sexta-feira, 28 de setembro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - HOTEL TRANSAMÉRICA








A rede Transamérica têm na Ilha de Comandatuba, na Bahia, um hotel muito especial para o pescador amador. Suas instalações e localização transformam-no em uma verdadeira ilha da fantasia, tanto em termos de acomodação como pelos ótimos locais para a pesca.



José Eduardo S. loureiro, diretor comercial dos hotéis Transamérica

“O Hotel Comandatuba situa-se em uma ilha a 70 km da cidade de Ilhéus. A qualidade de nosso atendimento, classificada como 5 estrelas, dispensa comentários. Em 1991, recebemos o título de ‘melhor hotel resort’, da Revista 4 Rodas”. Estas declarações foram feitas por José Eduardo S. Loureiro, Diretor Comercial dos hotéis Transamérica. Formado em administração de empresas, ele é casado e tem dois filhos, Júlia e Eduardo. Ele se confessa um apaixonado pela pesca amadora, que pratica com muito mais dedicação ao mar. Seus peixes inesquecíveis são um xaréu de 23 kg, um dourado-do-mar de 31 kg, uma albacora e uma cavala, todos fisgados com iscas artificiais. “Em nosso hotel” – diz Eduardo – o pescador amador pode levar toda sua família, pois enquanto ele pesca, à disposição de seus familiares estarão piscinas, quadras de tênis, jogos diversos, vídeo, departamento médico, cabeleireiros, massagens e musculação, além da parte náutica, com jet ski , ski aquático, hobby cat, caiaque, wind surf, e wind car, bem como 5 restaurantes, sendo dois internacionais, um típico baiano, um fast-food e outro especifico para crianças”. “Uma de nossas maiores alegrias é a satisfação de, ao fim das estadias, sermos cumprimentados por nossos hóspedes pela qualidade do atendimento”. “Já como tristezas, podemos citar a depredação do meio ambiente, os desmandos e a pesca predatória, e isto sem qualquer interferência dos órgãos responsáveis”. “Afirmo isso não como crítica aleatória” - comenta José Eduardo – “pois nós do hotel fazemos questão absoluta de proteger as características do meio ambiente local. Temos uma estação de tratamento de nossa água, que é captada a 6 km de distância e levada para o hotel. 

Hotel Transamérica na Ilha de Comandatuba

Nosso lixo é congelado para evitar deterioração, e só após é transportado para um aterro sanitário em Barra do Una”. “O Comandatuba foi construído em uma antiga fazenda produtora de cocos, sem alterar suas características originais. Aqui uma curiosidade: a altura da edificação do hotel obedece e não ultrapassa a altura máxima dos coqueiros”. “Na parte de energia elétrica, tivemos a preocupação de puxar 40 km de linha, e assim que esta chega na ilha, toda a ligação até o hotel é subterrânea, para que isso não modifique as belezas naturais da região”. “Para o pescador amador, temos um verdadeiro paraíso em três modalidades diferentes: pesca de canal, pesca de praia e pesca de mar aberto, além de fornecer todo o equipamento necessário para qualquer opção”. Perguntamos então se, com toda essa comodidade, qualidade de atendimento, luxo e beleza, uma estadia não ficaria muito cara para o pescador . José Eduardo responde: “No que se refere a diárias, o Comandatuba oferece hotel, café da manhã e jantar (mais pensão). Para o fim do mês de agosto, por exemplo, esse custo seria de Cr$2.665.000,00 por pessoa, incluindo no preço as passagens de avião em fretamento exclusivo, 8 dias de diária, translado do aeroporto/hotel e uma comodidade especial: pagamento parcelado em duas vezes sem juros” – finaliza ele. “Eu acredito” – diz ele – “que esta é uma nova opção de pesca para o pescador amador, e o que é mais importante, um lazer para sua família”. Reservas e maiores informações poderão ser obtidas pelo telefone (011) 523-4511 e fax (011) 523-8700. Ligações de outros estados são gratuitas, feitas pelo sistema Tool-Free. O número é (011) 800-5004. NR: todas as informações de contato com o hotel devem hoje, ser confirmadas/atualizadas..

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - CARAPICU












Presente em todo o litoral brasileiro, o carapicu é garantia de uma boa pescaria para o pescador de praia e também de costão. Confira.







