sexta-feira, 24 de abril de 2015

ROTEIRO RONDÔNIA - BARRAGEM SAMUEL











llhas de capim com galhadas                                                                                                                                                                    

O estado de Rondônia já era nosso velho conhecido, já que por lá havíamos feito matérias, principalmente na região do rio Guaporé. Mais recentemente estivemos nesse estado fazendo outra matéria e esta causou enorme repercussão entre nossos leitores – O Ultimo Tombo do Machado. Naquela ocasião, vindo de Porto Velho para Ariquemes, obrigatoriamente tivemos que passar junto à Barragem de Samuel, que, diga-se de passagem, nos impressionou bastante, tal a beleza de suas características, já que é uma represa bastante nova, construída há aproximadamente seis anos, e que mantém ainda sua mata original e parcialmente submersa. Para se ter uma idéia das “galhadas” existentes nessa barragem, dependendo do lugar e estando-se ao nível da superfície, quase não dá para ver a água da represa, tal é a quantidade de árvores em seu leito.

Fim da briga                                                                                                    

Da esquerda para direita: Edson, Denivaldo e Denilson                                                                                                                        

Por informação dos companheiros ariquemenses, soubemos que o peixe em evidência na região de Samuel é o tucunaré.  Na volta da matéria no Machado, fiz questão inclusive de parar às margens de Samuel, para verificar a cor da água e características de margem e solo. Naquela ocasião, ali mesmo da margem, conseguimos ver dois tucunarés pequenos perto de uma galhada caída. Como pescador, o leitor pode avaliar o quanto essa idéia de fazer matéria/pescaria, ficou martelando em nossa cabeça, pois por nossa experiência sabíamos de antemão que seria sensacional. Pois bem, só para se ter uma idéia, Samuel tem 130 quilômetros de extensão e aproximadamente 540 quilômetros quadrados de área alagada. São vários rios que jogam suas águas na barragem, mas em especial citaremos apenas o rio Preto e o rio Jamari, sendo este último o maior deles, que continua depois da barragem indo desaguar direto no rio Madeira.


De cima para baixo: o macho e a fêmea do tucunaré                                                                                                                          

O nosso ponto de pesca, escolhemos perto de uma ponte, sobre o rio Preto, de onde se consegue descer com segurança com o carro para se colocar o barco na água. Nessa ponte o rio Preto já está alagado, mas percebe-se perfeitamente bem seu traçado no meio das galhadas, e é por esse traçado que devemos navegar, pois há mais segurança. Estando no rio passamos então a escolher os pontos de pesca que mais podem nos interessar, e tal tarefa não é difícil, já que quem pesca tucunaré sabe que os melhores pesqueiros sempre estão perto de galhadas, e isso é coisa que não falta nesse local. Poderíamos até dizer que “existem mais galhadas do que água”. Pescamos dois dias perto dessa ponte, afastando-nos dela no máximo três quilômetros, ou seja, quase nada em matéria de exploração de pesqueiros. Nossa melhor opção foi descer o rio Preto até chegar na junção com o rio Jamari. 
                                                                                                                        

Piranha preta  

Nesse ponto, a baía abre-se bastante e teremos então uma largura de mais ou menos dois quilômetros de uma margem à outra. As galhadas continuam, mas no Jamari há uma outra boa opção para os tucunarés: aguapés. Lentamente entramos nessa baía e começamos a dar nossos lances junto às pequenas enseadas no meio dos aguapés. A resposta não demorou e já começamos a fisgar os primeiros tucunarés. Hoje, graças a Deus, o tucunaré está difundido em todo o nosso país, e já o pescamos nas mais diversas regiões, mas um capitulo à parte é esse tucunaré de Samuel, pois nunca vimos um peixe que brigasse tanto. Começamos a pescar com linha 0.30 mm e depois de três ou quatro peixes, passamos para a linha 0.40 mm, lamentando o fato de não termos uma 0.45 mm, pois quando os grandes fisgavam, na maioria das vezes não conseguíamos segurá-los: o peixe inevitavelmente se enrosca nas galhadas submersas.


