sexta-feira, 29 de maio de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - PIRAPITINGA








Foto L.L Lovshin, publicado no livro de Hitoshi Nomura Dicionário dos Peixes do Brasil.








Integrando a mesma família que inclui espécies como o pacu e o tambaqui, este é um peixe que traz muita alegria ao pescador amador, principalmente em termos de esportividade. Vamos conhecer a pirapitinga.












Inicialmente classificada como Mylossoma bidens, esta espécie teve sua identidade definitiva estabelecida em 1977 por H.A. Britski, passando então a ser chamada de Colossoma bidens. Para que o pescador identifique melhor, a pirapitinga pertence à mesma família (Characidae) e assemelha-se muito ao pacu e ao tambaqui, sendo o principal fator a distingui-la deste ultimo é a característica das nadadeiras adiposas de ambas as espécies: enquanto a pirapitinga possui esta nadadeira carnosa, no tambaqui ela apresenta-se óssea, com pequenos raios finos. A simples comparação da pirapitinga com as espécies citadas já permite que o pescador faça uma idéia da importância e da esportividade de tal peixe no que se refere à pesca amadora.
Trata-se de espécie onívora, e de acordo com os estudos realizados, chega a atingir as seguintes proporções: exemplares adultos medirão 79 cm de comprimento e chegarão a pesar até 11 kg. Esportividade, valentia, e boa de briga, além da carne de excelente qualidade, são alguns dos valiosos itens que a pirapitinga oferece ao praticante da pesca esportiva. Quando fisgado, o peixe luta bravamente para se livrar do anzol, só se entregando, completamente extenuado, ao final da briga. Esta espécie é encontrada em vários rios da Bacia Amazônica e também do Estado de Goiás. Quanto à aparência, a pirapitinga apresenta coloração predominantemente amarronzada, com alguns tons azulados. Uma de suas principais características, além de viver em cardumes, é procurar na época da desova, as águas mais movimentadas. Ali, dá caça a suas presas (lambaris e outros pequenos peixes) e alimenta-se vorazmente de frutas e coquinhos, que constituem a base de sua dieta.
No que se refere a iscas, podemos dizer que além dos pequenos peixes vivos, coquinhos e frutas já citados, a pirapitinga pode fisgar em iscas artificiais também, embora isso ocorra mais raramente. Entre as artificiais que podem dar melhores resultados, destacamos os plugs pequenos providos de barbelas, que podem ser usados na superfície ou meia água, no sistema de corrico. Vale ressaltar novamente que uma excelente dica para o pescador amador é basear-se sempre na comparação da pirapitinga com o pacu e o tambaqui, tanto para se familiarizar com seus hábitos como para definir os equipamentos apropriados para a pesca dessa espécie. Assim como o pacu e o tambaqui, a pirapitinga aprecia quando as águas dos rios estão altas, ocasião em que adentra os campos e alimenta-se fartamente de raízes, folhas e vegetais variados.
Nos rios, serão excelentes pesqueiros os pontos localizados logo abaixo de árvores de frutos e flores, considerados ótimas cevas naturais.

