sexta-feira, 27 de março de 2015

AVENTURA NO PINHEIROS E TIETÊ.







Muito se fala na recuperação do Tietê e quase nada ouvimos sobre o rio Pinheiros. Os dois são similares na finalidade a ambos atribuída. A Aruanã fez em São Paulo esta reportagem especial, navegando em meio à poluição dos dois rios, do mesmo modo como fazemos em nossas habituais pescarias. Confira.









Início da aventura: Usina de Pedreira                                                                                                                                                  

Quem de nós, aqui em São Paulo, não tem visto diariamente na mídia impressa, falada e televisiva, uma massificante publicidade sobre a recuperação do rio Tietê? O engraçado é que nessa publicidade, pouco ou quase nada se fala do rio Pinheiros, que como o Tietê, tem sérios problemas. Com base na informação oficial de que o Tietê está 50% despoluído, resolvemos nos aventurar a navegar nesses rios, desde a Usina Pedreira no bairro de Santo Amaro, até a barragem junto ao parque Ecológico do Tietê, na Penha, percorrendo por água cerca de 60 quilômetros de trajeto.
                                                                                                                                                   

Da esquerda  para a direita Kenji e Antonio                         

A descida do barco                                                                                                                               
     
Preparamo-nos muito bem, já que nossa embarcação foi um barco Marfim 500 Levefort (novo) e um motor Suzuki de 30 HP. Fizemos antes uma consulta com médicos conhecidos, que nos aconselharam a usar roupas de plástico, botas de borracha, luvas, máscaras, óculos especiais e protetores para os ouvidos. Exatamente às 9.30h do dia 05/08/94, descemos nosso barco junto à Usina da Pedreira. Íamos eu e o fotógrafo Kenji Honda, profissional que nos acompanha em praticamente todas as aventuras. Pela margem, nossa caminhonete de reportagem e uma guarnição do Corpo de Bombeiros, com cinco soldados prontos para qualquer emergência, acompanhariam a expedição.

A equipe do Corpo dos Bombeiros da Policia Militar SP e nossa equipe  
                                           


Demos a partida no motor e lentamente começamos a descer o rio Pinheiros. Ao entrar no rio, a impressão que se tem é muito pior do que quando o observamos das vias marginais, coisa aliás, à qual todo paulistano está acostumado. A água do rio é negra e continuamente saem bolhas do fundo para a superfície. Essas bolhas estão em toda a extensão do rio a estourar intermitentemente. O cheiro é insuportável, e tranquilamente atravessa as máscaras de proteção.

A primeira ponte que encontramos é a de Interlagos, e perto dela uma surpresa: restos de uma perua Kombi repousam semi-submersos nas águas do Pinheiros. A segunda ponte é a do Socorro, e mais adiante vemos o primeiro afluente, o rio M’boy Guassu, que sai das comportas da represa de Guarapiranga. A paisagem não poderia ser pior. Água preta, mal cheirosa e muito lixo, principalmente garrafas plásticas de água mineral e refrigerantes, pedaços de caixas de isopor e outras embalagens plásticas, tais como detergentes de cozinha, desodorantes e mais uma infinidade de frascos não identificáveis.

Os restos de uma Kombi     
       
             A terceira ponte é a do Transamérica, e a paisagem continua a mesma. O mau cheiro também.  A única novidade é que nosso motor “roncou diferente” indicando alguma coisa na hélice. Nós, que estamos acostumados a pescar em outros locais, sabemos que quando o ronco muda, basta levantar a rabeta do motor, pois com certeza alguma folha de aguapé está enroscada na hélice. No Pinheiros não há aguapés. O enrosco aconteceu devido a um pedaço de plástico, que se percebia ser de um saco de lixo. Para que nosso texto não fique repetitivo, queremos informar ao leitor que até o fim do nosso trajeto, repetimos a operação de limpar a hélice mais de 26 vezes, e em nenhuma delas o enrosco foi de folhas de aguapé. Foram as mais diversas matérias manufaturadas, sendo que uma das mais estranhas foi uma fralda descartável.
                                                              

O afluente M’boy Guassu 



Na ponte do rio Pinheiros, continua a água igual e o cheiro idem. Passamos ainda a ponte do Morumbi e ao longe já avistávamos a Usina da Traição. Chegando à usina, tivemos que tirar o barco da água, já que é impossível passar por dentro dela. O mais interessante é que existe uma eclusa, mas, segundo um engenheiro da Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo), “daria muito trabalho fazê-la funcionar”. Na usina entendemos o que ele quis dizer com trabalho. É que essa eclusa está completamente entupida de lixo, e no meio do rio, cresce até um “matinho verde”, muito “bonitinho”. São várias moitas de matinho verde. Com a ajuda do pessoal de nossa equipe mais os soldados do Corpo de Bombeiros, tiramos o barco da água, colocamos na carreta e passamos a Usina da Traição por terra, para voltarmos ao rio um pouco mais à frente. Um pouco mais à frente é modo de falar, já que junto à usina, existem duas barragens flutuantes para segurar o lixo. O engraçado é que existem máquinas para retirá-lo, principalmente o material plástico e colocá-lo em uma espécie de “container” (naquela hora existiam dois containers cheios de lixo). Pelo jeito, é encaminhado para reciclagem e alguém deve estar ganhando dinheiro com isso.
                                                                                                                

