Ilha Comprida
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segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sábado, 29 de outubro de 2016
FOLCLORE BRASILEIRO - O PEIXE DE OLHOS DE FOGO
Em vários pontos do litoral do Brasil acredita-se nesta
lenda, e quando as pescarias dos caiçaras tornam-se inexplicavelmente
improdutivas, ele é sempre lembrado: “é preciso apagar o fogo dos olhos do
peixe de olhos de fogo”.
Diz a lenda que o peixe de olhos de fogo mora há milhares de
anos numa caverna próxima do mar, e a população das proximidades, ao ir
aumentando e precisar dos peixes e frutos do mar para seu sustento, acaba
despertando sua ira. Então o monstro sai da gruta, não deixa o mar dar peixes,
vira os barcos e engole os pescadores. Não deixa ninguém entrar no mar. A coisa
chega a tal ponto que as pessoas ficam arriscadas a morrer de fome. Certa vez,
um rapaz, vendo a fome e o medo assolarem seu povo, resolveu ao encontro do tal
peixe encantado, e tratou de encontrar a gruta. Cada vez que o peixe surgia,
ele observava a direção tomada pelo monstro ao voltar. Pouco a pouco, foi se
aproximando de uns morros não muito longe dali. Certo dia, sentado em um desses
morros, o rapaz, que se chamava Pedro, viu o monstro surgir lá longe, com os
olhos faiscando. Foi chegando, chegando e sumiu no morro onde Pedro estava.
Então era ali o esconderijo! Dentro da caverna havia mais água do que terra.
Pedro ficou próximo ao peixe e tratou de ficar o mais quieto possível. Percebeu
que o monstro estava dormindo, pois esse peixe pode fechar os olhos. Procurou o
lugar mais alto da gruta e ficou à espera. Passado algum tempo, o peixe
acordou, e grandes chamas começaram a sair de seus olhos. Quando percebeu que
havia um homem na gruta, fez de tudo para engoli-lo. Vendo que não conseguia,
pois o rapaz estava num lugar alto, o peixe disse – O que você veio fazer em
minha gruta? – Vim pedir para nos deixar em paz? – Em paz? Vocês é que invadem
meus domínios e ainda vêm me pedir paz? O mar me pertence, e eu não permito
ninguém nele! – Mas vamos morrer de fome? E os velhos, mulheres e crianças?
Tenha pena de nós! – Ter pena? Nem sonhando. Pois que morram, e o quanto mais
rápido melhor! Pedro não suportando mais o calor provocado pelo fogo dos olhos
do peixe, disse que desejava sair. O monstro, furioso aumentou as labaredas dos
olhos e disse: - Daqui não sairá mais! Vou assá-lo como um peixe e depois vou engoli-lo.
A esta altura, Pedro já se sentia quase desmaiado, mas como não podia
desanimar-se e, sendo um grande observador, havia notado que o peixe tomava
muito cuidado para evitar que a água molhasse seus olhos, sempre se desviando
das ondas. O rapaz então atirou-se na água, fazendo que uma grande onda se
formasse e atingisse os olhos do peixe, apagando as chamas. – Você me cegou! –
exclamou o monstro furioso – Agora terei que esperar cem anos para que meus
olhos se acendam de novo. Pedro, aproveitando a cegueira do monstro, tratou de
sair depressa da gruta. No dia seguinte, a pesca foi farta e o povoado estava
em festa. Cem anos depois, o peixe voltou e as desgraças voltaram a acontecer.
Só que desta vez, ele não aparecia, com medo que apagassem seus olhos. Foi
preciso que outro jovem fosse enfrentá-lo na caverna. E
assim, de cem em cem anos, ele volta sempre para prejudicar os pescadores e seu
povo, até que alguém o enfrente. Porém ele nunca mais se deixou ver...
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - MANDI BANDEIRA
Pertencendo a família dos Pimelodidae – aliás como a maioria
dos chamados “bagres” – este peixe pode e deve ser assim classificado.
