segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ - ANIMAIS DO BRASIL















O veado catingueiro é um pouco menor que o veado mateiro, com cerca de 0.70 cm de comprimento e 0.65 cm de altura no garrote. Não é habitante das matas e encontra abrigo na vegetação densa e espinhosa das regiões semi-áridas de nossas caatingas e cerrados. É de hábitos solitários, só procurando a fêmea na época do acasalamento, quando então anda em casal por 1 ou 2 semanas. Os chifres (somente nos machos) são simples e chegam a medir até 0.12 cm. São mais ativos de manhã e a tarde. Perseguidos, não exitam em atirar-se nos rios, pois são ótimos nadadores.




Consultoria: Fundação Parque Zoológico de São Paulo

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

UMA PESCARIA DE SALMÃO!











Fazer uma pescaria de salmão era para mim uma inteira novidade, pois não conhecia o peixe e nunca o havia pescado. Mas um pescador amador, antes de tudo, é pescador. Existe o princípio de jogar a isca na água e ver no que vai dar. Venha conosco e veja o que aconteceu.






Saímos de Helsinki eu, o Risto Rapala, o Perti Rautio e o Peka, funcionário da Finnar que estava nos dando apoio, já que usamos sua Companhia para nosso transporte. Fizemos uma escala em Rovaniemi, que tem como principal atração, estar em cima exatamente do Círculo Polar, e logo depois chegamos ao nosso destino: Ivalo, no norte da Finlândia.
Já na descida do avião comecei a sentir o “verão” de lá, pois a temperatura beirava os 8°C. No inverno, essa temperatura baixa para 40°C negativos. Alugamos um Jipe Mitsubishi e nosso destino era então o rio Neiden, a mais ou menos 300 quilômetros já na Noruega e a 30 quilômetros da União Soviética. Pelo caminho, algumas curiosidades, como os banheiros de estrada, públicos e muito limpos, placa sinalizadora avisando da presença de alces, etc. Não conseguimos ver nenhum alce, porém vimos renas, e aos bandos. A viagem é muito tranquila, pois o carro tem ar condicionado quente. A paisagem é muito bonita, com vários rios e lagos, com pedras e pinheiros nas margens. No meu pensamento, vêm velhas imagens de calendários, vistos na minha infância. 



Vez por outra, em um monte mais alto, assusto-me com a visão de neve refletida ao sol. Minha roupa, segundo a informação, é para um verão um pouco “mais fresco”. Finalmente chegamos ao rio Neiden e de imediato vamos a um camping com o mesmo nome e alugamos um chalé. A construção desse chalé é com troncos de pinheiros (pinho de riga) e temos como acomodações uma sala, quarto, cozinha, banheiro e uma pequena varanda. Já na descida do carro, fui obrigado a pegar roupas emprestadas dos companheiros de pescaria. Almoçamos e fomos pescar. A temperatura é de 5°C. Estou vestido da seguinte maneira: três meias, calça de pijama, por cima um jeans e uma bota comprida de borracha, camiseta, camisa, malha de lã, um casaco e uma capa por cima. Na cabeça um boné da Rapala, de veludo. Sinto frio.




O rio Neiden é muito bonito, com uma pequena cachoeira e várias corredeiras em uma extensão de mais ou menos 5 quilômetros. Na cachoeira, há uma ponte, e o passeio dessa ponte é de engradado, de onde, olhando para o chão, podemos ver o rio passando sob nossos pés. Vimos alguns salmões subindo a corredeira. Novamente, voltam velhas imagens ao pensamento. A seguir, fomos à casa de uma autoridade do meio ambiente, para tirarmos nossa licença de pesca. São US$35 por dia de pescaria. Pagamos dois dias e ficamos sabendo das regras para se pescar. Existem na corredeira locais para a pesca com fly e para quem pesca com plugs. É proibido usar qualquer tipo de motor e também é proibido pescar das 4 às 6 horas da tarde (?). E realmente, nesse horário, ninguém pesca.




