segunda-feira, 31 de outubro de 2016

ESPECIAL - A ULTIMA RESSACA DE OUTUBRO 2016







Ilha Comprida





Ilha Comprida estrada Ponta da Praia Boqueirão Norte
Nos últimos dias de outubro de 2016, uma triste lembrança vai marcar esta data para sempre em nossa memória. Uma ressaca forte fez diversos estragos em todas as cidades ao longo do litoral paulista. Desde Bertioga até Ilha Comprida, foram casas, outras construções, ruas, estradas e bairros inteiros destruídos ou parcialmente danificados pelo mar ressacado. É muito fácil prever a data de uma ressaca e, para isso, não precisamos de nenhum “poder especial”, seja uma bola de cristal, baralho de cartas comuns ou de tarô, mediunidade ou mágica. Basta apenas olhar a Tábua das Marés, publicada pela Marinha do Brasil e com um mínimo de conhecimento prever as datas que isso “pode” acontecer. Quando citamos o verbo poder, significa que, para acontecer uma ressaca, teremos que ter alguns fatores patrocinados pelo nosso Oceano Atlântico.  O mar deve estar ‘virado’, com ondas fortes e grandes, ventos fortes de sul/sudeste, ou seja, do mar para o continente e teremos então as ressacas fazendo estragos em nossas cidades. E acrescentando ainda que se vier acompanhado com chuvas fortes e perto de cidades que tenham rios com sua foz perto, a coisa fica ainda mais preta, já que com certeza, vários bairros serão alagados e a população mais carente - sempre ela – será prejudicada.


A mesma estrada vista por outro ângulo
É o preço que pagamos por morarmos no litoral de nosso estado de São Paulo. É normal na previsão de tempo, ouvirmos boletins anunciando ondas de 3 ou 6 metros, com a Marinha emitindo avisos de navegação perigosa às pequenas embarcações. Evidente está que a altura das ondas nas praias não será desse porte, pois a rasura das delas não permite esse tamanho. Mas se as ondas perdem em altura, ganham em velocidade e força, varrendo fortemente a praia e invadindo espaços não antes ocupados. E, o que estiver pelo caminho, irá sofrer as consequências desastrosas dessa obra da natureza.
Vamos então mostrar as datas que isso pode acontecer no mês de novembro/dezembro em curso: do dia 10 ao dia 16/11 e do dia 27 ao dia 03/12. Nos outros dias do mês, as marés atingem alturas pequenas e com isso as ressacas, mesmo que ocorram, serão de menor intensidade. Essas datas se referem somente ao mês de novembro, já que para o mês de dezembro elas são diferentes. No primeiro período citado a lua é cheia e no outro será lua nova. Só nos restar torcer para que o mar fique calmo e a Defesa Civil, no caso de mar bravio, conseguir retirar pessoas das áreas de risco, já que nada podemos fazer para evitar as ressacas, a não ser prevenir a população.

sábado, 29 de outubro de 2016

FOLCLORE BRASILEIRO - O PEIXE DE OLHOS DE FOGO










Em vários pontos do litoral do Brasil acredita-se nesta lenda, e quando as pescarias dos caiçaras tornam-se inexplicavelmente improdutivas, ele é sempre lembrado: “é preciso apagar o fogo dos olhos do peixe de olhos de fogo”.






