinners, sendo as cores diversas.
Essas pequenas colheres, que giram em torno de um eixo quando recolhidas, são simplesmente irresistíveis à piracanjuba. E não só ela, que recebe o nome científico de Triurobrycon lundii, mas também a peixes parecidos como a matrinchã e a piraputanga. Quando estiver pescando em qualquer um dos rios aqui citados, observe as imediações. Se houver pequenas corredeiras, onde se percebam pedras submersas ou aflorando à superfície, pode tentar a piracanjuba, que sua presença está garantida.
A melhor linha para sua pesca é a de bitola 0,35 milímetros, sendo recomendável o uso de um pequeno chicote de aço para dar maior segurança, pois algumas piracanjubas chegam a atingir o peso de 5 a 8 quilos.
Para finalizar, podemos dizer que seu nome vem do tupi-guarani e significa: pira – peixe, cang – ossos e juba – amarelos, portanto “peixe dos ossos amarelos”. 

NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria foi feita no início da década dos anos 90. Quando citamos os rios aqui mencionados, as piracanjubas estavam presentes neles todos e, sem exceção. Hoje, dezembro de 2014, vamos encontrar as piracanjubas de bom tamanho (não são fáceis de achar) abaixo de Itaipu, nas corredeiras do rio Paraná. Aliás, foi nesse rio que consegui fisgar e ter em minhas mãos a única piracanjuba de bom tamanho, que consegui fisgar em todas as minhas pescarias. Peguei sim algumas de tamanho pequeno, pouco maiores que um lambari, quando pescava nos outros rios aqui citados, em cevas de lambaris. Infelizmente o bicho homem é invencível em sua predação, e acredito que atualmente dificilmente vamos conseguir fisgar um bom exemplar desse magnifico peixe.




terça-feira, 16 de dezembro de 2014

AMAZÔNIA RIO NEGRO - LAGO BAEPENDI























É normal em pescarias no rio Negro que os pescadores tenham à sua disposição um barco grande, onde fazem pernoite, alimentação e têm seu local de descanso. Isto porque a mais atraente de todas as pescarias nessa região será feita nos lagos onde a espécie mais procurada é o tucunaré.
Um bom barco para pescaria deve ter uma tripulação composta por alguns marinheiros, que farão também a parte de piloteiros, cozinheiros e ajudantes. Ao comandante da embarcação, está reservada apenas a tarefa de conduzir o barco, que geralmente navega à noite, já que fica mais cômodo sair de Manaus à tarde, viajar à noite e pela manhã estar chegando em um dos lagos. Para o pescador essa é a melhor opção, já que durante a viagem pode-se dormir e descansar para o dia seguinte, quando então estaremos prontos para a briga com os tucunarés, que, sem exageros, devem ser considerados os maiores do mundo.


A pescaria sempre deverá ser feita em companhia de pessoas que conheçam bem a região, já que as entradas dos lagos se parecem muito com outras, que são apenas pequenas enseadas ou baías.
De imediato podemos citar alguns lagos famosos por sua piscosidade é que podem ser atingidos variando o gasto da viagem entre 5 a 20 horas. São eles: Baependi, Atuirá, Joperi, Cuerias, Paduari e Samaúna.
Desta feita a equipe Aruanã pesquisou e pescou no Baependi, que fica a 12 horas de Manaus, subindo o Negro e com uma distância média de 120 quilômetros. 

Na Bacia Amazônica é muito comum o período das cheias, quando, devido a fortes chuvas, os rios da região marcam grandes níveis de água, e esses lagos formam verdadeiras baías, com as margens bem distantes entre si. A partir de maio, as águas começam a baixar e as margens começam a ficar mais delineadas e os pesqueiros de tucunarés, formados principalmente por galhadas e pedreiras, tornam a pescaria mais fácil. Em novembro, quando essa reportagem aconteceu, o Baependi não passava de um rio com largura variando entre 15 e 20 metros. Com o nível de água baixo, toda a paisagem do local de modifica, pois as praias, de uma areia branco-amarronzada, estão totalmente à mostra, o que proporciona ao pescador uma visão muito bonita e dá a oportunidade de bons banhos, já que o calor é muito forte, atingindo facilmente os 40° C.


