terça-feira, 29 de abril de 2014

FOLCLORE BRASILEIRO

 FOLCLORE


















Esta lenda, assim como os versos aqui transcritos, nos foram enviados pelo leitor Djalma da Rocha Silva Filho, de Parnaíba (PI), cujo desejo é divulgar para o Brasil uma parte marcante do folclore piauiense.



“Remeiro valente do rio Parnaíba, que rema a canoa pra baixo e prá riba. Que brinca com a morte e tem pouca sorte desprezando a vida contente a lidar. Remeiro valente lá do meu torrão, que afronta a torrente e sorri do trovão. Que rompe o balseiro no mês de janeiro, nas grandes enchentes que descem para o mar. Já viste a cabeça de cuia apontar no meio do rio e depois afundar? É o filho maldito, por pragas aflito, castigo tremendo que a lenda sagrou. Se vires um dia a cojuba surgir no meio do rio e depois emergir, não é ilusão, é assombração. A alma maldita, Crispim pescador (Pedro Silva)





Reza a crença popular que, nas águas do rio Parnaíba e Poti, em noites enluaradas, campeia por entre os pescadores e remeiros o medo e o terror  do cabeça de cuia.
Trata-se de um monstro que, por haver batido em sua mãe, foi por ela amaldiçoado com a condenação de viver borbulhando entre os rios Poti e Parnaíba à semelhança de um grande peixe, com uma enorme cabeça em forma de cuia. Metade do ano ele aparece no Rio Paranaíba e na outra metade ele passa no rio Poti.
Para desencantar-se, teria que devorar sete Marias, todas virgens e cada uma delas em noite de lua cheia.
Muitas pessoas afirmam que vêem o seu corpo quase a superfície das águas, na época do prelúnio à espera de uma vitima. Dizem ainda que ele costuma passar algum tempo incorporado em algum louco que perambula pelas ruas de Teresina.
Citam-se as mais estranhas histórias a seu respeito, as mais incríveis controvérsias, as mais inacreditáveis alucinações. São incontáveis os casos de pessoas que sucumbiram em suas presas, talvez mesmo, vítimas que nem fossem virgens, nem talvez se chamassem Maria. É muito provável que, nas suas margens, as árvores, as pedras ou apenas uma simples flor fossem confundidas com uma daquelas que desencantassem para sempre daquele inexorável destino.

“Sete Marias precisa tragar. São sete virgens pro encanto acabar. Quando o rio em cheia desce, Cabeça de Cuia sempre aparece. Rema prá margem, ó velho pescador, que na curva do rio o monstro apontou. Castigo tremendo que Deus lhe deu, por bater na mãezinha Crispim se encantou. Tem medo, ó Maria, que estás a lavar. O Cabeça de Cuia te pode tragar”.


NOTA DA REDAÇÃO: Nosso setor de folclore da Revista Aruanã, é bem grande. Contos como “Negrinho do Pastoreio, Mula sem Cabeça, Mãe D’Água” entre outros fizeram parte de nosso roteiro durante anos. Temos mais de 60 matérias abordando esse tema. É portanto, uma outra coleção para que o nosso leitor guarde em seus arquivos. Vale a pena esse cuidado.

COLEÇÃO ARUANÃ      -     FOLCLORE BRASILEIRO



quinta-feira, 24 de abril de 2014

ANIMAIS DO BRASIL - LONTRA















A lontra, bem menor do que a ariranha, é um animal de hábitos aquáticos. Anatomicamente adaptada para essa vida, ela possui pernas excessivamente curtas e é provida de patas com membranas interdactilas, comum aliás,  aos grandes nadadores. A cauda achatada lateralmente e espatulada, auxilia muito no mergulho. A cabeça achatada, com orelhas pequenas, apropria-se também ao meio líquido. A pelagem delicadíssima, aveludada e impermeável é protegida por outra mais áspera, que a reveste exteriormente.

As lontras frequentam mais os rios do que os lagos  ou banhados. 

Estabelecem a toca muito perto da água e ali se ocultam durante todo o dia, saindo ao anoitecer e voltando ao abrigo ao iniciar da madrugada. Dificilmente é vista no meio do dia. Seu alimento é quase exclusivamente de peixes, mas também come crustáceos e até rãs,  pequenos répteis e até aves aquáticas. Sua coloração vai do pardo-escuro muito lustroso, com partes mais claras nas partes inferiores até o marrom claro. Um macho adulto mede cerca de 0.70cm de comprimento e a cauda mais 50cm.
Por causa de sua pele, a lontra está praticamente extinta.


