sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - AO GAUCHO














Publicidade do Ao Gaúcho na época


Fundada há 65 anos, Ao Gaúcho é a mais antiga e tradicional casa no ramo de caça e pesca. Seu diretor, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, conta um pouco da história e mostra porque, em nosso segmento, a amizade e o bom atendimento são fatores mais importantes.


Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, diretor
Ao Gaúcho começou na rua Libero Badaró, nº43-A, no ano de 1925 onde ficou até 1950. A partir daí, mudou seu endereço para o atual, à av. São João nº 347, onde com 50 funcionários em suas diversas seções, funciona em prédio próprio. Seu fundador, Francisco Sprovieri, um imigrante italiano, começou a trabalhar nas Lojas Demeo, no setor de cutelaria. Com suas economias abriu então a loja Ao Gaucho. O nome foi escolhido, segundo Francisco, por ser bem brasileiro e em homenagem ao Rio Grande do Sul, pois esse era o estado que ele gostava e onde se praticava a caça amadora. Sozinho no começo e depois com a ajuda de um cunhado, mais o funcionário Benedito Godoy, na época com 12 anos e que trabalhou na loja exatamente 63 anos, hoje falecido, foi se firmando no comércio da caça e pesca. Vieram depois o Walter Sprovieri, seu filho e mais conhecido com “Chiquinho” e seu genro José dos Santos Rodrigues, que veio para “dar uma mão” na loja em 1958 e está nela até hoje. Casado com Dona Juracy Sprovieri Rodrigues, filha do fundador, tem como filho o atual diretor, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues. Já Marco Aurélio fez de tudo um pouco na loja: foi office-boy, balconista, caixa e “faz tudo”. Formado em Administração de empresas e com o falecimento do avô, em abril de 1974, assumiu definitivamente, junto com seu tio e pai, a administração da loja. Por sua tradição, a loja Ao Gaucho tem muita história para contar, como por exemplo de alguns clientes famosos, pescadores e caçadores, tais como Adhemar de Barros, Paulo Egydio Martins, Marcelo Miranda (atual governador de Mato Grosso do Sul), o ex-presidente Washington Luiz e o ator Tarcísio Meia. “A maior alegria neste ramo de negócios”, nos conta Marco Aurélio, “é trabalhar com caçadores, pescadores, campistas, etc”. Já sua maior tristeza foi o fechamento da caça, o que, na sua opinião, aconteceu pela má informação a respeito desse assunto. Poluição, pesca predatória, depredação do meio ambiente são outros assuntos lembrados.

Aspecto da loja
Marco Aurélio é fundador da ABC – Associação Brasileira de Caça, onde foi presidente duas vezes. Ele define a ABC como “uma força técnica e política”, e diz mais, “quem ataca a associação pressupõe que a caça é um fator de depredação”. E conclui: “no mundo todo, país onde a caça é permitida em moldes técnicos, tem melhores condições de meio ambiente; por outro lado, onde é proibida, são países que apresentam as piores condições de fauna e flora”. Caçador por convicção, Marco Aurélio gostava de caça de campo, de mato e de pelo. Codornas, perdizes, jaó e paca estão entre suas preferências. Na pesca, sua paixão é por iscas artificiais e entre os peixes destaca o dourado, tucunaré e tabarana. Seus pesqueiros preferidos são o Araguaia, rio Paraná, rio das Mortes, todo o Pantanal, além de Cananéia, Iguape, Bertioga e Ariri, onde o peixe principal é o robalo. Pedimos ao Marco Aurélio que encerrasse esta entrevista da maneira que achasse melhor e ele nos disse: “a pior coisa de nosso país é a incompreensão das pessoas do nosso ramo. Ninguém se preocupa realmente com o meio ambiente. Dias atrás fui ao Parque Nacional de Itatiaia, onde cobram Cr$120,00 à titulo de ingresso. Esse parque está completamente abandonado, e olhe que existem dentro dele 5 hotéis, que exploram o turismo e nada pagam para sua conservação”. Registrado como colecionador de armas, Marco Aurélio dia que hoje sua maior diversão é ficar manuseando suas armas, que um dia lhe serviram como instrumento de caça. “Isso é um absurdo”, conclui ele. Na sua coleção, destacamos armas como as Valmet, Savage, Ferlach, Winchester, Berreta e Boito. Os calibres variam entre 12 e 20. “Mas se Deus quiser, essa situação se reverterá”, diz ele, “já que eu e muita gente boa estamos trabalhando para mostrar que só com a ajuda de pescadores e caçadores, teremos um ambiente protegido e conservado”.