Diz a lenda que o peixe de olhos de fogo mora há milhares de anos numa caverna próxima do mar, e a população das proximidades, ao ir aumentando e precisar dos peixes e frutos do mar para seu sustento, acaba despertando sua ira. Então o monstro sai da gruta, não deixa o mar dar peixes, vira os barcos e engole os pescadores. Não deixa ninguém entrar no mar. A coisa chega a tal ponto que as pessoas ficam arriscadas a morrer de fome. Certa vez, um rapaz, vendo a fome e o medo assolarem seu povo, resolveu ao encontro do tal peixe encantado, e tratou de encontrar a gruta. Cada vez que o peixe surgia, ele observava a direção tomada pelo monstro ao voltar. Pouco a pouco, foi se aproximando de uns morros não muito longe dali. Certo dia, sentado em um desses morros, o rapaz, que se chamava Pedro, viu o monstro surgir lá longe, com os olhos faiscando. Foi chegando, chegando e sumiu no morro onde Pedro estava. Então era ali o esconderijo! Dentro da caverna havia mais água do que terra. Pedro ficou próximo ao peixe e tratou de ficar o mais quieto possível. Percebeu que o monstro estava dormindo, pois esse peixe pode fechar os olhos. Procurou o lugar mais alto da gruta e ficou à espera. Passado algum tempo, o peixe acordou, e grandes chamas começaram a sair de seus olhos. Quando percebeu que havia um homem na gruta, fez de tudo para engoli-lo. Vendo que não conseguia, pois o rapaz estava num lugar alto, o peixe disse – O que você veio fazer em minha gruta? – Vim pedir para nos deixar em paz? – Em paz? Vocês é que invadem meus domínios e ainda vêm me pedir paz? O mar me pertence, e eu não permito ninguém nele! – Mas vamos morrer de fome? E os velhos, mulheres e crianças? Tenha pena de nós! – Ter pena? Nem sonhando. Pois que morram, e o quanto mais rápido melhor! Pedro não suportando mais o calor provocado pelo fogo dos olhos do peixe, disse que desejava sair. O monstro, furioso aumentou as labaredas dos olhos e disse: - Daqui não sairá mais! Vou assá-lo como um peixe e depois vou engoli-lo. A esta altura, Pedro já se sentia quase desmaiado, mas como não podia desanimar-se e, sendo um grande observador, havia notado que o peixe tomava muito cuidado para evitar que a água molhasse seus olhos, sempre se desviando das ondas. O rapaz então atirou-se na água, fazendo que uma grande onda se formasse e atingisse os olhos do peixe, apagando as chamas. – Você me cegou! – exclamou o monstro furioso – Agora terei que esperar cem anos para que meus olhos se acendam de novo. Pedro, aproveitando a cegueira do monstro, tratou de sair depressa da gruta. No dia seguinte, a pesca foi farta e o povoado estava em festa. Cem anos depois, o peixe voltou e as desgraças voltaram a acontecer. Só que desta vez, ele não aparecia, com medo que apagassem seus olhos. Foi preciso que outro jovem fosse enfrentá-lo na caverna. E assim, de cem em cem anos, ele volta sempre para prejudicar os pescadores e seu povo, até que alguém o enfrente. Porém ele nunca mais se deixou ver...

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - MANDI BANDEIRA














Pertencendo a família dos Pimelodidae – aliás como a maioria dos chamados “bagres” – este peixe pode e deve ser assim classificado.








Sob a classificação popular de mandi vamos encontrar facilmente mais de 40 peixes. Porém no caso do mandi-bandeira, sua classificação pode ser exata, já que seu nome vulgar o descreve de maneira simples e objetiva, não restando então duvida do seu tipo. Esse peixe, cujo colorido é esverdeado, tem a sua nadadeira dorsal bem alta, em forma de leque, com muitas manchas arredondadas. Encontram-se também essas manchas nas nadadeiras adiposa e caudal. Uma outra curiosidade do mandi-bandeira é que seus barbilhões maxilares são muito compridos e chegam a atingir a ponta de sua cauda, que é bifurcada. Sua carne é de excelente sabor, principalmente quando feita ensopada. Na sua pesca, tem os mesmos hábitos dos peixes de sua espécie e assim sendo, serão as melhores iscas os pequenos peixes, as minhocas, as tuviras e até mesmo miúdos de frango e boi, tais como coração, fígado e até tripas. Por essa razão é que costuma ser fisgado, por exemplo, quando o pescador amador está pescando outros peixes como o pintado, seja apoitado ou mesmo de rodada nos poços profundos. Uma outra característica dessa espécie é que, quando transformado em isca para outros peixes, também é excelente, principalmente na pesca de jaús, pintados e dourados. Neste caso é comum, mas não necessário tirar-se os ferrões, para poder isca-lo com maior segurança e facilidade. Os locais mais comuns para fisgar-se esta espécie são os poços profundos, corixos e locais de pedra, onde existam corredeiras e poços de média profundidade. Aliás, os sinônimos de seu nome, conhecidos em todo o Brasil, atestam seus locais preferidos, pois além do nome “peixe-preto” é também conhecido como “mandi-de-pedra. Sua distribuição geográfica é extensa e pode ser encontrado em rios da Bacia Amazônica e Bacia do Prata, sendo que nesta ultima, pode ser citado o rio Paraguai. Quando fisgado, o mandi-bandeira briga muito pouco e talvez essa particularidade seja por causa de seu tamanho, que atinge no máximo 60 centímetros. Sua puxada é relativamente forte, e o melhor material para pescar esta espécie pode ser descrito como leve, composto de vara e carretilha ou molinete, linha 0,30mm a 0,35mm, chumbada oliva de até 50 gramas ou mais (dependendo da correnteza do local), um pequeno encastoado de aço (não só por sua causa, que não tem dentes) e anzol 1/0. Costuma andar em cardumes e, em se achando um bom poço onde sua presença é garantida, pode ser pescado com vários equipamentos ao mesmo tempo, pois costuma mudar com frequência de locais, devendo o pescador aproveitar os momentos do encontro do peixe com sua isca.

domingo, 23 de outubro de 2016

ESPECIAL - É PROIBIDO PROIBIR









Está mais do que na hora de sabermos quem somos nós, pescadores amadores, dentro do cenário de um país chamado Brasil. Qual é a nossa participação dentro desse cenário? Somos reconhecidos como cidadãos, ou seja, povo, para as autoridades de meio ambiente? Nossa presença dentro do segmento pesca é de lazer ou esporte? Finalmente quais são nossos deveres e direitos?