No lago – agora rio – as galhadas de margem e formações de pedra são bem visíveis e é exatamente nesses locais que a pescaria deve ser realizada. Localizar o tucunaré, nosso alvo principal, não é difícil, já que por sua voracidade e valentia, muitas vezes se mostra ao pescador, principalmente quando estão à caça de pequenos peixes como acarás, traíras, sardinhas, lambaris e “branquinhas” que, em fuga alucinada, na tentativa de escapar do ataque de seu predador, chegam a pular para fora da água e ficar se debatendo na areia das praias.
É um espetáculo que poderia ser considerado selvagem, se não fosse feito pela própria natureza. Mediante esses ataques, resta ao pescador jogar sua isca e esperar que o tucunaré a abocanhe. O que sucede então é um duelo que só um verdadeiro pescador amador compreende e dá o real valor. 



A melhor maneira de pescar o tucunaré nessa região é na modalidade de iscas artificiais, já que assim que obtermos maior rendimento. Como iscas artificiais podemos citar as colheres, os jigs e os plugs em formato de peixes, que tanto podem ser de superfície como de barbelas (meia água).
A voracidade do tucunaré é tão grande que ele ataca qualquer coisa que se mova à sua volta. Nesta oportunidade tivemos inclusive um contato com um pescador da região e vimos seu “equipamento”. Era um anzol 7/0, esse pescador tinha amarrado diversos fios de linha nas cores amarelo e vermelho, e com essa isca artificial pescava seus grandes e belos tucunarés. Esse sistema de pesca, segundo o pescador ribeirinho, tem o nome de “pindaucá”, que em tupi-guarani significaria mais ou menos “o anzol que nada”. Para sermos mais explícitos, diríamos que a pescaria feita por esse ribeirinho mais se assemelhava a um “fly caboclo”.


Um dos grandes dilemas que o pescador tem frente a si nos lagos amazônicos é o seguinte: para pescar bem, com arremessos de precisão, é necessário que estejamos usando uma linha de bitola fina, por exemplo, 0,40 mm. Ora, com uma linha dessas é comum que os tucunarés grandes a arrebentem com facilidade, pois depois de fisgados, correm para o meio das galhadas, de onde por certo se libertarão do anzol que os prende. Segurar um tucunaré de, por exemplo, 8 quilos com essa bitola de linha é praticamente impossível. De imediato, o pescador experimentado fará um líder com uma linha mais forte, por exemplo, 0,60 mm.
E aí um novo dilema se apresenta: com a linha mais forte, quem não resiste são as garatéias da isca artificial, que na maioria das vezes abrem e dão fuga ao peixe.


Como se sabe, o tamanho de uma garatéia deve obedecer a um padrão determinado pelo tamanho da isca. Se trocarmos a garatéia para uma maior, na maioria das vezes ela irá desbalancear a isca artificial. Em um local onde os tucunarés são de grande tamanho será então necessário usar-se uma isca artificial grande.  Ora, pescar com uma isca de mais de 25 gramas chega a ser cansativo e não é sempre que os tucunarés grandes a atacam. Por diversas vezes pescamos com iscas grandes e os tucunarés eram médios. Para evitar o cansaço inútil, voltamos ao material mais leve e aí um grande tucunaré aparecia e abria as garatéias ou partia nossa linha. Mas é exatamente nesse ponto que o pescador verdadeiramente amador se diverte, pois a esportividade é o mais importante de tudo.
Um outro ponto muito interessante também e que acontece com frequência, é o aparecimento de outras espécies que também fisgarão e muito bem nas mesmas iscas artificiais. Nessa mesma pescaria, fisgamos diversos jacundás, aruanãs e traíras, sendo estas ultimas de bom tamanho.