NOTA DA REDAÇÃO: Como de trata de história da pesca amadora em nosso país e devido a data de sua publicação original (1990) é conveniente atualizar as informações aqui prestadas.

Revista Aruanã Ed:18 publicada em outubro de 1990

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

ROTEIRO - PRAIA DE MASSAGUAÇU








O Brasil tem mais de 8 mil quilômetros de litoral. Nossas praias podem ser nominadas como praias rasas (com ondas) ou praias de tombo (sem ondas). Em qualquer uma delas o pescador amador pode praticar seu lazer. Aliás, conforme pesquisas, é a modalidade que reúne maior número de adeptos. E o verão, - apesar de que a piscosidade nas praias ser durante o ano todo – é a melhor época para sua prática. Mas e no inverno?

        
O pequeno cação


Massaguaçu, que em tupi-guarani significa “mata grande”, é uma praia de tombo localizada no litoral norte de São Paulo, mais precisamente no município de Caraguatatuba, que aliás também é um nome tupi-guarani cujo significado é: “o lugar de muitos caraguatás”. O caraguatá é uma planta espinhosa muito parecida na folhagem com o abacaxi, guardadas as proporções. O fruto aparece em cachos, na cor amarela, com bagos do tamanho de um tomate, e segundo a crença popular, é um excelente xarope contra a tosse. Dito tudo isso que nada tem a ver com a pesca, passamos então a mostrar mais este roteiro, que tem muito a oferecer aos pescadores amadores adeptos da pesca de praia. 

Nossas sugestões de pesqueiros

Para se chegar a Caraguatatuba, o melhor caminho é a via Dutra (São Paulo – Rio de Janeiro) até São José dos Campos, onde há sinalização para o litoral. São 184 km partindo da capital de São Paulo até a cidade citada, De Caraguatatuba até Massaguaçu são mais 15 km no sentido Ubatuba (norte). Essa praia é de tombo (sem ondas) e tem uma extensão de aproximadamente 5 km, totalmente aproveitáveis para a pesca. Em se estando na areia e olhando para o mar (veja o mapa da praia) podemos indicar quatro pesqueiros que sem dúvida alguma são os melhores de toda a praia. 

Corvina


Começamos citando o pesqueiro Capricórnio, que fica a esquerda, quase no fim da praia. Esse pesqueiro é fácil de localizar, já que fora, no mar, a uma distância de aproximada 400 m, existe uma laje de pedras, que durante as marés baixas mostra sua crista. O pesqueiro Serraria, que fica em frente a uma loja de materiais de construção, é outro ponto ideal, pois nesse local existe um valo profundo próximo da arrebentação. Cita-se ainda um outro bom ponto, situado entre o pesqueiro da Serraria e o Jundu Hotel, mais ou menos 200 m deste, e finalmente p pesqueiro do Jun Du Hotel, que vai desde a frente do hotel até 100 m à sua esquerda. 

Bagre e betara

Em Massaguaçu, como em qualquer praia de tombo, não é necessário entrar na água para dar o arremesso, pois além das ondas que quebram na areia com relativa violência, a profundidade aumenta de imediato logo a alguns metros. Em todas as praias, mesmo as de tombo, existem canais por onde transitam os cardumes de peixes, e é nesses locais que devemos jogar nossas iscas. Nas praias rasas, os canais são fáceis de se localizar. O mesmo não acontece nas praias de tombo, já que não há espuma das ondas para denuncia-los. O melhor a fazer para localiza-los é usar um chumbo de formato oliva ou gota e após o arremesso vir puxando lentamente com o molinete ou carretilha, tendo o cuidado de deixar a linha sempre esticada. 