O gênero Lutra, com 11 espécies, tem uma distribuição bastante ampla, tanto no Velho como no Novo Mundo. As espécies sul-americanas são: L.platensis (Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil); L.incarum (Peru e Equador); L.mitis (Guianas e Brasil oriental até o Rio de Janeiro); L.enydrys (Guianas, Venezuela e Ilha de Trinidad; L.felina (Chile, Ilha de Chiloé e arquipélago Chonos); L.provocax (Chile e lado oriental dos Andes) e L.colombiana Venezuela, Peru e Colômbia).

É muito comum, estando o pescador em rios do pantanal, ver diversas ariranhas e, erradamente chama-las de lontras. Isso também acontece na Bacia Amazônia. Mas, temos algo a ressaltar,  já que em ocasiões bem raras, ao  avistar esse animal, poderá ser realmente uma lontra. No entanto, como as lontras estão praticamente extintas, será na maioria das vezes uma ariranha. Infelizmente.
Tal fato de caminhar para a extinção, deve-se única e exclusivamente a sua pele, que tem grande valor no mercado negro de peles de animais. 



Consultoria: Fundação Parque Zoológico de São Paulo.


LONTRA  -        COLEÇÃO ARUANA   -   ANIMAIS DO BRASIL

NOTA DA REDAÇÃO: Uma boa prática, em se tratando de nossos leitores, será colecionar os Animais do Brasil, bem como os Peixes do Brasil, pois periodicamente estaremos postando matérias sobre esses dois assuntos e isto poderá servir a consultas e uso para os mais diversos fins, pois sempre estaremos amparados pelos melhores cientistas e pesquisadores, não só do Brasil, como de todas as partes do Mundo.



quarta-feira, 23 de abril de 2014

TRAÍRAS E TRAIRÕES: UMA PESCARIA INCRÍVEL


ESPECIAL - PESCA








Alguém já disse que a traíra, para o pescador de represa, é o vestibular para os peixes de maior tamanho. O que dizer então dos trairões? Vamos lá, pescar tanto um como o outro é emoção pura, que só o pescador amador entende.





Guardadas as proporções de tamanho, tanto a traíra como o trairão parecem o mesmo peixe. No entanto, enquanto a traíra, que cientificamente é classificada como Hoplias malabaricus, atinge no máximo 4 ou 5 quilos, sua “prima”, o trairão, classificado como Hoplias lacerdae, atinge facilmente 18 a 20 quilos.
Identificar quem é quem não é difícil e para isso encontramos na descrição de Nomura, o seguinte: “os sulcos da parte ventral da cabeça, constituídos pelas franjas dos bordos internos da mandíbula com o assoalho da boca, formam uma espécie de U invertido no trairão e não um V como na traíra.”
No que se refere à pesca, qualquer uma pega e muito bem, usando-se as mesmas técnicas, lógico e evidente, com diferença na resistência do material usado na pescaria.

Compare a mão do pescador e a isca artificial, com o tamanho da cabeça do trairão.

Começamos pela traíra, que tem sua área de atuação desde a Argentina até a América Central. Alguns dizem que a melhor maneira de se pescar a traíra é “batendo” a isca na água, já que tal procedimento “irrita” o peixe que então ataca. Particularmente não concordamos, já que sabemos que nos sentidos do peixe, a audição é o mais pronunciado e com o ato de bater a isca na água, estamos atraindo a traíra, mesmo que ela esteja mais longe (ver postagem neste blog sobre “peixes vêem cores?). Tal procedimento não acontece se jogarmos a linha com a isca e a deixarmos quieta no fundo. Talvez por essa razão é que os pescadores costumam usar diversas linhadas ou varas e durante a noite vão verificando se há ou não peixes fisgados. Outra lenda é que é melhor pescar à noite. Essa informação também é errada, pois a traíra também pega durante o dia. O segredo está na maneira de pescar. Se for linha de fundo ou vara, com isca parada, à noite é melhor, pois o peixe se movimenta mais. Se for batendo a isca, durante o dia, é melhor do que a noite.

   A boca de uma traíra comum. Observe vários dentes que são extremamente perigosos.