Um belo exemplar de jacundá-pinima                                                                                                                                                  

O ideal para uma futura pescaria no Samuel “pode até ser uma linha de 0.40 mm”, mas será inevitável fazer-se um líder com linha 0.60 mm. Pescamos apenas dois dias nessa barragem, e entre peixes embarcados e aqueles dos quais não conseguimos nem ver a “cara”, com certeza foram mais de 200 tucunarés. Dentro do barco colocamos cerca de 60 tucunarés, escolhidos entre 1,5 a 4 kg. E com certeza, deve haver peixes bem maiores do que esses, já que alguns atacavam nossas iscas e iam direto para as galhadas submersas, não deixando a nós qualquer chance de tentar segurá-los. Lembro-me em especial de um, que no meio da briga estourou minha linha, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e quase caísse na água. Além dos tucunarés, fisgamos ainda jacundás e traíras. Sobre os tucunarés podemos afirmar que a espécie mais abundante (considerando a amostragem que fisgamos) é a amarela, e o nosso maior peixe embarcado chegou a 4.150 kg. 
                                                                                                                                              

A semelhança entre a isca natural e a artificial                                                                                                                                    
                                                                                                                           
Mas no rio Jamari há ainda outras opções de pesca, pois como dissemos, na citada ponte percebe-se claramente o leito do rio, onde praticamente é o início das águas represadas. Tivemos informação, por exemplo, que é possível fisgar nos poções peixes como pintado (máximo de 16 kg), jaú, barbado, cachorra, pirarara e jundiá, peixes de couro que atingem 12 quilos. Com uma boa ceva de milho e farelo, também pesca-se muito bem piaus enormes e pacus-prata. Como não poderia deixar de ser, existem também as piranhas, que são pretas de olhos vermelhos, e que chegam a pesar 4 kg. Fisgamos algumas de 2 kg. A média de profundidade do lago é de 20 metros, mas no leito dos rios as profundidades são bem maiores. Para explicar a quantidade de tucunarés, temos que obrigatoriamente falar da farta alimentação que há para eles, constituída de sardinha branca (fisgamos uma na isca artificial), lambari, piaus, ferreirinha e mais uma infinidade de outros pequenos peixes, que se consegue ver aos cardumes.        
                                                                                                          
Todos acima de 3 kg                                                                                                                                                                                

Há inclusive um muito bonito, que se assemelha a um lambari, mas que tem as nadadeiras e o rabo amarelos, e o corpo todo riscado de preto. No dia em que chegamos bem cedo no rio Jamari, ficamos impressionados com a ação dos tucunarés, pois conseguimos vê-los “batendo” na superfície da água atrás dos pequenos peixes. Quando isso aconteceu perto de nós foi uma covardia, pois era só jogar a isca em cima do “rebojo” e fisgar o peixe imediatamente. Como material usamos iscas artificiais Red Fin 900 (não importa a cor), Bomber 15 e 16, poppers e iscas de superfície tais como zaras e sticks. Usamos ainda varas de 30 libras e Abu 5.500 C3 e linha 0.40 mm. Um outro fato bastante curioso foi a presença de um jacaré-açu bem no meio do rio e na superfície da água. Chegamos bem perto do “bicho”, que parecia estar morto, mas quando a distância diminuiu, mergulhou. O detalhe é que ele tinha aproximadamente 5 metros e há muito tempo não víamos um jacaré desse porte.

O mapa da “mina”                                                                                                                                                                                     

Com toda nossa experiência acumulada em viagens por este Brasil afora, não temos nenhum receio de apontar a Usina de Samuel como um excelente local para a pesca. Infelizmente, no local não há nenhum tipo de infra-estrutura, e assim sendo, para pescar nesse local será necessário levar barco e motor. Se o pescador desejar, poderá acampar as margens da barragem, o que não deixa de ser uma boa opção. No entanto, pela proximidade da cidade de Ariquemes, que dista apenas 50 quilômetros da ponte citada, achamos melhor esta opção. Ariquemes é uma cidade de porte médio, com toda a infra-estrutura necessária, como hotéis, supermercados, farmácia, hospital, etc. A distância até a Barragem de Samuel partindo de São Paulo é de 2.870 quilômetros via Campo Grande, Cuiabá, Vilhena, etc. Pode a princípio parecer um pouco longe esse novo roteiro, mas a compensação é a piscosidade do local, ainda praticamente virgem no que se refere a pesca predatória. Vale a pena conferir os grandes tucunarés de Samuel. A estrada é totalmente asfaltada e em velocidade regular e com muita calma, consegue-se chegar em dois dias ou dois dias e meio, tendo São Paulo como ponto de partida.
Nós da Aruanã, como sempre fazemos, recomendamos esse novo pesqueiro, já que o pessoal da região afirma que os meses de outubro e novembro são os melhores para a pesca do tucunaré. Concordamos em parte, já que com base em nossa experiência e vivência com esse peixe, podemos assegurar que o ano todo será excelente para uma boa pescaria. Aí está, portanto, mais uma opção para nosso leitor fazer uma ótima pescaria, principalmente aquele que já não aguenta mais o Pantanal com os atos abusivos quer sejam do governo, fiscalização, péssimo atendimento e verdadeiros assaltos, salvo raras exceções, dos chamados “pesqueiros” ou “hotéis pesqueiros”.