                                   Da esquerda para a direita: Ubiraci, Edmur, Nelson, Vilma, Nilton (em pé)
                                                              Abaixo Francisco e Walter

O pescador ira perceber que, vez por outra, mesmo puxando lentamente, a linha ira afrouxar, denunciando que o chumbo caiu em uma depressão. Nesse local está o canal da praia ou tombo. É só calcular o que há de linha na água para depois jogar a isca com precisão nesse local. Uma outra boa dica em Massaguaçu é lançar a isca logo após a arrebentação, que será mais ou menos em uma faixa de 10 a 30 metros. Nesse canal é por onde transitam os robalos, principalmente nesse tipo de praia. O material mais usado para essa modalidade é o de categoria leve, composto por uma vara de aproximadamente 3.6 m, um líder de linha 0.35 ou 0.40 mm que preferencialmente tenha o comprimento da vara mais uma ou duas voltas no molinete ou carretilha (para garantir o arremesso) e linha mestra 0.20 mm. 

                                                  Resultado de uma pescaria

O chumbo será o de formato pirâmide, com peso variando entre 30 a 90 g, e os anzóis de pequeno a médio. Uma boa dica é usar duas varas, sendo uma “barra leve” e outra “barra pesada”. No segundo caso aumentaremos um pouco mais a bitola da linha mestra e a do líder, bem como o peso do chumbo, e os anzóis serão os de tamanho médio. A vara de ação pesada deverá ter o mesmo tamanho da outra ou ser um pouco maior e de ação mais dura. Segundo os companheiros de Massaguaçu, já foram fisgados nesta praia uma prejereba de 14 quilos e um robalo de 18 kg.




Um forte arremesso


A praia de tombo tem um desnível de 4 m da areia até a água e os melhores locais para se colocar as varas são facilmente identificáveis, pois com a ação das ondas formam-se pequenos morrinhos de areia aonde dificilmente a água chegará, garantindo nossa segurança pessoal e a do material de pesca. Durante a realização dessa matéria, pescamos várias espécies como robalo, corvina, betara, pampo, bagre, pequenos cações, parati barbudo, cocoroca e mais uma infinidade de pequenos peixes. As iscas que utilizamos foram principalmente o corrupto e o camarão. Será necessário levar essas iscas, pois em Massaguaçu, a praia é formada por areias grossas, e não existem corruptos. 


parati barbudo

A única isca que vimos na praia foram as tatuíras, que por sinal são também excelentes. No entanto, devido ao tombo das ondas, são difíceis de serem apanhadas. Conforme informações da equipe Caraguá, que nos deu apoio  para a realização dessa matéria, os peixes mais encontrados na pescarias em Massaguaçu são: betara, corvina, cação, pampo, arraia, galhudo, miraguaia, pescada amarela, ubarana e caratinga. Seguindo eles ainda, a melhor época para a pesca vai de dezembro a abril aproximadamente. A tranquilidade da pesca em praia de tombo é muito grande, já que o pescador poderá pescar até sentado e embaixo de um guarda sol, pois a água do mar não chega até onde se está e os arremessos são feitos sem a necessidade de se entrar na água. 

Arrebentação próxima da praia

Ouvimos de um pescador amador uma boa definição, que explica melhor do que qualquer outra coisa que queremos dizer: “Em Massaguaçu dá para pescar até de terno e gravata”.

Robalo 

NOTA DA REDAÇÃO: Essa pescaria feita em Massaguaçu serviu, como matéria para a Revista Aruanã e a aproveitamos para filmar e inseri-la em nosso vídeo Pescando com a Aruanã – Pesca de Praia. Nesse vídeo mostramos também a pesca feita em praias rasas e com todas as dicas para este tipo de praia. Podemos afirmar, por estatísticas da própria Aruanã que, o segmento pesca de praia é aquele que reúne mais adeptos no Brasil e a única indicação que temos é devido ser essa preferência, a extensão de nosso litoral com mais de 8.000 km, com várias praias de tombo ou rasas.