Começamos nossa pescaria nas margens (o uso de botas é para isso), dando lances e recolhendo as iscas Rapala. Depois de algum tempo, eu e o Perti pegamos um barco e saímos para o meio do rio. O barco é a remo. Segundo o Perti, o jeito de pescar aqui é jogar a linha para a correnteza, a mais ou menos 20 metros de distância e deixar que a corrente faça a isca trabalhar. Vez por outra, com o auxílio dos remos (o barco é muito leve), subimos a correnteza e mudamos de lugar. Enquanto o Perti rema, eu seguro as duas varas, uma para cada lado do barco. Perto de nós, alguém fisga um salmão e eu vejo o peixe pular. E continuamos a pescar. Raciocinando, sei que o salmão pertence à família dos salmonidae, portanto “primo” do dourado. Começo a formular algumas idéias. Vejo várias pedras onde nossa linha e iscas não conseguem chegar. Penso então: será que se eu der lances nessas pedras não vou ter mais chances de fisgar um peixe?




Converso com o Perti e ele dá de ombros, dizendo que se eu quiser tentar, que faça-o. Recolho minha linha, que é de bitola 0.30mm e começo a dar os lances. Após alguns lances, diviso à minha direita uma pedra grande e quase que totalmente coberta pela água. Dou um lance atrás dela e deixo a Rapala descer um pouco para a correnteza. Travei o equipamento e recolhi a isca no máximo dois ou três metros, quando senti então a ferrada do peixe. Comecei a briga e é interessante fisgar um peixe que não se conhece. Eu não sabia como era a briga do salmão, mas passados alguns minutos, descobri que é um peixe que briga “limpo”, não procurando as pedras para se livrar do anzol. Para me comunicar com o Perti, falava uma mistura de inglês, espanhol e italiano. Como piloteiro ele é excelente, já que controla o barco com perfeição apenas com os remos. Mais ou menos após uns 10 minutos de briga, me dá uma vontade grande de fumar. Olho para o Perti e vejo que ele está com o rosto branco e tenso. Eu só ouvia dele, vez por outra, a expressão “big salmon”. 







Pedi a ele que me acendesse um cigarro. A reposta foi não. Aliás, bem taxativa. Pedi mais uma vez e a resposta foi a mesma. Pensei que ele não estava me entendendo. Abri a capa com a mão direita, após passar a vara para a esquerda e peguei meu maço de cigarros. Com dificuldade, tirei um e tentei acender. O Rautio perguntou então se eu realmente queria fumar. Com minha resposta afirmativa, e dizendo que pelo jeito a briga ainda iria demorar muito, fui atendido por ele, que também acendeu um cigarro para si.
O “meu” salmão deu um pulo e vejo a peixe quase por inteiro. De onde o fisguei, já descemos mais ou menos uns 200 metros. Nas margens, os outros pescadores, para não atrapalhar, pararam de pescar e estão assistindo à briga. Mais ou menos 25 minutos da fisgada o salmão começa a pranchar e a distância entre nós começa a diminuir. Finalmente, conseguimos pegar o peixe com as mãos e colocar dentro do barco. Com um pedaço de pau, que muitos conhecem por “lenço”, o Perti dá duas ou três pancadas na cabeça do peixe. Igual ao Pantanal. Remando, o Perti encosta o barco na margem. Começamos a festa com aperto de mão, abraços e alguns gritos. O rosto dele está transfigurado ante a presença do peixe. Ele não se cansa de repetir que é um grande salmão.



Para mim, que não conhecia o peixe e não sabia sobre os tamanhos que pode atingir, não dava tanta emoção. Foi uma bela briga, isso sim. Começaram a chegar perto de nós outros pescadores para ver o peixe. Falam muito rapidamente e em finlandês. Vez por outra, no meio da frase consigo entender apenas “brazilian”. Dão também muita risada. Pergunto ao Perti qual é o assunto e ele me explica que eles acham-me louco, já que com um peixe desses na linha, parei para fumar. É minha hora de rir. Realmente começo a dar importância ao peixe, tal é o número de pescadores que vêm efusivamente me cumprimentar. Pegamos novamente o barco e voltamos ao porto, o Risto e o Peka já estavam nos esperando. Foi aquela festa. Muitas fotografias e vez por outra um gole de conhaque. A propósito: durante a briga eu não senti, mas agora minhas mãos e a ponta do nariz estão geladas e dormentes.