Aliás, na cidade de Ibiúna (SP), tivemos a oportunidade de verificar um tipo de pescaria bastante interessante no qual consiste o material em uma vara de bambu com ponta forte e resistente e linha de dois metros, com anzol grande e um pequeno empate de arame. Esses pescadores “enchem” o anzol de minhocas, fazendo um verdadeiro bolo e escondendo bem a ponta do anzol, para não enroscar. Em locais onde haja bastante capim, aguapés ou outros obstáculos do mesmo tipo, eles com a vara, vão correndo a superfície da água, em meio ao capim, fazendo o bolo de minhocas ir deslizando lentamente no meio do lugar. Quando existe um buraco no meio do capim, deixam o anzol iscado descer um pouco por alguns segundos e se não tem êxito, continuam a correr a superfície da água. A fisgada é brusca e então o pescador tira a traíra da água com força jogando-a na terra firme.

Trairão na água e fisgado com isca artificial. Briga prá “gente grande”.

As melhores iscas para as traíras são os pequenos peixes do local da pescaria e mesmo a minhoca. No caso de pequenos peixes, o anzol pode ficar completamente com a ponta para fora, pois o peixe não irá estranhar tal fato. A  bem da verdade, esse negócio de esconder a ponta do anzol é conversa fiada, a não ser que se pesque em locais onde haja muito enrosco. Vamos raciocinar juntos: de um lado se esconde a ponta do anzol e do outro está a argola do anzol, mais o empate de aço e isso não é possível esconder. Pergunta: o peixe só desconfia da ponta?
No caso de pescar com isca parada, isque o pequeno peixe, sempre a começar pelo rabo, ficando então a fisga do anzol na cabeça. Aqui uma outra dica, que serve não só para a traíra: todo peixe predador, ataca suas “vitimas” sempre pela cabeça, daí...

Momento da foto. Para mostrar aos amigos a façanha de fisgar um trairão.

Finalmente algumas curiosidades sobre a traíra. É um peixe de águas parada (lênticas) mas as vezes também ocorre nos rios. Desova com variação de 6.000 a 60.000 óvulos. Os pais vigiam os ovos até a eclosão. Uma traíra de 50 cm de comprimento tem perto de oito anos de vida e conforme a região, recebe nomes como: lobo, cipó-de-viuva, dorme-dorme, jeju, lolaia, pau-de-negro, robafo e taraíra. Fisga durante o ano todo e emlocais onde a água seca completamente, fica no lôdo, aguentando nessa condição muito tempo, até as chuvas chegarem
E o trairão? Bem, este pode ser considerado como um peixe “barra pesada”, pois devido ao seu tamanho e sua força, o pescador dificilmente poderá estar usando um equipamento leve. No entanto, encontrar o trairão, mesmo que não seja difícil, é pelo menos curioso, já que tal peixe, só poderá ser pescado em duas regiões onde ele é nativo: no rio Ribeira de Iguape e na Bacia Amazônica, e mais precisamente na bacia do rio Teles Pires, onde fizemos esta reportagem. Evidente está que em muitos açudes e represas foram soltos alevinos do trairão, mas até agora não se tem notícias de sua pesca regular.
Para pescar esta espécie, poderão ser usados os mesmos métodos do que para a traíra comum, com exceção do material. Linhas mais fortes, anzóis maiores e mais resistentes deverão ser o mais indicado.
Os costumes do trairão serão os mesmos do que os da traíra, mas a briga é completamente diferente, já que ninguém consegue arrancar na marra um peixe de 15 ou mais quilos. É uma briga violenta, mas limpa, pois o trairão não corre para os enroscos.
Sua carne é igual à da traíra e com a vantagem das espinhas serem maiores, portanto mais visíveis e evitáveis. 

Traíra comum de peso aproximado de 1,5kg. Pescada em represas de São Paulo.


Em uma pescaria no rio Teles Pires, mais precisamente em um afluente de nome Nhandu, conseguíamos avistar os trairões nas margens. Com o barco, lentamente chegávamos  perto e então era só jogar a isca em cima deles, mexer um pouco a isca e esperar a fisgada. Em pescarias noturnas ao peixe de couro, pudemos também fisgar alguns trairões.
Muita gente tem noticiado ter fisgado alguns trairões por este Brasil afora, mas examinando com cuidado o peixe, chegou-se a conclusão  de que eram grandes traíras e não trairões. Mas nas duas regiões acima citadas eles existem, se bem que no Ribeira, são mais difíceis de serem encontradas, pela pesca indiscriminada, mas que existem, isto não deixa dúvida, pois o ultimo a ser capturado, com mais de 9 quilos, o foi, bem perto das cabeceiras do rio Juquiá.
Aí está portanto, mais um capítulo de nossa extensa ictio-fauna brasileira, à disposição de todos nós, pescadores amadores.
Um trairão de bom tamanho

No que se refere às iscas artificiais, tanto a traíra como o trairão pegam em diversos modelos. Procure usar sempre as iscas tipo plugs (em formato de peixes) e, que sejam flutuantes.