Revista Aruanã Ed:37 publicada em 12/1993



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

EQUIPAMENTO - TRANSPORTE SEU BARCO









O barco é encaixado por meio dos “racks” - Rural Willys original. Detalhe da placa


Liberdade.
Essa é a sensação do pescador amador quando adquire um barco para suas pescarias. Ir onde quiser pescar como quiser, sem precisar pedir favor a ninguém é muito bom. No entanto, levar o barco até o local da pescaria pode ser um problema, se não respeitarmos algumas normas básicas, sendo a principal delas a segurança na viagem.
Vamos aos detalhes...




O formato do fundo do barco determina o tipo de carreta

Não sei se o pescador amador já percebeu, mas os melhores locais de pesca geralmente não têm infraestrutura nenhuma para atender aos nossos anseios de pescaria. E isto sem dizer que, quando se está desembarcado de um lado do rio, represas ou mesmo na praia, nossos olhos sempre se voltam para o outro lado e nossa mente insiste em nos dizer que “lá longe” o lugar é muito melhor para pescar. De posse de um barco, evidentemente pescaremos em qualquer lugar, tanto do lado de cá, como do lado de lá ou, se preferirem, até no meio. Mas como levar um barco com toda a segurança até nosso local de pesca, seja ele a que distância for? Para transportar um barco com segurança, somente duas opções serão válidas: a primeira é leva-lo sobre o carro, e a segunda é utilizar-se de uma carreta.
                                         EM CIMA DO CARRO
Levar um barco em cima de um automóvel não é difícil, logicamente dependendo do tamanho dele. Para fazer isso com segurança absoluta, o pescador deverá adquirir dois suportes especiais, também chamados de “racks”, firmes e seguros. Esses suportes – que nada mais são do que duas peças de alumínio ou outro metal qualquer, encaixadas e apertadas por meio de “borboletas” nas calhas laterais do carro, dependendo do tamanho e do peso do barco – devem ser firmes e resistentes. 

O carro de reportagem da Aruanã trabalhando na praia

Devem ser – e aqui leva-se em consideração o tamanho do carro – de maneira que o barco fique equilibrado sobre eles, sem pender para frente ou para trás. A altura permitida para esse tipo de volume é de 70 cm acima do teto do carro, e tanto a frente como atrás do carro, o volume não deverá ultrapassar 1 metro. Tem lei especifica a respeito. Aliás, quando em viagem, amarre um pano vermelho na parte traseira do barco, que obrigatoriamente deverá ir de cabeça para baixo e sempre com a proa voltada para a frente do carro. O passo seguinte, após colocar-se o barco na posição, é o fator mais importante na segurança, ou seja, a amarração. Primeiro amarre o barco junto aos dois suportes, e para essa tarefa, o melhor material são as câmaras de ar de bicicletas. Procure amarrar com a câmara dupla, tendo o cuidado de não deixar frouxo, e nem muito esticado. Feito isso, amarre a proa do barco com uma corda, de preferência de nylon, vindo desde o barco até o para-choque do veículo. Não estique demais, senão a popa do barco irá levantar. Amarre firme com uma ou duas voltas, no limite da posição normal do barco em cima dos suportes. Na parte traseira do carro, utilize novamente as câmaras de ar de bicicletas ou cordas, usando duas neste caso, já que normalmente todos os barcos de alumínio possuem duas manoplas. Amarre uma câmara em cada manopla e passe, esticando razoavelmente, pelos para-choques do carro. Pronto, seu barco viajará corretamente, firme e seguro. Durante a viagem, de quando em vez, ao parar em um cafezinho, aproveite para dar uma “geral” nas borboletas de aperto do suporte. Elas costumam se soltar gradativamente, daí a importância de se observar esse conselho. Finalizando, respeitar os limites de velocidade da estrada, levando em conta o fato de estar transportando uma carga alta, é recomendável, principalmente tendo o cuidado para fazer as curvas. 