Fomos pesar o peixe, que mediu 1,03 metro e pesou 12,5 quilos. O fiscal é que faz esse serviço. Após a pesagem, ele com uma faca raspa um pouco de escama do peixe e as coloca dentro de um saquinho plástico, que contém informações como o local da pesca, o comprimento, peso, a hora, o nome do pescador e o país de origem. A festa nesse local é grande também, com muitos pescadores me cumprimentando. E tome conhaque. A desculpa é o frio. Após a oficialização, o Risto pega o peixe e vai limpá-lo. Junto, aproveito para fazer várias fotografias. Agora mais calmo, começo a entender a importância de um peixe de tal envergadura. No quadro de recordes, o peixe que mais se aproxima é um exemplar de 12,2 quilos. A média é de 5 a 8 quilos.





A fisgada do peixe se deu às 9 horas da noite, que não é noite, mas sim dia, com sol e tudo. Voltamos para o camping, com o peixe, e nova festa nos esperava. E tome conhaque. Jantamos com muita comemoração e o prato é especial: carne de rena ensopada. Á meia-noite e dez, vou com o Perti até uma elevação do camping para fazer uma fotografia... do sol. Para que o leitor entenda bem, seria mais ou menos como o sol em uma posição de 5 e meia da tarde no Brasil. Lá, o sol não se põe nesta época, e corre pelo horizonte até subir novamente. Durante as 24 horas do dia, ele está presente. No dia seguinte, nova pescaria, só que desta vez, devido ao frio, que estava em torno de 3°C e com vento mais frio ainda, resolvi não pescar, já que minhas mãos e a ponta do nariz ficavam quase dormentes por causa da baixa temperatura. 


No entanto, bem agasalhado, fiz questão de participar com os companheiros da pescaria. O Risto fisgou um salmão de mais ou menos 6 quilos. Na corredeira à nossa frente, era comum ver-se vários salmões pulando para vencer a força das águas. É um espetáculo muito bonito. No dia seguinte, nosso avião para Oslo sairia às 4 da tarde. À noite ficamos sabendo que havíamos ganho um prêmio pelo maior salmão da semana, e que esse prêmio seria entregue às 5 horas da tarde do dia seguinte. Não houve tempo portanto para a premiação, mas o pessoal da Rapala iria receber e nos remeter posteriormente para o Brasil. Foi uma bela pescaria e muito emocionante, por três razões principais: primeiro, por ter fisgado meu primeiro salmão e ser esse peixe um “fora de série”; segundo, por estar pescando junto com Risto Rapala, cujo sobrenome diz tudo; e terceiro, por ver meu nome escrito como um primeiro lugar, e o que é mais importante: estar seguido da palavra “Brasil”.

NOTA DA REDAÇÃO: Ao rescrever esta matéria, percebo de que “algumas coisas ficaram no ar”, ou não foram informadas, na época, nesta matéria. Portanto, vamos a elas.
O “tome conhaque”, que diga-se de passagem era um Napoleon, e as doses foram várias, fez alguns efeitos e naquela noite, mesmo com sol, dormi muitíssimo bem.
Eu me comunicava com o Perti, um pouco em ingles, espanhol e italiano e, agora explico: o nervoso em estar com um grande salmão na linha, fazia com que eu falasse em português e ele em finlandês. Não tinha jeito dele me dar o maldito cigarro.
Finalmente o premio a que fiz jus pelo meu peixe e que vim a saber só muito tempo depois, quando o Perti veio ao Brasil. Eu ganhei nada mais nada menos, do que uma isca artificial e, pasmem, de uma concorrente da Rapala. Demos boas risadas.
E a “parada das 4 às 6 horas” é para dar aos peixes que estão subindo o rio, uma chance a mais para desovar.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

RAPALA: A HISTÓRIA DE UMA ISCA ARTIFICIAL









Lago Päijänne    
                             
                                
Conhecer a Rapala foi algo emocionante, já que seus produtos há muito são conhecidos e utilizados pelos pescadores amadores brasileiros, principalmente aqueles que se dedicam em especial à pesca com iscas artificiais. Venha conosco e vamos descobrir como são fabricadas as famosas iscas Rapala.