Usina Traição em Cidade Jardim – bairro classe “A” de São Paulo  

Próxima ponte: Cidade Jardim. Aqui o primeiro sinal de vida nas águas do rio Pinheiros. Um marreco estava na margem e com nossa aproximação saiu nadando tranquilamente para a outra margem. Seria bom que o “pessoal da ecologia” fizesse uma campanha para salvar o marreco do Pinheiros. Foi o primeiro e ultimo sinal de vida em todo nosso trajeto nas águas dessa aventura. Para não ficar monótono, vamos dizer que passamos por uma infinidade de pontes e não vamos citar mais nomes, pois são velhas conhecidas dos paulistanos e não há muito interesse nesse detalhe. Cite-se apenas que estão todas recém-pintadas, a pretexto de uma decoração que não serve para coisa nenhuma além da “maquiagem” do ambiente, tal é o estado desses dois rios. A propósito, devemos citar também o “reflorestamento” das margens, com árvores e gramados. Para nós, dentro do rio; a sensação era a mesma de estar em um penico, com as bordas muito bem pintadas e decoradas, o que não altera o conteúdo.

Lixo acumulado nas barragens flutuantes         


                    
E lá fomos nós, rio abaixo. Pelas margens do Pinheiros: pneus velhos, sacos de lixo devidamente amarrados, aqui e acolá algumas ilhas de mato recheadas de lixo por todos os lados. Saídas de esgotos, contamos 201 no rio Pinheiros e 147 no Tietê. Em algumas dessas saídas, garças pousadas. Quem conhece esses pássaros sabe do branco de suas penas. Pois é, as tristes garças por nós avistadas são só brancas na parte de cima, pois suas barrigas estão pretas. Mais uma causa a ser defendida pelos “ecologistas de plantão”: salvar as garças do complexo Tietê/Pinheiros.

Finalmente atingimos o “Cebolão”. À nossa esquerda uma eclusa, ou sei lá o nome daquilo, que fecha em várias comportas o rio. Na ocasião estavam abertas apenas três delas (são várias) para deixar o problema lá para o pessoal de Carapicuíba, Osasco, Pirapora e outros. Pegamos o Tietê à direita e lá fomos nós prosseguindo na aventura.


Um marreco – único ser vivo encontrado nas águas                                                                                    


No trajeto até aqui percorrido, havíamos passado por diversas balsas no meio do rio e mais outras encontramos. A cara de espanto do pessoal que estava trabalhando nessas balsas era incrível, ante a nossa passagem. Finalmente o Tietê: muitas surpresas tais como animais mortos e em decomposição em suas águas (na maioria cães), restos de móveis (sofás-camas, poltronas e uma geladeira de cor azul), mais pneus e lixo, muito lixo mesmo, principalmente vasilhames plásticos do tipo usado para envasar refrigerantes.

Um dos muitos esgotos do percurso                                                                                    

“Rancho de um morador ribeirinho”                                                                                                      

Logo após a ponte da Anhanguera, um “morador ribeirinho”, em sua “casa” coberta de plástico preto, acenou amigavelmente para nós. E seguimos rumo ao nosso destino. Passando a ponte da Freguesia do Ó, outra surpresa, a rabeta do motor estava raspando no fundo do rio. Incrível, pois passa pela minha cabeça a “obra de desassoreamento” do rio tão falada em anos anteriores. Com dificuldade e tentando encontrar o “canal mais fundo” do rio continuamos a subida do Tietê. Chegamos à confluência com o rio Tamanduateí, que tem algumas pedras nas margens, causando uma pequena corredeira na água. Se fosse em outro rio, por certo eu pararia para dar uns lances, já que, à primeira vista, seria um bom local para se tentar um dourado ou um outro peixe qualquer que goste de águas rápidas. Seguimos sem outras novidades até chegar à ponte do Tatuapé. Sob essa ponte a coisa ficou feia, pois a rasura do rio fez com que a rabeta do motor enroscasse, e a hélice sofreu bastante, desgastando suas pás nas pedras existentes. Mesmo tentando muito não conseguimos passar e o barco girou perigosamente em sentido inverso à correnteza. Levantamos a rabeta e com o auxílio dos remos descemos um pouco o rio. Acostumados a passar em outras corredeiras, ficamos de longe estudando onde estaria o canal mais fundo do rio. Descobrimos que seria pela margem esquerda de quem sobe, e com cuidado e uma ou outra raspada nas pedras, conseguimos passar.


A garça e o esgoto                                                                                                                                  
Um detalhe interessante é que vimos várias saídas de esgotos com os mais variados tons de cores nas águas. Vimos por exemplo águas azuis, verdes, vermelhas, cor-de-rosa, pretas e até amarelas. Exatamente às 15:30 h, chegamos à barragem junto ao Parque Ecológico (?) do Tietê e que “espetáculo bonito”! Uma barragem soltando água, parecendo uma pequena cachoeira e muita espuma branca, sendo que essa espuma, com mais de meio metro, com as rajadas de vento dissipava-se em pequenos pedaços voando ao sabor da direção do vento. Fomos até o meio da espuma para ver de perto essa “maravilha”. Que “fenômeno interessante”: apesar da água preta, a espuma é branca como neve.

Foz do rio Tamanduateí                                                   

Uma ilha de lixo                                                                                                                            

Encostamos o barco na margem e demos por encerrada a aventura no Pinheiros e no Tietê. De nossa parte, a conclusão é de que alguém está mentindo ou tentando nos enganar. Os dois principais rios que cortam a capital de todos os paulistas continuam a ser verdadeiros esgotos a céu aberto. Chamar o Pinheiros e o Tietê de “rios” é uma piada de muito mau gosto. Gostaríamos que os responsáveis pela publicidade ostensiva nos meios de comunicação nos provassem que o que vimos nessa aventura não é a pura verdade.


Eclusa sob o “Cebolão”                                                                                                                         
E mais: queremos deixar um recado ao Senhor Governador de São Paulo Dr. Luiz Antonio Fleury Filho e a seu futuro sucessor: já que parece que a limpeza desses rios vai demorar muito ainda, estamos dispostos, quando esses rios estiverem limpos (entenda-se por rio limpo um rio com peixes vivendo naturalmente), a fazer de novo esse trajeto. Se eu não estiver vivo para fazê-lo, quem sabe um neto ou um bisneto meu cumpra essa promessa.


Fim da aventura: Parque Ecológico do Tietê                                                                                         
Terminamos a aventura no Tietê/pinheiros. Segundo informações oficiais, até o final do ano 50% desses rios estarão despoluídos, assim sendo, diremos aos nossos habituais leitores que levamos somente 50% do nosso material de pesca nessa aventura, com 50% de esperança de pegar 50% de algum peixe, e que nos proporcionasse 50% de uma boa briga, e, quem sabe, se conseguíssemos embarcar tal meio peixe saboreá-lo em 50% da sua carne. Como fazemos sempre ao encerrarmos esse tipo de reportagem, queremos dizer que agora que todos sabem as dicas de como é navegar no Pinheiros/Tietê, e mais: não aconselhamos a ninguém a repetição de nossa “façanha”, pois na realidade e literalmente, essa “aventura” foi uma merda.






NOTA DA REDAÇÃO: No dia 15/03/2015 vimos em todo o Brasil, a revolta do nosso povo nas ruas de diversas cidades deste país. O motivo? Simples: protesto contra a corrupção aberta e que em nossa opinião é endemia e dificilmente vamos conseguir acabar com ela. Fizemos esta matéria, tendo em vista que na época - (outubro de 1994) – ou um pouco antes, havia uma maciça publicidade de que estes rios estavam 50% mais limpos, ou menos poluídos. Nos comerciais, víamos garotos pulando em águas supostamente límpidas. No fundo, as vozes de Chitãozinho e Xororó, davam mais beleza aos comerciais. Pior do que tudo isso, era a afirmação de Orestes Quércia ex governador de São Paulo (1986 a 1990), que afirmava categoricamente que até o fim de  seu mandato, ele iria pescar um lambari no rio Tietê. O governador na época desta matéria era Luiz Antonio Fleury Filho, sucessor de Quércia, ambos do PMDB. Pois bem, segundo erros ou omissões de minha parte, na obra do Tietê foram gastos cerca de US$500 milhões, e tinha como principal objetivo dragar e tornar esse rio mais profundo, para com isso evitar enchentes. Como o leitor leu, por duas vezes, a rabeta de nosso motor raspou em pedras no fundo rio. E até os dias de hoje os rios Pinheiros e Tietê continuam e estão muito mais poluídos. Não caberia aqui uma frase tipo, “continuamos na mesma merda?” Ou seja: nos rios citados e em todo o Brasil. Dizer mais o que?


Antonio Lopes da Silva.

sábado, 21 de março de 2015

21 DE MARÇO - ANIVERSÁRIO DE AYRTON SENNA DA SILVA.





 CHEGA A DOER O CORAÇÃO DE TANTAS SAUDADES. 


COMO ERA BOM CHEGAR ÀQUELAS MANHÃS 

ESPECIAIS DE DOMINGO, ONDE O BRASIL VIBRAVA E ERA UM 

ORGULHO 

SER BRASILEIRO. AYRTON VOCÊ NOS FAZ MUITA FALTA. COM CERTEZA 

VOCÊ ESTÁ AO LADO DE DEUS.























OBRIGADO POR TUDO.

sexta-feira, 20 de março de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ - PEIXES DO BRASIL - PACU-PRATA












PACU-PRATA










Aqui está um pequeno grande peixe, pois se for tentada sua pesca, teremos antes de tudo muita briga e esportividade. Para o pescador é o que vale.













O pescador amador que vai ao Pantanal ou mesmo à Bacia Amazônica, o faz procurando sempre fisgar o maior e melhor exemplar, já que um grande peixe, de bom tamanho e peso, vai assegurar boas fotografias que mais tarde serão mostradas, como a atestar sua qualidade de pescador. Fica-se então durante horas embaixo do sol e sob forte calor, pescando ou tentando pescar “o peixe”. Mas com o passar das horas, e como ninguém é de ferro, apesar de todo o conforto que possa haver na embarcação, a nossa paciência começa a esgotar-se, já que a pior coisa que pode acontecer em uma pescaria é a falta de ação. Assim sendo, lá pelas 11 horas da manhã paramos de pescar e retornamos somente às 3 ou 4 da tarde, quando o calor do sol já está com menor intensidade. Pois bem, durante cinco horas nos ocupamos de outras tarefas e não pescamos. Alguns dormem, outros ficam à sombra tomando sua cervejinha e outros, ainda, ficam sem fazer absolutamente nada.
Nosso prazo de pescaria, longe de casa, costuma ser de apenas alguns dias; na maioria das vezes, foi uma pescaria sonhada e aguardada com ansiedade, e perder horas inúteis é, no mínimo, desperdício. Mas ali, bem perto de onde estamos pescando, existe um pequeno peixe que irá trazer ao pescador muita satisfação e prazer, esportivamente falando: o pacu-prata.
Sua família é a dos Characidae, aliás, a mesma do seu “primo” pacu-caranha (Colossoma mitrei). Seu nome científico é Myloplus asterias, e pode ser descrito como tendo o corpo arredondado, onde a cor prateada predomina. Tem ainda coloração amarela, principalmente na barriga e perto das nadadeiras junto às guelras. O dorso apresenta um verde claro, podendo apresentar ainda algumas manchas oliváceas distribuídas ao longo do corpo. Existem cerca de trinta outras espécies que podem ser confundidas com ele, mas são de tamanho menor e se prestam mais a embelezar aquários. Este nosso pacu-prata não: é bom de briga, e sua carne, apesar de pouca, é de boa qualidade, podendo ser consumido frito ou na brasa. Seu tamanho raramente ultrapassa 30 cm de comprimento e por volta de meio quilo de peso ou um pouco mais. Sua alimentação é composta de vários itens, e entre eles podemos destacar os caules das plantas ribeirinhas, folhas, pequenos frutos e outros vegetais, além da tradicional minhoca, massa e milho verde. Fazendo-se uma ceva com quirera de milho, vamos conseguir juntar um bom cardume para a nossa diversão. Deve-se usar varas leves, de bambu ou telescópicas, com linha de bitola 0.30 a 0.35 milímetros, e anzóis variando entre o 4 e o 10. Um pequeno chumbo oliva, só para fazer a isca ir ao fundo, é mais do que suficiente. Uma outra curiosidade sobre este peixe, é que ele costuma dar pequenos saltos na beira do rio, tentando com isso abocanhar algumas folhas de mato que lhe pareçam mais apetitosas. O pescador consegue ver essa ação.
As cevas naturais do pacu-prata são árvores que estejam derrubando dentro da água pequenos frutos, tais como figueiras e outras sementes. É fácil ver-se a ação do pacu-prata nesses locais, pois assim que uma frutinha cai na água, ele imediatamente a abocanha, fazendo evoluções na superfície. Os melhores locais para sua pesca serão então as cevas naturais, ou pequenos remansos com profundidade entre dois a três metros onde devemos fazer nossa ceva de milho.

Só para terminar, na ceva costumam também, ficar piaus, piraputangas, sardinhas, lambaris, sauás e, com um pouco de azar, os grandes pacus. Azar, porque se um deles fisgar em nosso anzol, com certeza irá arrebentar nosso leve material. É uma pescaria para diversão e para aproveitar as horas de sol mais forte, já que pode ser feita à sombra de uma grande árvore. Boa pescaria.

quinta-feira, 19 de março de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ - PEIXES DO BRASIL - SAILFISH
















Saiba mais sobre o sailfish, uma espécie marinha extremamente esportiva e um dos campeões da água azul.










O sailfish, pertence à família Isthiophoridae e que recebe o nome científico de Isthiophorus platypterus é uma espécie marinha extremamente esportiva, que pode atingir 2,5m de comprimento e chega a pesar até 110 quilos, sendo mais comum, no entanto, espécie variando entre 25 e 45 quilos.
É uma espécie belíssima devido à sua coloração em tons de azul, quase preto ou roxo que, no meio do corpo, passam a tons mais claros de amarelo e branco. Possui ainda pequenas pintas amarelas em sentido vertical. Porem, as duas características que tornam essa espécie inconfundível são o bico longo em forma de espada e a barbatana dorsal em forma de vela, a qual toma praticamente toda a parte superior de seu corpo.
O sailfish é uma espécie que pode ser encontrada em todo o litoral brasileiro, exceto na região sul do país, durante o ano todo. Porém, a melhor época para sua pesca dá-se entre os meses de outubro e fevereiro, quando a corrente do Brasil se aproxima mais da costa. É a chamada água azul e, dependendo da região do Brasil, pode estar localizada a apenas 5 milhas da costa, enquanto em alguns estados essa distância pode chegar a 50 milhas.
O equipamento ideal para a pesca do sailfish consiste em vara de ação média, que pode ser usada com carretilha, linha de bitola variando entre 0,35 e 0,60 mm e anzóis igualmente médios, com tamanhos que variam do 3/0 ao 7/0.
Quanto às iscas, estas podem ser naturais ou artificiais. No primeiro caso, é recomendado o uso do farnangaio, do peixe-voador e também filés de bonito. As melhores iscas artificiais para a pesca dessa espécie são as chamadas lulas ou havaianas, com tamanho variando entre 9 e 18 cm e em cores diversas. O sailfish também é conhecido como agulhão-bandeira, agulhão-de-vela, peixe-de-bico, bicudo, espadim-azul ou guebaçu, entre outros. Sua carne não costuma ser apreciada por pescadores. No entanto, alguns pescadores ribeirinhos recomendam que se coma a carne desse peixe, devendo-se ter a preocupação de temperá-la como se fosse carne bovina e assá-la no forno.


quinta-feira, 12 de março de 2015

DICIONÁRIO ARUANA ANIMAIS DO BRASIL - OUTROS BICHOS







     TAMBURUTACA


Também conhecido como “tambarutaca” e mais frequentemente como “tamarutaca”, esse é um crustáceo cuja incidência se verifica constantemente no Brasil. Vamos conhecê-lo melhor.

                           






As tamburutacas são crustáceos estomatópodes (providos de três pernas ambulatórias, cinco pares de maxilípedes, olhos pedunculados, abdome grande e muito comprido, telso em forma de placa denteada), marinhos, vivem no fundo do mar na areia ou em cavidades. Pertencem à família científica dos esquilídeos, que compreendem quatro espécies do gênero Squilla e outros.
Assemelham-se à lagosta, sendo que as características que possibilitam a diferenciação entre ambas é o fato das tamburutacas apresentarem três segmentos torácicos livres, além de serem desprovidas de antenas e possuírem as três patas anteriores preênseis. O Dicionário de Morais registra “tamaru”, abreviação não encontrada em outros autores, mas que sem dúvida é o radical de origem tupi-guarani ao qual foi acrescentado o qualificativo “taca”, ou seja: “que faz barulho”. Isto confere realmente com os hábitos das tamburutacas, já que elas, assim como outros crustáceos, fazem ouvir estalidos, muito semelhantes ao bater espaçado de castanholas.
Também apelidada de “lagarta-gafanhoto”, a tamburutaca é espécie de porte avantajado, podendo atingir até 34cm de comprimento, embora outras espécies pertencentes à mesma família não ultrapassem os 4cm. Trata-se de espécie carnívora, e além dos sinônimos já citados aqui, a sabedoria popular atribui ao bicho outro nome, senão engraçado, no mínimo interessante: “mãe-do-camarão”.

Bibliografia consultada:
Dicionário dos Animais do Brasil (Rodolpho Von Ihering)

domingo, 8 de março de 2015

ROTEIRO DE BLACK BASS: REPRESA DE CAPIVARI - PR













Essa represa, localizada no estado do Paraná, pode proporcionar ao pescador amador boas pescarias. É este o roteiro que você acompanha neste artigo.




Black bass na minhoca artificial

A represa de Capivari fica no estado do Paraná, mais precisamente no quilômetro 42 após a divisa do estado de São Paulo, indo pela BR116. Aliás, da margem da rodovia pode-se ver os contornos da represa, em diversos trechos. É uma represa relativamente nova – tem 28 anos (foi construída em 1969) – e em seus 28 km de extensão, cujo formato é parecido com uma ferradura, encontram-se diversas grotas e entradas. Com o nível das águas alto praticamente não se avista nenhuma galhada, sendo então, nessa época, necessário pescar em galhadas de margem, pedras (encontram-se facilmente) e barrancos caídos, que no desmoronamento trouxeram árvores e se tornaram bons pesqueiros. As águas de Capivari são limpas e há locais profundos, atingindo até 70 metros. Mas o mais importante, e pelo que o leitor deve estar curioso, são os peixes dessa represa.




                                               Ponte velha



Pedras e galhadas de margem

Para o pescador amador esportivo, a espécie mais interessante é o black bass, que está aclimatado em Capivari há alguns anos. Com o que vimos em nossa viagem, podemo9s afirmar que a presença de tal peixe na represa é numerosa, pois se consegue ver vários peixes em suas águas. Aliás, o recorde de peso do bass lá é de 3.050kg. A explicação para tal abundância dessa espécie em Capivari refere-se à proteção que o bass tem durante a desova, já que fica proibida a pesca, com exceção do pesca-e-solte na época da desova. Além disso, os próprios pescadores paranaenses, em uma demonstração de inteligência, fazem peixamentos com alevinos, o que assegura a presença maciça do black bass na represa. Mas não é só o bass que está presente nas águas de Capivari. Uma outra boa opção de pesca são as tilápias – enormes – e de duas espécies: a comum (presente em todo o Brasil) e a cor de rosa, que se vê aos cardumes. Normalmente, podemos pescar as tilápias comuns com iscas artificiais. Na pesca de tilápias cor-de-rosa, podemos utilizar um estilo que vimo alguns pescadores praticando: munidos de uma vara telescópica e usando minhocas como isca, esses pescadores vão margeando a represa, com barcos a remo ou a motor elétrico; visualizando as tilápias, jogam as iscas praticamente na boca dos peixes. Assim, fisgam-se facilmente exemplares de mais de um quilo. Evidente está que, com tempo, as cevas também darão ótimos resultados.






                                            Um grande bass



Os barrancos caídos

Existe ainda um outro peixe que nos chamou a atenção: a carpa. Em nossa pescaria de bass, avistamos por diversas vezes, sempre em fundos de grotas, diversas carpas, que por certo pesavam mais de 5 quilos. Avistar uma ou outra carpa em represas é praticamente comum, mas o que nos chamou a atenção em Capivari foi a quantidade exagerada de carpas avistadas pela nossa reportagem. Por certo uma boa ceva trará as carpas mais facilmente ao alcance doa anzóis dos pescadores, mas no Paranã costuma-se pescá-las com o que eles chamam de “bóia louca”, que nada mais é do que um artefato também conhecido como “João Bobo”: uma bóia com um pedaço de linha de aproximadamente um metro, com um anzol iscado com massa e solta ao sabor das águas. Diga-se de passagem, que tal prática é proibida por lei aos pescadores amadores. Essas foram as três espécies pesquisadas por nós nesse roteiro. Mas voltemos ao bass, nosso alvo principal.






Vista geral da represa

Deve o leitor lembrar que falamos sobre a quase total ausência de galhadas, que são os pesqueiros preferidos por esse peixe. Fisgamos então alguns peixes principalmente em estruturas tais como pedras, galhadas de barranco e também em barrancos caídos nas margens. Mas em especial nos chamou a atenção a presença de bass em pequenas enseadas, ou se preferirem, em enseadas em formato de meia lua, ao longo das margens da represa. As entradas das grotas, quando apresentam barrancos abruptos, são também bons locais de pesca. Infelizmente, não existe ainda infraestrutura no local com barcos para alugar, devendo o pescador que quiser pescar embarcado (o mais aconselhável) levar sua própria embarcação. Para chegar à represa e descarregar o barco em segurança, existe uma rampa de concreto facilmente avistada, localizada embaixo da ponte velha da estrada no quilômetro 42. Mas – e aqui vai uma boa notícia – na ocasião de nossa reportagem, contatamos um dos bons pescadores amadores de Capivari, que se colocou à disposição de todos os pescadores para futuras informações. Estamos nos referindo ao José Valdir Assunção, mais conhecido pelo codinome de Garrincha, que tem um posto de gasolina exatamente no quilômetro 42 aqui citado. Pois bem, se você quiser ir pescar em Capivari, o Garrincha tem a sua disposição todas as informações necessárias, além de oferecer em eu estabelecimento, o Auto Posto Represa, restaurante, hotel, combustível, etc. O telefone é (041) 222-3719. O Garrincha é uma das feras que pescam em Capivari.
   








                                                       Black bass



Rampa para barcos

Aí está portanto, este novo roteiro aos leitores da Aruanã. Conforme pesquisamos, trata-se de um bom local de pesca, distante da capital de São Paulo cerca de 370 quilômetros. Testado e aprovado.
NOTA DA REDAÇÃO: Queremos gradecer ao companheiro Marcos A. Malucelli Neto, nosso colaborador no estado do Paraná, que nos acompanhou nesta matéria em Capivari. Por certo, sem a ajuda do Marcos esta matéria não estaria tão completa. Malucelli é um dos melhores pescadores paranaenses, e a Represa de Capivari é sua velha conhecida. Como eles dizem por lá, os dois pescadores amadores citados nesta matéria, Garrincha e Marcos, são “bichos do Paraná”. Muito obrigado a todos.







Barrancos e mata natural

NOTA DO REDATOR: Este roteiro foi feito e publicado na Revista Aruanã em dezembro de 1997. Por certo, as informações de locais, telefones, alguns nomes, estarão defasados. Convém, a vontade do pescador, atualizá-los. Tentamos ainda, um contato com pescadores de lá, para saber das condições de pesca do bass nos dias atuais e não obtivemos essa informação. Tal preocupação em saber como estaria a represa, no que se refere a presença do black bass, se deve ao fato da completa ignorância de alguns idiotas, que andam ainda a solta, fazendo peixamentos de tucunarés, que por sua agressividade, acabam dominando as águas das represas em que são soltos. No entorno da cidade de São Paulo, nós tínhamos diversas represas onde o bass reinava absoluto e era nossa principal meta para uma excelente pescaria. Infelizmente, um idiota, para não lhe dar o nome que merece, andou soltando tucunarés em diversas dessas represas. Hoje, dificilmente vamos encontrar um black bass nessas represas. Nós temos algumas informações de quem é esse idiota. Evidente está que carecem de confirmação e principalmente provas e, se isso acontecer, com certeza pediremos ao Ibama e a Secretária Estadual do Meio Ambiente, que tomem as providências necessárias, pois foi esse um dos maiores crimes ambientais, que vimos acontecer e até hoje, em 2015, prejudicaram milhares de pescadores amadores esportivos. O bass era a alegria de milhares de nós pescadores. Antonio Lopes da Silva
   



terça-feira, 3 de março de 2015

DICA: AFIANDO OS ANZÓIS.












É um costume bastante antigo, onde certos pescadores tem como mania, afiar seus anzóis. Segundo eles, a fisgada é melhor e muito mais segura. Será isto verdade? Confira.











                Uma tralha completa

Esta matéria tem como objetivo, aguçar o raciocínio dos pescadores amadores, no que se refere a um dos itens mais importantes da nossa tralha de pescaria: os anzóis. Vamos imaginar então, um pescador preparando sua tralha para a pescaria sensacional que ele irá fazer dentro em breve, talvez no Pantanal, ou na Bacia Amazônica, ou ainda no mar. Verificar tudo é questão de garantir o sucesso dessa pescaria. Varas, linhas, molinetes ou carretilhas, chumbadas, bicheiros, roupas, medicamentos, bonés, encastoados e ... anzóis. Não se sabe de onde, mas é uma mania que muitos possuem de passar o dedo na ponta do anzol, ou ainda para “testar” essa ponta, acham que o anzol deve parar em cima da unha do dedo da mão, já que só assim sabe-se se o anzol está afiado ou não. Pior do que isso, é quando o nosso pescador cisma de que o anzol não está afiado e resolve então “melhorar sua ponta”.
O que se segue então é um amontoado de procedimentos, onde o que se vai conseguir no final, é piorar esse anzol, no que ele tem de mais importante, a ponta. Vamos começar então, pelo pescador que prende o anzol em uma morsa, com a ponta para cima e com uma lima de pedra/ferro, começa a limar as duas laterais do anzol, para fazer a ponta ficar mais fina. 