Ao analisarmos o carapicu, vamos encontrar cientificamente a seguinte descrição: “é uma espécie marinha, encontrada desde as Bahamas até o sudeste do Brasil. Seu nome é Ulaema lefroyi e pertence à família dos Gerreidae. Sua coloração é de um prata azulado, possuindo algumas manchas e barras diagonais na parte superior e ainda uma mancha arredondada acima da pupila. Alimenta-se de pequenos crustáceos e atinge 25cm de comprimento.” Para o pescador amador a descrição já é um pouco diferente, pois, além da científica, podemos afirmar que se trata de um bom peixe para pescar, já que, com material leve, proporciona uma boa briga. Sua carne é considerada de boa qualidade. O carapicu costuma andar aos cardumes nas praias. Isto significa que podem ser pegos vários deles quando o cardume encosta nas praias ou costões. Suas iscas principais são o camarão descascado, o corrupto e os sarnambis. Pertence à mesma família das caratingas, das carapevas e dos carapaus, o que não é novidade, pois em muito se assemelham, inclusive na boca que, ao ser projetada para fora, forma um bico, característica comum a toda essa família. Costuma nadar rente a areia das praias, sejam elas rasas ou de tombo. Sua presença junto aos costões também pode ser notada, principalmente naqueles onde haja areia bem perto das pedras. Conforme a região do Brasil, recebe também sinônimos como: cacundo, carapicu-açu, escrivão e riscador. O mais importante na pescaria do carapicu, além do material leve, e o tamanho do anzol, que deve ser pequeno (número de 7 a 14). Com esse material o carapicu após fisgado, dificilmente escapa, já que costuma engolir avidamente a isca. Sua esportividade, levado em conta o seu tamanho, pode ser considerada excelente, já que briga bastante até cansar-se. Possui algumas espinhas e a melhor maneira de prepara-lo é inteiro e frito. Boa pescaria.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

É ÉPOCA DE TUCUNARÉ








Até bem pouco tempo atrás, o tucunaré (Cichla ocellaris) era considerado um peixe da Bacia Amazônica. Devido a peixamentos feitos em todo o Brasil, hoje essa espécie está presente praticamente em todos os estados brasileiros. Saber qual é a melhor época para sua pesca é simples, já que ele conserva, em qualquer local, os mesmos hábitos desde sua região de origem. Confira.



                                      Tucunaré do rio Araguaia

O ciclo das águas, apesar das constantes modificações climáticas na Amazônia, continua a ocorrer numa época em que uma pequena margem de erro, as cheias podem ser previstas com antecedência. Assim sendo, e em perfeita sintonia com a natureza, os peixes mantém inalterados seus hábitos de desova, criação e alimentação porque sabem que quando chega a hora certa, a natureza vai lhes indicar o momento oportuno para que reiniciem, ano após ano, o ciclo de suas vidas. Caso o pescador amador raciocine sobre essa particularidade, terá então as respostas para suas dúvidas acerca da melhor época para pescar esta espécie. Tomemos por exemplo qualquer rio conhecido da região amazônica, que poderia ser o Teles Pires. É bom frisar que trata-se apenas de um exemplo, já que qualquer rio serve para essa demonstração, desde que, lógico pertença à Bacia Amazônica. Tomemos por base uma época qualquer entre setembro e novembro, quando o rio está com pouca água. Normalmente, os lagos (locais preferidos pelo tucunaré) estarão com um mínimo de água, chegando alguns até mesmo a secar completamente. 

Tucunaré de Itumbiara

Outros lagos, apesar de terem mais água, perderam sua comunicação com o rio. Dependendo do tamanho dos lagos, onde ainda haja quantidade razoável de água, o tucunaré estará ou não presente. Dentro dessa regra podemos citar ainda que os lagos pequenos e rasos com certeza não terão tucunarés, pois o peixe – que está acostumado as características da região – ganhará o rio novamente quando as águas começarem a baixar, já que nele encontram sua proteção. Nos pequenos lagos, a única espécie que sobrevive é a piranha (que comerá todas as outras espécies) e uma ou outra traíra, já que conseguirão enterrar-se no barro e esperar a estação das chuvas, quando então o lago terá água novamente. Mas voltemos ao tucunaré. A partir de outubro, começa a estação das águas, com chuvas que mais parecem um dilúvio, tal é sua intensidade. Apesar das chuvas, esta é uma época muito bonita, já que passadas as pancadas (costumam demorar pouco) o sol volta a brilhar, e com uma intensidade resplandecente. O calor é forte e nas matas ribeirinhas já se consegue ver, entre outras, as primeiras flores de ipês roxos ou amarelos. Aliás, essas flores constituem a alimentação preferida de matrinchãs, pacus e outras espécies. 