As carretas usadas nas aventuras

As amarras de corda e as câmaras de ar também devem ser verificadas ocasionalmente. Como dica final, é sempre bom levar mais câmaras de ar de reserva.
                                            USANDO A CARRETA
A segunda opção é a utilização da carreta, criada exclusivamente para essa finalidade. Porém, antes de sua confecção ou de sua compra, devemos observar qual será o tipo de barco a ser transportado, principalmente pelas características do fundo do mesmo, que tanto pode ser chato como em forma de “V” ou quilha. Uma carreta de barco poderá ser de madeira ou ferro, e a escolha dependerá da vontade do pescador, já que ambas têm praticamente o mesmo peso. De construção simples, pois nada mais é do que um chassi com um ou dois eixos, esse equipamento apresenta algumas variações em sua estrutura onde o barco será apoiado e o sistema de suspensão, que pode ser de molas ou amortecedores, ou até mesmo os dois juntos. A amarração de um barco à carreta também é tarefa simples, mas que deve ser feita com cuidado e perfeição. Novamente as câmaras de ar poderão ser usadas no meio do barco, porém, tanto na popa como na proa, usam-se cordas, para maior segurança. Aqui uma dica: quando amarrar o barco na carreta, não force demais as cordas, já que tal ação costuma danificar ou mesmo entortar o barco, principalmente se ele for de alumínio, que hoje é a grande maioria. Ao sair da fábrica, a carreta deverá vir com toda a sua documentação em ordem, tal como certificado de propriedade, placas e seguro. Em sua traseira haverá um para-choque, onde as luzes de pisca, lanterna e freio devem estar em perfeito funcionamento. O transporte da carreta pelo carro é feito através de um engate no auto e um plug na parte elétrica do mesmo. Esse plug é uma peça que deverá ser verificada periodicamente, assim como toda a fiação e lâmpadas existes na carreta. Em viagem, é aconselhável levar-se um estepe e lâmpadas sobressalentes para a carreta. 

Carreta de alumínio da Levefort – Até hoje insuperável 

Como se vê, tanto um como com outro equipamento fica bastante fácil transportar o barco. A vantagem maior fica com a carreta, pois nela, além do barco, podemos levar também uma boa parte da carga, o que deixa o veículo com muito mais espaço. É também um pouco mais complicado manobrar com a carreta, porém com um pouco de prática, essa tarefa também se torna rotina. No trajeto com um barco na carreta, é sempre conveniente colocar, além do pino que trava a carreta no engate, um outro tipo qualquer de segurança extra, tal como uma corda ou uma corrente e cadeado. Finalmente quando se pesca no mar e entra-se com a carreta dentro da água, será necessário fazer-se uma manutenção periódica, bem como a lavagem e lubrificação. Aí está portanto, pescador amador, duas opções que você tem para carregar seu barco com toda a segurança e poder pescar onde quiser, desfrutando do sentimento de liberdade descrito no início desta matéria.


NOTA DA REDAÇÃO: Todos as dicas aqui dadas referentes à amarração, são usadas pela equipe Aruanã em nossas viagens de reportagens, algumas com centenas de quilômetros. Nunca, em tempo algum, tivemos qualquer problema com essas dicas. Quando nos referimos as “câmaras de ar”, as mesmas podem ser as de bicicleta, que aliás tem em diversos tamanhos nas borracharias. As usadas, além de mais baratas, tem a mesma utilidade e segurança. E um outro item que nos deixa saudades – já que parece que não estão mais sendo fabricadas – são as carretas da Levefort, todas em alumínio, sem nenhum parafuso, já que eram soldadas o que as tornavam a melhor de todas as carretas fabricadas e em qualquer tempo.

Revista Aruanã Ed:13 publicada em 12/1989

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - CASA LAMBARI













Riacho Grande é um bairro de São Bernardo do Campo. A 30 quilômetros de São Paulo, é muito procurado pelos pescadores, que gostam de comprar lá seus materiais de pesca, pois – dizem eles – os preços são melhores. Nessa afirmação, com certeza, existe muito da Casa Lambari, este tradicional estabelecimento do ramo de caça, pesca e náutica.



