sábado, 25 de fevereiro de 2017

DICA: MILÍMETROS OU LIBRAS?







Uma das coisas mais importantes na pesca amadora – em nossa opinião - é que o pescador brasileiro deve buscar sua identidade própria. Infelizmente, ve-se hoje entre nós muitos que fazem questão de usar termos em inglês, talvez para afirmar sua condição de bons pescadores, muitas vezes sem perceber que estão cometendo alguns enganos...




    Direto da Berkley em Iowa EUA, há quase 30 anos em perfeito estado.





Vamos abordar as linhas de pesca que hoje (NR: 1996) se encontram à venda no mercado brasileiro. É uma infinidade de modelos e procedências, nacionais e estrangeiros. Neste ultimo caso, as mais cotadas hoje em dia são as linhas de procedência norte-americanas e japonesas. Há algum tempo atrás, viam-se também linhas alemãs, que eram muitos famosas mas foram perdendo terreno para outras linhas importadas. Essas linhas alemãs são usadas ainda hoje por alguns pescadores que praticam a pesca de peixes de bico na água azul. Outras linhas também aparecem vez por outra em nossas lojas de pesca, de procedência francesa, chinesa, italiana, etc. Propositalmente, o leitor deve ter percebido que não citamos nenhuma marca específica, já que isso não é de maior importância nesta matéria, bem como não é nossa intenção comparar a qualidade de quaisquer produtos ou sua procedência. Nossa intenção principal é esclarecer o que é milímetro e o que é libra. Os mais observadores perceberão que uma coisa nada tem a ver com a outra, pois enquanto a libra é uma medida de peso, o milímetro é uma medida de comprimento. Porém, é muito comum determinados “professores” (e hoje existem vários, infelizmente) conversarem ou até escreverem, por exemplo, que fisgaram determinado peixe com uma linha 8 libras, querendo dizer com isso que foi um ato sensacional. 


Araty da Mazzaferro e a XT solar da Berkley – Sucesso na época.

Tal narrativa até poderia estar certa, pois além das libras, há citações como “bait casting”, “snaps”, “treble hooks three strong”, artificial’s lures”, peacock bass, etc. Deveriam também terminar dizendo “oh, yes”!”. Mas vamos ao que interessa. Continuando, o feito do nosso “herói” foi pegar um peixe de 3 quilos, por exemplo, com uma linha de 8 libras. O pescador menos experiente, escutando ou lendo tal fato, irá julgar tratar-se de um caso extraordinário. No entanto, analisando friamente e fazendo uma continha simples, verificamos que a coisa foi bem comum. Vejamos: 1 libra equivale a 453,6 gramas. Como a linha era de 8 libras, multiplicamos 453,6 por 8, chegando a um total de 3.628,8 gramas. Isso é praticamente normal, já que o peso do peixe era de três quilos e a linha tinha sua resistência marcada para 3.628,8 gramas, ou seja, ainda com 628,8 gramas de resistência de sobra para aquele peixe. Porque então continuar insistindo em fazer comparação entre milímetros e libras? Se a linha de pesca é de origem brasileira, estará escrito no rótulo da linha o diâmetro da mesma e quanto é que sua resistência em peso. Por exemplo, uma linha de diâmetro 0,40 milímetros pode resistir a 7,6 quilos, de acordo com o rótulo de determinado fabricante. Uma outra linha de 0,40 milímetros de outro fabricante pode trazer marcada no seu rótulo a resistência de 8 quilos. 




Várias marcas vendidas na época.