Tucunaré de Rondônia

Chuva na região é água no rio e, dia a dia, ele vai ganhando volume, sendo que as águas começam a subir mais e mais, indo pela mata adentro. Aquele pequeno lago que estava quase seco começa agora a receber água, e a vida aquática volta em sua plenitude total. Os grandes lagos idem, e o que é melhor: seu tamanho aumenta consideravelmente, passando as águas a cobrir grandes áreas que na seca receberam vegetação, tal como pequenos arbustos e mesmo grama e capim. Com mais água nos lagos, os tucunarés voltam também, já que será ali que criarão seus filhotes, e passarão a alimentar-se com voracidade, pois vária espécies de pequenos peixes também preferem os lagos para viver e são a base de alimentação dos tucunarés. Nessa entrada de lagos, os casais de tucunarés vão se formando e delimitando suas áreas de domínio. Os machos adquirem uma protuberância característica na cabeça, que os identifica. Constroem seus ninhos no chão, em pedras ou ainda em galhadas, onde primeiro serão depositados os ovos pela fêmea e só então fertilizados pelo macho. Após a eclosão – que costuma durar alguns dias – os alevinos ficarão sob o cuidado dos machos até que atinjam um tamanho de mais ou menos 5 centímetros, quando serão então abandonados ao próprio destino.


Tucunaré de Manaus

Esse período compreende os meses entre outubro e março, época em que não deveríamos pesca-los. Aliás o IBAMA deveria criar um Portaria de defeso para essa espécie, o que infelizmente ainda não existe. No mês de abril, o volume de água nos lagos é ainda muito grande e os tucunarés, exaustos e magros devido ao esforço da desova, começam a se alimentar com uma fúria violenta. Pronto. Começa então a melhor época para se pescar essa espécie. Essa época costuma ocorrer nos meses de abril a agosto, podendo variar de acordo com a altura das águas, que podem apresentar desníveis diferentes, já      que é de acordo com as chuvas que teremos os níveis mais altos ou mais baixos, que irão influir na determinação da época especifica para se pescar o tucunaré, época essa que pode atrasar ou adiantar de ano para ano. Como se vê, é tudo uma questão de lógica e raciocínio, baseado na observação das chuvas. Muito bem, sabendo então como foram as chuvas e a que altura estão as águas, o pescador que for fazer sua pescaria na região amazônica poderá marca-la na data exata, afim de “não perder a viagem”.


Tucunaré do rio Teles Pires

Mas já que foi dito anteriormente que essa espécie está presente em todo o Brasil, a pergunta natural do pescador seria: Como saber quais as melhores épocas para pescar o tucunaré nas outras regiões? Exatamente nesse ponto teremos que raciocinar, mais uma vez, para chegar a uma conclusão um tanto óbvia. Se o tucunaré é um peixe da Bacia Amazônica, seja qual for o lugar onde possa ser encontrado, continuará mantendo os mesmos hábitos de sua região de origem, ainda mais porque nessas outras regiões, teremos também época de chuvas, de cheias, etc. Só que há uma outra nuança nesse raciocínio: em outras regiões, o tucunaré foi introduzido em lagos e açudes, “que nunca secam”. Ora, se o açude nunca seca, o tucunaré não terá então que fazer sua “piracema” forçada. Assim sendo, quando chegar a época da cria (outubro a março) ele irá estar criando, e nos mesmos locais descritos (fundo, galhadas e pedras). A eclosão irá ocorrer da mesma maneira, bem como a proteção da prole. 