            Anzóis artesanais feitos com mola de colchão

Outros usam lixas de ferro e envolvem toda a ponta do anzol. Existem ainda os que mais apressados, passam o anzol em um esmeril, a alta velocidade, sem saber que com esse procedimento estão inutilizando a têmpera do aço, que é o sinônimo de segurança do anzol. Se fosse só isso até que dá para consertar ou pelo menos aconselhar e mostrar onde estão os erros. Mas não, existem outras coisas que até Deus duvida. Querem um exemplo? Em uma de nossas viagens ao pantanal, vimos na mão de um piloteiro um anzol de cor preta e seu formato era igual ao anzol específico para a pesca do black bass com minhoca artificial. Ao perguntarmos de onde ele tinha tirado aquele anzol, veio a resposta: é um anzol “fabricado” por um pescador profissional do Mato Grosso, e é o melhor anzol que tem para pescar aqui no pantanal.
Quisemos saber mais e, soubemos. O tal “fabricante de anzóis” tem como matéria prima as molas de colchões velhos, que são colocadas no fogo, para ter a forma final do anzol e depois são esquentados novamente e usam para temperar, a banha da capivara, ou ainda a banha do pacu, que segundos eles é o que dá a melhor têmpera. A farpa desse anzol é conseguida com uma “ferramenta” cortante que após entrar no corpo do aço, é virada para cima, e essa parte que virou para cima é a farpa... Muito bem, para não perder muito tempo, vamos dizer que essa é mais uma das grandes bobagens que temos visto na pescaria. Mola de colchão virar anzol é demais e pior ainda é a banha de capivara ou de pacu, ser o óleo da têmpera. Se a moda pega, vai faltar capivara no pantanal e nenhum pescador vai jogar fora seu colchão velho, já que todo o mundo dorme em colchão o que não garantimos na parte referente a capivara. Ou será que anta, paca, queixada, caititu também serve, em substituição a banha das capivaras? E tem gente que vai ao pantanal pescar e compra tais anzóis, principalmente na região de Cuiabá.



               Afiando o anzol preso em uma morsa com auxílio de uma pedra  lima.

Vamos voltar a seriedade do assunto. Nós da Aruanã, tivemos a oportunidade de visitar várias fábricas de anzóis em todo o mundo e ver seu processo de fabricação, desde o aço bruto, até o anzol ser colocado nas caixas para a venda. Vamos citar o exemplo da Mustad, que fabrica anzóis “só a mais de 120 anos”. Sobre isso muito teríamos que falar, mas com certeza interessa mais dizer que, as máquinas dessa fabrica, são de sua própria autoria, e a têmpera do aço é um segredo guardado a sete chaves. Após o anzol adquirir a sua forma definitiva, ele é então temperado e seguem-se então vários banhos químicos, o que vai assegurar sua ponta, resistência e a durabilidade. São várias etapas na fabricação de um anzol que tanto pode ser o popular “mosquito” como os grandes anzóis. Tudo é altamente estudado e desenvolvido para a segurança do anzol. Um anzol, quando sai de uma fábrica séria, não precisa passar por nenhuma melhoria e ainda mais, nas mãos de quem não entende nada de metalurgia, ou de têmpera, ou de aço etc.
O erro principal está sim em se guardar anzóis usados, sem nenhum cuidado em sua manutenção e querer que o mesmo tenha sempre a mesma qualidade. E o mais engraçado é que se tem essa preocupação apenas com os anzóis “para peixes grandes”, já que esses peixes “precisam” ser muito bem ferrados e a afiação da ponta se faz necessário. Eu nunca vi, por exemplo, alguém afiando anzol para pescar lambari. Ou será que o lambari não merece essa atenção? A bem da verdade, existem alguns tipos anzóis, que tem sua ponta cônica, ou seja redonda e parecem que são mais afiados do que os outros. Ledo engano, já que por experiência própria podemos dizer que se esses anzóis são mais afiados, com certeza sua ponta perderá muito mais rápido essa afiação, devido a um degaste mais rápido também. 


 Afiando anzol em um esmeril.

O importante em um anzol é, principalmente, saber sua origem, usá-lo corretamente, se formos guardá-lo que se tome as medidas necessárias para sua conservação e finalmente, caso ele tenha tido uma vida longa de belas ferradas e brigas sensacionais com os peixes, aposentá-lo, já que ele fez sua parte e merece esse descanso. Pode até ser pior onde o sentimentalismo não entra: jogá-lo simplesmente, no lixo.
Afinal de contas, pelo que o anzol é importante em uma pescaria, pode-se afirmar que é entre todos os itens dessa pescaria, o mais barato. Vale a pena ficar inventando coisas banais como afiar um anzol? A resposta é sua. Boa pescaria e vamos deixar as capivaras em paz, que a bem da verdade, não servem nem para comer, já que sua carne tem um gosto estranho. Quanto aos colchões, faça deles o que quiser, já que eles nos deram muito prazer (dependendo de cada um) por vários anos.  Faz até nos lembrar daquela estrofe de música que diz: “guenta colchão velho”. Quanto a colchão de molas virar anzol é, no mínimo, desrespeito... ao colchão e a inteligência do pescador.