terça-feira, 21 de abril de 2015

DESCOBRINDO UMA ISCA ARTIFICIAL INFALÍVEL. SERÁ?







Na pesca esportiva. O Zé Lambari tenta de tudo, no que se refere a novidades, para melhorar o seu desempenho na pescaria. Vai que dá certo.





sexta-feira, 17 de abril de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - ARIRANHA






   ARIRANHA





Muito semelhante à lontra, a ariranha tem, entretanto, características próprias a diferenciá-la. Vamos conhecê-la um pouco melhor.











Classificada cientificamente como Pteronura brasiliensis, trata-se de um animal carnívoro pertencente à família Mustelídeos. Embora seja frequentemente confundida com a lontra, a ariranha atinge maior tamanho, sendo que alguns indivíduos chegam aos 2,4 metros de comprimento total, considerando nesses casos que a cauda mede quase um metro. Já a lontra mede aproximadamente 70 cm de comprimento, e mais 30 cm de cauda. A cor é igual à da lontra, porém a barriga é menos clara e o focinho não é nu, mas coberto de pelos. A cauda é achatada em toda sua extensão, quando na lontra ela só o é na ponta. A ariranha habita os grandes rios de todo o país, inclusive os da Amazônia, ao passo que a lontra vive no Brasil meridional. Aquele difere desta por levar vida diurna, enquanto a lontra e animal noturno.
As ariranhas costumam viver em bandos e nadam pelo rio, não raro fazendo uma grande barulheira, cujo ruído muito se assemelha ao que os gatos domésticos produzem, sendo interessante observar que elas tem grande facilidade em “imitar” as vozes dos gatos. É desnecessários dizer que a ariranha nada otimamente, deslizando sob a superfície das águas. Quando quer alimentar-se, mergulha para caçar peixes, que leva para a terra, onde então se põe a devorá-los. Os peixes menores são devorados inteiros, ao passo que dos maiores a cabeça e a espinha são rejeitadas. Às vezes algumas aves aquáticas também fazem parte da dieta desses carnívoros, que passam a maior parte do tempo na água, vindo a superfície por breves momentos apenas para respirar, e à terra para comer e dormir.


Bibliografia consultada: Dicionário dos Animais do Brasil (Rodolpho Von Ihering)

sábado, 11 de abril de 2015

EQUIPAMENTO: O TAMANHO DAS ISCAS ARTIFICIAIS









O ditado “tamanho não é documento” com certeza não se aplica às iscas artificiais. Neste caso, sim, o tamanho é muito importante. Senão vejamos.







Um lambari fisgado em uma isca maior do que ele.                                                         

Robalo fisgado em isca pequena                                                                                                                                                             



 Muito já se falou a respeito de iscas artificiais, e os temas sempre variam sobre as cores, formatos, tipos, de profundidade ou superfície, com ou sem barulho, de plástico ou madeira; enfim, quase tudo o que se relaciona a esses artefatos de pesca já foi amplamente divulgado e publicado. Sobre os tamanhos, porém, pouco ou quase nada foi divulgado, e em nossa opinião, este é um item também muito importante, pois nesse detalhe o sucesso de nossa pescaria estará sendo posto a prova. Dependendo da espécie de peixe a ser tentada, o tamanho de cada isca terá grande influência no ataque do peixe a nossa isca. É o caso específico, por exemplo, dos robalos. É normal, em uma pescaria de robalo, levarmos três tipos de varas distintas e montadas com equipamento ultra-leve, médio e médio/pesado. Explicamos. O equipamento ultra-leve é composto por uma vara desse tipo, molinete pequeno e linha no máximo bitola 0,20 milímetros. A isca é a menor possível e pode ser de barbela ou superfície, estando aí a razão de usarmos um molinete pequeno e uma linha fina, já que é o único equipamento que possibilita arremessar essa pequena isca.