Sob a classificação popular de mandi vamos encontrar
facilmente mais de 40 peixes. Porém no caso do mandi-bandeira, sua
classificação pode ser exata, já que seu nome vulgar o descreve de maneira
simples e objetiva, não restando então duvida do seu tipo. Esse peixe, cujo
colorido é esverdeado, tem a sua nadadeira dorsal bem alta, em forma de leque,
com muitas manchas arredondadas. Encontram-se também essas manchas nas
nadadeiras adiposa e caudal. Uma outra curiosidade do mandi-bandeira é que seus
barbilhões maxilares são muito compridos e chegam a atingir a ponta de sua
cauda, que é bifurcada. Sua carne é de excelente sabor, principalmente quando
feita ensopada. Na sua pesca, tem os mesmos hábitos dos peixes de sua espécie e
assim sendo, serão as melhores iscas os pequenos peixes, as minhocas, as
tuviras e até mesmo miúdos de frango e boi, tais como coração, fígado e até
tripas. Por essa razão é que costuma ser fisgado, por exemplo, quando o
pescador amador está pescando outros peixes como o pintado, seja apoitado ou
mesmo de rodada nos poços profundos. Uma outra característica dessa espécie é
que, quando transformado em isca para outros peixes, também é excelente,
principalmente na pesca de jaús, pintados e dourados. Neste caso é comum, mas
não necessário tirar-se os ferrões, para poder isca-lo com maior segurança e
facilidade. Os locais mais comuns para fisgar-se esta espécie são os poços
profundos, corixos e locais de pedra, onde existam corredeiras e poços de média
profundidade. Aliás, os sinônimos de seu nome, conhecidos em todo o Brasil,
atestam seus locais preferidos, pois além do nome “peixe-preto” é também
conhecido como “mandi-de-pedra. Sua distribuição geográfica é extensa e pode
ser encontrado em rios da Bacia Amazônica e Bacia do Prata, sendo que nesta ultima,
pode ser citado o rio Paraguai. Quando fisgado, o mandi-bandeira briga muito
pouco e talvez essa particularidade seja por causa de seu tamanho, que atinge
no máximo 60 centímetros. Sua puxada é relativamente forte, e o melhor material
para pescar esta espécie pode ser descrito como leve, composto de vara e
carretilha ou molinete, linha 0,30mm a 0,35mm, chumbada oliva de até 50 gramas
ou mais (dependendo da correnteza do local), um pequeno encastoado de aço (não só por sua causa, que não tem dentes) e anzol 1/0. Costuma andar em cardumes e, em
se achando um bom poço onde sua presença é garantida, pode ser pescado com
vários equipamentos ao mesmo tempo, pois costuma mudar com frequência de
locais, devendo o pescador aproveitar os momentos do encontro do peixe com sua
isca.
domingo, 23 de outubro de 2016
ESPECIAL - É PROIBIDO PROIBIR
Está mais do que na hora de sabermos quem somos nós, pescadores amadores,
dentro do cenário de um país chamado Brasil. Qual é a nossa participação dentro
desse cenário? Somos reconhecidos como cidadãos, ou seja, povo, para as
autoridades de meio ambiente? Nossa presença dentro do segmento pesca é de
lazer ou esporte? Finalmente quais são nossos deveres e direitos?
LPA – Licença de pesca amadora –
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Pescador
amador |
Podemos
começar pelo mais óbvio e de conhecimento geral: fomos divididos, dentro do
segmento pesca, em duas categorias: pescador amador desembarcado e embarcado.
Para exercer o direito de nos enquadrar em qualquer uma das duas categorias,
temos que pagar uma taxa a titulo de licença, para pescar em águas interiores
ou no mar. Aqui já começa a complicar, pois a categoria desembarcada só pode
ser feita com os pés no chão. Já a embarcada, que a bem da verdade é a mais
cara, podemos pescar “desembarcado” ou em qualquer tipo de embarcação, seja na
mais simples canoa ou em um caro, luxuoso e potente iate transatlântico, com a
potência que quisermos, aliado ao luxo de verdadeiros marajás.
O valor da taxa anual hoje é estabelecido em R$ 20,00 para pesca
desembarcada e R$ 60,00 para pesca embarcada. Para obter a licença denominada LPA - LICENÇA DE PESCA
AMADORA, basta recolher a taxa anual estabelecida pelo Ibama, em ficha de
compensação bancária anexada à LPA, encontrada em qualquer agência do Banco do
Brasil.
Neste
ponto de nossa postagem, já que queremos ser entendido por todos, vamos usar o
nosso velho e bom dicionário da Língua Portuguesa, para saber o significado de
taxa. A mais simples e direta resposta a este substantivo feminino é a que diz:
1.Imposto, tributo.
2.Tributo que corresponde a um serviço prestado ao contribuinte (como a coleta
de lixo)
3.Preço cobrado por certos serviços; tarifa.
4.Razão entre duas grandezas; proporção.