Uma outra opção muito interessante é subir os rios desses lagos, já que será inevitável que nas cabeceiras haja corredeiras. Essa subida não é fácil, já que em vários locais o pescador será obrigado descer do barco e, em níveis de água bastante baixos, ter que puxar o barco por extensões às vezes bem longas. Como prêmio aos mais obstinados, além de uma paisagem bonita, um bom banho nas corredeiras e um peixe amazônico bem tradicional: a matrinchã.
A melhor isca para a Matrinchã é o spinner, que deverá ter sua garatéia trocada por um só anzol e de preferência o mesmo usado para o pacu (haste curta) e no tamanho 6/0 ou 7/0.


Em nossa opinião, dificilmente quando a pescaria de tucunarés está produtiva, algum pescador irá pensar em outra modalidade. Mas para quem quiser, usando pedaços de traíra como isca e material de categoria pesada, formado por varas fortes, molinetes ou carretilhas de bom tamanho e anzóis acima de 10/0, com linhas acima de 0,80 mm, poderá tentar, aí sim, no rio Negro, os grandes bagres, tais como os filhotes e as piraíbas. É uma briga para ninguém botar defeito.


Praias

Mas voltamos a afirmar que o grande divertimento está mesmo nos lagos e em sua atração principal, o tucunaré. Aí está, portanto o nosso roteiro desta edição. Em uma região muito bonita, onde a mata é abundante. No rio Negro, a melhor época para pescar vai de agosto a dezembro. No entanto, a partir de fevereiro, o rio Branco, que é um afluente do negro, passa a oferecer ao pescador os mesmo índices de piscosidade do Negro, e a pescaria será também nos mesmos moldes e com o mesmo material. A única diferença é que no rio Branco, como o próprio nome diz, tem suas águas completamente diferentes do Negro, pois são claras, quase verdes e extremamente cristalinas, podendo ver-se o fundo em profundidades de mais de três metros.

Pedras

As espécies de peixes são as mesmas, demonstrando que a natureza por si só é bela e altamente protetora. As melhores condições de pesca oferecidas ao pescador no que se refere a embarcações poderão ser obtidas à Liguepesca em São Paulo, pelos telefones (011) 864-0400, ou em Manaus, pela Selvatur, telefone (092) 233-9523. São agências de turismo especializadas nesses roteiros.

Outra opção à disposição do pescador é no próprio porto de Manaus, negociar uma viagem nos chamados barcos regionais, que se não tem o mesmo conforto comparados aos barcos das agências citadas, são, no entanto bem mais acessíveis em preços. Vale a pena fazer uma pescaria no rio Negro, onde, repetimos: estão os maiores tucunarés do mundo.


NOTA DA REDAÇÃO: Deverá agora o leitor, desprezar as informações das opções de turismo, exibidas nesta matéria, já que as mesmas, com certeza, estão desatualizadas. Nós publicamos “RIO NEGRO” na edição nº19 em Dezembro de 1990. Convém, porém salientar que atualmente, dezembro de 2014, portanto, vinte e quatro anos depois, as informações nela contidas chegam a ser singelas e até inocentes, tal é a gama de ofertas que o pescador hoje tem para visitar e pescar na Amazônia e em locais bem mais distantes do local da matéria. São inúmeras as ofertas de pousadas e outros estabelecimentos do gênero. Mas cabe salientar uma afirmação que fazemos há muitos anos. Na forma de pescar, nos peixes, nas épocas, locais de preferência dos peixes, nos lagos, as iscas, pouco mudou. Mudaram sim, os materiais, aliás, bem poucas mudanças. 