NOTA DA REDAÇÃO: Pela primeira vez, e isso pode ser facilmente comprovado, vamos colocar uma NR, em um peixe publicado em nosso DICIONÁRIO ARUANÃ DE PEIXES DO BRASIL. Eu explico.
Fico muito preocupado e apreensivo, quando vejo ou leio, matérias sobre peixes (exemplo tucunarés), onde os autores dão nomes científicos a determinados peixes e, sabe lá Deus onde acharam (ou inventaram) tais nomes. Começa então, mal informados, pescadores, a usar esses nomes sem ter a preocupação de saber de onde partiram ou como foram criados.
Aqui, usando a pirapitinga como exemplo, vamos explicar, sem margem de duvida, como devemos usar um nome científico sem medo de errar e até falar asneiras sobre o assunto.
Em seu livro (sic) Monographia Brazileira de Peixes Fluviaes, publicado em 1931, o grande Agenor Couto de Magalhães, cita a pirapitinga cientificamente como Brycom pirapitinga, aliás, com uma citação deliciosa de se ler. Eu tenho essa edição em minha biblioteca.
Já, o não menos famoso, Rodolpho V. Ihering, considerado o pai da piscicultura no Brasil, cita em seu livro Dicionário dos Animais do Brasil, publicado e editado em 1968 (são várias as edições) a pirapitinga cientificamente como Chalceus opalinus. Eu tenho essa edição em minha biblioteca.
Já Hitoshi Nomura em seu Dicionário dos Peixes do Brasil, publicado em 1984, cita a pirapitinga como Colossoma bidens. Descreve o peixe em seus detalhes totais e cita no final de seu texto o que se segue: “ (sic)Até há pouco tempo era crismada de Milossoma bidens, mas sua identidade definitiva foi estabelecida em 1977 por H.A. Britski”. Eu tenho essa edição em minha biblioteca.
Eu tive a honra de partilhar da companhia e dos ensinamentos do Prof. Heraldo Antonio Britski, em seu local de trabalho, no Museu de Zoologia, no bairro do Ipiranga, atrás do Museu Ipiranga, em São Paulo. Por diversas vezes, pescando por este Brasil afora, quando me deparava com peixes, com nomes estranhos dados pelos ribeirinhos, fazia questão de trazer um desses peixes, para a apreciação do Prof. Heraldo, que de imediato o identificava e mostrava em sua enorme coleção, o tal peixe conservado em vidros para estudo. E mais, mostrava-me publicações cientificas de sua autoria e de outros cientistas, que PESQUISARAM E, PORTANTO DERAM NOMES AS ESPÉCIES, BASEADOS EM PESQUISAS, QUE ÀS VEZES DEMORAM ANOS PARA SEREM CONCLUÍDAS. Portanto pescador, antes de usar nomes científicos, procure pesquisar para saber se tal nome é “verdadeiro”. E mais, eu tenho a honra de ter meu modesto livro Dicionário Aruanã de Pesca Amadora, com o prefácio do Prof.Dr. Heraldo Antonio Britski e, devidamente analisado por ele. E honra maior ainda de poder afirmar que na época, esse livro, foi a primeira obra literária, em termos de linguagem de pescador amador, publicada no Brasil. Abaixo, com texto escolhido na Internet, “um pouco” de quem é quem do Prof. Heraldo.
Possui graduação em História Natural pela Universidade de São Paulo (1960) e doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade de São Paulo (1973). Tem experiência na área de, com ênfase em Ciências Biológicas, atuando principalmente nos seguintes temas: taxonomia, peixes de água doce neotropicais, peixes, peixes de água doce e peixes neotropicais. (Fonte: Currículo Lattes).

Antonio Lopes da Silva.


terça-feira, 26 de maio de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - JEJU






















Mais conhecido como jeju, este peixinho recebe ainda muitos outros nomes, que variam de acordo com a região do país. Alguns deles são: iú, traíra-pixuna, peixe-preto, dorme-dorme e sabira. Vamos conhecer um pouco mais sobre o jeju.











Esta espécie recebe o nome científico de Hoplerythrinus unitaeniatus e pertence à família Erythnidae, a mesma da traíra. Vale a pena comentar que as semelhanças entre as duas espécies não param por aqui. Apesar de suas pequenas dimensões, o jeju apresenta muitos dentes, sendo considerado tão voraz quanto a traíra, pois em busca de seu alimento, move uma implacável perseguição a outros pequenos peixes, tais como lambaris, piquiras e saguirus, que são a base de sua alimentação. O jeju é uma espécie de água doce que não é apropriada para o consumo humano.
Por outro lado, é largamente utilizada pelos pescadores como isca para peixes nobres, podendo ser encontrada em todo o território brasileiro. Como isca, o jeju será usado preferencialmente como vivo, e quando inteiro, deve ser iscado pelo dorso, rabo ou ainda cortado em pedaços. Na época de cheias do pantanal, pode-se afirmar ser ele a melhor isca para dourado, pintado, jaú, etc. Essa espécie apresenta um corpo quase cilíndrico, desprovido de nadadeira adiposa e com a caudal em formato arredondado. Possui, ainda, uma faixa longitudinal escura, a qual percorre todo o seu corpo. Sua cor varia entre o pardo escuro e o preto e raramente atinge mais de 30 cm de comprimento.
O jeju é considerado como uma espécie de ambiente lêntico, ou seja, prefere viver em águas paradas, em locais como remansos de rios, corixos, lagoas marginais, brejos e açudes. Porém, na época das grandes chuvas, transporta-se facilmente de um rio para outro, aproveitando as zonas alagadas que põem em comunicação a cabeceira de duas vertentes. Para tanto, arrasta-se pelos lodais formados com o auxilio de suas nadadeiras peitorais. Na época da desova, esse artifício também é muito usado por esse peixe, devido ao fato de que ele necessita de locais mais rasos para se reproduzir. Algumas vezes, quando as águas baixam, muitos jejus podem ser encontrados mortos pelo mato, fato ocorrido durante a travessia.
Para pescá-lo use material leve ou linhada de mão, com linha bitola 0.30 mm e anzóis pequenos, entre os números 4 e 10. Como iscas, poderão ser usados pedaços de peixes ou carne, minhocas, ou ainda uma massa feita à base de farinha de trigo, farinha de rosca e água. Além disso, recomenda-se fazer, antes, uma ceva com farelo de pão endurecido. 