(Obrigado
Aurélio. Deus lhe pague)
A “cara de pau” do pessoal do Ibama é tão grande que a
primeira frase que se lê, no formulário da licença é “ os recursos arrecadados
pelo IBAMA destinam-se à conservação da natureza.” Onde?
Pronto, gostei mais da
frase 2ª, apesar de que a 3ª também é boa. “Tributo que corresponde a um
serviço prestado ao contribuinte? E, preço cobrado por certos serviços;
tarifa”. Vamos investigar para saber qual é o serviço que recebemos em troca
desse pagamento e quem é que o presta. Vamos em frente para chegarmos a um
entendimento, buscando mais explicações, já que as coisas começaram a se
complicar e não estou entendendo direito. Quer dizer que para pescar, em todo o
território nacional, eu preciso pagar uma taxa, devida pela categoria que eu
pescador, escolher? É justo. Mais justiça: aposentados não pagam. Muito justo
também, pois valem em ambas as categorias, só que há uma distinção, para
mulheres – 60 anos e homens 65 anos - e, acrescentem que se você pescar com
linhada de mão, está isento também. Aqui uma dúvida, linhada de mão vale para a
as duas categorias? A lei não especifica. Continuemos, pois, é preciso. E se eu não me enquadrar como aposentado e
não pagar a licença de pesca e pescar com equipamentos de 1ª linha importados e
da mais alta qualidade? O Decreto 3179 de 21 de setembro de 1999 é bem claro em
seu artigo 21.
Art.
21. Exercer pesca sem autorização do órgão ambiental competente:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000,00 (dois
mil reais).
Ainda no mesmo Decreto, vamos citar o
art.2º item IV onde se lê sobre penalidades na falta de licença de pesca:
“IV - apreensão dos animais, produtos e
subprodutos da fauna e flora, instrumentos,
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;”
Caso você não porte sua licença, serão aprendidos, barco, carreta, motor de popa e todos os outros equipamento de pesca e até seu carro, que usou para rebocar o seu barco.
Diz o ditado: “Quem pode manda e quem tem juízo obedece”.
Diz o ditado: “Quem pode manda e quem tem juízo obedece”.
Podemos
ainda citar mais um número enorme de portarias, instruções normativas, leis,
decretos leis, que temos que respeitar para praticar nosso lazer/esporte. Estes
são nossos deveres, mas, por certo
devemos ter então direitos. Mais
adiante vamos falar nisso. Aliás, sobre este assunto de leis, vamos apenas
citar duas, já que devido ao seu montante, a totalidade seria praticamente
impossível. São verdadeiras pérolas da proteção do nosso meio ambiente. A mais
recente trata da criação ou normatização de uma APA – Área de Proteção Ambiental.
É a chamada APACIP ou “Área de Proteção Ambiental de Cananeia, Iguape e
Peruibe”. Já foi assunto neste blog sob o titulo Você Pesca Robalos? Parte I e
II. Vale a pena conferir e aqui só vamos publicar um cartaz ou folheto, que
pode ser conferido abaixo. Repare na citação da pesca amadora.
A outra é o Decreto
nº 37.537, de 27 de setembro de 1993 , sobre a Laje de Santos.
Sobre
este decreto, permitam-me apenas mostrar alguns considerando e outros detalhes
do citado.
1-“Considerando o valor científico da área, onde foi encontrada uma nova
espécie de peixe, até então desconhecida pela ciência, além de outras nunca
antes registradas no litoral sudeste e mesmo nos mares brasileiros;” NR: não sabemos quais peixes são esses.
2- “Considerando a beleza cênica das paisagens submarinas da área,
tradicional ponto de mergulho do litoral brasileiro comparável aos melhores do
mundo;” NR: O mergulho é
permitido e a taxa de licença é de R$13,00
3- “Considerando a presença de
mamíferos marinhos, golfinhos e baleias, nos arredores;” NR: ?????
Existem
outros considerandos em nossa opinião ridículos, que podem ser observados no citado
decreto. Mas o que mais chama a atenção é a proibição da pesca amadora no
local. Em hipótese alguma você, evidentemente da categoria embarcado pode
pescar ou até parar nessa área. Aqui
está o principal problema onde nossas autoridades ambientais nem sequer dão
valor ou algum reconhecimento ao nosso esporte/lazer. A principal intenção
dessas autoridades é: para proteger a Laje, vamos proibir a pesca e que
se dane o resto. Mas na Laje de Santos há um mistério: mergulhar, pagando uma taxa pode. E tem mais, são várias as empresas que oferecem esse tipo de mergulho, evidente cobrando por seus serviços. Pesquise no Google. Alguém está ganhando um bom dinheiro com esse Parque Estadual Marinho. Dizer o que mais?