Situada na cidade de Vääksy, a mais ou menos 125 quilômetros de Helsinki, capital da Finlândia, a fábrica da Rapala é muito bonita. Em um prédio térreo grande, rodeado de pinheiros que são as árvores nativas em toda aquela região, são fabricadas mensalmente 900 mil iscas artificiais, que são distribuídas em todo o mundo.
À entrada da fábrica, na fachada, o famoso “peixinho” nas cores verde e amarelo identificava suas instalações. À porta, nos aguardavam Risto Rapala, seu diretor fundador e Pertti Rautio, seu diretor comercial e nosso velho amigo, pois já nos conhecêramos aqui no Brasil, onde ele costuma vir uma vez por ano. Após conhecer os escritórios e tomar um gostoso e completo café, fomos visitar a fábrica, começando do depósito onde é recebida e armazenada a madeira balsa, matéria prima para a confecção das iscas, que é importada do Peru. Para mim, é grande a expectativa e também uma honra, pois sou o primeiro jornalista latino-americano a ser convidado especialmente para conhecer as instalações da Rapala.


Pois bem. A madeira balsa é cortada em ripas, já com a espessura aproximada dos modelos a serem fabricados. Em tornos automáticos, as ripas (seis de cada vez) são colocadas, e os peixinhos, já em seu formato definido, vão caindo em cestos à frente da máquina. Após essa operação, vão para a primeira seção de acabamento, onde são lixados e recebem o arame do meio da isca. Após isso, o arame é fixado através de uma colagem e é feito um primeiro tratamento na madeira. O passo seguinte é a seção de pintura, sendo o fundo dado por imersão da isca na tinta. Já o dorso, recebe a pintura manualmente, com auxilio de revólver de pintura. O passo seguinte é a pintura decorativa, como escamas, listas, etc. As iscas já tem agora o aspecto definitivo. Em uma outra seção, onde, em uma máquina desenvolvida pela própria Rapala, são colocadas as argolas e as garatéias. Aliás, todo o maquinário da fábrica foi desenvolvido pela própria Rapala.
A operação seguinte, já com a isca pronta, é levar todas para o setor de teste, onde diversos funcionários treinados testam uma a uma as iscas de todos os tipos que foram produzidas.  Existem dois tipos de tanque de teste. Um deles tem comprimento de mais ou menos dois metros (são vários tanques). Em cada tanque de dois metros, um funcionário (usam moças e rapazes para isso), com uma pequena varinha provida de linha e gancho na ponta, faz a isca nadar várias vezes a fim de verificar seu balanceamento. O outro tipo de tanque de teste é grande, redondo e giratório, podendo sua velocidade ser controlada de acordo com o tipo de isca a ser testada.


São vários funcionários, sentados em cadeiras especiais e munidos da mesma espécie de varinha, que ficam testando o balanceamento e ação (que deve ser perfeita) de todas as iscas. As aprovadas são então remetidas para a embalagem final e então despachadas para os clientes. Nessa visita a fábrica, conseguimos perceber que para Risto Rapala é questão de honra fabricar suas iscas em madeira balsa, que é a matéria prima original das iscas que têm seu acompanhamento pessoal durante a fabricação.
Fomos então ao setor de plásticos injetados, onde são feitas as barbelas das iscas e somente dois modelos com corpo em plástico: a Rattlin Rapala e a Rattlin Fat Rap. Os cuidados com esses modelos são os mesmos dispensados às iscas de madeira, e passam pelas mesmas operações de fabricação. Tudo nas iscas e produzido pela própria Rapala, com exceção dos anzóis. Hoje a Rapala conta com cerca de 500 funcionários divididos da seguinte forma: 300 deles trabalham na Finlândia, e o restante divide-se nas fábricas da Irlanda, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.



Além disso, a Rapala mantém hoje o controle de outras empresas, como a Blue Fox, a Vibrax e a Normark.
Após a visita ao setor de fabricação, voltamos aos escritórios e encontramos uma grande surpresa: em um quadro, na sala de reuniões, está a primeira isca Rapala, fabricada artesanalmente por Lauri Rapala, pai de Risto. É estranho tê-la nas mãos, e o primeiro pensamento, incrível, é mais ou menos como lembrar da moeda número 1 do Tio Patinhas. Existem também na fábrica, em setores especiais, as velhas máquinas artesanais onde Lauri Rapala fazia suas iscas. É uma espécie de museu, com tudo original e típico. Saímos então para o almoço e ficamos sabendo que à tarde iríamos para a casa de campo de Risto Rapala, à beira do Lago Päijänne, onde iríamos pescar trutas.