A pesca de traíras e trairões, como vemos, não tem muitos mistérios. Um bom equipamento e um bom local de pesca, teremos então grandes chances de sucesso. Pelas fotos, podemos ver que se trata de um peixe predador, tal é a quantidade e o tamanho de seus dentes. Isso já é um aviso ao pescador dos cuidados que deve ter ao manusear o peixe, para tirá-lo do anzol. A mordida de tanto um como outro peixe é bastante dolorida e grave. Recomendamos um puçá e um alicate pega peixe, pois com eles, vamos conseguir tirar a traíra ou traírão, do nosso anzol ou da isca artificial, sem qualquer incidente. Uma observação para terminar, mesmo sendo um peixe de escamas, a traíra é escorregadia e se cair no chão, move-se como se fosse uma serpente. Boa pescaria

NOTA DA REDAÇÃO: Mesmo com a pesca predatória, que infelizmente é praticada em todo o Brasil, ainda hoje encontramos tanto a traíra como o trairão, presente nos locais citados nesta matéria. Convém salientar, que no rio Ribeira de Iguape, o trairão foi introduzido e adaptou-se muito bem àquela região.
Já a traía comum, essa sim, dificilmente não estará presente em qualquer local onde haja uma lagoa, um açude, uma represa ou um rio em todo o Brasil. No pantanal, por exemplo, costuma-se usá-la como isca para os grandes peixes de couro. Sua pesca nesse local, pode ser feita a noite e com o auxilio uma boa lanterna, uma fisga ou facão, pois com calma e sem fazer barulho na água, conseguimos vê-la.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

APRENDA A DEFUMAR PEIXES






 Esta matéria mostra ao leitor como defumar um peixe. No entanto, devemos salientar que esta operação deve ser feita em casa, já que a legislação de pesca proíbe qualquer transporte  de pescado se este não estiver fresco, com cabeça e somente sem vísceras. Peixe defumado ou salga é proibido transportar.





O princípio de defumação consiste em expor o peixe ou ligeiramente salgado a ação do calor e da fumaça, produzidos por um fogo de uma mistura de lenha, gravetos e serragem. Para a operação de defumar peixes, são imprescindíveis três fases distintas: a salmouragem, a secagem e a defumagem.
A salmouragem retarda os fenômenos de autólise e consequentemente os de putrefação – a carne do peixe se desidrata e adquire  maior resistência, apurando-se também suas qualidades de sabor. O sal deve ser puro pelo menos quanto possível e a salmoura deve ser fria e com a concentração de 25 por cento.

A secagem posterior permite certa desidratação superficial  do peixe tornando-o mais resistente e dotando-o de uma película  que, na defumagem, impede a perda excessiva de substâncias intrínsecas, facilitando ao mesmo tempo a coloração peculiar dos produtos defumados – se rápida – a secagem artificial dá maior resultado do que a natural.

A defumagem não desidrata o peixe, dando-lhe porém, o sabor e a coloração própria. O peixe para defumação deve obedecer aos seguintes detalhes: se é de tamanho limitado, é simplesmente eviscerado. Se for de tamanho grande deve ser reduzido a postas, filés ou mantas.

O peixe pode ser defumado depois de aberto, ou seja, seccionado longitudinalmente desde o focinho até a base caudal, seguindo a coluna vertebral sem no entanto atingir a parede ventral. Deste modo apresenta-se completamente plano, aberto; também usa-se abrir o peixe pelo ventre depois de se tirar a cabeça. Quanto a defumação “a frio”, é questão dependente da distribuição do produto para consumo imediato ou para longa duração.

A madeira para iniciar a combustão de defumagem  deve ser dura, seca e sem cheiro desagradável ou muito ativo; as mesmas qualidades devem possuir a serragem, as folhas, cascas ou outras  matérias-primas empregadas para a produção de fumaça.