Exemplos?: As linhas. Hoje os multifilamentos substituem com vantagem, a resistência das mesmas. As garatéias, já existiam, mas havia pouca oferta no mercado. As varas já eram tubulares e nos mesmos formatos. Inventaram materiais diferentes em sua composição. Algo mais?  Com certeza, e os mais saudosistas irão concordar com a afirmação de que, havia muitos mais peixes do que agora e não era preciso ir tão longe. Pois é, bons tempos.

sábado, 13 de dezembro de 2014

É ÉPOCA DE: - CORVINA DE ÁGUA-DOCE














É no verão que as corvinas-de-água-doce estão mais ativas. Muito fáceis de serem fisgadas, elas estão presentes em praticamente todas as represas do Brasil.





Identificar a corvina-de-água-doce é fácil se levarmos em consideração a sua família, já que a mesma pertence à família Sciaenidae. Aliás, é também a essa família que pertence à corvina do mar. No entanto, cientificamente podemos dizer que elas podem ser Pachyurus franscisci, ou ainda Plagioscion squamosissimus, para definir o grupo a que pertencem. Nós preferimos o segundo caso, já que a descrição desses indivíduos é mais semelhante a que encontramos em nossas pescarias.
Assim sendo, podemos descrevê-las como tendo o dorso prateado, com linhas oblíquas azuladas ou acinzentadas. Pode atingir até 80 centímetros de comprimento e peso por volta de cinco ou mais quilos. Podemos também ter certeza de que é uma espécie marinha que se aclimatou na água doce, mais precisamente na região norte, ou se preferirem, na Bacia Amazônica.  Aliás, para confirmar essa teoria, lembramos que muitos são os que a conhecem como pescada do Piauí.


Hoje encontramos esse peixe em praticamente todo o território brasileiro, e sobre isso podemos explicar que, por volta de 1940, essa espécie foi introduzida nos açudes nordestinos pelo Serviço de Piscicultura do Departamento nacional de Obras Contra a Secas.
Em nossas reportagens, já encontramos a citada corvina em rios como Machado, Amazonas, Teles Pires e outros da Bacia Amazônica. Na região da Bacia do Prata, nós a encontramos no rio Paraguai, Paraná e Grande, portanto, nas principais artérias dessa bacia, o que demonstra que a corvina-de-água-doce está em todo o Brasil.


Mas para o pescador amador, o melhor local para sua pesca é nas represas ou barragens dos grandes rios. Em se tratando do estado de São Paulo, vamos encontrá-la em todas as represas do rio Paraná e Grande, sem exceção.
Sua pesca é feita a média e grande profundidade, podendo o pescador optar pelo dia ou pela noite. Aliás, quem pesca à noite costuma utilizar a luz de lampiões, pois, segundo alguns, esse peixe gosta da luminosidade. Isso é uma meia verdade, já que o motivo principal da corvina vir onde está a luz é a busca de insetos que, atraídos pelo foco luminoso, caem na água, produzindo barulho característico na superfície. Aliás, são os insetos a grande fonte de alimentação da corvina-de-água-doce, que também se alimenta de pequenos peixes, moluscos e vermes.


Na pesca amadora, a melhor dica para sua pesca é procurar nas represas galhadas que aflorem à superfície, não importando muito a profundidade, desde que essa profundidade seja sempre superior a cinco metros (já houve casos de peixes fisgados a 40 metros de profundidade). A pescaria então é muito simples: achando uma galhada, amarre o barco em um galho e desça o anzol, preferencialmente no tamanho de 1/0 a 3/0, iscado com um pequeno peixe, que tanto pode ser lambari, guaru, piquira ou Ferreirinha (também conhecido como durinho).
Usa-se apenas um anzol com um líder de 30 ou 40 centímetros de linha 0.50 milímetros, com uma chumbada do tipo oliva (o peso varia de acordo com o local) solta na linha. Podemos usar tanto molinete quanto carretilha, ou ainda linha de mão. No primeiro caso, a linha mestra pode ser 0.35 milímetros, e no caso de usar linha de mão, até 0.50mm.