Pedras em rios de litoral. Nesta estrutura para robalos usar iscas médias/grandes                                                                                                               


Normalmente usamos esse equipamento bem acima no rio de litoral e nas pequenas galhadas de margem, que são o berço dos pequenos robalos. Estes peixes não devem ser embarcados devido a seu tamanho, mas proporcionam uma boa briga, onde o mais bonito é o ataque deles nessas iscas pequenas. Se usarmos uma isca maior, dificilmente irão atacá-la. Às vezes porém pagamos um alto preço pela ousadia de usar um equipamento ultra-leve, quando acontece de estar nessas pequenas galhadas um robalo grande – e aí é perder a isca, com certeza. Nas galhadas “mais suspeitas”, se é que assim podemos chamá-las, ou seja, aquelas galhadas de meio de rio ou na margem, maiores ou em locais mais fundos, podem haver robalos de tamanho médio, e neste caso é a hora de equipamento médio. Tal equipamento pode ser descrito como vara de 10 a 20 libras, linhas de bitola 0,30 a 0,35 milímetros e molinete ou carretilha médios. A isca pode ter um peso dentre 8 a 12 gramas, que se consegue arremessar com facilidade. Bem trabalhada a isca, o ataque é inevitável. Neste caso, o robalo médio ataca também uma isca pequena, mas pode refugar uma isca maior.

Pantanal: iscas grandes com garatéias fortes                                                                                                                                          



Finalmente, há aquelas estruturas “perigosas”, tais como pedras, pilastras de ponte e grandes galhadas, que são os locais onde os grandes robalos costumam ficar. Nesses locais, um equipamento médio/pesado é o ideal, e a vara de pesca pode ser de 10 a 30 libras, linha 0,40 milímetros, às vezes até com um líder de maior bitola, e carretilha ou molinete maior. A isca artificial pode ser grande no tamanho e no peso, que pode variar entre 10 a 30 gramas, e por certo estará guarnecida com garatéias bem fortes e resistentes, já que são as mais recomendadas nesse caso. Neste ponto é que falamos então que tamanho é documento. O robalo grande ataca a isca pequena ou média? A resposta é sim, só que a chance de conseguirmos trabalhar esse robalo grande é mínima ou nenhuma, tendo em vista o tamanho das garatéias e a bitola da linha.  O robalo de tamanho médio ataca isca pequena? A resposta é sim, mas por certa a isca e suas garatéias mais a linha não irão aguentar a briga. Por outro lado, o robalo não irá atacar a isca grande com a mesma facilidade que ataca a isca média.

Galhadas de robalo:Neste tipo, iscas pequenas/médias                                                                                                                                          
Tudo isso aqui descrito são normas e não regras, já que às vezes um pequeno robalo ataca uma isca do seu tamanho ou até maior do que ele. Mas isso, se não é raro, é difícil de acontecer. O certo mesmo é aproveitar essa dica e usar os três equipamentos aqui descritos. A utilização do robalo nesta matéria como exemplo é mera coincidência, pois poderíamos usar qualquer outro predador e a regra seria a mesma. Evidente está que o peixe predador prefere sempre uma isca pequena, já que na natureza os pequenos peixes darão a ele problemas menores para atacar e engolir suas presas.


Robalo fisgado com iscas de tamanho médio                                                                                                                                        

Um outro exemplo que podemos citar é o caso dos tucunarés. Quando alguém nos pergunta qual a melhor isca para a pesca de tucunarés, costumamos responder com outra pergunta: a pescaria de tucunarés vai ser onde? Normalmente o pescador estranha essa nossa pergunta, já que o tucunaré é o mesmo peixe em qualquer lugar. A diferença, explicamos então, é que se formos pescar em uma represa do estado de São Paulo, os tucunarés irão atingir um tamanho de no máximo 4 quilos. No Araguaia e outros locais parecidos podem atingir 6 quilos, enquanto nos rios do Amazonas ou outros locais semelhantes, podem atingir até 12 quilos ou mais. Mais uma vez, o tamanho da isca artificial será documento, principalmente o tamanho e a robustez de suas garatéias. Olhando-se por esse prisma, a nossa pergunta passa a ter sentido, não é mesmo?