Importante é no processo de defumação, não deixar nunca que a madeira produza chama. Se isso acontecer, apague imediatamente o fogo, borrifando água. Somente a fumaça deve estar em contato com o peixe.
Um  bom material para o “forno” de defumação são os barris de lata, com uma boca aberta e uma fechada (ver desenho).  Na parte fechada faça uma abertura como a boca de um forno, por onde será colocado o material de combustão. Coloque o peixe amarrado pela boca e de cabeça para cima. Disposto em uma trave na boca do latão aberto. Use uma tampa, para maior concentração de fumaça. Em geral, dependendo de quem for comer o peixe recomenda-se algumas horas (mínimo de 2) para o processo de defumação. O resultado é excelente e o pescado fica muito gostoso.
Qualquer espécie de peixe fica boa na defumação. No entanto, peixes com pequena camada de gordura ficam ainda melhores, tais como tainhas, pacus, dourados, anchovas, tucunarés, sardinhas ou um peixe de sua preferência. Tenha em mente que tal peixe deve ter a tal “pequena camada de gordura”.
(Extraído e adaptado da Revista Fauna – janeiro de 1956)

NOTA DA REDAÇÃO:  Para quem gosta do sabor de alimentos defumados, os peixes recebem uma posição toda especial , pois mesmo sendo feitos de outra maneira, não ficam tão gostosos e saborosos.
O processo de começar uma defumação de peixes é, antes de tudo, um acontecimento social, já que seus convidados, família ou amigos, podem estar presentes e saboreando alguns petiscos e batendo um bom papo, pois o processo demora duas horas ou mais.
O seu primeiro forno, para você experimentar o peixe defumado pode ser improvisado, em um latão ou barril de metal, de preferência, sem qualquer cheiro ou sabor.
Com certeza, ao comer um peixe defumado por você mesmo, seu próximo passo será mandar fazer um defumador de aço inox, que defumará muito melhor os próximos peixes. A satisfação em preparar uma defumação, é exatamente igual a preparar um bom churrasco. Bom apetite

terça-feira, 15 de abril de 2014

COMBUSTÍVEL VELHO: VALE A PENA ECONOMIZAR?

DICA




Uma aventura no pantanal. Barco carregado e combustível no tanque. Dê a partida no motor e boa pescaria..





O que deve ser feito com o combustível que sobra no tanque do motor de popa no fim de uma pescaria? O reaproveitamento, longe de ser uma opção econômica, pode comprometer seriamente as resultados da próxima pescaria, e ninguém deve admitir que isso ocorra por uma economia boba e infantil. Por outro lado, às vezes nem é questão de economia, mas sim de desconhecimento. Saiba agora o que fazer, sem correr riscos desnecessários, com aquele combustível que sobrou.



Ao marcar uma pescaria, temos sempre a preocupação de observar todos os detalhes e cuidar para que o nosso equipamento esteja em perfeitas condições. Após conferir tudo, lá vamos nós com a tralha completa e pronta para ser usada, principalmente o motor de popa, que é um dos itens mais importantes no nosso lazer. Um comportamento recomendável e que deveria ser adotado pela maioria dos pescadores é feito por apenas alguns mais atentos: antes de viajar, eles levam seu motor de popa para uma revisão completa, prevenindo assim surpresas desagradáveis. Sinceramente: o que pode ser mais chato do que ficar dando várias partidas em um motor de popa e ele não pegar? Além disso, é cansativo e frustrante.
Nessas horas, é um tal de mexe aqui, mexe ali, afoga motor, dasafoga, tira capô, olha vela, vê se a gasolina está passando para o carburador e um monte de outras coisas, até que finalmente desistimos e voltamos para casa. No dia seguinte, quando levamos o motor na oficina, estamos dispostos a, no mínimo, sacrificar o mecânico, já que “por causa dele” ficamos sem pescar.