Às vezes, no mesmo rótulo, encontramos a indicação em quilos e em libras, e agora que o leitor já sabe o equivalente em libras e em gramas, experimente fazer a multiplicação e verá como a grande maioria está errada no resultado. Fica portanto a seguinte ressalva: se quiser comprar linha marcada em libras, faça você mesmo a multiplicação e veja se ela atenderá às suas necessidades na pescaria que você for realizar. Porém, se comprar linha nacional marcada em diâmetro e peso em gramas, você já terá a resposta às suas dúvidas referentes ao peso dos peixes e se a linha aguentará esse peso. Finalmente, conhecer o diâmetro é muito importante para que você saiba a quantidade de linha que poderá caber no seu equipamento, e calculada em metros, que também é uma medida de comprimento. E, acredite se quiser, às vezes se consegue, dependendo do tipo de peixe e do tipo de pesca, por exemplo, tirar um peixe de 50 quilos com uma linha de resistência máxima de 10 quilos. Ou então, perder um peixe de 5 quilos com uma linha que tenha resistência de 20 quilos. Tudo isso é completamente normal, e explicamos o porquê. Na praia, é muito comum usarmos linhas de bitola (diâmetro) bem baixo, e no entanto conseguirmos, com calma e muita habilidade, pescar peixes enormes. Tal fato se dá porque em nosso equipamento de praia tínhamos uma linha fina, mas em compensação, por exemplo, 600 metros de fio, o que deu para cansarmos o peixe sem arrebentar a linha. 




Uma “pequena caixinha” de pesca. Nada made em China.

E mais: na praia não há nenhum tipo de enrosco, o que tornou essa tarefa muito mais fácil. Por outro lado, muitas vezes já perdemos robalos, por exemplo, usando uma linha de "20 libras" (nove quilos e setenta e duas gramas) com peixes de no máximo 6 quilos. Isso ocorreu porque o robalo em questão foi direto para uma galhada, normalmente cheia de cracas e ostras que cortam como navalhas, conseguindo assim romper a linha e ganhar a liberdade. Portanto, nem sempre uma linha mais forte é garantia de segurança, sempre dependendo do tipo de pescaria. Finalmente, nunca confunda milímetros com libras. O que você deve levar sempre em consideração nas suas pescarias é qual a sua necessidade de resistência da linha. Vamos dar apenas um exemplo, que com os demais exemplos fará com que você mesmo chegue à sua conclusão: se a pescaria for de iscas artificiais, tanto faz se com carretilha ou molinete, ou qual seja o peso da isca, saiba que a melhor linha será sempre a de diâmetro fino, principalmente se for uma linha macia, pois esses itens proporcionam lances mais precisos. No entanto, dependendo do peixe, aumente um pouco o diâmetro da linha para ter uma segurança a mais, mas continue a exigir de sua linha a maciez máxima. Ao aumentar o diâmetro de sua linha, você já irá perder no arremesso à distância e na precisão. É o preço a pagar. Fica portanto a dica final: não compare libras com diâmetro, pois uma coisa nada a tem a ver com a outra. Boa pescaria, em libras ou diâmetros... separadamente.


Nota da Redação: Outro erro de (alguns) pescadores é citar sua preferência na rigidez da haste da vara dizendo: “eu prefiro as varas 10 a 25 libras, pois são mais firmes na hora da fisgada”. Esses pescadores ainda não perceberam, em pleno século 21, que a citação de libras, marcadas na vara, referem-se as linhas (diâmetro) que deverão ser usadas e aconselhadas pelo fabricante.


Publicado na Rev. Aruanã Ed.54 Dez. 1996.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

TEM BICHO!!! PARTE II









O Bicho – Eustrongylides sp



Voltamos ao assunto sobre os “bichos” em nossos peixes, já que há novidade a respeito. O EUSTRONGYLIDES sp, na opinião de alguns biólogos e cientistas, pode causar danos a nossa saúde sim.