Publicidade da Casa Lambari na época




Fachada da loja
Fundada há 11 anos, a Casa Lambari ocupa hoje um espaço de 600 m2 à rua Rio Acima, 314/320. Estabelecida em prédio próprio e com 25 funcionários para atender seus clientes, está situada em um ponto estratégico, pois o Riacho Grande, às margens da represa Billings, em finais de semana, chega a receber 30.000 pescadores amadores, que ainda desfrutam da pesca, principalmente da tilápia, em suas margens. Seu proprietário, João Álvaro Junqueira, pode ser considerado, apesar da pouca idade (31 anos), como um dos maiores vendedores de artigos de pesca. Paulistano, “da avenida Paulista”, como ele mesmo diz, tem como fator principal de sucesso de sua loja, vender mais barato e principalmente manter o bom atendimento que é seu sistema de trabalho, o qual ele mesmo faz questão de dirigir. Diz ele: “nosso principal objetivo foi mudar a mentalidade dos pescadores amadores que aqui vinham e após olhar nossos artigos, diziam que em São Paulo, tudo era mais barato. Partindo dessa premissa, mudamos nossa filosofia e começamos a fazer concorrência direta, em termos de preço e qualidade, com as maiores lojas de São Paulo. Hoje dificilmente alguém em todo o Brasil, tem melhores preços e condições de pagamento do que nós”. “Tanto isso é verdade”, diz ele, “que dificilmente algum cliente nosso, deixa nosso estabelecimento sem fazer um bom negócio”.

João Álvaro Junqueira, diretor 

Quem visita a Casa Lambari, vai ver um comércio no mínimo interessante, pois a loja funciona todos os dias, inclusive sábado e domingo, vendendo os artigos de caça, pesca, náutica, camping e até iscas vivas, como minhocas, lavras, e outras com nome como “brigite” e “bragato”, além da tradicional erva doce, milho verde e quirera de milho. Perguntamos o porquê do nome de sua loja e João responde rápido: “porque o lambari, apesar de pequeno, é um peixe muito importante em todos os cursos d’água do Brasil, é de excelente sabor e tem em sua pesca uma verdadeira obra de arte. Esse é o princípio do nome, pequeno mas de vital importância” concluiu ele. Evidente está que João Álvaro de Junqueira é também pescador amador inveterado e tem como principal pesqueiro os rios de Mato Grosso onde tem uma fazenda na região de Barra do Bugre e, agora a boa notícia, está construindo um pesqueiro para atender aos pescadores e que começará a funcionar brevemente. Seu peixe preferido para pescar, além do lambari, é lógico, é a piraputanga. Com a maior alegria, João cita o seu trabalho junto ao pescador amador, pois segundo ele, é um ramo de negócio onde além de tudo se faz bons e duradouros amigos. Já as tristezas maiores são o fechamento da caça amadora em nosso país e a crescente poluição na represa Billings. Mas João Álvaro Junqueira tem mais a dizer, e seu recado é para as indústrias de equipamentos ligados à pesca, caça e náutica: “seria preciso, “diz ele”, que nossas indústrias tentassem fazer seus produtos com preços mais acessíveis, pois só assim teríamos um giro maior e grande parte dos nossos pescadores poderiam comprar mais e melhor”. Para finalizar, ele faz um desafio aos pescadores amadores de todo o Brasil: “se você quiser comprar qualquer material de caça, pesca, motores de popa, armas, etc, entre em contato conosco e veja se nossos preços não serão especiais aos leitores da Revista Aruanã. Com certeza vamos realizar o seu sonho”, finaliza ele.

O endereço da Casa Lambari é rua Rio Acima, 314/320 – Riacho Grande – São Bernardo do Campo – SP – CEP 09830 tels: (011) 443-6534, 451-9145 e 451-9168.

(NOTA DA REDAÇÃO: Estes dados de endereços e telefones devem ser atualizados.)




Revista Aruanã:  - Ed:16 publicada em junho de 1990

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

DICA - PRECISÃO NO ARREMESSO














Em todas as modalidades de pesca, com exceção da de fundo, a precisão do arremesso chega a ser fator predominante para um bom resultado. Colocar a isca, seja natural ou artificial, onde se queira, não é difícil, basta apenas saber algumas dicas e ter um pouco de prática. Arme seu equipamento e arremesse conosco.