Navegando com segurança. Nada melhor.
Vem então a surpresa: o mecânico coloca o motor no tanque de teste, injeta gasolina do carburador e o “bicho” pega na primeira. E a cara de bobo? E o sorrisinho amarelo? Como escondê-los? Ainda mais quando o mecânico, agora cheio de razão, mostra e comprova que a revisão anterior havia sido bem feita. E ainda aproveita para afirmar que nós é que fizemos alguma coisa errada e acabamos sem saber como fazer o motor funcionar. Mas o quê exatamente podemos ter feito de errado? Afinal quem está com a razão?
 A resposta é bem simples: ninguém tem razão, ou melhor, não se trata de provar quem tem razão, e sim descobrir de quem é a culpa. E isso não é difícil: a culpa é do pescador, já que foi ele quem tentou fazer o motor funcionar com aquele combustível velho, que estava no tanque há dias, semanas, ou mesmo meses. É a famosa economia idiota.
Voltar para casa e ter aquela despesa toda sem pescar, além da raiva e da frustração, com certeza saiu mais caro do que se tivéssemos jogado fora o combustível velho e abastecido o tanque com uma nova remessa. Para entender tudo isso, vamos ver o que acontece com o combustível velho.  Segundo Eduardo Sala Polati, supervisor de desenvolvimento de combustíveis da Shell Brasil S/A, “qualquer derivado de petróleo, principalmente combustíveis como a gasolina, sofre ao longo do tempo e em contato com o ar, um processo de deterioração química conhecido como oxidação. Esse fenômeno ocorre normalmente quando o combustível é armazenado por longos períodos. Uma forma de detectar se o processo de oxidação já está avançado é observar a cor do combustível, que adquire uma tonalidade castanho, tornando-se bem escuro”.

E ele conclui: “a oxidação está diretamente associada à formação de goma e verniz nos carburadores e sistema de injeção de combustível dos motores. O envelhecimento do combustível é natural e não há como evitá-lo totalmente. No entanto, este processo é sensivelmente retardado no caso das gasolinas aditivadas, pelo efeito inibidor de oxidação promovido pelos aditivos detergentes dos pacotes a elas adicionados”.
Barco carregado com a tralha, abastecido, coletes salva-vidas e, pronto para a pescaria. É hora de aproveitar o lazer.

Temos então a palavra de um técnico em combustíveis, mas como identificar os danos que essa oxidação  pode ocasionar ao motor de popa.             
José Oscar Pache é gerente da divisão náutica da Caloi/Suzuki e, acostumado a esse tipo de problema, esclarece: “se a camada de goma ocasionada por um combustível velho existente no carburador for excessiva, dificilmente o motor entrará em funcionamento, mesmo após várias partidas, pois os dutos capilares do carburador certamente já estão entupidos. Já no caso de não haver excesso de goma, o motor funciona, porém não arranca, e se arrancar, com certeza apresentará sintomas semelhantes aos que ocorrem quando falta combustível, ou seja: não desenvolverá velocidade. Aqui é necessário prestar muita atenção, pois o aparecimento desses sintomas exige cuidados por parte do usuário já que caso venha a insistir no uso do motor, haverá um hiper aquecimento, ocasionando uma pré-ignição e, consequentemente, um furo no pistão.

Um outro ponto a ressaltar é o surgimento de uma pequena obstrução, causada pela goma, em um giclê de alta aceleração (marcha de cruzeiro) ou de baixa aceleração (marcha lenta). No primeiro caso o motor funciona e arranca, mas apresentará falhas na marcha de cruzeiro. Na baixa aceleração, funciona, mas apresentará marcha irregular, apagando contínuas vezes”.


Acima giclê (novo) de baixa aceleração e ao lado giclê (usado) de alta aceleração


Pois é, caro pescador. Podemos discordar da opinião de dois especialistas?
Após essas entrevistas, chegamos juntos a algumas conclusões. Se sobrar combustível, faça o que quiser com ele, mas nunca o reutilize no seu motor de popa. Após vazio, o tanque deve ser guardado sempre com a tampa semicerrada e com o respiro totalmente aberto a fim de que haja ventilação suficiente para evitar a formação de goma. É importante não esquecer que o combustível velho também estará presente no carburador e na mangueira do tanque de gasolina.
No primeiro caso, opte por abrir o parafuso bujão existente na lateral da cuba do carburador, ou então, antes de deligar o motor, deixe-o funcionando com a mangueira desconectada até que a gasolina existente queime totalmente. Assim que cessar o funcionamento, puxe o afogador e dê uma ou mais partidas (o motor costuma pegar)  até que ele não pegue mais. O carburador estará então totalmente seco. No caso da mangueira, verifique que ela apresenta, nas duas extremidades, uma esfera que veda a passagem de gasolina quando não está conectada ao tanque ou ao motor. Faça o seguinte: estenda a mangueira em posição vertical e com o auxilio de um objeto pontudo, abra essa esferas ao mesmo tempo, o que fará com que a gasolina escorra totalmente. Também é possível, se o pescador assim o preferir (nós recomendamos essa ação), desconectar apenas a parte que estava no tanque, pressionar a esfera dessa parte e deixar que o combustível queime totalmente. Essa operação costuma demorar alguns minutos, dependendo da potência do motor.
 Tanque de combustível de metal e enferrujado. Outro grande problema.