Após soltar a linha, devemos deixar que chegue ao fundo, tendo o cuidado de levantar alguns centímetros para que a chumbada fique suspensa, já que isso vai facilitar a percepção do peixe pegando a isca. Uma boa dica é que o pescador deve esperar apenas alguns minutos. Se a corvina não fisgar, mude imediatamente de local, procurando uma outra galhada. É uma regra: havendo peixe, a fisgada tem que ser imediata. Nesse tipo de pescaria, dependendo do tamanho do cardume que esteja nas imediações, pode-se fisgar cinquenta, cem corvinas-de-água-doce ou até mais.

Uma outra boa dica e levar uma geladeira de isopor com gelo. Assim que o peixe for retirado da água deverá ser colocado no gelo, já que sua carne é bastante delicada, bastando apenas algumas horas para que se deteriore. 


O problema da corvina-de-água-doce não é ser um peixe fácil de morrer, mas sim, por estar a grande profundidade, sofrer o fenômeno da descompressão quando puxada pelo pescador, chegando até suas mãos praticamente morta. Se o pescador soltá-la, será inevitável a sua morte. Em alguns casos, a corvina-de-água-doce chega a soltar as tripas pelo orifício anal, tamanha é a descompressão sofrida. Se quiser fazer uma experiência, puxe lentamente o peixe até a superfície e veja como ele irá resistir muito mais.
Aí estão, portanto, algumas boas dicas sobre a corvina-de-água-doce, que tem na sua carne um de seus melhores atrativos, já que possui excelente qualidade e sabor.  A propósito: em represas do rio Grande, já houve registros de pescadores amadores que conseguiram fisgar corvinas-de-água-doce, até sete quilos. Peixes desse tamanho normalmente são fisgados em poços originais do rio, onde haja ainda a correnteza e em iscas como a tuvira.

Normalmente não se pesca corvinas dessa forma; com certeza, os pescadores que as fisgaram estavam atrás de pintados ou dourados, peixes esses quase extintos nesses locais. Deram sorte e encontraram grandes corvinas-de-água-doce, que acharam suas iscas antes que os pintados e os dourados o fizessem. Pelo menos, vale como dica, caso se queira, em vez das corvinas da represa, que dificilmente passarão de 2 quilos, tentar-se corvinas maiores.
Boa pescaria.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

FOLCLORE BRASILEIRO - O CAVALO ENCANTADO




















Esta lenda, da região sul do Brasil, é do tempo em que os índios ainda habitavam aquelas campinas. Conheça-a