Nesse lago há uma corredeira cujo nome Kalkkinen, por onde a água passa rapidamente e fazendo evoluções. Há uma pequena ilha, ligada por uma ponte, existem muitas pedras e a vegetação natural é composta predominantemente de pinheiros. Nessas pescarias foram fisgadas algumas trutas de lago. Pescamos até as 8:00h da “noite”, que lá ainda é dia e tem sol. Após a pescaria, fomos para a casa de Risto, onde nos aguardava um belo jantar e o prato principal era uma truta assada, de mais ou menos 5 quilos. Voltamos para o hotel, já que no dia seguinte iríamos para o norte, em Ivalo, para uma pescaria de salmão. Em outra matéria desta edição, contamos essa pescaria.
O mais importante nessa visita à Rapala foi ver pessoalmente a fábrica, a fabricação das iscas e as próprias iscas, nossas velhas conhecidas de muitas pescarias. A propósito: a Rapala foi fundada em 1949.


NOTA DA REDAÇÃO: Por mais que eu tente, jamais vou conseguir transcrever a emoção que senti ao chegar à frente da fábrica da Rapala. Várias vezes eu havia visto em catálogos aquela foto com o nome Rapala e o citado peixinho. Estar ali pessoalmente era inacreditável. Eu conheci as iscas Rapala, por volta de 1969, quando elas começaram a aparecer nas lojas de pesca em São Paulo. Eram os modelos mais comuns chamados de “original”, com barbelas e nas cores dorso preto e dourado com a barriga branca. Eu já pescava com iscas artificiais, mas que eram fabricadas e muito mal feitas por mim. Descobrir as Rapala, trazia à mente qual seria meu sucesso nas futuras pescarias. Comprava várias e de todos os tamanhos e cores. Salvo erros, os tamanhos à venda eram o 5, 9, 11, 15 e 18. As garatéias eram de cor bronze e foi aí que aprendi a trocá-las por mais fortes, já que as de bronze abriam com facilidade, na boca de grandes robalos, tucunarés e black bass. Compará-las com as iscas atuais e de diversos fabricantes em todo o mundo, inclusive no Brasil, chega a ser ridículo. Mas faça uma reflexão e volte no tempo, 46 anos, com certeza você vai entender o que estou escrevendo e, o que eu sentia naquela época, com aquelas “verdadeiras joias” nas mãos. No entanto, uma citação se faz necessária e é incontestável nas pescarias da época: havia muitos mais peixes, muito maiores e a depredação quase não existia. Com certeza e, isso é impossível de voltar a ser como era. As novas iscas, ora, as novas iscas, são lindas, infelizmente não podermos dizer o mesmo dos “novos” peixes e da depredação.


PS: Caso o leitor não tenha prestado atenção na foto (acima) da isca de Lauri Rapala, olhe com cuidado para ver a data de sua fabricação. Como jornalista que sou, tentei descobrir como estaria hoje a Rapala, já que os irmãos Rapala, venderam a fábrica. Na Internet, vi sua nova denominação: Rapala VMC. Corporation e no contato da empresa são citadas pessoas na Finlândia. 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - OLHO DE BOI














Com a chegada dos meses mais frios (outono/inverno), começa a aparecer em nosso litoral um peixe que, além de ter carne de excelente sabor, tem, para quem pesca esportivamente, um grande interesse, tal é a “briga” que o olho-de-boi proporciona.