DICIONÁRIO ARUANA - PEIXES DO BRASIL

segunda-feira, 25 de maio de 2015

UM AGRADECIMENTO PUBLICO A TODOS OS AMIGOS.







Com Certeza é esta a maneira mais fácil de agradecer aos amigos pela lembrança de meu aniversário. A grande maioria deles, pescadores esportivos. Esta é a capa da Revista Aruanã número 1.


















E este é meu editorial da época. Ele, pelo menos para mim, é bem atual na minha trajetória de vida e foi assim que a segui, como jornalista. Obrigado a todos. Antonio Lopes da Silva




sexta-feira, 22 de maio de 2015

ESPECIAL: TEM BICHO NO PEIXE!







TEM BICHO!






Muitos pescadores já observaram em regiões diversas, peixes que apresentavam “lombriguinhas” em sua carne e vísceras. Serão esses “bichinhos” realmente prejudiciais à nossa saúde?







Foto ampliada do “bicho”.

Filé de um tucunaré pescado no rio Piqueri.

Você que é pescador, já deve ter observado em várias ocasiões, a presença de algumas “lombriguinhas” na barriga e na carne de certos tipos de peixes. Essas “lombriguinhas” são, na maioria das vezes, as larvas de um tipo de verme chamado cientificamente de Eustrongylides ignotus. Esse verme é um parasita muito comum, já tendo sido registrado em várias espécies de peixes do Brasil inteiro, inclusive em outros continentes. Em nosso país são encontrados mais facilmente na traíra, piranha, pintado, tucunaré, pacu, barbado, piraputanga, piracanjuba, dourado, entre outros. No pantanal do Mato Grosso, quase todas as piranhas apresentam esse verme. Ele geralmente é encontrado livre sobre os órgãos que formam a barrigada ou em cápsulas na carne dos peixes. Seu tamanho é bastante variado, medindo de 3 a 10 centímetros de comprimento. Possuem o corpo fusiforme, com a região mediana mais alargada. Quando ele está na carne dos peixes, geralmente é de cor escura, e quando está nas vísceras, é de cor esbranquiçada.


O interessante no ciclo deste parasita é que os peixes são apenas os transmissores, já que abrigam as chamadas larvas IV do verme e vários tipos de garças (que se alimentam dos peixes) é que possuem os parasitas, alojados que ficam no proventrículo e intestino dessas aves. A contaminação das garças ocorre quando elas comem os peixes com as larvas do verme. Existe ainda um outro animal envolvido neste ciclo: são as minhocas aquáticas, que comem os ovos dos parasitas que estão nas fezes das aves nos rios, e que depois são comidas pelos peixes. Com frequência recebemos cartas e telefonemas de pescadores relatando encontro desses vermes nos peixes de sua região. A pergunta mais comum que os pescadores fazem é se esses parasitas podem prejudicar o homem.



Felizmente as informações existentes nos livros especializados, não fazem referências a possíveis prejuízos que esses parasitas possam ocasionar nos seres humanos. Inclusive no nosso dia-a-dia em contato com pescadores, quer profissionais, quer amadores, nunca vimos nenhum caso de doença provocados por estes vermes.
Mesmo no caso eventual de serem ingeridos vivos pelo homem, evidentemente “sem querer”, eles não irão se desenvolver, já que seus hospedeiros definitivos, as aves, possuem fisiologia diferente do homem, e os vermes estão adaptados para se desenvolverem nas aves, e não nos humanos. Nesse caso, eles serão digeridos e a seguir eliminados, não provocando nenhum tipo de doença. Os prováveis danos ocorrem nos peixes e principalmente nas aves. De qualquer maneira, não é agradável encontrar peixes com esses vermes se movimentando nas vísceras ou salientes na carne. Porém, como as vísceras são eliminadas e a carne normalmente é frita e cozida antes do consumo, eventuais parasitas que passem desapercebidos serão destruídos quando do preparo do peixe. A pergunta que fica é a seguinte: e no caso do sashimi e do sushi, onde os peixes são comidos crus?  


As espécies de peixes mais usadas para preparar estes pratos são de água salgada, e os registros fazem referencias ao encontro desses vermes principalmente em peixes de água doce.
Porém, existem peixes de água doce que também podem ser usados para preparar o sashimi, como é o caso do dourado, piracanjuba e piraputanga, entre outros. Neste caso, como foi dito anteriormente, mesmo que o homem venha a comer alguns destes vermes, eles serão destruídos pelo nosso organismo e, segundo consta, não irão causar nenhuma doença. Felizmente não é mesmo? Desta maneira podemos continuar a comer o nosso peixe de cada dia, que não ocorrerá nenhum problema para a nossa saúde, muito pelo contrário, já que a carne de peixe se constitui num dos alimentos mais nutritivos e saudáveis para o ser humano.