Galhadas submersas

Em uma pescaria, seja no mar ou em água doce, o pescador amador, com o tempo, vai percebendo que apesar de tudo ser água, os peixes estão em determinados locais característicos de cada espécie, e quanto mais perto desses locais ele colocar sua isca, as chances serão sempre maiores. Evidente está que em uma pescaria de fundo. No mar, ou em uma pescaria de rodada, em rio ou mesmo no mar, não será preciso ter-se precisão de arremesso, já que em ambas modalidades, é só descer a isca e deixar que o peixe morda. No entanto, nas outras modalidades, a precisão do arremesso é muito importante e quem coloca a isca onde quer, com certeza terá maiores resultados traduzidos em ação dos peixes. Podemos citar o seguinte exemplo: pescando robalos, sabemos que essa espécie gosta muito de ficar entre galhadas submersas, com pontas aflorando a superfície. Nessa hipotética galhada há uma abertura de mais ou menos 4 metros de comprimento, bem perto da margem. Digamos que estamos pescando com camarão vivo e com bóia. Se ficarmos arremessando na frente da galhada, com certeza nossas chances serão menores do que se conseguirmos enfiar na abertura da galhada, lá bem perto do barranco ou mangue do rio. Outro exemplo são os canais de praia. Se jogarmos nossa isca fora do canal, nossas chances diminuirão sensivelmente. Já colocar a isca no meio do canal é sucesso garantido. Estes dois exemplos só foram mencionados para que o leitor use de sua imaginação e veja no seu tipo de pescaria, a relação que existe entre precisão/sucesso. 

Arremessos com molinete

A bem da verdade, devemos dizer que existem duas formas de se arremessar com precisão. A primeira delas é aquela em que o pescador calcula com exatidão o peso da isca, mais chumbada e empate e joga “para chegar”. A outra é aquela em que l pescador joga a isca sempre para passar do ponto, ou seja, com mais força do que seria necessário para chegar e visualmente quando chega a hora, “brecar” a isca no ponto desejado. Particularmente preferimos essa segunda opção, pois além de mais rápida é muito mais precisa. Explicando a motivo da precisão e a força do arremesso, duas novas regras são básicas e devem ser explicadas, Referem-se ao tipo de equipamento usado, molinete ou carretilha.
                                                   
                                                      MOLINETE

Para arremessar com precisão neste equipamento, proceda as seguinte maneira: deixe a isca mais ou menos a 20 ou 30 cm da ponta da vara. Quando dizemos isca, estamos nos referindo ao ponto máximo que o empate ou chumbo permita chegar a ponta da vara. Feito isso, procure deixar o carretel do molinete o mais para fora possível (carretel interno). Nos molinetes de carretel externo essa preocupação não existe. O guia da linha deverá estar alinhado na chamada posição seis horas, junto à vara. Com o dedo indicador, puxe a linha para dentro e com a outra mão, liberte o guia linha. Segure firme e com a vara por cima da cabeça ou do lado excute o lance. Para brecar a saída da linha e parar o arremesso basta apenas esticar o dedo indicador (o mesmo que segurou a linha) e encostar firmemente no carretel do equipamento.

Arremessos com carretilha

Pronto, o lance foi “brecado” imediatamente e se o cálculo visual foi correto, a isca cairá no local escolhido.
                                                 CARRETILHA

A exemplo do molinete, a isca devera estar à mesma distância da ponta da vara. Com o dedo polegar, pressione o carretel da linha. Com a outra mão, libere o mesmo carretel. Em modelos novos, o mesmo dedo, na hora de pressionar o carretel, aperta um botão e libera automaticamente a saída da linha. Olhe para o local do arremesso. Determine a força e com a vara por cima da cabeça execute o arremesso. Após o arremesso, aponte a vara para o local pré-determinado do lance e visualmente acompanhe a isca até a hora de brecar a saída da linha, o que deverá ser feito com o mesmo polegar. Com a prática adquirida no arremesso, os mesmos podem ser por cima, pelo lado direito ou esquerdo ou mesmo a frente e por baixo junto a água. Pode parecer difícil a princípio fazer esse tipo de lance, mas com um pouco de treino, conseguiremos colocar a isca onde quisermos. Algumas dicas também são importantes e devem ser citadas, já que a vara é fator predominante para um bom arremesso, tanto na flexibilidade, como no peso e também no comprimento, e isto sem falar na linha, já que a regra para este caso é a seguinte: linha fina – melhor arremesso; linha mais grossa menor precisão de arremesso. 