Conhecido cientificamente como Seriola lalandi, este peixe, que chega a atingir 2 metros de comprimento e mais de 50 quilos de peso, tem como cores predominantes um azul metálico no dorso, sendo o ventre esbranquiçado. Nos peixes mais jovens, ainda vemos nesta espécie uma listra amarela disposta longitudinalmente. Como recorde temos registro de um peixe pescado no Brasil com aproximadamente 32 quilos.
Sua característica principal é andar em cardumes, e sempre em águas profundas do litoral, ou então beirando pequenas ilhas ou os parcéis de pedras submersas. Como iscas para sua captura, podemos citar as sardinhas, paratis, cavalinhas e mais uma infinidade de outros pequenos peixes. Como dica, podemos dizer que o olho-de-boi costuma pegar tanto no fundo como na superfície. Neste caso, é recomendável que as iscas estejam vivas e a linha do pescador sem chumbada.
Na impossibilidade de se conseguir as citadas iscas vivas, podemos substituí-las, e com vantagem, pelas iscas artificiais.  Para escolhermos as melhores iscas artificiais, devemos levar em consideração o aspecto delas, que deve assemelhar o tanto quanto possível dos peixinhos naturais que habitam no local da pescaria e que são o alimento do peixe por nós pretendido. Assim, devemos imitar cores e tamanhos dos peixinhos. Usaremos então plugs com mais ou menos 20 centímetros de comprimento nas cores azul, preta, ou mesmo vermelha no dorso e barriga branca. Estas iscas dão ótimos resultados.
A modalidade de pesca nesse caso deverá ser a de corrico, que consiste em, com o auxílio do movimento do barco, puxar a linha com a isca na ponta, fazendo com que a isca se movimente para atrair a atenção dos peixes. Só não pescaremos no sistema de corrico no caso de, é lógico, avistarmos um cardume à superfície, quando deveremos parar o barco e passar a dar lances sobre os peixes. A velocidade de recolhimento da linha deverá ser lenta, mas o suficiente para fazer a isca artificial “nadar”. Essa mesma velocidade pode ser usada para a pesca na modalidade de corrico e, a distância ideal entre a isca e o barco deverá ser descoberta pelo pescador no momento da pescaria.
Aconselha-se começar o corrico com uma distância média por volta de 30 metros.
O material para a pesca do olho-de-boi deverá ser o de categoria média. Para encerrar, podemos dizer que, conforme a região do Brasil, o olho-de-boi também é conhecido pelos nomes de: arabaiana, arabaiana pintada, pintagola, tapireçá e urubaiana. 

sábado, 10 de janeiro de 2015

SILÊNCIO!! - O SEGREDO DA PESCARIA.









Muitas vezes o pescador amador prejudica sua própria pescaria antes mesmo de começá-la, somente pelo fato de chegar de “qualquer maneira” em um pesqueiro, seja de barco ou simplesmente a pé, num barranco. Saiba como evitar as consequências desastrosas dessa “pequena” desatenção.



O olho de um tucunaré

Nos dias atuais, o pescador amador dispõe de acesso a muitas informações que antes não eram divulgadas apropriadamente. Hoje em dia, são várias notícias de estudos realizados em todos os sentidos sobre todas as espécies de peixes. Um desses estudos, que para nós é sem dúvida o mais importante refere-se aos sentidos dos peixes. Atualmente, já sabemos que a maior parte das espécies de peixes tem o sentido da visão muito pouco desenvolvidos. Também o olfato é, na maioria dos peixes, muito limitado e está intimamente relacionado ao paladar, o que indica que o peixe primeiro põe a isca na boca e só depois é que entra em ação esse olfato/paladar que lhe permite avaliar o alimento. Finalmente, conforme as pesquisas científicas já comprovaram, sabemos que o sentido melhor desenvolvido nos peixes é a audição. Segundo afirmam os pesquisadores, a audição de um peixe é cerca de dez vezes mais aguçada do que a de qualquer outro animal vivo, seja ele terrestre ou aquático. Esse fator, aliado ao fato dos sons se propagarem melhor sob a superfície das águas, assegura que os peixes, a despeito de não poderem ter seus sentidos de visão, olfato e audição comparados, por exemplo, aos mamíferos terrestres, são capazes de ouvir muitíssimo bem.
Pois bem, se o peixe escuta muito bem, parece-nos fundamental que tenhamos um cuidado especial em nossas pescarias ao nos aproximarmos do pesqueiro escolhido. 

Pescaria de robalos
Todos nós já presenciamos, durante as nossas pescarias, aqueles pescadores que, com um bom barco e um motor de popa possante, vêm em alta velocidade e “cortam” o motor de popa bem próximo ao ponto de pesca. Quando isso ocorre, se repararmos bem, vamos verificar que por cerca de aproximadamente dez segundos após parar o motor, as ondas causadas pelo deslocamento do barco ainda estarão varrendo o local.
Nessa altura dos acontecimentos, com certeza essas ondas prejudicaram o pesqueiro, já que com a movimentação da água, o peixe certamente fugiu ou então afundou mais, o que torna menores suas chances de encontrar nosso anzol, esteja ele iscado com isca natural ou artificial. Evite que isso ocorra. Quando você estiver navegando, ao chegar perto de um pesqueiro, não tenha pressa, diminua a marcha do motor e vá se aproximando lentamente. Quando estiver a uma distância de mais ou menos 100 metros do ponto pretendido, pare o motor de popa e utilize os bons serviços de um motor elétrico, que permitirá que sua chegada aconteça no mais absoluto silêncio. Se você não dispõe de um motor elétrico, um bom remo também resolve o problema, apenas com a desvantagem de ser mais cansativo.
Em locais onde há correnteza, pare sempre acima, respeitando os 100 metros recomendados e apenas deixe o barco deslizar a favor da correnteza. 