Pássaros: hospedeiros definitivos do verme.


NOTA DA REDAÇÃO: O Prof.Dr. Gilberto Cezar Pavanelli (autor deste artigo) é professor titular do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (PR), coordenador do curso de pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (Mestrado e Doutorado da Universidade Estadual de Maringá) e pesquisador científico do CNPq. Seu endereço profissional é: Universidade Estadual de Maringá – DBI-NUPELIA, Av. Colombo, 3690 – Maringá – PR – CEP 87020-900.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

CULINÁRIA: FILÉ DE TRAÍRA SEM ESPINHAS.











Em algumas regiões de Minas Gerais e da Bahia, o filé de traíra sem espinhas é famoso. Em nossas viagens à essas regiões, aprendemos a fazer esse prato. Confira.









           Filé já pronto.


Traíra comum.

Há muito tempo estávamos ouvindo falar que determinados restaurantes de Minas Gerais e da Bahia serviam traíra em filés nos quais não havia uma só espinha. Como se sabe, a carne da traíra é de excelente sabor, e só não tem mais apreciadores tendo em vista a enorme quantidade de espinhas, umas em forma de “Y” e outras em forma de lança, finas e pontiagudas. Comer traíras significava então muito cuidado, e não foram poucas às vezes em que várias pessoas tiveram entaladas em suas gargantas as citadas espinhas. Uma espinha de peixe é um problema sério, e muitos tiveram de interromper sua pescaria para procurar um médico ou hospital, a fim de sanar esse problema. Isso para não falar em diversas “rezas e benzedeiras” que afirmam tirar as espinhas.


Abrindo o peixe pelas costas.

Parece-nos que engolir um miolo de pão, que alguns dizem que também tira as espinhas, é o mais razoável, tendo em vista que o seu atrito com a garganta pode mover a tal espinha. Mas não há dúvida alguma que, se puder comer o peixe sem espinhas, o prato ficará muito mais gostoso. É o caso da traíra. Na cidade de Teixeira de Freitas (BA) conhecemos o popular Marcão, que tem um pequeno restaurante/bar, muito frequentado por pescadores amadores daquela região. Além de servir vários e excelentes pratos de peixes e frutos do mar, a especialidade do Marcão é o filé de traíra sem espinhas. Fomos lá conferir e constatamos que realmente é um filé sem nenhuma espinha e frito, de um sabor muito agradável. Gentilmente o Marcão mostrou à nossa reportagem como preparar o filé de traíra.


Removendo a espinha central.

As traíras podem ser de qualquer tamanho, e a primeira coisa a fazer é escamar o peixe, tendo o cuidado de não tirar a barrigada, cabeça ou qualquer outra barbatana. Em seguida, devemos levar o peixe ao freezer e deixar que o mesmo congele. Vamos então trabalhar a traíra. Tiramos do congelador e a deixamos descongelar. Essa tarefa é para que a carne fique mais macia e dê maior facilidade para tirar as espinhas, como veremos adiante.
Feito isso, tiramos todas as barbatanas e colocamos a traíra de barriga para baixo. Com uma pequena faca bem afiada, vamos dar cortes transversais desde a cabeça até o rabo do peixe. Esses cortes devem acompanhar a espinha central do peixe, de cada lado da mesma. Faremos então pequenos cortes de cada lado da cabeça e do rabo, para liberarmos os dois filés, que se mantém unidos pela pele da barriga. Puxa-se a cabeça e junto deverá vir a espinha central e o rabo do peixe. Tiramos a barrigada e temos então um filé aberto. Abrimos esse filé com o couro para baixo, e iremos trabalhar a carne do peixe. 

Marcão removendo as espinhas com uma pinça

A remoção final das espinhas em detalhe.

Verifique se não ficou nenhuma espinha grande da coluna central. Com o dedo indicador, vá passando a ponta do dedo na parte final do filé e sentindo as espinhas. É muito fácil senti-las. Quando detectar uma espinha, com uma pinça puxe-a a com cuidado que ela sai inteira. Normalmente, as tais espinhas se localizam na parte da carne perto do rabo do peixe e dos dois lados do filé. O segredo todo está em se localizar as espinhas com o dedo e tirar todas com a pinça.
Com prática, não se leva mais do que alguns minutos para tirar todas as espinhas do peixe. No caso, o Marcão faz isso em questão de um minuto. Aí é só preparar o peixe, temperá-lo a gosto e fritá-lo. O melhor de tudo é saborear uma carne de excelente sabor e, agora sim, sem nenhuma espinha. Para finalizar, queremos agradecer ao Marcão, que nos ensinou a fazer o filé de traíra sem espinhas. E mais, passando por Teixeira de Freitas, valer a pena dar uma parada em seu restaurante e saborear esse delicioso prato.
Só fica uma pergunta ao pescador amador, que costuma não dar valor e soltar todas as traíras fisgadas: sabendo agora como tirar as espinhas, alguém mais vai soltar as traíras? Bom apetite.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - SERNAMBIQUARA

















O sernambiquara é encontrado no Oceano Atlântico desde os Estados Unidos até o Sul do Brasil, com exceção de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Conheça mais sobre esta espécie bastante apreciada pelos pescadores amadores.












O nome científico dessa espécie marinha é Trachinotus falcatus, e pertence à mesma família do pampos (Carangidae), diferindo destes por possuir corpo uniformemente colorido, sem as faixas verticais no dorso. Com grandes olhos e corpo ovalado, atinge aproximadamente 1,2 m de comprimento e 40 kg de peso. O dorso é azulado e o ventre prateado. Sernambiquara é um nome indígena, que significa “comedor de sarnambis” (moluscos), e apesar da fraca dentadura própria dos Carangidae, os moluscos representam mais de 70% de sua alimentação, constituída também de pequenos peixes, crustáceos e vermes. Os melhores locais para a pesca do sernambiquara são o alto mar, as praias, costões, ilhas, foz de rios e canais do litoral. Pode ser pescado durante todo o ano, mas está mais ativo entre outubro a abril.
O equipamento mais indicado para a captura desta espécie é o de categoria leve a média, vara com molinete ou carretilha, e linha entre 0.30 e 0.50 mm. Como isca natural costuma-se usar filé de sardinha ou parati, saquaritá, caranguejo, siri, baratinha-do-mar, corrupto, tatuíra, minhoca-de-praia e o próprio sarnambi, que lhe originou o nome. Em praias profundas usam-se como isca artificial os jigs nas cores amarela, branca e vermelha. .
São sinônimos de sernambiquara: arebebéu, garabebéu, pampo-arebebéu, pampo-gigante, pampo-verdadeiro e tambó.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

BARRAGEM DE IGUAPE DESASTRE AMBIENTAL - PARTE II














Uma pauta, que em jornalismo significa um assunto, não tem data para ser encerrado já que com o passar do tempo, novos fatos podem se somar a essa pauta gerando com isso, mais uma etapa da mesma reportagem. No caso da barragem de Iguape, se raciocinarmos sobre sua utilidade hoje, constatamos que foi uma obra inútil e mais uma vez nosso rico dinheirinho foi jogado fora como, aliás, é comum acontecer em nosso país. Mas, pensando melhor e, pesquisando, ela ainda pode ser muito útil. Senão vejamos.

Capim e aguapés provenientes do Mar Pequeno

Retornamos ao desastre ambiental que foi cometido sem o término da Barragem de Iguape. Além de muito dinheiro gasto, o que nós moradores, tanto de Iguape como da Ilha Comprida constatamos, é que nossos representantes e eleitos pelo voto popular, não estão nem aí para a nossa população. Aos moradores da Ilha Comprida, o desastre é muito maior, pois é fácil constatar que todo o "lixo" – e entendam-se como lixo, - o capim, aguapés, árvores e mais uma infinidade de resíduos verdes, que tem como seu destino final as praias da Ilha.
Chegamos a rir, quando vemos citações como: (sic) “74 quilômetros de praias mais limpas do litoral sul”, ou “A Ilha Comprida tem as praias mais limpas do litoral sul”. Essas citações que encontramos em diversas placas ou faixas e mesmo em out doors, são mentirosas e continuam a ser politiqueiras. Caso o leitor quiser verificar no local, irá ver montanhas de lixo verde, acumulado em toda a extensão da Ilha Comprida. Vamos corrigir um pouco essa afirmação, já que no centro da Ilha, ou se preferirem no Boqueirão e imediações, a municipalidade limpa com certa regularidade esses locais.

Capim com lixo

No resto, é como por a sujeira embaixo do tapete, para usar um texto comum e muito conhecido. E mais distante do centro da Ilha, além do lixo verde, vamos encontrar peixes e mais peixes apodrecendo que a maré alta deixou no limite da areia. Constatamos essa afirmação, logo após o aparecimento de 8 toneladas de peixes mortos em nossas praias e noticiadas na imprensa da Baixada Santista. Desde o desvio para a praia, onde acaba a estrada e perto de Pedrinhas, até o “navio afundado” vimos quilômetros de peixes mortos e bando de urubus e gaivotas, além de muitos enxames de moscas.

E aí a vista é perfeita. Muitos urubus e outras espécies de pássaros fazem sua “limpeza” nesses restos. Porém nessa “limpeza” o problema é que as aves, não consomem totalmente os restos do peixe. As carcaças resistem ao ataque das aves e sobram restos da cabeça, do rabo e a espinha dorsal e, isso passa a ser um verdadeiro banquete para milhares de moscas, que após fazerem sua tarefa e, desovarem, espalham-se por toda a ilha e chegando mesmo a Iguape, conforme nos informaram moradores, e entram em nossas casas, bastando apenas que deixando janelas e portas abertas, tenhamos essas moscas em nossas moradias. 



Moitas de capim com restos de construção

 Segundo biólogos, essas moscas, ao se reproduzirem e terem seus ovos (200 a 400) depositados nos restos dos peixes chegam a voar por cerca de 100 quilômetros e a duração de sua vida é de aproximadamente 30 dias.
As moscas estão onde o povo está. Elas marcam presença tanto em áreas urbanas quanto rurais. São ativas durante o dia e dormem à noite e adoram ambientes sujos, onde exista matéria orgânica em decomposição (lixo, esgoto, aterros sanitários etc.). Como vivem na imundície, as moscas levam sujeira para todo lugar - quando pousam nos alimentos, podem contaminá-los com bactérias e outros microorganismos patogênicos, propagando doenças como diarréia, cólera ou febre tifóide. (texto Internet/ Yuri Vasconcelos).
Infelizmente o convívio com as moscas, além de incomodo, sujo e de mau aspecto, além de nojento, poderia ser evitado bastando apenas que nossas praias fossem visitadas diariamente por pessoal de limpeza e recolhessem os peixes mortos, cujo aparecimento é diário nas areias. São frutos de pesca predatória ou mesmo de outros “acidentes” naturais ou provocados. 

                    
A ponta norte da Praia do Leste –  Ao fundo parte da Barra da Juréia

Mas ainda temos visto coisas piores, já que são muitas as pessoas que colhem esses peixes mortos e os levam para seu consumo. Em conversa com uma dessas pessoas, fui informado que esses peixes, seriam servidos como tira-gosto em seu bar. Fica a pergunta: tais peixes estão bons para o consumo humano? Com a palavra o Departamento de Saúde de Ilha Comprida, já que saúde é um problema não só de órgãos municipais, mas também de estaduais e federais.




O Rio Ribeira e o Mar Pequeno, juntos em sua foz. Perceba que não se vê nenhuma margem da Ilha/Juréia.

                O DESASTRE AMBIENTAL


Voltando ao desastre ambiental, não precisa ser nenhum especialista nessa área, para fazer a afirmação de que, mais do que nunca, a barragem de Iguape precisa ser urgentemente fechada, pois “ainda” dá tempo para salvarmos o Mar Pequeno, de sua destruição total. São vários os exemplos em nosso país de que nosso meio ambiente, mesmo que parcialmente depredado, se pararmos com a ação predatória, ele se recupera e volta ao seu estado natural, ainda que isso possa demorar alguns anos. É o mínimo que podemos fazer e deixar isso às gerações futuras. Os aguapés são plantas aquáticas da família das Pontederiaceae e seu nome científico é Eichomia crassipes. São também conhecidos pelos nomes vulgares como jacinto d’água, gigoga, mururé, camalote, rainha-dos-lagos, etc. Quando em abundância como é nosso caso, impede a proliferação de algas responsáveis pela oxigenação da água, causando a morte dos organismos aquáticos. A solução/fórmula para exterminar essa “praga” de aguapés, sem prejudicar ainda mais o meio ambiente, é simples e rápida. Se a barragem for fechada, a água salgada voltará a circular com mais intensidade no Mar Pequeno e, qualquer leigo poderá constatar que o aguapé não resiste à água salgada. 
           
           
                   
Moitas de aguapés soltas e boiando no rio.

E quando nos referimos a essa planta aquática como praga, não estamos praticando nenhum exagero, pois podemos perceber que a cada dia ele cresce mais e em alguns locais, já está fechando o espelho de água. E tentar limpar o Mar Pequeno com embarcações e colheita, será como jogar dinheiro no lixo, atitude tão comum aos nossos governantes. Se essa idéia ainda não ocorreu a nenhum dos nossos “políticos”, e isso deve estar acontecendo, pois não se toma nenhuma providência para sanar esse problema, que de tão simples se torna ridículo, eu abro mão da autoria. Toda a nossa população merece que esta providência venha a ser tomada o mais rápido possível, já que com isso, quem lucrará será o meio ambiente que voltará ser como era anos atrás. Quem já não ouviu as maravilhas dos cardumes de peixes que entravam nesse estuário, contadas pelas pessoas mais antigas? Mariscos, ostras, caranguejos e outros organismos aquáticos existiam à vontade e serviam de alimento e atração a várias espécies de peixes, além do consumo humano. E para o turismo e mesmo para o pescador artesanal o quanto tal ato será benéfico? 
Basta haver boa vontade e vamos sanar um grande problema. E que não venham os ambientalistas ou defensores de “causas perdidas”, dizendo que se a barragem for fechada, rio acima vamos ter novamente grandes enchentes. Para esses, convido a fazerem uma visita a Praia do Leste e verificarem in loco o quanto a junção do rio Ribeira do Iguape com o Mar Pequeno, mudou a foz desses dois cursos d’água, chegando mesmo a mais de um quilômetro de largura desde margem sul da Juréia até a margem norte da Ilha Comprida.




Aguapés soltos. Destino: praias da Ilha Comprida

Uma pergunta final e que pode ser respondido por quem de direito: qual a utilidade atual do Valo Grande? E que fique bem claro a afirmação de que “é obrigação de qualquer politico, seja dos poderes Executivo ou Legislativo, e em qualquer esfera municipal, estadual e federal, trabalhar, pois para isso foram eleitos, pelo bem estar, segurança e qualidade de vida da população”.
E, é incrível como certos ditados ou frases populares caem bem, quando estamos falando sobre políticos e administrações. No atual momento político brasileiro, a corrupção e assuntos relacionados a essa prática, tomam conta dos noticiários. Nas redes sociais, podemos ver os citados ditados e frases, postados por diversas pessoas das mais diferentes classes sociais. Pelo menos nesses locais, a democracia impera e cada um, posta o que quer. Já o jornalista tem o dever de denunciar toda e qualquer ação, de interesse público. E o meio ambiente, como é o caso desta publicação, tem todo o direito de ser defendido. Democraticamente


Antonio Lopes da Silva




sexta-feira, 1 de maio de 2015

É ÉPOCA DE TAINHAS NO ANZOL













Quem é que não gosta de um peixe esportivo e brigador no seu anzol? Pois é, a tainha tem todas essas características.
Confira.








Tainha

Cerco

Não faz muito tempo, pescar tainha era sinônimo de pesca com redes, tarrafas ou os famigerados cercos, que infelizmente ainda existem em nosso litoral. Aliás, diga-se de passagem, que a Mugil brasiliensis, nome científico da tainha, vai ser brevemente um peixe a mais na lista de extinção. A pesca profissional desse peixe é feita sem controle algum, no que se refere a épocas de desova, tamanho e quantidades, valendo de tudo para sua pesca. Nesta época do ano, onde a tainha faz sua migração para a desova, ou seja, época em que deveria ser mais protegida é a época onde os chamados “pescadores profissionais” tiram a barriga da miséria. Festas da tainha acontecem em todo o litoral brasileiro, onde algumas informam ainda que “serão consumidas 8 toneladas de tainha” durante o período da feira. A comercialização das ovas desse peixe então é coisa que não dá para acreditar. Tainhas com ovas tem preço mais caro do que a sem ovas. Isso pode ser facilmente comprovado nas bancas de pescado. E tudo isso abertamente, a vista do Ibama ou de qualquer outro órgão fiscalizador.
Pois é, a coitada da tainha, nesta época do ano ou se preferirem a partir de março ou abril, vem do sul para o sudeste e nordeste, em busca de águas mais quentes para sua desova. Em cardumes elas se deslocam durante o dia, onde inevitavelmente irão dar de cara com as redes dos profissionais. 

Bóia para tainha 

Durante a noite, as tainhas não viajam, preferindo então vir para perto das praias para descansar. A noite então, dão de cara com os arrastões. As que conseguirem passar por esses dois obstáculos, e entrarem no rio ou canal para a desova, irão dar de cara com as tarrafas e os cercos, onde a exemplo dos primeiros casos, encontrarão a morte e, o que é pior, sem conseguirem desovar. E viva a pesca profissional. Supondo-se então que alguma tainha consiga passar por todas essas armadilhas e fiquem no rio, vamos nós amadores tentar a sua pesca. Só falta algum maldito “ecologista”, hoje denominado de ambientalista, dizer que nós estamos depredando o meio ambiente, praticando a pesca esportiva.
Não há portanto, um só rio ou canal, onde a tainha, (desde que consiga), não entre em nosso litoral. Normalmente ela prefere os canais onde hajam remansos e longos estirões de rio. Tanto pode estar na margem como no meio do canal. Suas principais iscas são o miolo de pão, arroz cozido, massa de farinha de trigo e em alguns casos até camarão descascado. (Em Peruíbe SP, por exemplo, em um local denominado como "Portinho", pescadores amadores usam pedaços de peito de frango e com sucesso). Sua pesca é feita na superfície, com uma bóia especial, onde o principal truque é colocar um pedaço de pão nessa bóia, que serve de ceva. Nas pontas da bóia, um ou dois pequenos chicotes (no máximo com 15 cm) com um anzol em cada. 