Podemos citar outros casos em que uma isca pequena e um equipamento leve não irá fazer muita diferença no que se refere ao tamanho dos peixes: é o caso dos black-bass. Isca pequena ou média, com garatéias reforçadas ou não, ira trazer o peixe até as mãos do pescador, já que o bass não costuma brigar muito. É bom salientar que estamos falando de bass no Brasil, que dificilmente passará de 4 quilos. Nos Estados Unidos esse peixe pode atingir cerca de 10 quilos, e aí a coisa muda totalmente.


              Nestas  galhadas no fim  dos rios de litoral: iscas pequenas/médias                                                                                 
Bass fisgado na isca de barbela                                                                                                                                                              

O pescador mais astuto já percebeu onde queremos chegar, e não vamos nos alongar mais. Resta apenas dizer que os peixes que atacam uma isca artificial preferem a de tamanho pequeno. Como os problemas com essa isca acontecem como acima demonstramos, o melhor é usar três tipos de equipamentos como os citados e optar segundo sua sensibilidade e conhecimento, quando estivermos em um poço ou uma galhada e for dar o lance. Podemos também contar com o fator sorte, e pegar um grande peixe com um equipamento leve e brigar à vontade, já que essa é a razão principal de uma pescaria esportiva. Agora, é bom não arriscar muito na sorte, já que não existe nada pior do que perder um peixe por estar com um equipamento inadequado para a ocasião. E normalmente, peixe grande não costuma dar muita bola para o pescador. Essa é a razão de ele, o peixe, ter conseguido atingir um bom tamanho, já que com certeza ele é o melhor da espécie.
Para terminar, estamos falando de pesca com iscas artificiais, modalidade essa onde tamanho é documento, pois em outras modalidades nem sempre o tamanho do equipamento será documento. Mas isso é uma outra história. Boa pescaria.


segunda-feira, 6 de abril de 2015

sexta-feira, 3 de abril de 2015

FOLCLORE DO BRASIL - CURUPIRA












Com seu aspecto todo especial, o Curupira mora na mata e é o defensor dos animais da floresta.



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O Curupira é um menino de cabelos avermelhados, tem o corpo peludo, dentes verdes e seus pés são virados para trás. É ele quem cuida dos animais da floresta. Dizem que os ruídos misteriosos que às vezes ouvimos nas matas são causados por ele. Não tem pena dos caçadores maldosos, principalmente dos que matam os filhotes. Quando vê um caçador deste tipo, o Curupira judia tanto dele que o pobre ou morre ou fica meio louco para sempre. Para confundir o caçador, pensando que é uma ave, vai atrás do Curupira e de repente percebe que ficou perdido na floresta.
Ao aproximar-se uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores. Assim ele vê se elas estão fortes para aguentar a ventania. Se percebe que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa os animais para não se abrigarem perto da árvore condenada. Segundo uma lenda indígena, certa vez um índio caçador estava descansando na floresta, à sombra de uma árvore, quando o Curupira chegou, e estando este com muita fome, pensou em comer o coração do índio. Resolveu então acordá-lo:
- Ei índio. Estou com muita fome. Dê-me um pedaço do seu coração.
O índio acordou, e assustado com o que via e ouvia, pensou rapidamente e resolveu ofertar ao Curupira um pedaço do coração de um macaco que ele havia acabado de caçar. O Curupira não percebeu a fraude, comeu o pedaço e gostou.
- Quero mais, quero seu coração inteiro.
O índio então lhe deu o resto do coração do macaco, que foi também saboreado com muito gosto pelo Curupira.
Porém, agora, exigiu em troca da oferta um pedaço do coração do Curupira. – Fiz sua vontade, não fiz? Agora você deve me dar em pagamento um pedaço de seu coração. O Curupira não era muito esperto e acreditou que o caçador havia arrancado o próprio coração sem ter sofrido nenhuma dor e sem ter morrido. Pediu então a faca do caçador e a enterrou no próprio peito, tombando sem vida em seguida. O caçador não esperou mais. Disparou pela floresta e pensou em nunca mais voltar lá.
Assim passou um ano, e todos estranhavam o fato do índio nunca mais ter saído da aldeia. Ele respondia que não ia à mata por estar doente, mas na verdade, estava era com medo. Até que um dia, a filha do índio pediu a ele que lhe desse de presente um colar, que fosse bonito, diferente de tudo que já havia visto. O caçador lembrou-se imediatamente dos dentes verdes do Curupira e resolveu ir até a mata, onde encontrou a carcaça do Curupira, com os dentes reluzindo ao sol. Pegou então o crânio e começou a batê-lo numa árvore para que se soltassem os dentes. Qual não foi a surpresa do índio quando de repente o Curupira ressuscitou, e julgando que o caçador lhe havia salvado a vida intencionalmente, ficou muito grato e lhe presentou com um arco e uma flecha encantados, com os quais nunca perderia caça nenhuma, porém recomendou que nunca atirasse em animal que estivesse em bando.
O índio ficou então famoso na aldeia por ser um grande caçador; bastava apontar a flecha e zás!, já caía a presa abatida, para a alegria dos companheiros que iam com ele às caçadas. Um dia, querendo exibir seus dotes para os companheiros, pensou em tentar, com uma só flechada, acertar diversas aves que voavam em um bando, bem próximo de onde estavam. E foi assim que, esquecendo a recomendação do Curupira, o índio atirou contra o bando de pássaros, atingindo um deles, que caiu fulminado na hora. Os outros pássaros, enlouquecidos pela perda do companheiro, principiaram a atacar o índio, que ficou sozinho à mercê das aves, pois seus amigos, ao avistarem o perigo iminente, o abandonaram à própria sorte.
O pobre índio foi então dilacerado, despedaçado e devorado pelos pássaros, só por ter desrespeitado a recomendação do Curupira.