Pássaros 




Os vermes encontrados na carne de tucunarés

Vamos voltar ao assunto em questão sobre esta postagem publicada no blog da Aruanã – http://revistaaruana.blogspot.com.br - em maio de 2015. Nosso leitor Ivaldo Alves de Oliveira faz uma publicação nos comentários da citada postagem. E mais, nos dá inclusive uma outra fonte de informação, que antes de desmerecer o Prof. Dr. Pavanelli da UEM, vem complementar a postagem em questão, aliás, muito visto no blog em todo o planeta. São milhares de visualizações e por isso, como jornalista e editor, na obrigação e no compromisso com a verdade, volto ao assunto e, agora, em formato de informação. Poderíamos usar uma citação em nossa mídia como “nosso povo nossa gente”, muito usada no programa do Ratinho no SBT, onde são mostradas situações hilárias do povo brasileiro. Mas como nosso caso tem um publico especifico, que é o pescador, a ele dirigimos esta nova postagem, pois além de informativa, chama a atenção uma nova versão, que pode estar prejudicando ou virá a prejudicar a saúde do nosso pescador. É comum lermos e ouvimos em vários locais a citação de sashimi, nos peixes pescados e comidos no próprio local da pescaria, sem ter qualquer escolha da espécie fisgada. 



Piranhas do Pantanal também abrigam os vermes

São muitos os apreciadores do tal prato de origem da culinária japonesa, difundidos no Brasil. No artigo original, mostramos e agora reproduzimos algumas fotos e desenhos de como o tal do “bicho” cientificamente descrito como Eustrongylides SP, pode entrar em nosso organismo. A idéia primeira da publicação dessa postagem, surgiu de uma reportagem que fizemos a título de aventura que denominamos de “PANTANAL SEMPRE AVENTURA” publicado em Novembro de 2014. Estavam em nossa companhia o fotografo Kenji Honda, o Zimbo Decenzo, Antonio e o Ney, que faziam parte da equipe para aquela matéria. Eu e o Kenji já conhecíamos de longa data o tucunaré, porem nossos outros acompanhantes, eram do digamos, Pantanal Central, mais precisamente Corumbá, onde, na época, o tucunaré ainda não havia chegado e era para eles desconhecido. Limpamos alguns peixes e os “bichos” em grande quantidade apareceram, o que causou espanto nos pantaneiros. Explicamos que todos os peixes do Pantanal tinham aqueles vermes. O Kenji tirou várias fotografias e ao ve-las já em São Paulo, brotou em nossa mente um fato que, transformado em matéria, viria a chamar a atenção de nosso leitor da Revista Aruanã. 

O dourado tem vermes na carne confirmados

Publicamos essa reportagem na edição 40 em agosto de 1994. Antes da publicação, partindo da mais pura essência do jornalismo, enviamos correspondência e fotos para consulta do Prof.Dr. Gilberto Cezar Pavanelli (autor deste artigo) é professor titular do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (PR), coordenador do curso de pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (Mestrado e Doutorado da Universidade Estadual de Maringá) e pesquisador científico do CNPq. Pois bem, uma nova informação surge agora por intermédio de um leitor do blog, que mostra um problema grave com o tal bicho, como pode ser comprovado no link aqui mostrado. E puxando pela lembrança, um caso acontecido com um particular amigo, admirador do sashimi caseiro, ou seja, com várias espécies de peixes, deve ser citado. Na banca de um pescador, ele comprou alguns peixes de nome leigo conhecido como Pescada Inglesa. Esse peixe, que não conseguimos identificar cientificamente, está sempre no meio de camarões que são pegos no arrasto no mar. Conclusão, preparou o sashimi e a ele não aconteceu nada. Já com sua esposa, passou mal após a ingestão. 

O ciclo do verme

E agora? Evidente está que esta nova postagem vai causar polêmica novamente e devemos ter várias manifestações. Eu não defendo e nem sou contra o sashimi, apenas não entra em meu alimento pessoal, peixe dessa forma para ser ingerido. Qualquer que seja a espécie de peixe que eu fisgue – não compro peixes de profissionais, exceção aberta às sardinhas – só as como fritas, cozidas ou assadas. Repito: opção pessoal. E ainda outra “mania que tenho”: baiacu também não faz parte do meu cardápio e cito que, com milhares de outras espécies, porque vou consumir baiacu, que em vários livros científicos, mostram ser uma espécie venenosa? E que não digam que, sabendo limpar, o veneno é eliminado, já que Von Hiering cita um caso de um pescador profissional e toda sua família, faleceram após consumir o tal baiacu. Como profissional devia ter comido e limpado muitos baiacus. O que será que aconteceu desta vez fatal?
Reproduzimos aqui, o comentário de nosso leitor, bem como o link onde essas informações podem ser lidas.