Nunca, em tempo algum, nós pescadores amadores, fomos consultados, reunidos, perguntados ou mesmo questionados a respeito, não só dessa, mas de todas as proibições. Porque não nos ouvem, já que quem tem deveres, também têm direitos? Porque não permitem a pesca amadora na região, com a condição expressa em lei da modalidade PESCA E SOLTA? Mas também quem é que eles ouviriam, se nós não temos nada ou alguém que nos represente.
Será que esse pessoal não sabe que nós já fazemos isso em vários locais, apesar de termos leis que permitem a famosa frase (é lei) “10 quilos mais um exemplar de qualquer peso” como cota de pescado a ser transportado, resultado este da pesca com petrechos permitidos à nossa categoria. E quanto à fiscalização das áreas proibidas?
A Polícia Ambiental é uma parte oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado faz sua parte, pagando o soldo, fardamento, armas e munições. Já as viaturas, barcos, rádios e outros itens importantes, estão completamente defasados, antigos e quebrados
Normalmente o IBAMA e o ICMBio, deveriam fiscalizar com meios e recursos próprios. Só que, por exemplo, no estado de São Paulo, usam a Polícia Ambiental, sem qualquer convênio com essa polícia e, portanto não fornecem a eles, qualquer ajuda de custo. A Polícia Ambiental é uma parte oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado faz sua parte, pagando o soldo, fardamento, armas e munições. Já as viaturas, barcos, rádios e outros itens importantes, estão completamente defasados, antigos e quebrados. Lamentável.
Laje
de Santos
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Nunca, em tempo algum, nós pescadores amadores, fomos consultados, reunidos, perguntados ou mesmo questionados a respeito, não só dessa, mas de todas as proibições. Porque não nos ouvem, já que quem tem deveres, também têm direitos? Porque não permitem a pesca amadora na região, com a condição expressa em lei da modalidade PESCA E SOLTA? Mas também quem é que eles ouviriam, se nós não temos nada ou alguém que nos represente.
Pesca
e solta |
Será que esse pessoal não sabe que nós já fazemos isso em vários locais, apesar de termos leis que permitem a famosa frase (é lei) “10 quilos mais um exemplar de qualquer peso” como cota de pescado a ser transportado, resultado este da pesca com petrechos permitidos à nossa categoria. E quanto à fiscalização das áreas proibidas?
A Polícia Ambiental é uma parte oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado faz sua parte, pagando o soldo, fardamento, armas e munições. Já as viaturas, barcos, rádios e outros itens importantes, estão completamente defasados, antigos e quebrados
Normalmente o IBAMA e o ICMBio, deveriam fiscalizar com meios e recursos próprios. Só que, por exemplo, no estado de São Paulo, usam a Polícia Ambiental, sem qualquer convênio com essa polícia e, portanto não fornecem a eles, qualquer ajuda de custo. A Polícia Ambiental é uma parte oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado faz sua parte, pagando o soldo, fardamento, armas e munições. Já as viaturas, barcos, rádios e outros itens importantes, estão completamente defasados, antigos e quebrados. Lamentável.
E,
para encerrar com chave de ouro esta postagem, temos que comunicar a você
pescador amador, que tudo o que é proibido a nós, com raras exceções, é
permitido ao pescador artesanal/profissional, que pode pescar com qualquer
petrecho inerente a sua categoria. Nossas autoridades os protegem pelo simples
fato, que fazem da pesca seu meio de vida. Até o ano passado, recebiam um salário
mínimo, (pago por todos os brasileiros) nos chamados períodos de defeso, para o
respeitarem. Pois é meu colega pescador amador, para “eles”, autoridades, nós
somos um bando de desocupados, muito bem de vida, com nossos lindos barcos e
potentes motores, equipamentos diversos, além de nossos materiais de pesca,
caros e importados. E volto lá atrás, onde cito o tributo pago a título de
licença de pesca. Qual foi o retorno do valor dessa licença em benefício da
pesca amadora, desde que ela foi instituída? A resposta é óbvia e conhecida de
todos nós. Mas é bom que você saiba: segundo nos informaram fontes oficiais, todo
o cidadão pode se inscrever e tirar uma licença de pescador profissional, podendo
pescar sem observar qualquer item que é obrigado na categoria de pescador
amador.