REVISTA ARUANÃ -  FOLCLORE DO BRASIL

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A BARRAGEM DE IGUAPE - UM DESASTRE AMBIENTAL





Como em um “passe de mágica” uma moita de aguapés aparece na praia.


Quero deixar bem claro minha opinião como jornalista que sou. “Se” a Barragem do Valo Grande tivesse sido construída, por certo muitos dos problemas aqui citados e mostrados, não teriam acontecido.



O aguapé já seco e troncos de árvores jogados na praia.
Há algum tempo venho pensando em denunciar este crime ambiental que está acontecendo no rio Ribeira em Iguape e no Mar Pequeno e praias da Ilha Comprida. Depois de muito pesquisar e cansar os olhos de tanto ler documentos e artigos já escritos e alguns publicados na imprensa deste nosso Brasil – para não escrever bobagens - cheguei à conclusão de que “vou ser mais uma voz pregando no deserto”, no que se refere a este assunto. Assim sendo, vou publicar trechos, citando os autores, que eu “pincei” na Internet, bem como as fotos de minha autoria, que com certeza mostrarão melhor do que as minhas palavras, o “tal” crime ambiental. Deixo de citar a Refinaria de Plumbum, que extraia chumbo no Alto Ribeira e que funcionou durante 50 anos na região. O leitor mais atento poderá na Internet, constatar que até as águas do rio Ribeira foram (ou ainda estão?)contaminadas. 

Restos de aguapé, ainda verdes, nas praias da Ilha Comprida.


Texto do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica publicado na Internet.

Barragem do Valo Grande 

O empreendimento conhecido por Barragem do Valo Grande se diferencia dos demais em termos de concepção e de finalidade. O barramento foi executado em 1977/78 para fechar o leito do canal denominado Valo Grande, na zona urbana de Iguape, no município de mesmo nome. O Valo Grande liga o rio Ribeira de Iguape ao Mar Pequeno, e foi executado para encurtar em cerca de 60 km a distância de transporte entre o bairro Três Barras e o então Porto de Iguape, situado no Mar Pequeno. 

Antes da abertura do canal, a viagem era feita percorrendo parte pelo leito original do rio e parte pelo Mar Pequeno. A barragem foi construída com os objetivos de: 

a) evitar a descarga contínua de água do Ribeira de Iguape para proteção ambiental do Mar Pequeno; 

b) interligar a rodovia SP-222, onde a travessia era feita por balsa; 
c) evitar a erosão contínua das margens. 
Com o barramento, porém, começaram a ocorrer inundações em áreas ocupadas por agricultura e áreas urbanas, dada a incapacidade de drenagem do leito antigo do Ribeira de Iguape, por este estar assoreado devido ao longo período de permanência com vazão, que passou a veicular preferencialmente (estima-se cerca de 60% do total) pelo Valo Grande. 

Como solução para atender de forma conciliadora os conflitantes interesses de, por um lado, à necessidade de mitigar os impactos das cheias à montante da obra e, de outro, possibilitar a proteção ambiental da região do Mar Pequeno, à jusante, o DAEE contratou, em 1980, estudos para melhor avaliação dos impactos socioeconômicos e ambientais devidos à obra. 