Dois amigos da mesma tribo queriam namorar uma jovem de outra tribo.  Sempre que podiam, iam visita-la. Cada um tinha a esperança de que a moça gostasse dele. Faziam de tudo para chamar-lhe a atenção. Após muitas idas à aldeia da moça, ela começou a manifestar preferência por um deles e começaram a namorar. O que foi desprezado encheu-se de ódio pelo companheiro, e tanto fez que acabaram brigando e deixaram de ser amigos. De nada adiantou a tentativa do namorado de conversar. A raiva do outro era grande demais para permitir-lhe refletir. Saiu sem se despedir, bufando de ódio. Nunca mais se falaram.
O que era namorado logo se esqueceu da discussão porque estava contente. E nem de seu rival ele se lembrou mais. O que havia sido desprezado, porém, fervia de inveja. Vivia imaginando os maiores planos de vingança. Na verdade, ele não era tão ruim e nunca chegou a realizar nenhuma de suas ideias. O tempo foi passando, mas ele não conseguia esquecer essa derrota.
Um dia ele estava passeando pelas campinas, sozinho, perto de uma lagoa chamada Parobé, quando viu um bonito cavalo. Ficou com os olhos assim grandes, admirando a beleza do animal. Era um cavalo enorme, de pelo negro e brilhante que parecia mentira. Esguio, imponente, dava gosto olhá-lo. “Tem que ser meu!”, pensou o jovem. “Montando esse cavalo chamarei a atenção daquela moça e ela passará a gostar de mim”.
Ele foi se aproximando bem devagar e chegou o mais perto possível do belo animal, sem o risco de espantá-lo. Pegou as boleadeiras e começou a girá-las. Nesse ponto o cavalo olhou para ele, mas não se assustou e não correu. Já que era manso, o índio resolveu usar o laço, evitando assim o perigo de machucá-lo. Foi tão fácil laçá-lo que o moço ficou surpreso. Jamais havia visto um animal tão obediente. Levou-o embora e colocou-lhe as rédeas, enfeitou-o com penas de ema, montou e partiu em direção à aldeia onde vivia a moça. Agora sim. Não havia ninguém mais feliz que ele. Todos os habitantes de sua aldeia tinham saído para ver o impressionante cavalo. Só comentavam sobre sua estranha beleza...
O cavalo ia trotando tranquilamente. E assim prosseguiu até chegar nas proximidades da lagoa.
Aí foi a conta. O cavalo impacientou-se e começou a pinotear. O moço era bom cavaleiro e fez de tudo para controlá-lo. O animal, porém, parecia enlouquecido. Pulava, relinchava, dava coices. O jovem cavaleiro poderia ter saltado, mas o receio de perder tão belo animal mantinha-o montado.
Depois de alguns momentos daquela fúria, o cavalo pareceu acalmar-se. O índio pensou que o havia dominado, quando, sem dar tempo ao moço para pensar, ele disparou. Não era possível correr tanto. O cavaleiro puxava as rédeas com todas as forças que possuía e nada adiantava. O cavalo continuou a correr, tomando o rumo da lagoa. Cavalo e cavaleiro sumiram nas águas.
Os índios que tinham visto o sucedido correram para a lagoa. A superfície estava tranquila como se nada tivesse acontecido. Alguns mergulharam, outros sondaram o fundo com compridas taquaras. Nada. Esperaram. Cavalo e cavaleiro não apareceram mais. Os homens ficaram amedrontados e fugiram para a aldeia. Durante muitos dias, vários índios corajosos vigiaram a lagoa. Depois concluíram que fora obra de Anhangá e desistiram.
Conta-se até hoje, decorridos mais de cem anos, todos os meses, no dia exato do acontecimento, à meia noite, eles saem da lagoa e vão dar uma volta por aí. O cavalo corre e relincha enlouquecido, procurando derrubar o cavaleiro, que grita e puxa as rédeas furiosamente, ainda com o receio de perder o belo animal.

sábado, 6 de dezembro de 2014

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - OURIÇO




















O ouriço-cacheiro, vulgar e erroneamente chamado de “porco-espinho”, diferencia-se daquele por ter a cauda preênsil e ser de hábitos arborícolas. O ouriço-cacheiro está provido de um lóbulo plantar nas patas posteriores, que tem unhas curtas e fortes. 


O ouriço-cacheiro mede cerca de 0,45 m de comprimento, além de uma cauda de 0,30 m, cuja extremidade é nua e que pode enrolar-se para trás, ao redor dos galhos das árvores onde vivem. Sua pelagem é constituída por uma mistura de grandes pêlos aristiformes, espinhosos e rígidos, e outros menores, ou septiformes. O tom da superfície ventral é branco-sujo.


O ouriço-cacheiro ocorre nas matas e capoeiras, e é um terrível predador das roças de milho. Alimenta-se também de frutos, principalmente goiabas e bananas. De hábitos noturnos, também é visto durante o dia, mas nas horas mais quentes dorme em uma espécie de ninho que constrói sobre as árvores.
São perseguidos por vários predadores, especialmente a onça, e defendem-se enrolando-se em forma de bola para proteger o ventre, e eriçando os espinhos. Sua visão é medíocre, mas o olfato e a audição são apurados. Existem oito espécies do gênero Coendou na América do Sul. Desconhecemos a espécie que habita a América Central.
Consultoria: Fundação Parque Zoológico de São Paulo