NOTA DA REDAÇÃO: Quando constatar, nas redes sociais, fotos de uma matança
indiscriminadas de peixes, não fiquem estressados, já que além de provocação,
na maioria das vezes a tal matança pode estar dentro da lei. Lei burra como quem a fez, mas lei
e, da mesma autoridade que te proíbe de várias ações além de te cobrar um
tributo para pescar.
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
ESPECIAL: ENXAME
Uma pescaria trágica. Assim pode ser descrita a incursão de
um grupo de pescadores paulistas à região do Rio das Mortes. Quem nos contou
esta tragédia foi Sidney Martini Ricco, um dos envolvidos diretamente neste
incidente.
O conjunto de abelhas de uma colmeia
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Revista Aruanã Ed: nº01 12/1987
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terça-feira, 18 de outubro de 2016
PARTICIPAÇÃO DO LEITOR: ADIÓS MUCHACHO
Mario Marinho é um Mestre
em jornalismo. Fomos colegas por mais de 10 anos no Jornal da Tarde, onde ele
era o editor chefe no Esporte e eu tinha uma coluna de pesca. Leitor do blog da
Aruanã, na ultima postagem sobre abelhas, ele tem um caso a contar. Confira e
constate como é grave o problema entre pescador e abelhas.
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15 de out (Há 3 dias)
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Caro Toninho,
Há
uns 20 anos passados, eu tinha um amigo, companheiro de tênis no Clube
(Continental Parque Clube), chamado Carlos. Era um paraguaio muito
alegre,sempre de bom humor, piadista, sempre sorrindo.
O
apelido dele era Muchacho.
Muchacho
morava há alguns anos no Brasil, tinha uma família muito bonita e não havia
conseguido se livrar do sotaque.
O
sonho dele era pescar no Pantanal.
A
mulher não deixava.
Das
primeiras vezes, ela colocou a culpa na crise financeira que a família
atravessava. Com sotaque carregado, Muchacho nos explicava.
-
Ela tem ración. Nós facems muita economia em casa, non se puede gastar grana si
mas ni menos.
Quando
a situação melhorou, ela concordou com a pescaria.
Cheio
de sorrisos contou pra todo mundo que aquele ano ele iria. Pois quando chegou a
véspera da viagem a mulher dele, que era brasileira, roeu a corda e não deixou
o cara ir.
Coitado
do Muchacho. Além da tristeza, aguentar a gozação dos companheiros. Mas ele
levou numa boa.
Uns
dois anos depois, ele voltou à carga. Insistiu, insistiu e ela concordou.
Satisfeito
e esperto, apresentou para ela um papel para ela assinar. Queria compromisso.
Ela
assinou.
Lá
se foi feliz para o Pantanal o nosso Muchacho.
No
segundo dia de pescaria, o piloteiro os levou a pescar em um pequeno rio.
Estavam perto das margens quando o Muchacho jogou sua linha que ficou presa em
meio à vegetação.
O
piloteiro (é esse mesmo o nome?) pediu calma e foi levando o barco em direção à
margem. Quando já dava pé, Muchacho desceu e foi acompanhando a linha para
liberar o anzol.
Quando
já estava perto, ele resolveu dar um puxão na linha.
Ela
veio e, junto com ela, uma caixa de abelhas que pegou em cheio no rosto dele.
Seguiu-se o ataque no rosto, cabeça.
Segundo
relato de um dos sobreviventes, parecia que em questão de segundos milhões e
milhões de abelhas se uniram no ataque.
O
pessoal que ficou no barco se jogou na água.
Alguns
com medo de se afogarem, se seguraram nas bordas do barco e tiveram as mãos
picadas. Aqueles que se jogaram na água, voltavam para respirar e ouviam o
zumbido das abelhas que parecia um ronco assustador.
Foram
alguns minutos que pareceram uma eternidade.
Quando
finalmente as abelhas se acalmaram, eles foram emergindo da água. O piloteiro
foi o primeiro. Ajudou e acalmou as pessoas que estavam junto ao barco.
Só
então se deu conta de que faltava o Muchacho. O corpo dele boiava no meio da
vegetação.
Veio
o socorro, mas, o meu amigo Muchacho já estava morto.
Ele
não sabia, a família não sabia, mas ele tinha alergia ao veneno da abelha.
Foi
a primeira e única vez que ele foi ao Pantanal.
Um
abraço,
Marinho
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