Tanques modernos já fabricados em plástico.

Finalmente, devemos considerar que os antigos tanques de metal costumam enferrujar, problema já solucionado nos modelos de motores mais modernos, que trazem tanque de combustível  fabricado em material plástico.
Por si só, esse detalhe do tanque de plástico já evita muitos problemas. Agora que você já sabe dos problemas causados pela oxidação e pela goma, vem a pergunta final: vale a pena guardar a sobra de combustível para reutilizar na próxima pescaria, que você nem sabe quando vai ser? A resposta é óbvia.


Cuba e carburador com resíduos de goma. Efeito de combustível velho.

Se ainda assim o pescador quiser economizar o combustível, deve observar o quanto seu motor de popa consome e levar então só meio tanque, sem esquecer que nesse procedimento há um pequeno inconveniente: e se acontecer algum imprevisto durante a pescaria e o pescador precisar de mais combustível? Pois é, felizmente existe outra opção para o reaproveitamento das sobras de combustível de nossos motores de popa, a qual nos parece bem mais razoável. Trata-se simplesmente de colocar esse combustível diretamente nos tanques de nossos carros (obviamente excluindo-se os carros a álcool) e completar com gasolina pura.
Este é o procedimento que particularmente adotamos (aconselhados por um mecânico), já há muito tempo, e nunca tivemos problemas com o carro em decorrência disso. Desse modo, economizamos de forma racional, utilizando as sobras no lugar apropriado. E o mais importante: sem sacrificar as próximas pescarias.

NOTA DA REDAÇÃO: Este artigo sobre combustível velho, foi publicado na Revista Aruanã, em abril de 1996. Na época fez muito sucesso entre os pescadores, já que muitas pescarias não foram mais interrompidas pelos problemas aqui explicados. Uma questão muito simples e que só faltava ser citada e explicada. A Aruanã, com exclusividade o fez.
Um outro ponto a ressaltar é que os nomes de pessoas ou empresas aqui citadas, podem ter sido modificados, devido ao espaço de tempo decorrido entre a publicação original e o agora aqui publicado no blog da Aruana.


VISITE NOSSA LOJA VIRTUAL: www.revistaaruana.com.br







terça-feira, 8 de abril de 2014

BEIJA-FLOR - Coleção Aruanã - Animais do Brasil

 OUTROS BICHOS





 BEIJA-FLOR



 É tarefa difícil descrever a beleza do colorido dessas criaturas, que parecem jóias vivas, pois não bastariam os nomes de todas as pedras preciosas e metais brilhantes para dar uma idéia da variedade de seus matizes, sempre cintilantes.





Beija-flor é o nome usado para designar as minúsculas aves da família dos Troquilídeos, a qual encerra cerca de 500 espécies, todas elas só da América do Sul e Central. É entre os beija-flores que se encontra o menor representante de toda a classe das aves, medindo apenas 65mm de comprimento total. Descontando porém a cauda e o bico, restam apenas 35mm como dimensão do corpo propriamente dito, havendo portanto muitas moscas que são mais volumosas do que tais avezinhas. Há também beija-flores gigantes, que medem até 20cm (Topaza pella, da Amazônia), no entanto, tais dimensões avantajadas são atingidas em boa parte à custa do bico, que se tornou tão ou mais comprido que o corpo todo, ou então às penas caudais, que se alongam outro tanto.