LPA – Licença de pesca amadora –






Pescador amador                                                                                                             



Podemos começar pelo mais óbvio e de conhecimento geral: fomos divididos, dentro do segmento pesca, em duas categorias: pescador amador desembarcado e embarcado. Para exercer o direito de nos enquadrar em qualquer uma das duas categorias, temos que pagar uma taxa a titulo de licença, para pescar em águas interiores ou no mar. Aqui já começa a complicar, pois a categoria desembarcada só pode ser feita com os pés no chão. Já a embarcada, que a bem da verdade é a mais cara, podemos pescar “desembarcado” ou em qualquer tipo de embarcação, seja na mais simples canoa ou em um caro, luxuoso e potente iate transatlântico, com a potência que quisermos, aliado ao luxo de verdadeiros marajás.
O valor da taxa anual hoje é estabelecido em R$ 20,00 para pesca desembarcada e R$ 60,00 para pesca embarcada. Para obter a licença denominada LPA - LICENÇA DE PESCA AMADORA, basta recolher a taxa anual estabelecida pelo Ibama, em ficha de compensação bancária anexada à LPA, encontrada em qualquer agência do Banco do Brasil.

Neste ponto de nossa postagem, já que queremos ser entendido por todos, vamos usar o nosso velho e bom dicionário da Língua Portuguesa, para saber o significado de taxa. A mais simples e direta resposta a este substantivo feminino é a que diz:       

  1.Imposto, tributo.

2.Tributo que corresponde a um serviço prestado ao contribuinte (como a coleta de lixo) 

3.Preço cobrado por certos serviços; tarifa.

4.Razão entre duas grandezas; proporção.
(Obrigado Aurélio. Deus lhe pague)

A “cara de pau” do pessoal do Ibama é tão grande que a primeira frase que se lê, no formulário da licença é “ os recursos arrecadados pelo IBAMA destinam-se à conservação da natureza.” Onde?

Pronto, gostei mais da frase 2ª, apesar de que a 3ª também é boa. “Tributo que corresponde a um serviço prestado ao contribuinte? E, preço cobrado por certos serviços; tarifa”. Vamos investigar para saber qual é o serviço que recebemos em troca desse pagamento e quem é que o presta. Vamos em frente para chegarmos a um entendimento, buscando mais explicações, já que as coisas começaram a se complicar e não estou entendendo direito. Quer dizer que para pescar, em todo o território nacional, eu preciso pagar uma taxa, devida pela categoria que eu pescador, escolher? É justo. Mais justiça: aposentados não pagam. Muito justo também, pois valem em ambas as categorias, só que há uma distinção, para mulheres – 60 anos e homens 65 anos - e, acrescentem que se você pescar com linhada de mão, está isento também. Aqui uma dúvida, linhada de mão vale para a as duas categorias? A lei não especifica. Continuemos, pois, é preciso.  E se eu não me enquadrar como aposentado e não pagar a licença de pesca e pescar com equipamentos de 1ª linha importados e da mais alta qualidade? O Decreto 3179 de 21 de setembro de 1999 é bem claro em seu artigo 21.
Art. 21. Exercer pesca sem autorização do órgão ambiental competente:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000,00 (dois mil reais).

    Ainda no mesmo Decreto, vamos citar o art.2º item IV onde se lê sobre penalidades na falta de licença de pesca:

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
Caso você não porte sua licença, serão aprendidos, barco, carreta, motor de popa e todos os outros equipamento de pesca e até seu carro, que usou para rebocar o seu barco.
Diz o ditado: “Quem pode manda e quem tem juízo obedece”.
Podemos ainda citar mais um número enorme de portarias, instruções normativas, leis, decretos leis, que temos que respeitar para praticar nosso lazer/esporte. Estes são nossos deveres, mas, por certo devemos ter então direitos. Mais adiante vamos falar nisso. Aliás, sobre este assunto de leis, vamos apenas citar duas, já que devido ao seu montante, a totalidade seria praticamente impossível. São verdadeiras pérolas da proteção do nosso meio ambiente. A mais recente trata da criação ou normatização de uma APA – Área de Proteção Ambiental. É a chamada APACIP ou “Área de Proteção Ambiental de Cananeia, Iguape e Peruibe”. Já foi assunto neste blog sob o titulo Você Pesca Robalos? Parte I e II. Vale a pena conferir e aqui só vamos publicar um cartaz ou folheto, que pode ser conferido abaixo. Repare na citação da pesca amadora.