Aproximação das galhadas
Outro momento importante é quando precisamos apoitar o barco. Jogar a poita nem sempre quer dizer “atirá-la” dentro d’água. Uma boa “apoitada” significa descer a poita lentamente, sem encostar na borda do barco e sem deixar que ela bata com força no fundo. E pronto, esses são os procedimentos básicos para uma boa aproximação por água. Mas há ainda um detalhe essencial, que depende fundamentalmente de sua boa educação: quando for passar por outro barco que esteja pescando apoitado ou de rodada, diminua a marcha mais ou menos uns 50 metros antes dele, e após ultrapassá-lo, percorra mais 50 metros lentamente para só então retornar a marcha de cruzeiro. Não há nada mais irritante para uma pessoa que está pescando do que alguém ultrapassá-la com velocidade, deixando atrás de si os balanços das ondas produzidas pelo barco.
Cuidados de aproximação também devem ser tomados pelo pescador que pesca de barranco ou, se preferirem, desembarcado. Evidente está que na praia ou no costão não existe a necessidade de obedecer as normas que daremos aqui. Vamos nos referir apenas aos pescadores de beira de rio ou represa. 

Galhadas
Muitas vezes, ao chegar à beira da água, conseguimos ver que o peixe se afasta antes mesmo da nossa aproximação efetiva. Nessa situação, a primeira conclusão a que um pescador chega é achar que o peixe o viu. Mas isso não é verdade, pois sabemos que a visão do peixe é muito limitada. Então o que aconteceu? É simples. Aconteceu que o peixe antes mesmo de ter visto o pescador, “sentiu” sua presença. Isso mesmo. O peixe se afastou porque pôde “sentir” a vibração causada pelas batidas do pé do pescador caminhando na margem.

Portanto, o ideal é chegar no pesqueiro lentamente, considerando a apurada audição dos peixes. E isso já nos dá outra dica, que é permanecer dentro do maior silêncio possível. O pescador que anda de um lado para o outro o tempo todo ou fica com os pés dentro da água com certeza terá menos sucesso do que aquele pescador que pesca praticamente imóvel. Aliás, sobre essa crença de que o peixe vê o pescador, qual de nós já não presenciou, por exemplo, pescadores de tilápias colocando galhos de árvores na frente de sua ceva, afirmando que assim camuflados os peixes não os vêem? Outro velho costume manda que o pescador evite vestir roupa de cores claras, que supostamente seriam mais “visíveis”, já que se destacam bastante contra o fundo de vegetação. 

Motor elétrico

Pesca na beira de rios ou represas
Essa é uma meia verdade. É óbvio que, se atrás de nós existe uma mata, seria conveniente usar roupas de tons neutros para sermos mais facilmente confundidos com a paisagem. Saiba o pescador no entanto que o peixe não enxerga cores, portanto qualquer tom de roupa neutro (não necessariamente o verde) será o bastante para camuflá-lo.  Essa camuflagem não é para nos deixar invisíveis, mas sim para disfarçar nossos movimentos, deixando nossos ruídos mais amenos perante o sentido de audição do peixe.
Apenas para exemplificar e tornar mais claro o que foi dito aqui, vamos citar alguns barulhos comuns que decididamente atrapalham uma pescaria. No barco: batida de remos ou quedas de objetos no chão do barco, andar pesadamente dentro da embarcação, mudar de lugar constantemente, etc. No barranco: andar, nadar, cortar galhos de árvores com facão, fazer aquele churrasco na margem, jogar latinhas de bebidas (lamentável) ou pedras na água e na margem e o mais desnecessário de tudo: escutar um sonzinho de rádio ou toca-fitas no pesqueiro. Essa é de doer não é mesmo?