Tucunaré de São Paulo (Represas)

Feito isso, com as energias desgastadas, o peixe terá de se alimentar vorazmente e isso acontecerá, todos os anos, no período compreendido entre maio e setembro, sendo que de junho a agosto pegaremos os maiores e melhores espécimes, já que em plena época de alimentação voraz, os peixes estarão gordos e grandes. Tudo é questão de lógica, desde que, é claro, sejam conhecidos os dados que vão suscitar nosso raciocínio.  Portanto, seja qual for a região onde você irá pescar – excetuando-se naturalmente a Bacia Amazônica, que tem suas dicas próprias – saiba que, entre junho e agosto ou mesmo em meados de setembro, ocorre a melhor época para a pesca do tucunaré. E agora uma importantíssima consideração final: se não pescarmos entre outubro e fevereiro (época da desova) e respeitarmos o tamanho mínimo de 35 centímetros para o peixe capturado (nesse tamanho é que ele irá desovar pela primeira vez), teremos com certeza muitos peixes e por muitos anos, mesmo fora da Bacia Amazônica.


Nota da Redação: este artigo foi escrito em agosto de 1995. Como pode ser observado, naquela época já tínhamos a esperança de que alguma proteção poderia ser dada ao tucunaré na época de sua desova. Hoje, passados mais de 28 meses de sua publicação, nossas esperanças continuam a esperar que “as autoridades do meio ambiente”, façam sua parte e que, pescadores predadores – aumentaram e muito - respeitem os períodos aqui citados. 

    Revista Aruanã Ed:46 Publicada em 08/1995


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - PROF. MANUEL PEREIRA DE GODOY








Há mais de meio século o Prof. Manuel Pereira de Godoy dedica-se às pesquisas cientificas. Reconhecido mundialmente por suas descobertas, infelizmente em, nosso país quase não é conhecido. Este artigo nos mostra sua obra e um pouco de sua pessoa




Nascido em Pirassununga (SP) e com 70 anos de idade, o Prof. Manuel Pereira de Godoy é formado em História Natural. Para se ter uma idéia da capacidade deste cientista, publicou até hoje 16 livros e 107 obras, versando sobre peixes, história, arqueologia, flora, fauna e biografias. Em 1987 foi premiado na Suíça com o Prêmio Rolex de Meio Ambiente, estando novamente este ano concorrendo à premiação. Recebeu ainda do Ministério da Aeronáutica a Comenda Santos Dumont, por serviços prestados. Seu trabalho em íctio-fauna já dura 54 anos e entre eles podemos citar a implantação do peixe dourado no rio Paraíba do Sul, peixamento esse iniciado em 1945, com 500 alevinos em São José dos Campos e 500 alevinos na cidade de Guaratinguetá. O sucesso desse peixamento já era visível após três anos e até 1986, portanto durante 41 anos, pescou-se dourados na Vale do Paraíba. Atualmente esse peixe está quase extinto, não pela pesca, mas pela poluição das águas. Um outro exemplo do trabalho de Godoy é no rio Mogi Guaçu, onde não existia originalmente o pintado. Em 1954 Godoy trouxe do rio Piracicaba 30 exemplares adultos dessa espécie. 



No transporte de um rio para o outro morreram18, restando apenas 12 peixes. Soltos no Mogi Guaçu, sobreviveram e proliferaram nas novas águas. Hoje se tem notícias de exemplares de 40/50 quilos pescados neste rio. Outro exemplo de peixamento bem sucedido bem sucedido foi a soltura de 300 cascudos pretos também no Mogi Guaçu em março de 1955. Atualmente o cascudo preto faz parte da pesca no Mogi. Apesar de toda a sua capacidade profissional, Manuel Pereira de Godoy é um homem simples e atencioso. Ele nos fala de suas alegrias: “Ter vencido na vida profissionalmente e acima de tudo ter conseguido provar minhas teses é motivo de muita alegria e satisfação. Nesta trajetória de 54 anos de trabalho, consegui fazer muitos amigos e admiradores. O reconhecimento internacional é outra alegria a ser citada. Conseguimos levar e trabalhar em pesquisas no Chile, Argentina, Colômbia, Portugal, França, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Inglaterra , e em duas oportunidades, com o aval da ONU – Organização das Nações Unidas”. Godoy nos fala também de suas tristezas. “O fato mais triste da minha vida, foi a perda de minha esposa Yolanda, ocorrida em maio de 1990, pois era a maior incentivadora de meu trabalho”. 