A outra é o Decreto nº 37.537, de 27 de setembro de 1993 , sobre a Laje de Santos.

Sobre este decreto, permitam-me apenas mostrar alguns considerando e outros detalhes do citado.

1-“Considerando o valor científico da área, onde foi encontrada uma nova espécie de peixe, até então desconhecida pela ciência, além de outras nunca antes registradas no litoral sudeste e mesmo nos mares brasileiros;” NR: não sabemos quais peixes são esses.
2- “Considerando a beleza cênica das paisagens submarinas da área, tradicional ponto de mergulho do litoral brasileiro comparável aos melhores do mundo;” NR: O mergulho é permitido e a taxa de licença é de R$13,00
3- “Considerando a presença de mamíferos marinhos, golfinhos e baleias, nos arredores;” NR: ?????
Existem outros considerandos em nossa opinião ridículos, que podem ser observados no citado decreto. Mas o que mais chama a atenção é a proibição da pesca amadora no local. Em hipótese alguma você, evidentemente da categoria embarcado pode pescar ou até parar nessa área.  Aqui está o principal problema onde nossas autoridades ambientais nem sequer dão valor ou algum reconhecimento ao nosso esporte/lazer. A principal intenção dessas autoridades é: para proteger a Laje, vamos proibir a pesca  e que se dane o resto. Mas na Laje de Santos há um mistério: mergulhar, pagando uma taxa pode. E tem mais, são várias as empresas que oferecem esse tipo de mergulho, evidente cobrando por seus serviços. Pesquise no Google. Alguém está ganhando um bom dinheiro com esse Parque Estadual Marinho. Dizer o que mais?


Laje de Santos

Nunca, em tempo algum, nós pescadores amadores, fomos consultados, reunidos, perguntados ou mesmo questionados a respeito, não só dessa, mas de todas as proibições. Porque não nos ouvem, já que quem tem deveres, também têm direitos? Porque não permitem a pesca amadora na região, com a condição expressa em lei da modalidade PESCA E SOLTA? Mas também quem é que eles ouviriam, se nós não temos nada ou alguém que nos represente. 
Pesca e solta                                                                                                                                                                                       

Será que esse pessoal não sabe que nós já fazemos isso em vários locais, apesar de termos leis que permitem a famosa frase (é lei) “10 quilos mais um exemplar de qualquer peso” como cota de pescado a ser transportado, resultado este da pesca com petrechos permitidos à nossa categoria. E quanto à fiscalização das áreas proibidas? 

A Polícia Ambiental é uma parte oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado faz sua parte, pagando o soldo, fardamento, armas e munições. Já as viaturas, barcos, rádios e outros itens importantes, estão completamente defasados, antigos e quebrados

Normalmente o IBAMA e o ICMBio, deveriam fiscalizar com meios e recursos próprios. Só que, por exemplo, no estado de São Paulo, usam a Polícia Ambiental, sem qualquer convênio com essa polícia e, portanto não fornecem a eles, qualquer ajuda de custo. A Polícia Ambiental é uma parte oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado faz sua parte, pagando o soldo, fardamento, armas e munições. Já as viaturas, barcos, rádios e outros itens importantes, estão completamente defasados, antigos e quebrados. Lamentável.
E, para encerrar com chave de ouro esta postagem, temos que comunicar a você pescador amador, que tudo o que é proibido a nós, com raras exceções, é permitido ao pescador artesanal/profissional, que pode pescar com qualquer petrecho inerente a sua categoria. Nossas autoridades os protegem pelo simples fato, que fazem da pesca seu meio de vida. Até o ano passado, recebiam um salário mínimo, (pago por todos os brasileiros) nos chamados períodos de defeso, para o respeitarem. Pois é meu colega pescador amador, para “eles”, autoridades, nós somos um bando de desocupados, muito bem de vida, com nossos lindos barcos e potentes motores, equipamentos diversos, além de nossos materiais de pesca, caros e importados. E volto lá atrás, onde cito o tributo pago a título de licença de pesca. Qual foi o retorno do valor dessa licença em benefício da pesca amadora, desde que ela foi instituída? A resposta é óbvia e conhecida de todos nós. Mas é bom que você saiba: segundo nos informaram fontes oficiais, todo o cidadão pode se inscrever e tirar uma licença de pescador profissional, podendo pescar sem observar qualquer item que é obrigado na categoria de pescador amador. 

NOTA DA REDAÇÃO: Quando constatar, nas redes sociais, fotos de uma matança indiscriminadas de peixes, não fiquem estressados, já que além de provocação, na maioria das vezes a tal matança pode estar dentro da lei. Lei burra como quem a fez, mas lei e, da mesma autoridade que te proíbe de várias ações além de te cobrar um tributo para pescar.