Muitos naturalistas, depois de descreverem a mimosa estrutura dos beija-flores, salientam, em contraste, o gênio irascível, briguento e mesmo violento dessas criaturas. Pequenas escaramuças, entre dois beija-flores que se encontram, são acontecimentos frequentes. A alimentação dessas aves consiste quase que unicamente de néctar e pequenos insetos. É á procura deles que vemos os beija-flores “sugar” as flores. Os ninhos são lindos e delicados, como seus habitantes adultos; os míseros filhotes são, ao contrário, talvez as mais feias criaturas: quase nus, apresentam um enorme bico ao qual está apenso um corpo tão desajeitado quanto se possa imaginar. Também a descrição do modo como a ave mãe os alimenta, inspira comiseração: ela enfia o longo bico, juntamente com o alimento já digerido, quase até o fundo do estômago dos filhos e assim o faz repetidas vezes, parecendo antes querer matá-los do que cuidar deles.
Os ovos são sempre alvíssimos, variando o tamanho entre 1 e 1,5cm. São chocados em duas semanas, mais ou menos (de 12 a 16 dias).
O material empregado na construção do ninho é a mais fina paina, branca ou amarela, disposta em forma de taça ou de cadinho e de tamanho de um pêssego quando muito. Por fora é enfeitado com líquens de cores variadas e escamas de samambaias. Além disso, a ave ainda serve-se de teias de aranha como amarrarilhos, e de fato, assim consegue aliar a máxima delicadeza à necessária solidez. Há dois tipos de arquitetura: os beija-flores de bico reto constroem tigelas ou taças, ao passo que os de bico curvo adotaram a forma de maçã, ornada de apêndices mais ou menos compridos em que termina o ninho propriamente dito.
“Beija-flor” é termo empregado na linguagem culta, brasileira; cuitelo dizem os caipiras (derivados de cutelo, segundo Amadeu Amaral, em alusão ao bico); “guanambi” é a denominação de tupi e colibri é termo de origem americana, usado mais comumente pelos europeus e pelo poetas.


Bibliografia consultada:
Dicionário dos Animais do Brasil – Rodolpho Von Ihering


COLEÇÃO ARUANÃ DE ANIMAIS DO BRASIL

segunda-feira, 7 de abril de 2014

"O PEQUENO GRANDE PEIXE" - Coleção Aruanã - Peixes do Brasil

PEIXES DO BRASIL                                                                           






O velho ditado “tamanho não é documento” define perfeitamente este pequeno e interessante peixinho cuja pesca é um desafio, já que exige perícia e habilidade do pescador amador.
Vamos conhecer o tambiú.









Cientificamente classificado como Astyanax bimaculatus lacustris, o tambiú pode ser encontrado especialmente nos principais rios dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Além disso, algumas subespécies também estão presentes nos outros estados brasileiros, e até mesmo em alguns países das Américas. O corpo apresenta coloração escura, em tom prateado, com uma faixa preta na nadadeira caudal.
Muita gente confunde o tambiú com o lambari, e apesar de serem estas duas espécies realmente bem parecidas, o primeiro é bem maior do que o segundo, sendo que chega a atingir cerca de 15 a 20 centímetros de comprimento e peso de aproximadamente 60 gramas.
A carne dessa espécie tem excelente sabor, principalmente quando saboreamos o peixinho frito e inteiro, servido junto a um bom aperitivo. Entretanto, a maior emoção proporcionada pelo tambiú é realmente sua pesca, pois mesmo não sendo nada privilegiado  em termos de tamanho, ele briga bem e exige do pescador amador uma boa dose de perícia.
Utilize material de categoria leve, como uma vara de fibra tubular ou mesmo um caniço de bambu, linha de bitola 0.10 milímetros, chumbo bem pequeno e anzol “mosquito”. O siriri é uma boa isca para pesca na superfície, e optando por essa modalidade, o pescador deverá dispensar o chumbo. Fisgue o siriri pela cauda, e com o auxilio da vara, faça com que a isca descreva evoluções na água, vindo à tona vez por outra, buscando despertar a atenção do tambiú. A fisgada do tambiú na superfície é muito bonita e emocionante, já que conseguimos ver o ataque. 
Optando por pescar de fundo, o chumbo será necessário. É justamente aqui que o pescador experiente irá se distinguir do novato, pois a prática é fundamental para o sucesso nessa modalidade: muitas iscas serão roubadas pelo tambiú antes de conseguirmos fisgá-lo. As melhores iscas para a pesca de fundo são o macarrãozinho (cozido), pedaços de queijo, milho verde, massa de farinha de trigo e a tradicional minhoca. Uma boa dica é cevar o local escolhido com um pouco de quirera de milho antes de começar a pescar, e ir jogando na água mais alguns punhados durante o transcorrer da pescaria. O tambiú também é conhecido por vários outros nomes, como canivete, lambari-guaçu, piaba-da-lagoa e piaba rodeleira.



COLEÇÃO ARUANÃ  DE PEIXES DO BRASIL