Dentre as diversas alternativas estudadas, foi aprovada pelo CEEIGUAPE (Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape) a que contempla a implantação de mecanismo de controle de vazão, de tal forma que as águas sejam barradas durante as estiagens, para proteção ambiental à jusante, e maximizada a capacidade de drenagem, para diminuir os problemas advindos das cheias à montante. 

Local: Iguape/ canal artificial Valo Grande
Quantas comportas: 18
Vertedouro: controlado por comporta
Eclusa para pequenas embarcações (dimensões da câmara da eclusa: 5x15m)
Vazão regularizadora: capacidade máxima de vazão: 1.600 m3/s
Quando foi construída: Barragem (1977/78); Vertedouro (1990/1992)

Praias de areias sujas.


   Os trilhos para o guindaste da barragem. São 36 no total
Em Agosto de 2011, a Juíza de Direito Fernanda Alves da Rocha Branco de Oliva Politi, da 2ª Vara Judicial de Iguape, determinou que a barragem do Valo Grande fosse concluída, o canal limpo e drenado e definitivamente fechado, com a esperança de que os peixes e mariscos voltem ao Mar Pequeno, e que o Porto de Iguape volte a ser um importante entreposto agrícola. Só o tempo dirá se a determinação será cumprida. Texto de Frederico Landre.

Neste trecho ao norte da Ilha Comprida, muitas casas desabaram.
Texto Internet da página do Dep. Samuel Moreira

O prefeito Décio Ventura, da Ilha Comprida, agradeceu ao deputado Samuel Moreira e ao governador José Serra pela obra. “Dentre todas as obras que você conquistou para a região, eu não tenho dúvida que a construção das comportas do Valo Grande é a de maior impacto porque permitirá vermos de novo o Mar Pequeno como era e fará a diferença para a região de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia”, afirmou.

O deputado Samuel lembrou que as comportas da Barragem do Valo Grande são reivindicadas há 25 anos. “É uma luta histórica e de muita gente”, ressaltou ele, lembrando que recuperar a salinidade do Mar Pequeno, naquela região, será importante para São Paulo e para o Brasil. Destacou que o governador José Serra participou de perto desse processo, desde que era secretário do Planejamento, e que o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes, também conhece o problema. (N.R. Discursos no lançamento da obra)


A Barragem de Iguape a jusante
Moitas de aguapés nas margens

Barragem de Iguape a montante

Técnicos debruçaram-se sobre o problema e propuseram como melhor, e bem pensada, solução para o complexo problema a construção de uma nova barragem, mas agora com vertedouro e comportas de controle de vazão e com eclusa para possibilitar a navegação. A proteção das margens e do fundo do canal contra a erosão constituía parte integrante desse mesmo projeto. Em 1993 as obras civis da nova barragem foram concluídas, porém as instalações hidráulicas (vertedouro, comportas e eclusa) não foram executadas por alegada escassez de recursos financeiros para tanto (quantos votos tem Iguape?). Boa parte dessas obras civis já foi hoje também comprometida. (Parte de texto do autor na Internet)

Álvaro Rodrigues dos Santos É geólogo, autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar” e “Cubatão”; consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia.
Há três semanas eu parei meu carro na sombra deste chapéu de sol agora caído.                                                                       
                                                                                                                        

Esta construção “era” uma lanchonete há um mês atrás


Restos de construções destruídas. Cena comum nas praias da Ilha Comprida.

NOTA DA REDAÇÃO: Como sempre faço em minhas matérias publicadas, caso eu queira acrescentar alguma coisa a mais na pauta, não poderia agora deixar de dar esta nota. Eu chego a ter vergonha de ser brasileiro. Não por ter nascido neste país maravilhoso chamado Brasil, mas sim, pelos políticos eleitos - mesmo não tendo neles votado - e que me representam como cidadão em todos os órgãos nas mais diferentes esferas do poder. A data de publicação desta matéria é 1º de abril de 2015. Não foi esta data planejada, mas veio bem a calhar, tantas são as mentiras aqui contidas. E o que é pior, muitos dos políticos aqui citados, até hoje ocupam cargos a que foram eleitos pelo voto. Isto se chama democracia. Antonio Lopes da Silva

Leia também a continuação desta postagem Parte II em Junho/2015 e Parte III setembro/2015.