 






sexta-feira, 21 de outubro de 2016

ESPECIAL: ENXAME














Uma pescaria trágica. Assim pode ser descrita a incursão de um grupo de pescadores paulistas à região do Rio das Mortes. Quem nos contou esta tragédia foi Sidney Martini Ricco, um dos envolvidos diretamente neste incidente.





                              O conjunto de abelhas de uma colmeia 










A rainha e sua corte - fotos Apacame

Esta nossa pescaria já havia sido combinada a alguns meses, afinal de contas, seria a terceira que iríamos ao mesmo local, sendo que nas duas visitas anteriores, a pescaria havia sido boa e farta. Desta vez nossa turma era composta de nove pessoas, sendo que dois dos integrantes eram os proprietários de nossa base em terras de Mato Grosso. Finalmente chegou o dia, e o mês era agosto. Nossa meta era um local conhecido como Santo Antônio, distante mais ou menos três horas de barco da cidade de São Félix, rio acima. Utilizamos transporte rodoviário, via Goiânia, onde no rio Araguaia, mais precisamente Luis Alves – passamos de balsa para o Estado de Mato Grosso. Gastamos dois dias e meio de viagem, que foi calma e tranquila, para chegar à fazenda, onde acamparíamos. Nossa tralha de pesca estava completa, com exceção dos barcos, pois estes eram de propriedade do fazendeiro nosso amigo. O primeiro dia de pesca foi excelente, com muitos tucunarés, fisgados em uma lagoa que já conhecíamos das vezes anteriores. Como isca estávamos usando colheres, e pescávamos nos sistemas de lances e corrico. Nosso barco de alumínio com 5 metros, além dos outros três companheiros, estavam ficando repletos de tucunarés, que, em sua maioria, pesavam mais de um quilo. Assim, em dois dias de pescaria, já havíamos fisgado muitos peixes e soltado outros tantos. E assim decorreu nosso segundo dia de pescaria, tranquilo e recompensador, pois alguns tucunarés fisgados atingiam facilmente 3,5 quilos. O terceiro dia estava prometendo.
                                            O ACIDENTE
Acordei logo com os primeiros raios e sol, em um dia claro e limpo. Mais ou menos às 6 horas da manhã, após o café, nosso rumo era novamente a lagoa dos tucunarés. Chegamos ao pesqueiro por volta das 9 horas e não se notava no ambiente nada de anormal. Para entrar propriamente na lagoa, tínhamos que arrastar a embarcação mato adentro cujo solo era lamaçal, por mais ou menos 20 a 30 metros. Na lagoa havia uma clareira, onde fazíamos nosso lanche. Naquele dia, como estávamos sujos de lama, combinamos de subir corricando até a clareira, onde lavaríamos o barco e tomaríamos banho. No trajeto fisgamos 4 ou 5 tucunarés de bom tamanho. Após a chegada, cada um se lavou e só então lavamos o barco, que era do tipo piracicabano, equipado com motor de 25 HP. Agora sim, iríamos começar de fato nossa pescaria. Eu estava pilotando, e meus três companheiros nesse dia eram o Aldo Buzin, seu filho Luís Buzin e o Milton. Após os companheiros terem subido na embarcação, fui dar partida no motor, quando percebi que a rabeta estava enroscada em uma galhada submersa. Pedia um remo emprestado, quando ouvi o Aldo dizer: TEM ABELHA AQUI. Ao olhar, realmente percebi que algumas abelhas voavam à sua volta. Sua primeira reação foi espanta-las com a mão. Passaram apenas alguns segundos e agora se percebia que o número de abelhas havia aumentado e muito. 




Era um verdadeiro enxame, diria até monstruoso, tal era o número de insetos que voavam ao nosso redor. Imediatamente, pulamos todos na água. Mas mesmo assim, as abelhas continuavam a nos atacar e ferroar. Em um determinado momento, lembro-me de ter olhado para o Aldo e constatado que ele era o mais atacado. Sua cabeça estava envolta por uma “coroa” de abelhas que se estendia pelo pescoço. O desespero era total, estávamos todos aterrorizados face àquela situação. Nesse momento, o Aldo, numa atitude de defesa, foi até o barco e pegou um frasco de Autan spray que estava na gaveta do banco. Em meio ao ataque, foi e voltou com o repelente, tendo o cuidado de passa-lo em todos nós. Nada adiantou, e as abelhas prosseguiram em seu ataque. O segundo a reagir foi o Milton, que tentou fugir do local e se embrenhar no mato. Sua tentativa não foi além de 15 metros, pois fora da água o ataque era pior. Correndo ele voltou para junto de nós. Aos gritos, o Luís nos orientava para que cobríssemos a cabeça com a camisa, pois ele estava sendo menos ferroado ao ter tomado essa providência. A situação era dramática, e resolvi subir no barco, a fim de tentar levar os companheiros para longe dali. Ao subir no barco uma abelha entrou em meu ouvido direito e outra me picou no céu da boca. Tentei dar a partida diversas vezes, e no desespero, pensei que o motor não estivesse pegando. Só mais tarde constatei que o motor de popa já estava funcionando desde quando eu havia tentado desenroscar a rabeta da galhada, no início do acidente. O barulho que o enxame fazia era tão grande, que não era possível ouvir mais nada. De pé no barco, a situação era insustentável, pois eu estava sendo ferroado em todo o corpo. Voltei a me jogar na água. Novamente o Aldo tentou uma reação. Iria até o barco, para pegar um inseticida spray. No mesmo instante em que ele assim procedia, nos estávamos começando a nos afastar da embarcação. Aos gritos pedíamos que ele também fizesse isso, pois estávamos percebendo que à medida que a distância aumentava, diminuía o número de abelhas a nos atacar. Perdemos contato com ele e já estávamos mais ou menos a 100 metros do barco. Ele não havia nos seguido e talvez tivesse fugido para o outro lado. Nessa caminhada pela beira da lagoa eu havia feito um ferimento na mão que sangrava com relativa intensidade, o que era para mim mais uma preocupação, pois havia muita piranha na lagoa. Pus a mão na boca e comecei a sugar o sangue. Estávamos de cócoras na água fazia 40 minutos e nossa maior preocupação era ficarmos completamente imóveis, para não atrair a atenção do enxame. O curioso é que naquela hora, somente três abelhas voavam em redor de cada um de nós, sem contudo nos picar. O período que passamos dentro da água foi terrível. Fizemos de tudo, principalmente pedir ajuda e rezar. Conversando em tom bem baixo, resolvemos que o Luís iria buscar ajuda, pois ele estava muito preocupado com seu pai, já que o Aldo não respondia aos nossos chamados. 






A tarefa de buscar socorro não era fácil, e a escolha recaiu em Luís por ser ele o mais jovem do grupo e o melhor preparado. Teria que caminhar pela beira da lagoa, atravessar o lamaçal, nadar toda a travessia do rio das Mortes para finalmente atingir nosso acampamento, de onde estávamos distantes cerca de 6 ou 7 quilômetros.  Sem mais demora, o companheiro iniciou sua caminhada. Enquanto isso, nós que havíamos ficado, procurávamos não nos mexer e assim permanecemos por mais de uma hora. Após ter pensado muito em todas as possibilidades, resolvi ir até o barco. Lentamente me dirigi para a margem da lagoa e com cuidado fui me aproximando de nossa embarcação. Não havia mais nenhuma abelha nas imediações, tendo desaparecido inclusive aquelas três que me acompanhavam. Consegui divisar o barco, que havia se afastado 5 ou 6 metros da margem. A primeira vista não havia sinal do Aldo. Entrei na água e comecei a puxar o barco pela proa para encosta-lo à margem. Na movimentação, pude avistar o braço direito do Aldo, na posição de fora para dentro, como se estivesse abraçando ou mantendo o barco junto dele. Somente quando cheguei perto dele, pude constatar que o resto do seu corpo estava totalmente submerso, ficando sua cabeça entre a rabeta do motor e a parte inferior da embarcação. Fui socorre-lo e só então percebi que ele estava morto. O motor de popa estava desligado. Esta cena jamais irei esquecer; com muito custo consegui soltar o seu braço e o arrastei para a margem. Sua feição era serena, mas já havia rigidez em seu corpo. Havia ainda um tom escuro em seu rosto, que estava começando a ficar azulado. Tentei coloca-lo dentro do barco, mas devido ao esforço dispendido na hora do ataque, não tinha força suficiente. Deixei-o ficar e empurrei o barco para o meio da lagoa. Dei partido no motor e fui em socorro do Milton que havia ficado no mesmo lugar de antes. Contei-lhe o ocorrido e naquela hora choramos bastante. Passado algum tempo, achamos melhor ir buscar socorro para o companheiro morto, já que estávamos os dois completamente extenuados. Agora nossa preocupação maior era encontrar o Luís, que havia ido há mais de hora e meia, a pé. Com o barco atravessamos o lamaçal e ganhamos as águas do rio das Mortes. Pouco navegamos e numa curva do rio, vimos o Luís abraçado a uma árvore, boiando. Usando-a à guisa de embarcação, ele já havia percorrido, remando com as mãos, mais ou menos três quilômetros em direção ao acampamento. Como contar a ele, naquele momento, que seu pai havia falecido? Sentamos os três na popa da embarcação, e, ente lágrimas, demos vazão a nossos sentimentos. Chorar era a única coisa que nos restava fazer pelo nosso querido Aldo. Rumamos para a fazenda, e após contarmos o ocorrido e também por falta de melhores condições físicas, deixamos que os outros companheiros fossem buscar o corpo. Por sorte havia na fazenda um pequeno avião que estava lá a fim de levar um negociante de gado.Como era um pequeno monomotor, deixamos um outro companheiro, que é advogado e de nome Luís Santos, para acompanhar e liberar o corpo junto às autoridades, a fim de translada-lo para São Paulo. 


Somente mais tarde viemos a saber que a autópsia havia determinado como causa-mortis um choque anafilático. Após a saída do avião da fazenda, foi que começamos a sentir os efeitos do acidente. Nossos rostos começaram a inchar, ficando totalmente deformados. Esse efeito se fez sentir por mais ou menos dois dias. Após quinze dias do ocorrido, ainda tínhamos no corpo marcas daquela tragédia, que se traduziam em manchas vermelhas – parecendo hematomas – por todo o corpo. Perdemos o Aldo e isso resultou em mais uma experiência em nossa vida de pescadores. Acho que se tivéssemos um chapéu de palha grande e a preocupação de um “filó” a nos proteger, não haveria perigo; uma camisa de mangas compridas e bem larga seria outra medida protetora. Esse foi o fato ocorrido com meus amigos e eu no rio das Mortes, e esse relato – se permitirem – quero dedicar como última homenagem ao querido e inesquecível companheiro Aldo.

NOTA DA REDAÇÃO: É comum acontecerem tais ataques? Que tipo de abelhas eram aquelas que atacaram os pescadores? Existe alguma maneira de nos proteger contra enxames? Para responder a tais perguntas a Revista Aruanã foi até a Associação Paulista de Apicultores. Seu presidente, o Dr. Constantino Zara Filho concedeu-nos com exclusividade esta entrevista. “Existem hoje no Brasil dois tipos de abelhas que podemos considerar como as que atacaram os pescadores.Originalmente tínhamos a APIS MELIFIC LIGUSTICA, porém, com a introdução da abelha africana, a APIS ADANSONII, houve um cruzamento entre tais espécies, que resultou em uma espécie africanizada. Esse cruzamento originou uma espécie de abelha que em alguns casos, chega a ser determinadamente agressiva. No caso tratado nesta matéria, temos somente quatro hipóteses a levar em consideração:
A)- O enxame em questão teria sido provocado por alguém, que estaria tirando mel sem os cuidados necessários para com as abelhas. Esse fato estaria ocorrendo em uma área cujo diâmetro aproximado seria de 300 a 400 metros do local do ataque.
B)- As abelhas estavam enxameando (em deslocamento). No dia anterior ao acidente, no final da tarde, coincidentemente teriam parado nos arredores para descansar e passar a noite. Essa viagem, em busca de novo local para a colmeia, é reiniciada sempre pela manhã, por volta de 9 ou 10 horas. Normalmente uma colmeia se dirige para um novo local quando no anterior houve algum problema como queimadas, tiragem de mel, etc. As chamadas “campeiras” são as abelhas encarregadas de ir à frente, para escolher o novo lugar, e só então a colmeia se locomove.
C)- Determinados fatores atraem as abelhas, tais como: cabelos, odor corporal etc. Quando uma abelha ataca e chega a ferroar alguém, exala um odor característico que acaba atraindo as outras abelhas e incitando-as ao ataque, que então já é iminente.

D)- Não existe motivo nenhum para um enxame de abelhas atacar alguém. Quando o enxame está viajando, a preocupação maior das abelhas é a chegada ao novo lar, que foi previamente determinado pelas “campeiras”.
               CUIDADOS ESPECIAIS PARA SE EVITAR UM ATAQUE
E muito importante procurarmos saber se somos alérgicos ao veneno de insetos. Uma pessoa normal consegue suportar até 300 ferroadas. No entanto, em um individuo alérgico, basta somente uma ferroada para provocar o choque anafilático. Essa informação, cabe a cada um de nós procurar descobrir junto ao nosso médico de confiança. Um conselho prático, que poderíamos citar ao pescador, é o de levar sempre consigo um saco plástico comum, com capacidade para 100 litros, preferencialmente com um pouco de transparência. Quando perceber que há abelhas em formação nas imediações, deve-se imediatamente enfiar o saco plástico na cabeça, procurar um lugar sombreado e permanecer completamente imóvel. Se assim procedermos o enxame irá embora em questão de minutos. Procure usar sempre roupas de tonalidades claras, e de maneira alguma use roupas pretas ou de outras cores escuras. Lembre-se de que não existe no Brasil nenhum repelente capaz de evitar um ataque de abelhas.”
                        OUTRAS INFORMAÇÕES
No ferrão da abelha, após a picada, existe uma bolsa de veneno, a qual permanece inoculando-o sob a pele durante algumas horas. O ideal, após a picada, é retirar o ferrão. O melhor procedimento para isso é usar uma faca, raspando-se com a lâmina o mais rente possível à pele. (cuidado para não se cortar), removendo então o ferrão. Usar a faca como compressa no local da picada para diminuir o inchaço é lenda. Em caso de ataque de abelhas, deve a pessoa, sempre que possível, procurar atendimento médico, para que possa ser tratada e medicada com um produto antialérgico. Isto sim evita o inchaço. O apicultor tem no entanto um remédio caseiro cujos resultados são muito bons. Consiste em aplicar no local da ferroada, logo após a retirada do ferrão, uma compressa com cebola natural. Para executar tal tarefa, corte a cebola em quantas partes forem necessárias e aplique diretamente na pele. O inchaço diminui consideravelmente.
Para maiores informações, procure APACAME – Associação Paulista de Apicultores, com sede no Parque da Água Branca, em São Paulo, à Avenida Francisco Matarazzo, 455, CEP 05001 e telefone (011) 62-2163. ATENÇÃO: Pesquisamos no Google sobre a APACAME e informamos que a associação existe e está em atividade. Favor então confirmar endereço e telefones atuais.






Revista Aruanã Ed: nº01 12/1987

terça-feira, 18 de outubro de 2016

PARTICIPAÇÃO DO LEITOR: ADIÓS MUCHACHO








Mario Marinho é um Mestre em jornalismo. Fomos colegas por mais de 10 anos no Jornal da Tarde, onde ele era o editor chefe no Esporte e eu tinha uma coluna de pesca. Leitor do blog da Aruanã, na ultima postagem sobre abelhas, ele tem um caso a contar. Confira e constate como é grave o problema entre pescador e abelhas.
                            



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Mario Marinho
15 de out (Há 3 dias)
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para mim
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Caro Toninho,
Há uns 20 anos passados,  eu tinha um amigo, companheiro de tênis no Clube (Continental Parque Clube), chamado Carlos. Era um paraguaio muito alegre,sempre de  bom humor, piadista, sempre sorrindo.
O apelido dele era Muchacho.
Muchacho morava há alguns anos no Brasil, tinha uma família muito bonita e não havia conseguido se livrar do sotaque.
O sonho dele era pescar no Pantanal.
A mulher não deixava.
Das primeiras vezes, ela colocou a culpa na crise financeira que a família atravessava. Com sotaque carregado, Muchacho nos explicava.
- Ela tem ración. Nós facems muita economia em casa, non se puede gastar grana si mas ni menos.
Quando a situação melhorou, ela concordou com a pescaria.
Cheio de sorrisos contou pra todo mundo que aquele ano ele iria. Pois quando chegou a véspera da viagem a mulher dele, que era brasileira, roeu a corda e não deixou o cara ir.
Coitado do Muchacho. Além da tristeza, aguentar a gozação dos companheiros. Mas ele levou numa boa.
Uns dois anos depois, ele voltou à carga. Insistiu, insistiu e ela concordou.
Satisfeito e esperto, apresentou para ela um papel para ela assinar. Queria compromisso.
Ela assinou.
Lá se foi feliz para o Pantanal o nosso Muchacho.
No segundo dia de pescaria, o piloteiro os levou a pescar em um pequeno rio. Estavam perto das margens quando o Muchacho jogou sua linha que ficou presa em meio à vegetação.
O piloteiro (é esse mesmo o nome?) pediu calma e foi levando o barco em direção à margem. Quando já dava pé, Muchacho desceu e foi acompanhando a linha para liberar o anzol.
Quando já estava perto, ele resolveu dar um puxão na linha.
Ela veio e, junto com ela, uma caixa de abelhas que pegou em cheio no rosto dele. Seguiu-se o ataque no rosto, cabeça.
Segundo relato de um dos sobreviventes, parecia que em questão de segundos milhões e milhões de abelhas se uniram no ataque.
O pessoal que ficou no barco se jogou na água.
Alguns com medo de se afogarem, se seguraram nas bordas do barco e tiveram as mãos picadas. Aqueles que se jogaram na água, voltavam para respirar e ouviam o zumbido das abelhas que parecia um ronco assustador.
Foram alguns minutos que pareceram uma eternidade.
Quando finalmente as abelhas se acalmaram, eles foram emergindo da água. O piloteiro foi o primeiro. Ajudou e acalmou as pessoas que estavam junto ao barco.
Só então se deu conta de que faltava o Muchacho. O corpo dele boiava no meio da vegetação.
Veio o socorro, mas, o meu amigo Muchacho já estava morto.
Ele não sabia, a família não sabia, mas ele tinha alergia ao veneno da abelha.
Foi a primeira e única vez que ele foi ao Pantanal.

Um abraço,

Marinho