“Um outro fato também a lamentar ocorreu em 1977. Após ter trabalhado por mais de 35 anos na Estação Experimental de Biologia e Piscicultura de Pirassununga (órgão da Sudepe, hoje IBAMA) chegou a hora de minha aposentadoria. Para minha surpresa, o chefe da estação na época, deu 48 horas para que eu desocupasse as 2 salas que me eram destinadas na repartição, pois segundo ele, na que me pertencia interessava ao órgão”. “Por esse motivo e sabendo de que meu trabalho era interessante, montei em minha própria casa, com recursos próprios, um museu de História Natural, que funciona à Av. Prudente de Morais, 3039 – CEP 13632-000, no centro de Pirassununga e está aberto a visitação publica”.            “Além desse museu, mantenho também no rio Mogi Guaçu uma estação biológica denominada Estação Biológica da Balsa, com recursos próprios”. O Prof. Manuel Pereira de Godoy se emociona quando fala sobre esses acontecimentos. Cita com orgulho os seus filhos Manuel Jr., Marcos e Márcia, que lhe deram os netos Sérgio, Marcos Guilherme, André e Flávia. Para finalizar, comenta: “Deus tem sido muito bom comigo e graças a ELE estou preparando meus netos André e Flávia para serem meus sucessores no museu e na estação biológica”.



DEPOIMENTO: Ter conhecido o Prof. Manuel Pereira de Godoy foi um fato muito marcante em minha vida de jornalista. Nosso primeiro contato aconteceu na cidade de Sacramento em Minas Gerais, onde estávamos trabalhando para que uma barragem que estava sendo construída fosse provida de escadas para peixes.  Foi uma batalha que vencemos e hoje o rio Grande tem na barragem de Igarapava a sua escada de peixes. Contamos inclusive com a ajuda fundamental do pessoal de Sacramento e de um periódico de nome O Rio Grande. Convivi com ele alguns anos, tendo visitado seu museu particular como acima escrevi. Tornamo-nos bons amigos tendo eu colaborado na finalização de um de seus livros e os tenho em minha biblioteca. Era um batalhador e hoje vários rios possuem ainda peixes que eles soltou, apesar da depredação do meio ambiente. Já está trabalhando no céu há alguns anos, e daqui eu peço sua benção, meu amigo.



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

ESPECIAL - NÃO PERCA O RUMO












Numa matéria especial para a Revista Aruanã, Rubens Junqueira Vilella ensina de modo claro como nos orientar pela bússola, seja de bolso ou náutica Guie-se por aqui.


Foi na idade Média que duas invenções abriram ao homem o caminho para a conquista da navegação em alto mar: o leme e a bússola. Quanto a esta ultima, não resta dúvida de que os chineses, desde a mais remota antiguidade, conheciam as propriedades da agulha imantada, mas somente a partir do século XIII ela fez sua aparição no Ocidente, por intermédio dos árabes. Seu uso difundiu-se rapidamente, mas era ainda um instrumento muito rudimentar: uma pequena agulha suspensa por finíssimo fio, ou apoiada sobre leve pena que flutuava livremente na água em um recipiente. Ela indicava com boa aproximação a direção da estrela polar do hemisfério norte, na constelação da Ursa Menor, astro cuja fixidez no céu servia há muito para orientação. É mais provável que você, pescador, possua uma bússola pequena, dessas de bolso. 


Quando você a segura na mão, firme e nivelada, a agulha gira e oscila, cada vez mais lentamente, até parar, apontando para o norte (N). Caso você alinhar o mostrador circular (limbo) por baixo da agulha colocando a ponta desta posição “N”, poderá ler qualquer direção que desejar: Leste (E), Sul (S), Oeste (W), ou outro ponto intermediário. Esta tendência da agulha magnetizada de procurar o norte quando montada para girar livremente, é o princípio no qual se baseia a construção de todos os tipos de compasso magnético, como se diz em linguagem náutica. No entanto, existe um outro tipo de bússola magnética, mais usada nas embarcações maiores e nos aviões, cuja montagem difere da bússola de bolso e é sujeita, portanto a outra forma de leitura, o que poderá confundi-lo. Na bússola de bolso, a agulha gira independentemente do mostrador. 