Acredito que antes de tirarmos conclusões precipitadas, baseadas apenas nos estudos de um biólogo da UEM, sem desmerecê-lo, verificarmos as incidências de contaminação pelo Eustrongylides sp em humanos, como em exemplos verificados nos EUA.
http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232013000300008








sábado, 18 de fevereiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANA PEIXES DO BRASIL - BONITO















O nome faz jus à espécie: de um colorido azulado, com o ventre prateado e manchas pretas abaixo das nadadeiras, este é um belo peixe da água salgada, bastante esportivo e apreciado pelos pescadores amadores.







O bonito, cujo nome científico é Euthynnus alleteratus, é encontrado em todo o litoral brasileiro, principalmente nas águas do nordeste e do sudeste. Pode atingir 60 cm de comprimento, com peso variando entre 3 e 6 kg, embora já tenham sido encontrados exemplares com mais de 10 kg. Seu aspecto geral se assemelha à cavala, ao serra e à albacora, tanto que os americanos o chamam de “falsa albacora”. Todas estas espécies são parentes do atum, e no Brasil o bonito também é chamado de “atum brasileiro”. O melhor local para a pesca do bonito é em alto mar, ao longo do ano todo. No entanto, por se tratar de peixe de águas tropicais e subtropicais, sua maior incidência ocorre durante a primavera e o verão, quando está bastante ativo. O equipamento recomendado para a pesca do bonito é o de categoria média, composto por molinete ou carretilha, linha de bitola entre 0.35 e 0.45 mm e anzóis médios. Se pescado com linha de mão, aconselha-se usar as de bitola mais grossa, entre 0.80 a 1.20 mm. Como isca natural, pode-se utilizar sardinha, parati, camarão e lula. Para a modalidade de corrico, aconselha-se a usar como isca natural o popular farnanguaio. O bonito fisga nas seguintes artificiais: colheres, jigs e plugs de meia água ou de profundidade. Sua carne é um pouco dura, à semelhança do atum, e um tanto oleosa, mas a despeito disso é bastante apreciada pela culinária nacional. São seus sinônimos: bonito-pintado, bonito-rajado, curuatá-pinima, litteluna, etc.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL --- BUGIO





Allouata caraya


   Conheça um pouco mais nossa fauna através de um interessante                                                   exemplo: o bugio. 



É comum o pescador que está no Pantanal ouvir ruídos guturais semelhantes aos sons emitidos por uma pessoa gargarejando.
O bugio vive em bandos de mais ou menos 12 indivíduos, guiados pelo mais velho, que popularmente é chamado de “capelão”.

Esse barulho é assustador para quem não sabe identificá-lo. Trata-se apenas de um grupo de bugios, macacos que possuem, entre outras, esta interessante particularidade de emitir tais ruídos. A denominação bugio compreende as cinco espécies brasileiras do gênero Allouatta (antigamente conhecido por Mycetes), havendo ainda várias outras espécies no continente, do norte da Argentina até a América Central. O gênero caracteriza-se anatomicamente pelo grande desenvolvimento do osso hióide, que funciona como caixa de ressonância. São animais corpulentos, mas ainda assim bastante ágeis quando querem; a cabeça é maciça, o queixo barbado, principalmente nos machos velhos, cujo pescoço se avoluma em demasia, pelo grande desenvolvimento, já mencionado do osso hióide.  Em algumas espécies, o macho é preto e a fêmea amarelo escura; em outras, os machos são ruivos e as fêmeas quase, pretas. 