Diversas posições de arremessos

Com uma vara mais dura, o balanceamento da isca na hora do arremesso é mais preciso. Já com a vara mais flexível, é necessário fazer um balanceamento com o braço para o arremesso e não tão preciso. Finalmente, seguindo essas pequenas dicas e regras básicas, o pescador amador conseguirá, com bastante treino colocar a isca, seja ela natural ou artificial onde queira. E nessa hora, conseguirá perceber que “de repente”, sua pescaria além de mais técnica, começará a render muito mais, além da satisfação pessoal de estar fazendo de seu esporte/lazer algo de muito técnico e preciso.

NOTA DA REDAÇÃO: Foram muitos os pescadores que frequentavam a nossa loja, que aprenderam a arremessar corretamente e com precisão, tanto o molinete como a carretilha. Uma outra curiosidade é quando esse mesmo pescador vinha comprar seus molinetes e por acaso, dizia que não queria carretilha nem de presente. A esses, nossa resposta era a seguinte: “caso a sua inteligência seja média, você conseguira arremessar com uma carretilha em menos de 15 minutos”. Diante de não acreditar nisso, nós convidávamos esse pescador para vir aos sábados em nossa loja – que tinha um extenso espaço na frente da loja – e ali explicávamos e mostrávamos como arremessar com a carretilha. Dificilmente o pescador sairia da nossa loja, sem estar arremessando razoavelmente. Comprar ou não uma carretilha era uma opção totalmente sua.

Revista Aruanã Ed14 publicada em 02/1990

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

DEPOIMENTO - O PESCADOR NOUBAR GAZARIAN (IN MEMORIAM )









      Noubar Gazarian

Era mais uma reportagem para a Revista Aruanã como tantas outras. Só que esta nos dá saudades, pelas histórias que dela se originaram. Vou contar uma delas e infelizmente o protagonista já não se encontra mais entre nós, pois está pescando em rios no céu. Faço aqui esta homenagem ao companheiro de pesca.


                                          Equipe Aruanã. Da esquerda para a direita Noubar, Padilha, Mauro 

Resolvemos acampar as margens do Arinos para passar a noite. Não utilizamos as barracas, mas somente redes de dormir, já que nessa região não se encontra nenhum inseto que venha a perturbar o pescador amador, durante à noite por causa do frio (cerca de 14 graus). O primeiro fato pitoresco desta aventura iria acontecer nesse acampamento, já que o Noubar nunca havia acampado dessa forma. A primeira pergunta dele foi sobre a “possível” visita de alguma onça ao acampamento e como não poderia deixar de ser, várias estórias sobre onças foram contadas. Sugerimos acender uma fogueira, e quem catou mais lenha foi o Noubar. Pelo tamanho, parecia uma fogueira de festa junina, e até a hora de dormir, as chamas foram constantemente alimentadas de lenha pelo Noubar. Propositalmente armamos sua rede bem perto do mato. Ou seja, qualquer “coisa” que viesse do mato para o rio, encontraria fatalmente a rede do Noubar em primeiro lugar. Aqui um parênteses: na noite anterior havíamos percebido que o Noubar era um “roncador” dos bons. Por volta das 21:00h, já estávamos todos nas redes. À noite faz frio, o que nos obriga a usar cobertores. 

                                         As borboletas nas praias do rio Arinos

Estranhamente não ouvimos uma só vez o Noubar roncar. A hora certa de acordar no acampamento é por volta das 6:00h, pois é o horário em que o sol começa a nascer. Mas, desde as 4:00h, nosso amigo já estava acordado. Fez café, e quando acordamos ele já estava dentro do barco, pronto para pescar. Tomando café, ele contou que durante a noite havia percebido “passos silenciosos” rondando sua rede e chegou a jurar que era um “bicho”, tendo o tal inclusive “bufado” bem embaixo da rede. Segundo o Noubar, o tal bicho rodeou sua rede e chegou bem perto. Ele ia levantar e dar um tiro no “tal bicho” e mostrou sua arma: um revolver calibre 22 de um tiro. Mas, como o bicho fugiu ele deixou quieto. Só que ninguém no acampamento ouviu nada. Essa estória rendeu comentários o dia todo. Saudades companheiro, pois já se encontra pescando no céu.


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