No tipo náutico, o próprio mostrador esta montado sobre um de agulhas que flutua num líquido (água e álcool) de tal maneira que o mostrador todo é que gira até permanecer apontado sempre na direção norte, ao estabilizar-se.  Quando o barco altera o rumo, o habitáculo que contém a bússola gira junto com ele, enquanto o mostrador permanece estacionado. Existe uma linha de referência externa chamada de linha de fé, alinhada com a proa do barco, que indica o rumo magnético da embarcação, pela posição da linha de frente ao mostrador circular graduado geralmente de 0 a 359 graus, de um em um grau. Para evitar a perturbação da bússola pelo jogo do barco o aparelho pode ser montado  num eixo cardan.


                                          OS ERROS DA BÚSSOLA
Como dissemos no início, e os antigos já sabiam disso, a agulha da bússola não aponta exatamente para “norte geográfico e sim para o “norte magnético”. A Terra não é um imã perfeito e o eixo magnético não está alinhado exatamente com o eixo de rotação que determina os pólos geográficos. Na maior parte do Brasil, a agulha da bússola aponta cerca de 10 a 20 graus à esquerda, ou seja, a oeste da linha norte sul geográfica. Este ângulo de desvio entre a direção no norte verdadeiro (geográfico) e o norte magnético é conhecido como “declinação magnética”. Apenas no Acre a declinação é zero, ou seja, ali a bússola aponta exatamente o norte verdadeiro. Já no Nordeste brasileiro, a declinação alcança 22 graus oeste. O valor da declinação magnética acha-se indicado nas cartas náuticas. 


Como ele varia de ano para ano, também é indicado o valor da variação anual a partir de determinado ano. Por exemplo, no litoral de São Paulo a declinação indicada é de 17 graus 45 minutos em 1985, e a variação anual é de 11 minutos positivos (crescente). Portanto, para atualizar a declinação em 1992, é preciso multiplicar a variação anual por 7. Temos 7 vezes 11 igual a 77 graus, que devemos somar a 17 graus 45 minutos, o que dá 17 graus 122 minutos ou finalmente, 19 graus 02 minutos. Portanto, na região de São Paulo, a agulha da bússola aponta 19 graus à esquerda do norte verdadeiro. Visto de outra forma a direção norte está a um ângulo de 19 graus “à direita” da direção apontada pela bússola. A ponta da agulha que aponta o norte costuma ser pintada de azul. A regra é: somar à direção dada pela agulha o valor da declinação para obter a direção verdadeira, sempre que a declinação seja a oeste (subtrair se for leste). 

                                      
                                         COMPENSAÇÃO DA BÚSSOLA
Outra fonte de erro da bússola, além da declinação, é a presença de qualquer objeto metálico nas imediações do aparelho, como o próprio casco da embarcação, fiação e baterias, ou mesmo uma faca de aço no bolso do timoneiro. A correção deste erro é exigida pelos regulamentos da Marinha (para lancha esporte de recreio classificação D2J, por exemplo) e faz-se pela chamada compensação. Trata-se de uma técnica que aplica internamente ao aparelho pequenos pedaços de ferro para alinhar corretamente a bússola. Esse alinhamento deve ser feito a cada 5 ou 10 graus girando o barco ou colocando-o em rumos conhecidos. 

Pode-se, por exemplo, usar bóias, faróis, pontas, etc., marcadas nas cartas náuticas como referência de direção. Mas é um trabalho delicado, e ao invés de mexer no aparelho é preferível fazer um pequeno gráfico de correção que deve ser colado no painel junto à bussola.
                                               COMO DETERMINAR A DECLINAÇÃO
A declinação magnética em qualquer local pode ser determinada usando-se a própria bússola, desde que se conheça com precisão a direção norte-sul verdadeira. Esta pode ser obtida pela carta náutica. Sem carta náutica, e com menos precisão, pode-se usar o Cruzeiro do Sul: prolonga-se o braço maior da cruz quatro vezes o seu comprimento e ali encontraremos a direção do pólo sul da esfera celeste.



Revista Aruanã Ed: 28 Publicada em 06/1992