Sabem utilizar-se, melhor talvez que os demais quadrúmanos, (animais que possuem quatro mãos) de sua quinta mão: a cauda.
Pela manhã e à tardinha, principalmente quando o tempo está para mudar, põem-se a uivar (ou a “roncar”, como diz o povo), todos juntos, no topo de uma grande árvore; nessas ocasiões, é possível ouvir-se suas vozes a uma distância de aproximadamente 3 quilômetros. Os bugios alimentam-se de brotos, folhas e frutos. Quando perseguidos, muitas vezes, em vez e fugir, procuram se esconder entre as folhagens de galhos mais altos.
As mães são extremamente carinhosas com os filhos, que trazem no colo ou às costas, quando novinhos.

Fazem-no constantemente, pois confiam mais na força da ponta de seu rabo do que na segurança das mãos. Logo que a passagem de um galho para outro exige maior cautela, o rabo enrosca-se firmemente e assim nunca lhes acontece cair. Quando lhes ocorre, até sua refeição fazem dependurados. Mesmo depois de gravemente ferido, o bugio continua suspenso na árvore, o corpo todo caído, dependurado pela cauda. Dizem até que ele pode permanecer assim por alguns dias e só vir a cair quando já em estado de decomposição.



 Lamentavelmente, existem pessoas que apreciam a carne dos pequenos bugiozinhos, e capturam-nos, o que não deixa de ser um ato de terrível violência contra a natureza. É interessante registar o que diz a rima popular: “Guariba na serra, chuva na terra”, isto é, o ronco insistente do símio seria um pronuncio de mau tempo. Segundo o Dr. A. Neiva, existe uma curiosa crendice a respeito dos bugios: em certas localidades onde há grande incidência de bócio, os curandeiros tenham curar o “papo” do cliente aplicando-lhe água que tenha permanecido na vasilha formada pelo grande osso hióide dos bugios machos, osso esse que caracteriza o grande papo desses macacos. Como já dissemos, o povo denomina “capelão” ao macho velho, ao qual, como patriarca, cabe entre outras atribuições, a de manter vigilância em situações de perigo iminente, como por exemplo, quando os outros membros do grupo estão saqueando uma roça de milho. É ele quem dá o sinal para a fuga do bando, e segundo diz o povo, o capelão é duramente castigado pelos outros membros quando se descuida e deixa de prevenir o grupo a tempo sobre uma aproximação inimiga que venha lhes causar atribulações.

Bibliografia consultada:
Dicionário dos Animais do Brasil

Rodolpho Von Ihering

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

EQUIPAMENTO: MOTOR DE POPA - CARBURADOR











Um dos componentes do motor de popa responsável por muitos finais antecipados de pescaria é o carburador. Veja aqui quais as principais falhas que ele pode apresentar e o que o pescador amador poderá fazer para sana-las.







O carburador é um componente fundamental de um motor, mas por ser uma peça muito delicada devido a seus orifícios capilares e à sua regulagem também delicada, tem causado bastante transtorno ao pescador amador. O combustível que alimenta o motor de popa, que é um motor de dois tempos, contém óleo para lubrificação do mesmo. Se este óleo for de má qualidade, poderá obstruir completamente o carburador com a formação de “gel” (uma substância gelatinosa gerada pela reação química entre a gasolina e o óleo). Um combustível mal filtrado também pode causar obstrução através dos resíduos nele contidos. Os motores de popa ainda são confeccionados com tal carburador, e querendo ou não, temos que conviver com eles. E para isso, nada melhor do que termos alguns deste componente, além de saber como regulá-lo e limpá-lo. É preferível perder algumas horas nessa tarefa a ter que levantar acampamento e dizer adeus à pescaria. Conheça então algumas das possíveis causas das falhas e como proceder.
                                                  TRANSBORDAMENTO
É comum após algum período em desuso, ligarmos o motor e o carburador transbordar combustível e não pegar, ou mesmo pegando, não andar. Isso significa que a agulha da bóia está travada na posição aberta e a causa disso é o “gel”. A solução é retirarmos a cuba do carburador e em seguida a bóia, para finalmente, com a ajuda de um alicate ou mesmo a mão, retirar a agulha.