Tainhas

Esse anzol deve ser reforçado, já que a tainha após fisgada, briga e violentamente. O tamanho desse anzol varia de acordo com o tamanho da tainha, mas podemos aconselhar os tamanhos, 8, 10, ou 12, e os anzóis ideais serão aqueles mais grossos e de haste curta. Não é preciso encastoar o anzol, sendo que uma linha 0.35 milímetros é o suficiente para o chicote.

No que se refere a material de pesca, use um material leve, já que a briga vai ser muito mais emocionante. Assim sendo uma vara de no máximo 2 metros e linha 0.25 ou 0.30 milímetros, será mais do que suficiente. A vara maior auxilia no lance, já que a bóia atrapalha um pouco. Após dar o lance, fique observando a bóia e o primeiro sinal de que há tainhas por perto, são movimentos visíveis perto da bóia, já que elas começam a comer o pão e inevitavelmente irão fisgar no anzol, onde a isca é miolo de pão. Dê a fisgada e tenha a fricção do equipamento bem regulada, já que se não usarmos a fricção do equipamento, a boca do peixe rasga e vai-se embora. Alguns pescadores costumam cevar na hora da pescaria, e para isso usam pão ralado ou arroz cozido. Há ainda quem faça as cevas nas margens e em vez de vara com carretilha/molinete, prefira usar varas telescópicas, com tamanho de 4 ou 5 metros. Nesse caso a linha da vara é de 0.30 milímetros e pesca-se de fundo. Com o mesmo anzol, usa-se um chumbo oliva pequeno para fazer a isca ficar no fundo. Pescando em ceva, o pescador pode usar uma ou até três ou quatro varas, na espera.

Pesqueiro de tainhas

Uma boa ceva de tainhas será feita com pedaços de pão, massa de farinha de trigo, pedaços de queijo e arroz cozido, tudo colocado em saco de ráfia e mantido no fundo com uma pedra dentro. Normalmente uma ceva nova, começa a dar resultados em aproximadamente uma semana. Além de tainhas, vamos conseguir fisgar também os paratis, que são seus primos próximos, só que de tamanho menor. Por tudo isso, além de ser um peixe de excelente sabor, vale a pena pescar tainhas, já que esta é a melhor época e resta a nós amadores, aproveitar, pois a extinção da tainha, se nossas autoridades não criarem vergonha na cara e parar a pesca profissional, está por bem pouco.

Só por curiosidade, já que a tainha está em todo o litoral brasileiro, vamos citar alguns sinônimos onde dependendo da região, ela é conhecida: Cambiro, Curimai, Tainha–de-corso, Tainha-de-rio, Tainha-de-olho-amarelo, Tainha-de-olho-preto e Tainhota.

Tainha

NOTA DA REDAÇÃO: Só como curiosidade, poderá o leitor verificar em estatísticas, a quantidade de tainhas pescadas, por exemplo, há dez anos. Fico impressionado hoje, em maio de 2015, já que este artigo foi matéria da Aruanã em agosto de 1998, como nada mudou. Ninguém faz nada para proteger a desova da tainha, que sai da Lagoa dos Patos, para vir desovar em águas mais quentes do sudeste e nordeste. Fala-se muito em piracema nos rios, mas em migração das tainhas, nada é feito ou comentado por nossas “autoridades de meio ambiente”.
Aliás, essa pesca predatória e até noticiada em tele jornais, revistas e jornais impressos, mostrando a fartura da pesca no litoral de Santa Catarina e Paraná principalmente. Só que essas mesmas notícias não falam da possível extinção desse peixe, se esse tipo de pesca continuar. O absurdo é tão grande, que os pescadores profissionais dessas regiões, chegam a emendar suas redes, perfazendo quilômetros, para tentar capturar o cardume todo, quando o mesmo é avistado das praias. Essa visão é mostrada como manchas pretas enormes, mar adentro se locomovendo e aí alguém dá o alarme e começa a pesca predatória, tentando cercar o cardume inteiro. Se este fosse um país sério, o mínimo que poderia ser feito, até que os cardumes voltem a ser o que eram, seria proibir a pesca da tainha ano sim, ano não. No tal ano não, os pescadores profissionais, “coitadinhos”, receberiam um salário mínimo, (o povo é que paga) para garantir sua sobrevivência, como hoje é feito, nos vários e diversos períodos de defeso.
Antonio Lopes da Silva