Para finalizar, podemos dizer que o pescador deve se comportar no pesqueiro, na medida do possível, como se ele não estivesse ali, pois qualquer barulho diferente dos ruídos naturais do meio ambiente local será muito prejudicial à pescaria, o que nos faz lembrar daquela máxima que diz que “o silêncio é de ouro”. E de muito peixe no samburá.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - QUATI






















Os quatis têm o corpo alongado, flancos estreitos e membros vigorosos, sendo os anteriores mais curtos. Os dedos em número de 5, são unidos entre si em quase todo o comprimento e as garras mostram-se fortes e muito desenvolvidas. Animais gregários vivem em bandos numerosos que podem reunir centenas de indivíduos, mas exclusivamente de fêmeas e de machos jovens com menos de 2 anos de idade. Os machos levam vida solitária, exceto na época da reprodução. São animais diurnos, ruidosos e inquietos. Despertam pela manhã gritando, correndo e escavando o solo, trepando nas árvores e lutando uns com os outros. Durante o forte calor do meio dia, buscam abrigo. No chão os quatis caminham com a cauda erguida, apoiando-se somente na metade da planta dos pés e das mãos. Quando sentados ou quando se erguem nos ombros posteriores são plantígrados. Nas árvores a cauda semi-preênsil, serve-lhes de balancim. Sabem nadar e em caso de necessidade atravessam rios e correntes, mas evitam a água de maneira geral. Os quatis são onívoros. Consomem grande quantidade de insetos, vermes e moluscos. Comem também ovos, frutos e carne. Exalam um odor fortemente almiscarado. Domesticam-se com facilidade. Existem quatro espécies de quatis, segundo sua distribuição geográfica:




Nasua nasua: Vive do Panamá à Argentina.
Nasua narica: Vive na A. do Norte e A. Central, desde Oklahoma até a Costa Rica.
Nasua nelsoni: Vive na ilha de Cozumel, na região do Yucatan.
Nasua olivácea: Quati de Montanha. Vive na Venezuela, Colômbia e Equador.
  Hollister coloca essa ultima espécie em um gênero separado: “Nasuela”.

Consultoria: Fundação Parque Zoológico do Estado de São Paulo




sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - MERO


















Um dos maiores peixes de nosso litoral, o mero possui carne de excelente qualidade. Sua fama de engolidor de pescadores não condiz com a verdade: é um peixe inofensivo, a despeito de seu tamanho avantajado.
















O mero pertence à família dos Serranídeos, sendo o maior do Brasil. Seu nome científico é Epinephelus itaiara e ocorre desde a Flórida (EUA) até São Paulo. Atinge mais de 2 metros de comprimento total e chega a pesar 450 kg. Seus locais preferidos são os costões, rios e entradas de canais de litoral, além de alto mar, geralmente onde existam pedras e parcéis submersos. O mero é um peixe calmo e lento, com colorido oliváceo escuro quando adulto. Nos peixes novos, chamados de merotes, notam-se pontos negros na cabeça e cinco faixas pretas e largas sobre o corpo. Sua época de desova se dá durante a primavera. Pode ser pescado durante todo o ano, especialmente no verão e primavera.
Sua alimentação consiste de lagostas, bagres, sargos, tainhas e polvos. As melhores iscas para se fisgar os meros de menor tamanho são as sardinhas, filés de enchovas, bagres, pequenas garoupas e badejos, toletes de paratis e ainda siris e caranguejos iscados inteiros. Geralmente o pescador não vai pescar visando especificamente o mero, estando na maioria das vezes à procura de garoupas e badejos. Quando fisgado casualmente, com linha fina, o melhor que se tem a fazer é cortar a linha, uma vez que o mero, a exemplo da garoupa, procura retornar para sua toca nas pedras quando fisgado, dificilmente saindo de onde está entocado. O material indicado para sua pesca é o pesado, recomenda-se o uso de carretilha, pois sua tração é maior. A linha deverá ser de bitola entre 0.70 a 0.90 mm e o anzol será de grande tamanho encastoado com aço.
A chumbada deve ser do tipo oliva, sendo seu peso determinado pela correnteza do local. O mero é conhecido também por canapu na Bahia e canapuguaçu em Pernambuco.
NOTA DA REDAÇÃO: devido a sua pesca em grande escala, afirmando uns a que é feita pelos caçadores submarinos, quase chegando a sua extinção, pois o mero é muito manso, proibiu-se a sua pesca com qualquer tipo de equipamento em todo o Brasil, tanto para pescadores amadores como profissionais.


ESPÉCIE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO