sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

DEPOIMENTO - SOU DO PANTANAL


Revista Aruanã  Ed:17 publicada em agosto de 1990

Feliz do ser humano, que tem histórias para contar. Afortunadamente eu sou um deles. Recentemente f
alávamos no Face sobre a depredação do Pantanal e, tudo começou por termos publicado, ao acaso,  uma poesia de Carlos Drummond de Andrade em uma antiga Aruanã. A postagem “ Sou Do Pantanal” é de autoria de Sophia Diacopulos Rondon, escrita especialmente para a Revista Aruanã. Aproveito para lembrar com carinho de Sophia  nesta magnífica postagem.


Fotos de José Bento Lenzi

               QUANDO LER É MAIS IMPORTANTE DO QUE COMENTAR





NOTA DA REDAÇÃO: Ao digitalizar pela primeira vez direto da revista para o blog as fotos do depoimento, percebi no canto direito da 1ª página, em letras minúsculas o nome do autor das fotos que enriquecem a postagem: José Bento Lenzi. Fiquei emocionado já que com Bento – assim todos os chamam – convivi  durante muitos anos em nosso local de trabalho. Ele era chefe da reportagem fotográfica dos jornais Estado de São Paulo e Jornal da Tarde. Hoje, aposentado, Bento vive em companhia da esposa e filhas em S.Paulo. Pescador e, um Mestre na arte de fotografar, muito me ensinou e a tantos outros. As fotos que ilustram esta postagem que fazem fundo ao depoimento são de sua autoria e arquivo pessoal. Sua benção Mestre e obrigado por ser meu amigo, pescador e professor.
O "detalhe

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - CARANGUEJO FANTASMA




O pescador de praia, desde que esteja em uma praia rasa de areia, nunca estará sozinho. Sempre terá “alguém” o observando, mas de longe. O caranguejo fantasma tem essa mania, fica de longe olhando, mas ao se dele aproximar, entra em sua casa, que é um buraco na areia, que ele mesmo construiu. 




O caranguejo de praia Ocypode quadrata habita todas as praias de areia rasa, desde os EUA até todo o litoral do Brasil. Talvez chamado de fantasma, já que tem hábitos noturnos quando caça e de sua coloração pálida que vai do branco ao amarelado suave, o que o ajuda a se esconder de seus predadores quando fora de sua casa. Ágil, rápido e arisco é conhecido pelo seu jeito engraçado de se mover, correndo “de lado”, com pernas cobertas de pelos claros e os olhos escuros esticados para cima. Seu “nome mais comum” e, aliás, pelo qual é mais conhecido nas praias do Brasil é a singular Maria Farinha. Tem sinônimos, dependendo do local onde habita, tais como: Guaruçá, Guruçá, Guriçá, Aguarauçá, Vaza-maré, Siri-padoca, Papa-defunto, Espia-maré e, em inglês Atlantic Ghost crab.  Quando a pesca não está boa e os peixes sem morder, é um bom exercício tentar pega-los, o que dificilmente se consegue, já que ele é rápido e corre a se abrigar em sua casa na areia. Quando a maré sobe, muitas dessas casas são destruídas e tampadas pelas ondas do mar. No entanto é só começar a vazante que ele começa a reconstrução da mesma, cavando e jogando a areia para fora. Quando submerso suas brânquias internas adaptadas à respiração aérea, suportam um tempo prolongado se o ambiente for úmido. Sua caça e alimentação são principalmente de pequenos organismos marinhos ou então de alguma carniça ou qualquer parte de outros detritos, pelo que podem, segundo Von Hiering, serem chamados como “pequenos urubus do mar". São poucos os pescadores que o usam como isca em suas pescarias de praia, apesar de que se prestam muito bem a isso. Para encerrar uma curiosa citação, principalmente do nordeste brasileiro se faz necessária , Diz ela: Caranguejo não é peixe – Caranguejo peixe é; Se caranguejo não fosse peixe – Não nadava na maré”.

domingo, 17 de dezembro de 2017

COMO ERA A REVISTA ARUANÃ EM SEUS PRINCÍPIOS



O nosso herói Zé Lambari





Infelizmente o nosso país hoje, passa por uma crise de corrupção nunca antes vista em qualquer pais, devido a sua dimensão, do mundo. Nunca é demais lembrar que honestidade não é virtude mas sim obrigação. Mas poucos pensam dessa maneira. E assim vamos vivendo, sempre com a esperança de que dias melhores virão. Só depende de cada um de nós.





A capa da Aruanã nº 1
A  4ª capa preta

Em publicidade, seja ela em que veículo for, o autor que a vende, tem uma tabela de preços, que deve ser respeitada e jamais diferenciada de um cliente para o outro. Quando eu comecei com a Revista Aruanã, eu tinha uma tabela de preços e vendia meus anúncios em formatos diversos, cada um com seu preço fixado. O “filé” da publicidade é a quarta capa, já que a primeira capa traz a foto ou desenho, com as citações de seu conteúdo. Porque isso acontece? A explicação é simples: a revista fechada só pode ficar em duas posições visíveis. A capa e a quarta capa, por isso o preço mais caro. Desculpem, mas vou dar um exemplo, sem querer ser o dono da verdade. 

   Um de nossos muitos serviços

Quando se fecha uma publicidade, tem que ter um contrato de AP (autorização de publicação) com todos os dados do anúncio, com preço, tamanho e assinado pelo vendedor e comprador. Feito isso, a publicidade contratada vai ser veiculada. Tal instrução deve ser obedecida para um cliente, seja ele uma pequena empresa ou uma grande empresa que contratou a publicidade por intermédio de sua agência de publicidade, que foi quem idealizou a publicidade de acordo com as características. Não deve haver nenhuma facilidade, como descontos ou “jeitinho” do mais barato, por ser um cliente especial. Não é justo nem direito com os demais clientes publicitários que anunciam em tal veículo. 


Nosso logotipo

Pois bem, humildemente, sem ser servil, ao lançar a Aruanã era eu quem vendia toda a publicidade a ser inserida no nosso número 1. Vendi a 4ª capa a um grande cliente. Quando estava com a revista fechada, recebi um chamado do tal cliente, dizendo que não iria pagar o preço contratado e sim um preço que ele achava “justo”. Não era o direito dele, mas respeitei. E fiz mais, por aquele preço, de acordo com minha tabela, ele tinha direito a uma página interna. Foi o que fiz e lancei a Aruanã, com a 4ª capa, totalmente em preto, (não dava mais tempo de vende-la) só com o nome de minha empresa no rodapé dessa página. O tal cliente esperneou bastante, mas viu que não ia adiantar e o pior, nunca mais ele voltou a ser a 4ª capa, pois ela sempre era vendida e fechado o contrato anual com outras empresas. 


Um de nossos diversos banners

Aliás, a bem da verdade, essa “empresa” fazia muitas dessas ações com seus fornecedores, prejudicando os mesmos, só para levar vantagens sobre os seus concorrentes. Outros clientes que vinham até nosso escritório e pediam desconto em nossa tabela de publicidade, mesmo sendo amigos, não o tinham. E, eu fazia mais, em vez de dar qualquer desconto, dava a primeira inserção na revista de graça mas dizendo ao cliente de que, e se, a publicidade desse o alcance que ele queria ao seu produto, as próximas edições ele pagaria o preço normal.  Simples assim e eu ganhava, na maioria das vezes, uma programação anual, ou seja, por seis edições e o mais importante: o respeito do cliente pela revista. Não mudamos uma vírgula em treze anos que a Revista Aruanã, publicou suas edições.

NOTA DA REDAÇÃO: Há muitos anos esse segredo eu guardo comigo, sem sequer me manifestar a respeito. O faço agora, ainda respeitando o direito de manter o nome de tal empresa em sigilo. O respeito que a mesma não teve comigo. Fiz minha obrigação. E isso aprendi em uma escola que foi meu grande mestre em jornalismo e publicidade: O Jornal da Tarde. Antonio Lopes da Silva



sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - MARINER




Publicidade da Mariner na época











Ser pescador amador ajuda, mas no caso da Mariner, a causa principal de sua criação foi a verdadeira paixão pela pesca amadora. Como todo pescador precisa de um bom equipamento, estava lançado o desafio. Fabricar um ótimo molinete era a meta principal.



                                            Na linha de montagem: supervisão constante

Tudo começou na Presmac Fundição Sob Pressão Ltda. Seus diretores, Olimpio Cavalheiri e Alezio Cavalheiri (in memória), mais seus filhos Décio e Fioravanti, tinham pela pesca amadora a mesma paixão que só um pescador amador sabe explicar. Sua empresa, com 30 anos no mercado, lhes dava a segurança para todos os finais de semana poderem praticar a pesca amadora, tendo inclusive na época, por volta de 1969, formado uma equipe entre família, para a competição de pesca de praia, que recebeu o nome “Equipe Metralha”. Foi então, já que sua empresa fabricava peças técnicas em fundição, que surgiu a idéia de fabricar um molinete com alta tecnologia, “para competir com os melhores molinetes importados.” E, há três anos, nascia o Mariner 371. Para se ter uma idéia do cuidado nessa fabricação, o 371 tem cerca de 105 peças em seu conjunto e há três anos ele está à venda, tendo ótima aceitação no mercado. Um fato interessante a salientar é que quando os pescadores amadores começaram a ver o 371 nas lojas, achavam que era um molinete importado e “talvez” montado no Brasil. Porém na Expo 88, o Mariner foi exposto, inclusive sendo mostrado todo o processo de fabricação e moldes: tudo 100% nacional. No molinete original, ao longos destes três últimos anos, foram feitas diversas modificações, aprimorando ainda mais a qualidade do produto, sempre atendendo às exigências do mercado consumidor. 

Acabamento cuidadoso

Em dezembro de 1988, com todos animados pelo sucesso do 371, a empresa lança um novo molinete, desta feita o Mariner 771, sendo este de tamanho maior e para atender a um outro segmento de mercado. Aproveitando a experiência anterior, o modelo 771 já vem com itens bastantes modernos, com maior capacidade de linha, braço reversível e desarme do guia-linha manual e automático. E mais: segundo seus diretores, brevemente estará sendo lançado mais um novo modelo do Mariner. Uma boa notícia para o comprador Mariner é que todas as peças têm qualidade assegurada, pois além da assistência permanente, os molinetes Mariner têm 2 anos de garantia contra qualquer defeito de fabricação. Mas quem são esses dois jovens empresários, responsáveis pela fabricação desses equipamentos? Décio, 35 anos, paulistano da Vila Prudente, é casado, com dois filhos e tem na pescaria seu principal lazer. Formado em Engenharia Mecânica, tem como pesqueiros favoritos o rio Paraná, as praias e o canal do Casqueiro. Dourados, pintados e pacus que ainda restam no rio Paraná conhecem a sua técnica, e lógico, a eficiência dos seus Mariner. Pampos nas praias e robalos no canal também são testemunhas disso. Fioravanti, mais conhecido como Fiori, 37 anos, a exemplo do irmão também é formado em Engenharia Mecânica e acumula o curso de Administração de Empresas. Nascido também na Vila Prudente, diz que suas pescarias são as mesmas do seu irmão Décio, aliás, fazem-nas juntas, já que, como ele mesmo diz, “são pescarias familiares.” 

Fiori e Décio, diretores da Mariner
Como fabricantes de equipamentos para a pesca, esses dois irmãos fazem questão de ressaltar que a principal preocupação da Mariner é quanto a qualidade de seus produtos e principalmente a assistência técnica, pois segundo eles, “nenhum pescador amador será mal atendido em nossa empresa, pois para nós, isso é uma questão de honra”. Mágoas, é evidente que como todo empresário pescador, eles as têm. Meio ambiente mal cuidado, depredação e poluição são algumas citações imediatas. Alegria maior é saber que muitos hoje usam seus produtos e têm na qualidades deles, a proteção maior. Há três anos, portanto uma empresa bastante jovem a Mariner já conquistou o seu lugar de destaque entre uma boa parte do mercado, graças ao público consumidor e os revendedores de todo o Brasil. A Mariner hoje tem em seu quadro de funcional 110 empregados, que fabricam todas as peças do molinete, desde a injeção até o acabamento. A maior parte das peças dos molinetes são fabricados na própria empresa, a apenas uma minoria está sob a responsabilidade de alguns fornecedores externos. Cuidar pessoalmente de toda a linha de fabricação, acompanhando todo o processo de montagem é encargo pessoal dos irmãos Cavalheiri. E, finalizam, “nós vestimos a camisa da Mariner, desde o mais simples funcionário até nossa diretoria, pois para todos nós, o pescador amador é a pessoa mais importante do Brasil, merecendo todo nosso respeito e admiração.”
NOTA DA REDAÇÃO: Com certeza,  teria lugar garantido com seus produtos nas lojas e revendedores, já que se tratam de molinetes que ainda hoje poderiam estar sendo usados em nossas pescarias. E o melhor, com toda a garantia de fabricação e assistência técnica. 

Revista Aruanã Ed:15 publicada em Abril de 1990


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

MODALIDADE - ESPORTIVIDADE NO LIMITE










Ao fazer uma pescaria no Pantanal, é necessário precisar da cota do pescador? Para alguns sim, mas para outros pescadores não. Conheça um tipo de pescaria onde a esportividade é o mais importante.






A beleza do Salminus maxiloxus – O Rei do Rio








 Iscas de barbela 


Galhadas de margem 

Neste tipo de pescaria que vamos descrever, o peixe tem que ser o dourado, já que ele é um peixe bruto, grande, pesado e que pega muito bem em iscas artificiais. O material pode ser uma carretilha ou então um molinete de tamanho pequeno a médio, e a vara de pesca deverá ter no máximo 1,80 m de comprimento, sendo de ação média e com capacidade para suportar linhas entre 0.30 e 0.45 milímetros. Usaremos ainda um empate com um girador em uma ponta e um snap na outra; sua resistência pode ser de 12 quilos (ou 26 libras). A isca artificial deverá ser de tamanho médio, com aproximadamente 10 cm. É condição essencial que seja uma isca de barbela curta de meia água. Podemos citar até algumas marcas, e entre elas estarão com certeza Rapala, Red Fin e Bomber, além da mais recente em nosso mercado, a Yamashita. 


Dourado fisgado com uma Red Fin, brigando

O importante nessas iscas é que suportem garatéias de tamanho 1/0 ou 2/0 em número de duas, mesmo que para isso tenhamos que eliminar da isca original uma eventual terceira garatéia. É o caso da Red Fin 900, que vem com três garatéias, e nós utilizamos com apenas duas garatéias do tamanho citado, eliminando a terceira, pois desta forma elas não enroscam entre si. É importante que as garatéias sejam do tamanho mencionado (1/0 ou 2/0) e no mínimo três vezes mais fortes, pois só assim aguentarão a “bocada” do dourado. Estando com o equipamento montado, vamos à procura do peixe. Somente alguns locais chamarão nossa atenção, já que este tipo de pescaria é específico e diferente dos demais. Como disse um amigo nosso certa vez, parece que vai se “colhendo” os peixes, tal é a certeza da pescaria. 


Barranco

A melhor época é com o Pantanal cheio até a média vazante. Este tipo de pescaria pode ser feito em qualquer rio, grande ou pequeno. O importante é achar obstáculos no rio, tais como árvores caídas, pedras, curvas de barrancos, entrada e/ou saída de água nos campos, mas que tenham entre si uma coisa em comum: águas rápidas, pois é nelas que o dourado estará caçando. É muito simples achar-se esses locais, sendo a melhor maneira de localiza-los ir subindo o rio com o motor de popa em velocidade, marcando mentalmente os pontos bons para a pesca. Após subir uma distância onde já forem observados algumas opções, basta desligar o motor de popa, sempre acima do ponto das águas rápidas, e descer batendo a isca artificial.

Iscas Rapala com duas garatéias 

Dificilmente apoitaremos, a não ser que a galhada ou a entrada e/ou saída da água nos campos sejam extensas. Nesta caso apoitaremos, de preferência sempre em uma posição acima das corredeiras, para então darmos os lances. Nas imediações de uma grande galhada pode haver cinco dourados, mas em árvores caídas é mais comum achar apenas um ou dois peixes em cada local. Porém, o que importa é que, nesse tipo de pescaria, quando o peixe se encontra no local, não dá tempo nem para pensar, pois assim que a isca cair na água o dourado dá o bote. Nesse ponto é que começa a verdadeira esportividade, pois você lembrará que está com uma linha fina, uma vara média e uma carretilha ou molinete também pequeno – ou seja, não adianta dar uma fisgada “boa” na boca do peixe, pois a linha não vai aguentar o tranco. 


Corredeira de corixo 

O melhor a fazer é apenas dar uma “firmada” com a vara e tentar fazer com que o dourado perceba que está com uma garatéia na boca. A corrida dele será então para o meio do rio, dando imediatamente um pulo para tentar se livrar da isca. É nesse pulo que está o segredo coisa, já que, se ele não escapar nessa hora, dificilmente escapará depois, pois quando mergulha após o primeiro pulo, costuma dar fortes e violentas mordidas na isca, fazendo com que os anzóis o fisguem sozinhos. Se você estava a fim de uma “encrenca”, arrumou uma das boas, pois se o dourado tiver por exemplo, 5 quilos, com certeza você vai demorar uns 25 minutos para faze-lo cansar, e irá descer cerda de 500 metros rio abaixo. 

Localização do dourado 

Outras vezes – que não serão poucas - no primeiro pulo o peixe escapa, pois devido à delicadeza do material, não conseguimos fisga-lo. Mas o resultado compensa, já que onde houver uma água rápida e você jogar sua isca artificial, com certeza estará lá um dourado que fisgará no ato da queda da isca. A isca deve ser de barbela curta, já que às vezes ocorre que o dourado não fisgue imediatamente após o lançamento da isca, pois não estava no local onde a isca caiu. Porem, como o dourado encontra-se mas imediações da isca ele acabará por fisga-la, já que, com a correnteza do rio, a barbela da isca fará com que ela nade rapidamente, imitando uma isca natural. 


Pedras 

Aliás, o sucesso desses locais deve-se ao fato do dourado estar nessas águas rápidas caçando, e os pequenos peixes, ao subirem os rios, vencem essas águas rápidas com maior dificuldade. O dourado sabe disso e, “traiçoeiramente”, escolhe esses locais para sua fácil alimentação, sendo portanto encontrado com facilidade nesses locais. O pescador amador sabe disso, e “traiçoeiramente” vai ao encontro do dourado, porem, com maior esportividade. Vale a pena conferir esta modalidade.


NOTA DA REDAÇÃO: Com o advento dos multifilamentos, as linhas de baixa espessura, ganharam a preferência do pescador. Mas, como tudo não é perfeito, essas linhas tem menor resistência à abrasão, seja em árvores ou pedras.

Revista Aruanã Ed:57 publicada em junho de 1997

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - MABEL











Quem conhece a Mabel hoje, dificilmente acreditaria que essa enorme loja começou com 8 metros quadrados, dentro de uma sala, no quarto andar de um prédio. Esta é a história de Abel Câmara Martins, seu proprietário.





                            Publicidade da Mabel na época (foto da fachada da loja)
  

Se buscarmos um exemplo de integração de um homem com uma rua, sem dúvida alguma, Abel da Câmara Martins, proprietário da Mabel, pode e deve ser citado. Esse conhecido homem, do mercado lojista de caça e pesca, é um português de Açores – como ele mesmo diz “a ilha mais linda do mundo” – chegou ao Brasil no ano de 1951. Precisando trabalhar como todo imigrante pobre, casualmente o fez em uma loja de caça e pesca chamado o Caçador, na Rua Florêncio de Abreu, 581. Após dois anos de trabalho duro e muitas horas extraordinárias, pediu demissão e com o dinheiro ajuntado, somado a férias vencidas e mais indenizações, montou a sua primeira loja, que ocupava 8 metros quadrados, na mesma rua, só que agora no nº126 e imaginem no 4º nadar. Com a ajuda de sua esposa Maria Rosa começa então a Casa Mabel, cujo nome foi escolhido sendo uma junção dos dois nomes, e isto acontecia por volta do ano de 1954. Com muito trabalho e dedicação aos clientes, a Mabel foi crescendo. Passando a ocupar a sala inteira e logo depois 2 salas no mesmo andar para finalmente em 1963, “conseguir” abrir a loja, no nº 220 no andar térreo, agora com as portas diretas para a velha Florêncio de Abreu. Por volta de 1970, mudou-se definitivamente para o nº656, onde permanece até hoje.


   Abel da Câmara Martins 

A opção por loja de caça e pesca foi pura coincidência, e como o próprio Abel diz “se eu começasse a trabalhar em uma padaria, com certeza estaria até hoje, no mesmo ramo”. Mas um sentimento maior levou-o a procurar emprego em uma loja de caça e pesca, já que Abel se confessa pescador e caçador desde a infância, pois na “sua” ilha dos Açores, que tem apenas 100 quilômetros de extensão, sempre se pescou e caçou, continuando essa atividade até os dias de hoje. Daí ele não compreender como um país continente como o Brasil, a caça está proibida. De seu casamento com Maria Rosa teve duas filhas: Amélia, casada com Mauricio e Elvira casada com Ricardo. Hoje a Mabel tem 3.000 metros quadrados e toda a família trabalha na loja, somando-se a mais 110 outros empregados. Mas quem é o Abel da Câmara Martins? Pescador, faz suas saídas de pesca para o litoral, Pantanal, Solimões e Araguaia, tendo como lembrança maior um tucunaré de 9,8 quilos. Na caça sua paixão é a caçada de campo, com preferência para a perdiz, e isto mais se motiva pelo trabalho dos cães da raça Pointer, que ele mesmo cria em sua fazenda, onde tem alguns animais até hoje. Puxando da memória, lembra ainda de algumas caçadas na África, Portugal e Canadá, mas “nada se compara a caça de campo”, enfatiza ele, “pois nesse tipo de caça, há uma perfeita harmonia entre o homem e o cão, pois às vezes nem é preciso falar para que o animal, bem treinado, entenda seu dono”. 

Aspecto da Loja

Em Porto Feliz, onde fica localizada sua fazenda, tem outra paixão, e esta mais recente, que é a criação de cavalos árabes. Perguntado sobre alegrias e tristeza no ramo da caça e pesca, ele nos conta: “não há nada melhor do que o bate papo, principalmente após um fim de sema, com os pescadores contando suas aventuras. No entanto, o que mais tristeza me causa é saber que a caça em nosso pais e o que é pior, proíbe-se uma atividade onde quem faz as leis nada entende dela, pois compara-se um caçador amador, esportista, a por exemplo quem caça de arapucas, laços e outras armadilhas”. E ele continua: “segundo minha opinião, nada deveria ser proibido, mas sim regulamentado, com bases, estudos e pesquisas cientificas”. (NR: alguma semelhança com a opinião de muitos, depois de 37 anos?) Explicando o crescimento da Mabel, ele diz que hoje sua loja “vende desde um pequeno anzol para lambari, até embarcações de porte, com motores que variam de potência de 2 até 225 HP” e que “tal fato se deve ao crescimento da cidade de São Paulo”, pois quando começou em 1951, “esta cidade tinha apenas 1,5 milhões de habitantes e hoje é a maior cidade do Brasil”. A importação direta é outro sucesso da Mabel, pois além de vender no atacado e varejo, a Mabel representa diretamente a Mitchel, Zbeco, motores de popa Mariner, etc. Finalmente, Abel faz ao leitor da Aruanã um convite: “venham até nossa loja e veja se como pescador ou caçador, não irá ficar satisfeito com nossos preços e atendimento”.


Revista Aruanã Ed.14 publicado em 02/1990