Motor funcionando perfeitamente? Só alegria

Envolva em um pano limpo e seco um pedaço de arame bem fino (se precisar improvisar, um empate de anzol com uma das pontas cortadas é uma idéia), inserindo-o no orifício da sede da agulha, retirando todo o “gel” ali depositado. Pressione o bulbo (pera) para que o combustível jorre pelo orifício tornando a limpeza completa. Faça uma boa limpeza também na agulha e remonte os componentes na ordem inversa da desmontagem. Bombeie o combustível de partida puxando o afogador e saia normalmente.
                                               MISTURA
                                         AR X COMBUSTÍVEL
Se o seu motor pegar, mas só funcionar com o afogador puxado, ou funcionar muito bem em ponto morto e quando engatado apagar na saída, é sinal que a mistura ar versus combustível de baixa velocidade não está correta. Para sanar este tipo de problema, retire o giclê piloto com a ajuda de uma agulha (ou arame bem fino), limpe cuidadosamente seus orifícios, lavando em seguida com o próprio combustível do motor. Se houver ar comprimido a seu alcance, jateie todos os orifícios e monte novamente no local. Nesse caso seria útil fazer nova regulagem da passagem de ar, fechando completamente a agulha de regulagem e após esta operação, ir abrindo vagarosamente até completar as voltas necessárias que variam conforme a maca do motor (veja tabela de regulagem).
                                               GICLEUR OBSTRUÍDO
Se seu motor pega e funciona muito bem até um quarto de aceleração e depois começa a apresentar falta de combustível e perde velocidade, é sinal de que o giclê principal está obstruído. 




Acelere! 

Para resolver este problema, será necessário retirar a cuba do carburador e em seguida o giclê (em alguns tipos de motor será inevitável a retirada do carburador para se ter acesso a essa peça). Limpe cuidadosamente o orifício do giclê usando uma agulha (ou arame bem fino), lave-o com combustível e remonte de maneira inversa a desmontagem. Caso seu motor continue apresentando problemas, é aconselhável proceder a uma desmontagem completa do conjunto e fazer a limpeza de todos os orifícios existentes no corpo do carburador. A maioria dos casos da avaria do carburador tem sua causa em obstruções, mas também podem ser ocasionados pelo desgaste de algum componente. Neste caso, só um técnico especializado poderá analisar com mais precisão.

NOTA DA REDAÇÃO: O artigo acima foi feito por um técnico – na época da Suzuki – o José Carlos Pache. É bastante útil, principalmente em uma emergência, por exemplo, no local da pescaria. Com cuidado e algum conhecimento básico, poderemos sanar o problema e começar a pescar. Outro conselho é sobre combustível velho (veja postagem sobre esse assunto no blog, no mês de agosto de 2014). Evidente está que nos motores de 4 tempos, esse problema não acontece, já que não precisaremos adicionar óleo dois tempos à gasolina. No entanto, o motor de 4 tempos é bem mais pesado que o de 2 tempos. Fica à sua escolha esta opção, sendo que um motor Mercury 15 HP 4 tempos, pesa em torno de 71 Kg e o 2 tempos, por volta de 51 Kg. 



Publicado na Rev.Aruanã ed. 39 em 08/1994


















sábado, 4 de fevereiro de 2017

FOLCLORE BRASILEIRO - GAUCHO









Nesta edição, a seção Folclore traça um perfil deste típico habitante da região sul do Brasil, e de seus costumes característicos.





Gaúcho é o habitante dos pampas do Rio Grande do Sul, descendente de indígenas, portugueses e espanhóis que no século XVIII, foi o instrumento de fixação portuguesa no sul do Brasil. O mesmo nome é dado aos argentinos e uruguaios de hábitos e origem semelhante ao gaucho brasileiro. Só entre esses povos de origem hispânica a palavra é dissílaba com acentuação no “a”: gáucho. Aos poucos a denominação a se estender a todos os habitantes do Rio Grande do Sul. A princípio, a palavra designava os peões vadios, ladrões de gado sem escrúpulos, que hoje, na região são chamados de “gaudérios”. Com o tempo a palavra perdeu o sentido pejorativo e passou a ser elogiosa, designando a reconhecida habilidade campeira do gaúcho e aptidão para a guerra que se tornava importante para manter as fronteiras do Brasil. Como lembrança desse tempo, ficou a palavra “gauchada” para designar embrulhada, valentia inútil, fanfarronada. No gaúcho são proverbiais a coragem, a valentia, o apego à terra e o amor à liberdade. A vida nômade dos primeiros gaúchos ficou marcada em suas tradições, em seu folclore e até na culinária típica. A condução da tropa de gado de uma região para outra tinha, geralmente, o acompanhamento de uma carroça (carreta) na qual levavam os trens de cozinha e outros. Uma culinária simplificada, mas nem por isso menos saborosa, nasceu dessas viagens: o churrasco temperado com água e sal, o arroz carreteiro, etc.. Não é possível falar do gaúcho sem falar do mate e do churrasco. O mate ou “amargo”, como eles chamam, é uma tradição que se estendeu não só às cidades do Rio Grande do Sul, como ainda a qualquer grande metrópole onde se fixa um gaúcho. Consiste o “amargo” na erva mate servida em uma cuia sobre a qual se derrama água fervendo, aos poucos. Bebe-se através de um canudo com boquilha de prata. O “amargo” vai passando de mão em mão, fechando a roda de amigos e congraçando hospedeiro e hóspedes. Entre figuras folclóricas gaúchas se sobressai o Negrinho do Pastoreio (publicado no blog em dezembro/2016), a cuja devoção se entrega todo o peão que perdeu o animal. Ao Negrinho se acendem velas nos pampas gaúchos e o peão jura que ele trará o animal de volta ao seu dono. Vítima de um senhor de escravos cruel que o torturou até a morte por ter perdido um cavalo, a alma do Negrinho continua nos pampas ajudando a quem dele precisa. As danças típicas gaúchas, cultivadas com carinho pelos inúmeros centros folclóricos, exigem roupa também típica: bombachas, botas, camisa, lenço vermelho ao pescoço, chapelão de boiadeiro para o homem; para a mulher é o vestido ramado e largo e o lenço ao pescoço. As danças são alegres e românticas com floreios e voltas em torno do lenço seguro pelos pares ou, saltitante e corajosa com o bater das esporas.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL -- LINGUADO












Certamente, quem vê um linguado há de concordar que sua aparência não faz justiça ao sabor de sua carne. Tampouco à sua esportividade. Vamos conhecê-lo.





Cientificamente classificado como Paralichthys brasiliensis, o linguado tem como área de atuação, desde Pernambuco até a Patagônia. Seu colorido é cinzento-escuro do lado esquerdo, onde também estranhamente estão os dois olhos paralelos. Do lado direito, que normalmente fica rente ao fundo, sua cor predominante é um branco gelo. Atinge 1 metro de comprimento total e perto de 12 quilos. Peixe marinho, tem como hábito frequentar os fundos lodosos, principalmente nos locais onde hajam rios e canais à beira-mar, tanto de água salgada como salobra. Seu alimento preferido são os pequenos crustáceos como o camarão e o pitu, e mesmo alguns tipos de caranguejos e pequenos peixes. Vive rente ao fundo, o que desde já determina o seu tipo de pesca. No litoral do Estado de São Paulo é muito comum tentar-se sua pesca usando como isca o camarão vivo. Valente e brigador, o linguado costuma lutar muito antes de se entregar ao pescador. O material para sua pesca pode ser considerado leve, pois basta uma linha de bitola 0,35 mm para com algum cuidado e paciência, retirá-lo da água. É aconselhável usar apenas um anzol com um empate de linha maior, por exemplo 0,45 mm, com girador e um pequeno chumbo de formato oliva, solto na linha. Sem duvida, a melhor maneira de saboreá-lo é em filés, e dai partir para a receita preferida. Uma boa opção é a milanesa ou a dorê. Sua carne, dessa maneira, é isenta de espinhas, branca e de excelente sabor.